Rui Elias escreveu:Pela análise aqui exporta, as F-310 são maus navios no que respeita a uma relação custo/benefício.
Certo?
Será essa a tese do PT ou do Luís Silva.
A análise não é do PT, mas sim dos próprios noruegueses.
Estamos a falar de duas questões:
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Questão 1: PINTURA
Como já foi dito, esta questão é provavelmente um argumento e é uma questão que não está esclarecida. Mais importante que a pintura, são as alegações a “outros problemas” que terão que ser esclarecidos. Os noruegueses também devem dizer que “outros problemas” são esses, pois se não o fizerem vão acabar por cair no ridiculo.
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Questão 2: ADEQUAÇÃO DAS F-310 ÀS SUAS MISSÕES
Esta questão é completamente diferente, e os estaleiros não têm nada a ver com ela. Com a falta de encomendas, se a Noruega quiser uma caravela com AEGIS, provavelmente alguém desenhará o sistema adequado.
Vamos por partes:
1 – A lei de programação militar da Noruega (que deve ter um nome impronunciável) aprovada pelos parlamentares pedia cinco navios para substituir as fragatas da classe Dealay (idênticas às velhas Pereira da Silva portuguesas)
2 – A marinha da Noruega, no entanto, convenceu o governo na altura da aquisição, de que era melhor adquirir o navio com um radar mais sofisticado (no caso o radar Spy-1 e um sistema baseado no AEGIS)
3 – No entanto, como os navios eram para ser navios multiusos, não foram equipados com sistemas (armas) mais apropriadas para a defesa aérea, ficando limitado aos mísseis ESSM, que por muito bons que sejam, não permitem transformar o navio numa plataforma de defesa aérea.
4 – A marinha da Noruega (e aqui estou a especular) provavelmente pensou na possibilidade de efectuar upgrades posteriores aos sistemas instalados, para transformar as fragatas em verdadeiros navios AA.
5 – O governo seguinte, demonstrou ser completamente contrário a essa possibilidade, e os custos envolvidos são proíbitivos. A manutenção de todos os sistemas das fragatas é muito cara e muitos desses sistemas foram instalados para permitir à fragata funcionar como navio anti-aéreo.
A marinha da Noruega, como todas as marinhas do mundo, depende do que pensam os almirantes que têm autoridade para tomar decisões, na altura em que as decisões têm que ser tomadas.
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Para manter o navio operacional na NATO, todos os equipamentos têm que ser substituidos a intervalos regulares conforme as normas dos fabricantes e as NANSEN acabarão por ter sistemas que têm que ser substituidos, (quando ultrapassado o MTBF) mesmo sem serem utilizados. Todo o sistema depende do Spy-1 e do AEGIS (embora um derivado).
Para o navio estar operacional, os equipamentos têm que estar todos operacionais, ou o navio não serve para a NATO. A opção é ter umas fragatas muito bonitas, mas com parte dos sistemas considerados inoperacionais, e encostadas sem possibilidade de utiliza-las ao serviço da NATO.
Ou seja:
As NANSEN são um sorvedouro de dinheiro, porque o navio não tem capacidade para servir de guarda chuva a um grupo de navios (como o deverá ter um navio de defesa aérea, como as Horizon as Z.Provinzen ou as F100) e tem apenas capacidade para se defender a si próprio.
Mas o dinheiro necessário para a sua manutenção é imenso, se comparado com as capacidades reais dos navios.
Se der uma olhada no post do nestor, verificará que é comum afirmar que as NANSEN estão muito longe da capacidade de uma F100, no entanto têm um custo que é cerca de 75% do de uma F100, e um custo de manutenção (necessidade de troca de equipamentos) que pode ser ainda mais próximo do da F100.
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A título de comparação, a marinha da Noruega com cinco Nansen, gastará o dobro ou o triplo do dinheiro em manutenção que Portugal gastaría com 3 Vasco da Gama + 2 Karel Doorman.
E se a marinha portuguesa fizesse algumas alterações das VDG e KD, para a utilização de ESSM, a marinha Portuguesa tería feito muito melhor negócio, operando navios com capacidades idênticas por uma fracção do preço.
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Há que frisar, que toda a trapalhada, tem origem na Noruega, onde os noruegueses não se entendem, fizeram um planeamento mal feito, compraram um navio que era suposto operar de uma forma, mas que agora verifica-se que é demasiado caro de operar etc...
De notar ainda, que a Noruega pode estar a tentar conseguir que as duas últimas fragatas, sejam equipadas com sistemas diferentes, com o objectivo de as transformar em verdadeiros navios anti-aéreos.
Nem sempre um navio é eficiente porque tem linhas esbeltas.
Cumprimentos