#48
Mensagem
por Clermont » Ter Ago 15, 2006 11:22 am
1) Descriminalização de tóxicos
A única coisa da qual eu tenho certeza absoluta, é de que do jeito que está não se chegará a lugar algum. Meio termos são muito bons, de forma geral, o radicalismo costuma ser uma péssima opção. Mas, em alguns casos, a figura muda.
De tudo que tenho visto, esse meio-termo que o Brasil (e a própria sociedade ocidental) escolheu para lidar o problema do tóxico é um beco sem saída.
De um lado, aquele que vende é um criminoso a ser caçado de qualquer forma. De outro, aquele que compra é um "pobre doentinho". No favelado, soldado do tráfico e vendedor, se manda bala; no "mauricinho" dos condomínios da Barra da Tijuca, comprador, se manda "bala"....
Dia desses, em entrevista, aquela inspetora Magessi comentou como essa lei nova é estúpida. Pois ela - a lei - considera que todos os que entram na favela para comprar drogas, são pobres viciados, totalmente fora de controle. Ela diz - e, suponho que saiba o que está dizendo - que essa figura romantizada pelas novelas, do jovem totalmente escravizado pelo tóxico é minoria, apesar de existir.
O que ela diz é que a maioria dos compradores, são usuários casuais, que utilizam o tóxico como recreação. Ou seja, se entendi bem, ela vê diferença entre consumidor e viciado. E essa recreação casual é a principal responsável pelo fortalecimento do movimento de vendas e pela força das quadrilhas. Sendo assim, esse usuário - a maioria - tinha sim, de ser punido na forma da lei.
Eu já fui radicalmente contrário a qualquer idéia de liberação de drogas, mas, hoje em dia, já estou, ao menos, disponível para ouvir com atenção os seus proponentes (nessa eleição, estou até pensando em votar no Gabeira!). Isso porque, a lógica de alguns dos argumentos deles me atinge.
Senão, vejamos: a maioria das pessoas morre vítima de bala, relacionada as lutas entre ou contra os traficantes, e não de "overdose" de drogas; por quê um sujeito iria subir o morro, com mau-cheiro de esgoto a céu aberto, se pudesse adquirir sua droga de forma legalizada? Se Milton Friedman, que é um economista famoso e não um porra-louca qualquer acha que a legalização destruíria o tráfico, não merece ser ouvido?; a famosa "lei seca" não gerou Al Capone? E a volta da venda de bebidas, não acabou com ele?
Eu acho que são argumentos que mereceriam análise. Embora, eu também deva dizer que nunca ouvi uma proposta de como uma tal legalização iria operar. Seria criada a "Cocabrás"? Como se venderia drogas? Na farmácia das esquinas?
E, qual seria a reação norte-americana, com seus presidentes puritanos e fanáticos? E os outros governos sul-americanos, como reagiriam? O Brasil seria comprador de matéria-prima das FARC? O Governo Uribe veria isso, com bons olhos?
Questões, questões, questões... Quem saberá as respostas?
De outro lado, se for descartada, em absoluto, a idéia da legalização, eu creio que só resta a alternativa da repressão total, absoluta, sem piedade e até o último consumidor, viciado ou não.
Que também traz suas dificuldades. Realmente, com os presídios já estourados não há a menor sensatez em mandar essa gente para lá. Não temos - ainda - a opção dos trabalhos forçados e nem a possibilidade de fazer como os americanos faziam na Segunda Guerra: uma vasta cidade de lona, cercada de arame farpado para prender soldados inimigos capturados. Isso é "inconstitucional".
E o principal: as elites brasilerias estão bem-dispostas a verem traficantes pé-de-chinelo, enforcados nos postes. Mas, essas mesmas elites estariam disposta a verem seus "principezinhos" e suas "princesinhas", condenados a trabalho forçado, cortando cana, no Nordeste, por serem pegos em reincidência, comprando tóxico?
Repetindo: ou repressão absoluta ou liberação absoluta. Sem meio-termo.
Será que funciona, uma ou outra? Eu não sei, mas eu não sou mesmo candidato a presidente...
2) Penas mais pesadas.
Várias vezes, a gente ouve pessoas dizendo que de nada adiantará impor penas mais pesadas, devido a incompetência do aparelho policial para prender e do aparelho jurídico para julgar.
Então, se não estou errado, tanto faz deixar um assassino da própria esposa, grávida de sete meses, ser sentenciado a atual pena de nove anos de prisão (como foi o caso daquele promotor público que está foragido), ou então, sentenciá-lo a prisão perpétua, com trabalhos forçados, sem possibilidade de anistia.
Se nada vai mudar, então, vamos deixá-lo morrer de exaustão, quebrando pedras, aos oitenta anos de idade.
Qual o problema?