Obs.: eu postei isso por aqui e em outro fórum em Junho desse ano. Adicionalmente, eu gostaria de lembrar que há poucos anos atrás a Marinha Francesa foi bastante criticada na França por ter se livrado do R99 Foch, pois em uma revisão e manutenção do R91 CdG a França ficaria sem porta-aviões pela 1a vez desde 1960 ou algo parecido. Sim, a França estava arrependidada de nos ter repassado o R99 Foch.
Para quem acha o A-12 São Paulo inútil : que navio pode levar SH-3 Sea King para missões ASW (com sonar de mergulho, torpedos e cargas de profundidade) e ASuW (com AM-39 Exocet) ? Quem pode levar aviões (A-4 com bombas burras e foguetes, muito melhor que Esquilos armados...) para dar apoio aéreo aproximado às quase 15 mil tropas dos Fuzileiros Navais ? Fato, sem o A-12, a MB perde muito da sua capacidade, ele não tem substitutos nem paliativos dentro da MB.
Olá pessoal,
Vou tentar contribuir nessa discussão do Rafale M operando no porta-aviões R99 Foch (agora A-12 São Paulo). Eu discordo de parte das afirmações acima, tudo indica que o Rafale M01 e/ou M02 operaram sim no R99 Foch com cargas externas (mísseis ar-ar e tanques externos). E as diferenças do Rafale M01 e M02 protótipos não são grandes para os Rafale M de produção.
Eu recomendo a leitura dos textos em francês :
http://frenchnavy.free.fr/aircraft/rafale/rafale_fr.htm
mas vou resumir um pouco em português.
A parte mais importante é essa :
"en effet à l'époque le Foch devait rester en service jusqu'en 2004 et
recevoir ses premiers Rafale en 1999..."
"na realidade naquela época (1993) o Foch devia continuar em serviço até 2004 e receber seus primeiros Rafale em 1999..."
que enfatiza que, sim, a Marine Nationale (Marinha Francesa) pretendia operar durante 4-5 anos o Rafale M no R-99 Foch, antes de usá-lo no R91 Charles de Gaulle.
O Rafale A (avião demonstrador que voou pela 1a vez em 04/07/86)
efetuou :
- 7 aproximações simuladas no R98 Clemenceau em 30/04/87;
- 85 manobras desse tipo no R99 Foch entre 04 e 08/07/88, sendo 23 à
noite;
- com isso testes de campo visual do piloto durante aproximação, reação à turbulência do porta-aviões, velocidade de aproximação (255 km/h, 10km/h inferior ao Super Etendard), etc;
O Rafale M01 (protótipo naval que voou pela 1a vez em 12/12/91)
efetuou :
- umas 200 catapultagens e pousos com enganchamento de cabo na base terrestre de Norfolk (E.U.A), entre 1992-95, validando o uso da mini-rampa que seria instalada no R99 Foch (pois os 50 m de trilhos de catapulta não são suficientes para um avião de 20 ton.);
- ensaios no R99 Foch entre 19/04/93 e 07/05/93, com total de 31 catapultagens e pousos. A mini-rampa foi instalada no R99 Foch para os ensaios e também para operação do Rafale, bem como suas catapultas foram profundamente revisadas, tal que o Rafale pudesse ser usado com até 20 ton. na decolagem.
Os dois protótipos navais, Rafale M01 e M02, realizaram :
- 56 catapultagens e pousos em 27/01, 07/02, 11/04 e 03/05/94 no R99 Foch;
- 25 catapultagens e pousos (sendo 2 à noite) em 17/10 e 03/11/94 no
R99 Foch;
- 20 catapultagens e pousos em 11/09 e 15/09/95 no R99 Foch;
- 36 catapultagens e pousos em 19/01 e 06/02/98 no R99 Foch;
- todos esses ensaios visaram o estudo do domínio de vôo, uso do Rafale no porta-aviões, manutenção, estudo de catapultagens nos limites operacionais, validação do sistema de armas, configuração do padrão F1, etc.
Não tenho informações sobre os pesos de decolagem desses Rafale 01 e M02 durante as 5 campanhas de ensaios. Mas pelo período previsto para operação de Rafale M F1 no R99 Foch, bastaria uma configuração ar-ar. Ora, vejamos sobre o Rafale M :
- o peso vazio é de 9,8-9,9 ton.;
- peso máximo de 21,4 ton. para catapultagem (menor do que as 24,5
ton. máximas do Rafale B/C da Armée de l'Air - AdlA);
- peso máximo de 15,7 ton. para pouso em porta-aviões;
- 4,1 ton. de combustível interno máximo;
- há fotos dele operando no R99 Foch com tanques externos, se estavam
cheios ou não é uma questão em aberto;
- eu li há um tempo atrás num site (que perdi...) que os testes do Rafale M no R99 Foch chegaram a usar 3 tanques externos (se eram 3 x 1.300 l ou 1 x 2.000 l + 2 x 1.300 l, eu não sei) e mísseis ar-ar.
Minha opinião é que :
- o Rafale M F1 seria operado no R99 Foch com configuração sempre até 20 ton. na decolagem, na maior parte das vezes menos, com 14 ton. (peso vazio+máx. comb. interno) + 1 ton. de mísseis ar-ar (uns 6 Mica) para configuração externa limpa com 15 ton. total, ou umas 18 ton. totais com mais 2 tanques externos;
- com 20 ton., daria sim para ter uma configuração ar-superfície com 6 ton. de cargas externas repartidas entre combustível externo e armamento (ar-ar e ar-superfície), o que digamos supera em muito todos os aviões da FAB. Uma configuração típica seria 4 Mica, 2 tanques de 1.300 l e um AM-39, totalizando umas 18 ton.;
- o PAN R91 Charles de Gaulle tem catapultas de 22 ton. e 75 m de trilhos, assim pode aproveitar melhor a capacidade do Rafale M. O A-12 São Paulo sub-utilizaria o Rafale M em pelo menos 2 ton. a menos.
Enfim, para mim seria só uma questão da MB deixar o A-12 São Paulo tal como o R-99 Foch estava em 1993-98 (catapultas 100% e mini-rampa), para poder usar o Rafale M com até 20 ton., tal como revisto pelos próprios franceses.
Se a Marinha Brasileira quiser operar o F/A-18A ou C Hornet, os pesos são parecidos com os do Rafale M, a vantagem seria comprar Hornets usados e baratos. Seriam usados em configuração ar-ar ou ar-superfície com cargas médias ou leves.
Sinceramente, pelo PRM divulgado pela Marinha Brasileira, o A-12 e sua ala aérea receberão poucos recursos, insuficientes p/ compra de aviões novos. Creio que a prioridade será dada aos submarinos e navios de escolta até 2020.
Mas em 2020-2030 o A-12 São Paulo terá que ser substituído, bem como os A-4 (esse talvez antes, em 2015-20). Como até lá o F-18C/D estará bem obsoleto (poucos usuários, problemas de sobressalentes, etc) e o Rafale mais barato, então eu não descarto o mesmo daqui uns 15 anos para a Marinha Brasileira, ainda mais se tiver sucesso em exportações e for usado pela FAB.
Abraços,
Roberto Colistete Jr.