Dúvida Técnica

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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ALFREDO ANDRÉ
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#16 Mensagem por ALFREDO ANDRÉ » Ter Jun 29, 2004 12:49 am

Matar é a melhor solução, esta é a finalidade do fuzil em uma guerra. Do que adianta ferir 20 soldados se depois de alguns dias eles voltarão?

Esse papo de que um calibre tira 3 de combate e outro tira um é uma historinha da carochinha. E muito mal contada, por sinal. Eu não vou me ater nessa discussão de qual calibre é melhor pois não irei dar soco em ponta de faca. Mas essa de ferir é muito relativo, pois a finalidade do fuzil em guerra sempre foi matar.

No caso do .223, ele foi criado para matar, pois seus testes balísticos tornaram as suas qualidades mais do que satisfatórias. Se quisessem só ferir, teriam usado o .30 carbine. Então essa alegação de que o calibre só fere cai por terra, aliás, caiu desde a 1970.

Essa discussão de ferir um soldado ao invés de matá-lo nunca foi tão levada a sério. Pois a medida que o soldado vai avançando, ele encontrará vários soldados inimigos e feridos, e o que fazer? Digo isso que a função de um calibre de fuzil sempre foi matar, nunca ferir. Assim foi com o .223 e o 5,45X45mm. E para falar dessa concepção de feridos ou mortos, é conveniente voltar no tempo.

Antigamente, não se fazia prisioneiros ou feridos. Á medida que iam avançando, iam matando em quem caísse nas mãos dos soldados. Se encontravam feridos, os matavam. Nos combates, só era derrotado quem era morto. Somente eram tratados os feridos que fossem de utilidade ao exército vencedor. Tal idéia vinha desde os gregos, romanos, etc. Tal idéia não mudou muito e na Guerra do Paraguai isso se mostrou presente. As nossas tropas não faziam prisioneiros, matavam todos os paraguaios, mesmo adolescentes ou crianças. Se tinham feridos, os matavam também. E os feridos brasileiros. Ocorriam 2 situações. Se a tropa estava em combate, os feridos eram deixados na sorte que depois do combate, seriam tratados. Ou seriam tratados quando a tropa não estivesse em combate.

Isso não era uma questão de ignorância ou idiotice, mas sim de cultura da época. Isso mesmo, era assim que se fazia aqui, na Ásia e Europa. Naquelas épocas, era custoso manter um posto médico, tratar de feridos, pois consumia muito dos escassos recursos, assim como envolvia muitas pessoas que poderiam estar em combate. Isso atrasava todos os planos dos militares já que naquelas épocas não se tinha o conceito de logística de guerra de que temos hoje.

Com o advento das armas de fogo, a meta foi a mesma, matar. Todavia, por questões de humanidade, passou a evitar-se a matança aleatória, dando maior ênfase da condição humana do soldado. E isso se mostrou nas 2 guerras mundiais e prevalece até hoje. Isso não quer dizer que irá matar o soldado, mas se este cair prisioneiro ou ferido, por leis internacionais, ele deve ser poupado.

Disse isso tudo para mostrar que há uma certa confusão de matar e ferir. A meta numa guerra sempre foi matar, mas jamais ferir em virtude de novas legislações humanitárias, como a de Genebra, ou porque ferir atrapalha mais o inimigo, muito pelo contrário. Se a questão são os custos, é muito mais caro o governo pagar a pensão para a família do que tratar o soldado ferido em combate. Para acabar com o moral de uma tropa, basta alguns corpos dos colegas que há pouco tempo conviviam.

Todavia, numa guerra, há uma exceção de que se prefere ferir quanto ao uso de armas bacteriológicas ou biológicas, claro, isso em virtude dos novos ditames do século XXI que em nada se assemelha com os da Guerra Fria.


Abraço
Alfredo André
http://www.asasnet.cjb.net




"Se necessário for, eu também irei"

Criança Paulista na Revolução Constitucionalista de 1932.
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