#223
Mensagem
por jambockrs » Sex Jul 21, 2006 7:08 pm
Meus prezados
Complementando o ótimo post do rodrigo:
Obscuro importante
A figura mais obscura no processo de sucessão da Varig é Lap Chan, executivo do fundo Matlin Patterson no Brasil. Avesso à imprensa, ele surpreendeu quando surgiu no hangar da Varig. Poucos conheciam seu rosto, mas quem o reconheceu fez questão de avisar, como prova da importância do momento. Ele é o principal estrategista da nova Varig.
Vendida
Ex-subsidiária compra Varig e anuncia suspensão de todos os vôos até o dia 28, com exceção da ponte aérea Rio-SP, e corte de mais de 8 mil funcionários
ALEXANDRE DE SANTI/ Enviado Especial/Rio
Depois de vendida ontem a Varig à beira da falência, o choque de realidade. O novo dono, a Varig Log, uma ex-subsidiária que, no início deste ano, foi adquirida pela Volo Brasil, anunciou que todos os vôos nacionais e internacionais estão suspensos até o dia 28.
A exceção são os da ponte aérea Rio-São Paulo, que foram ampliados de 10 para 36 por dia. Os passageiros com reservas e bilhetes emitidos terão de ser acomodados em outras companhias. A Varig Log planeja retomar as rotas para 25 destinos no país e no Exterior gradativamente a partir do dia 28. Além disso, devem ficar 1.680 funcionários. Ou seja, haverá mais de 8 mil demissões. O programa Smiles está mantido.
O martelo da venda foi batido, às 11h20min, por Marcelo Bottini, presidente da Varig, Carlos Alberto Barros, leiloeiro público, João Luis Bernes de Sousa, presidente da Varig Log, e Luiz Alberto Fiore, diretor da Deloitte, administradora judicial da recuperação que dura 13 meses. No segundo leilão em dois meses, a empresa foi arrematada por R$ 52,3 milhões. Somados os compromissos assumidos, o investimento do novo dono atinge US$ 500 milhões.
– Hoje renasce aqui uma nova Varig – disse Bottini, que ficará no cargo e foi muito aplaudido pelas cerca de 1,5 mil pessoas presentes.
– Vamos fazer a sua estrela brilhar no céu – afirmou Sousa, que homenageou o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo processo de recuperação judicial e saudado como herói por vários funcionários.
Ao contrário do leilão de 8 de junho, que acabou em clima de fracasso, a sensação de ontem foi de alívio. A cerimônia foi animada, porém protocolar: apenas confirmou o negócio que vinha sendo costurado nas últimas semanas entre Varig, Varig Log, credores e Justiça do Rio.
A única surpresa foi quando o leiloeiro anunciou a existência de dois interessados: a Varig Log e a desconhecida Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Processamento de Dados, desqualificada por não ter depositado US$ 24 milhões no dia anterior, como previa o edital.
Os novos donos terão 30 dias para voltar a operar todas as concessões da Varig e não perder linhas, a partir do momento em que o negócio for aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil. Nos próximos dois meses, a meta é obter 25 aeronaves (hoje são 13 em condições de operar), informaram os sócios em plano apresentado para os sindicatos ontem. Depois, a idéia é acrescentar dois aviões por mês. Essa situação duraria um ano e representaria contratação de 3,5 mil trabalhadores.
– Nossa intenção é fazer a Varig voltar ao que era – disse Marco Antônio Audi, sócio da Volo.
DJ inspirado
O DJ contratado para embalar o leilão caprichou. No início, quando os presentes se acomodavam, o ritmo era dançante, do rock ao pop. Mas a música mudou. Com a batida do martelo, o responsável pelo som emendou Canção da América, na voz de Milton Nascimento (aquela do verso "Amigo é coisa para se guardar"), talvez numa referência ao salvamento da Varig. Ou talvez porque ontem era o Dia do Amigo.
Penúltimo capítulo
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, avaliou que a venda da Varig foi a melhor solução para os credores estatais:
- Essa situação melhora muito a nossa perspectiva como credores da Varig. Ainda não posso dizer que se encerrou a novela, mas afirmo que se chegou ao penúltimo capítulo.A Varig deve à Infraero no total cerca de R$ 600 milhões em tarifas aeroportuárias.
Ayoub, a estrela
O juiz Luiz Roberto Ayoub, comandante da recuperação, foi a estrela do leilão. Um funcionário da Varig carregava um cartaz onde se lia "L.R. Ayoub é 100% Justiça". Foi homenageado até pelo leiloeiro público Carlos Alberto Barros:
- São pessoas que devemos guardar na memória para sempre como exemplo de como se deve aplicar as leis neste país.
Desafios da nova Varig
A negociação com as empresas de leasing para reaver os aviões que estão parados, sob ameaça de arresto, ou já foram retomados, será o principal desafio da Varig Log, empresa que arrematou a Varig no leilão de ontem. O presidente da Varig Log, João Luis Bernes de Sousa, explicou que agora as negociações serão melhores porque a empresa já tem autoridade para fechar acordos em nome da Varig.
Atualmente, uma consultoria, contratada pela Varig Log, trabalha para analisar quais os aviões que estão em melhores condições e seriam mais vantajosos para a Varig reaver, além de analisar também as aeronaves que estão paradas hoje sob ameaça de arresto. Segundo Souza, será com base nessas informações que a nova companhia poderá definir sua malha e o número de funcionários que irá ter.
- Acredito que em 10 a 15 dias já se possa responder a essas perguntas - comentou.
O presidente da Varig, Marcelo Bottini, acredita que as negociações possam mudar radicalmente o desenho do tamanho da nova companhia. Marco Antônio Audi, representante da Volo, empresa que controla a Varig Log, revelou que o grupo está negociando parcerias com empresas aéreas, entre as quais a canadense Aeroplas para dar fôlego à nova companhia. Entretanto, destacou que nada foi assinado oficialmente até o momento.
Os executivos confirmaram o interesse de reaver todas as rotas da Varig que foram suspensas e hoje estão sendo atendidas por outras companhias aéreas dentro do plano de contingência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Audi disse que o juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, vai solicitar à Justiça americana a extensão do prazo que protege as aeronaves da Varig de arresto. Hoje, será realizada em Nova York uma nova audiência para discutir o assunto. O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, explicou que a companhia aérea tem 30 dias após a homologação da venda para a Varig Log para comprovar condições de manter todas as suas linhas. Nos últimos meses, a companhia aérea deixou de operar várias rotas, que foram atendidas por outras empresas em um plano de contingência preparado pela agência reguladora.
Quem são os novos donos
- A Varig Log é controlada pela Volo do Brasil, empresa com três sócios brasileiros e uma subsidiária do fundo de investimentos Matlin Patterson, dos EUA.
Filha próspera
> A atuação da Varig no setor cargueiro ganhou importância nas décadas de 1970 e 1980, até a criação da Varig Cargo, em 1993. Em 2000, a área se transformou na Varig Log, uma subsidiária do grupo focada em operações de logística.
A Varig Log detém 47% do mercado doméstico e 32% do internacional de carga brasileira. Cobre 4,8 mil destinos no Brasil e 210 no Exterior, e o faturamento cresceu 40% nos últimos dois anos: foi de US$ 560 milhões, em 2005.
A Volo do Brasil
A Varig Log foi comprada pela Volo do Brasil. São quatro acionistas:
> Marco Antonio Audi, empresário da Audi Helicópteros
> Marcos Haftel, economista, da Yala Gestora de Recursos
> Luiz Gallo, operador financeiro da Tática Asset Management
> Volo Logistics, empresa do grupo Matlin Patterson, também dos EUA
O Matlin Patterson
Com escritórios em Nova York, Hong Kong e Londres, o Matlin Patterson é conhecido no mercado financeiro como um "fundo abutre", que compra empresas à beira da falência, as recupera e lucra com a venda da companhia saudável. Tem experiência com o setor de aviação: adquiriu a Continental e destacou executivos para reerguer a empresa. Depois, vendeu sua participação. Especula-se que poderá fazer o mesmo com a Varig. A Worldcom, empresa de telecomunicações que protagonizou um escândalo financeiro em 2003, foi comprada e recuperada pelo Matlin.
fonte: jornal "Zero Hora" 21 jul 2006
Um abraço e até mais...