Bem, vamos lá desmontar estes argumentos...
Rui Elias Maltez escreveu:Old:
Falso,no es lo mismo pagar sueldos a 150/200 hombres que a 35/70, ni consumen el mismo combustible ni requieren de las mismas operaciones de mantenimiento, en resumen para la mayoria de las operaciones en las que no vaya a haber riesgo de intercambio de misiles por ambas partes un barco mas pequeño cumple sobradamente, y es mas barato.
Esse é o outro argumento meu para que as Corvetas tenham cabimento em certas marinhas "curtas" como a nossa.
A partir do momento em que se começam a pôr armas numa corveta, a quantidade de tripulantes cresce exponencialmente.
Comparemos por exemplo, um projecto de uma fragata moderna, a MEKO D, com algumas corvetas bem armadas. A MEKO, segundo o fabricante, terá uma tripulação de 78+15 (presumo que correspondam à guarnição do helicóptero).
Agora, vejamos algumas corvetas:
- Nakhoda Ragam - Brunei- 79
- Qahir - Oman - 50
- Sa'ar 5 - Israel - 71
Os ganhos com a "poupança" na tripulação são quase irrelevantes!... Obviamente, a diferença alarga-se se compararmos fragatas menos automatizadas com corvetas mal armadas ou mesmo lanchas lança-mísseis.
Rui Elias Maltez escreveu:É certo que o que encarece a plataforma é o tipo de sistemas instalados e não tanto o tamanho do casco.
Uma corveta Meko-100 benm armada pode ser tão ou mais cara que uma "sub-armada" fragata La Fayette.
Mas para um horizonte de vida de 20 ou 25 anos, o que se poupa em tripulação, combustível, aprovisioniamento e manutenção acabará por compensar o investimento inicial.
Imaginemos que Portugal daria prioridade a um patrulhamento mais musculado nos Açores/Madeira com corvetas.
O que se pouparia ao longo de anos, poupando-se na mobilização de fragatas daria para compensar.
A poupança é irrisória, ou inexistente. Em 99,9% das ocasiões, as corvetas vão estar a realizar as funções do NPO/OPV. Ou seja, na prática vai estar a usar um navio que
gasta mais combustível,
custa mais a manter (todos os sistemas de armas têm custos de manutenção enormes, e os mísseis têm "prazo de validade),
tem maiores custos com a tripulação, que será consideravelmente maior que a de um NPO/OPV... E tudo isto para um ganho operacional de
zero! Os mísseis, canhões, sonares e radares das corvetas
são inúteis na patrulha da ZEE. O facto de serem mais musculadas é inútil e dispendioso.
E é falso dizer que se pouparia com a mobilização das fragatas. Se o projecto NPO avançar, este servirá para substituir as fragatas na função de patrulha de ZEE, libertando-as para missões militares. Ora a compra de corvetas, das duas uma - ou diminui o número de OPV's, subsituindo-os nas missões destes, ou diminui o número de fragatas, assumindo de forma limitada as tarefas destas.
E mais, se considerarmos o mesmo tamanho de casco (o do NPO), o facto de lhe colocar mais armas, mais espaços internos para o seu armazenamento, manuseamento e operação, bem como mais instalações para a tripulação, implica necessariamente a diminuição do combustível e mantimentos embarcados. Conjugando isto com um navio que gasta mais combustível, chegamos à conclusão que uma corveta poderá passar muito menos tempo no mar, em patrulha, que o NPO, visto que terá que passar mais frequentemente no porto para reabastecer.
Por outro lado, os seus sistemas de armamento mais complexos, obrigam-na a passar mais tempo no estaleiro.
Se temos um navio mais caro de operar, mais caro de adquirir, que só podemos comprar em menor número, que vai passar menos tempo no mar e que nunca, ou quase nunca, será chamado a participar em missões militares, então
qual é a vantagem face ao NPO??!! Eu não vejo nenhuma, antes pelo contrário...
Rui Elias Maltez escreveu:E em termos de intervenções no exterior, e de acordo com a natureza do teatro, podaria ir uma fragata + uma corveta em vez de irem 2 fragatas.
Mesmo em termos NATO, por vezes poderíamos incluir uma corveta nas forças-tarefa.
Rui, as operações NATO e/ou multinacionais, tendem a assumir cada vez mais uma natureza extremada:
- ou missões do tipo guarda costeira, levadas a cabo por forças multinacionais, como as que são realizadas no Mediterrâneo e Atlântico, em busca de imigrantes ilegais, navios em situação irregular, terroristas, etc
- ou missões navais em apoio de ataques em larga escala a países terceiros (Kosovo, Iraque, Bósnia, etc)
Na primeira, um verdadeiro NPO é tão útil, ou mais, do que uma corveta - tem tanta ou mais autonomia, é mais barato de operar, e não é "over-kill" (um ESSM ou um Harpoon são irrelevantes quando se trata de abordar uma chalupa carregada de Marroquinos...
)
Na segunda, e tendo em conta a evolução na guerra naval, precisa de navios com elevado grau de sobrevivência em ambiente hostil, equipados com radares potentes para ajudar a vigiar o espaço aéreo inimigo, com potentes sistemas de comunicações, para coordenação com operações aéreas, e ainda, se possível, meios de ataque a terra, como mísseis de cruzeiro. Isto sem esquecer as capacidades "clássicas" nos domínios de ASW, ASuW e AAW, bem como uma autonomia considerável para operações longe do país de origem. Ora todos estes requisitos excluem, em maior ou menor medida, a utilização de corvetas, beneficiando as grandes fragatas com margem de crescimento.
Quanto às operações intermédias, face a estados do terceiro mundo. É certo que uma fragata poderá ser sobredimensionada, mas pelo menos, e ao contrário das corvetas, tem um alcance que lhe permite atingir, por exemplo, boa parte das ex-colónias portuguesas em África sem necessitar de reabastecimento. Quantitativamente, estas missões são muito raras, e representam um "nicho" para as corvetas. Ora para uma Marinha limitada em recursos como a nossa, apostar em "nichos" sai caro.
Uma Marinha como a portuguesa, tem duas grandes missões:
- a capacidade de combater qualquer inimigo que ameace ou país, ou que o país considere ter que atacar. Esta é a missão última para a qual uma Marinha deve estar preparada. Aqui, as fragatas são infinitamente mais úteis do que as corvetas, que apresentam uma capacidade marginal na guerra moderna (ou pelo menos, nos cenários em que o país se possa ver envolvido)
- a capacidade de patrulhar a ZEE. Esta representa a esmagadora maioria da actividade operacional da Marinha, e o navio ideal para a realizar é o NPO/OPV. As corvetas, para além de mais caras, não trazem qualquer vantagem prática.
Apostar nas corvetas como sistema intermédio entre as fragatas e os OPV's, revelar-se-ía, para a Marinha portuguesa, uma opção cara, pouco "lucrativa" operacionalmente, e que dispersaria recursos essenciais para a modernização das VdG, compra de novas fragatas e construção em quantidade de NPO's.