Materiais russos no Brasil
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Materiais russos no Brasil
Cavalheiros, se for realmente verdade que o México teria comprado caças russos. (Embora plenamente possivel, eu particularmente só acredito nestas noticias depois de confirmadas por várias fontes), surge na cabeça e alguns a seguinte questão:
Porque o México pode e o Brasil não? Tanto se falou sobre os prós e contras de caças russos na FAB nos ultimos 10 anos, que gostaria de fazer alguns comentários sobre esta questão de dificuldades operacionais para incorporação dos SU-35 na FAB.
Um texto que escrevi temos atrás sobre esta questão, quando listaram dezenas de itens que seriam impeditivos para o Flanker operar no Brasil.
Coisas como:
-Os fluidos hidraulicos diferentes
-Os manuais traduzidos para portugues que não seriam tão eficientes quando os manuais originais em russo
-A dificuldade de um mecânico da FAB trocar pastilhas de freios do Flanker pelo ferramental diferente e por ele não falar russo, e por consequencia não poder ler os manuais que alguns juravam que tinham que ser em russos.
-As dificuldades das fresas e ferramentais dos PAMA em operarem em sistemas de medidas diferentes dos adotados no Brasil
-O tamanho dos hangaretes que não caberiam os Flanker
-Etc...
Claro que estes problemas são reais, mas seriam eles os impeditivos parao Flanker no Brasil?
Como não sou defensora da operação de caças russos na FAB, acredito que tenha alguma insenção para falar sobre o assunto.
Segue o texto
-------------------------------------------------------------------------------------
Não tenho experiencia alguma na area de material aeronautico, mas tenho alguma vivencia em programas espaciais em ambiente de cooperação.
Em meados dos anos 90, a NASA e a Rosaviakosmos decidiram que iriam realizar missões conjuntas entre o Space Shuttle a a estação espacial MIR.
Estas missões incluiam o acoplamento do Shuttle e da MIR, bem como a convivencia de astronautas americanos dentro da estação.
Ambos são sistemas absolutamente diferentes. Até a agua que os astronautas tomam não é a mesma, a americana vem da excressão de residuos de celulas de combustivel, a russa é mantida esteril em solução acida e depois potabilisada por adição de material alcalino.
O ar que ambas as naves mantem em sua atmosfera é diferente, bem como os sistemas de telemetria, trajes espaciais, rede de rastreamento, e podem colocar mais uma centena de itens que vocês acharem importantes, e desta centena de itens, a gente explodiria as coisas em milhares de sub itens.
Em dois anos, o programa estava pronto e foi um sucesso do ponto de vista operacional.
Hoje, a ISS, pelo menos a parte que esta lá em cima, é uns 70% russa. E é russa, exatamente nos seus itens mais importantes, como os módulos de propulsão e fornecimento de potencia (uma espécie de casa de maquinas espacial), bem como os sistemas habitacionais, naves de carga, naves tripuladas.
E ela é mantida pela NASA e pela Roskosmos em total harmonia. Existem centenas de procedimentos operacionais, que vão deste o abandono da nave em uma emergencia, até a simples troca de uma lampada, e eles procedimentos podem, e são executados por astronautas de varias nacionalidades.
A Lockheed Martin, desenvolveu e fabrica um foguete chamado Atlas-V, que tem seu impulsor fabricado na Rússia, e ai estamos falando de um impulsor criogênico, algo que deixa uma turbina de caça parecendo uma maquina "sem misterios" quando comparados, e sim, a Lockheed Martin, projetou, fabrica e a NASA opera sem maiores dramas um foguete cuja propulsão é russa.
No Brasil, o IAE, compra da Rússia todo o sistema de direcionamento inercial do VLS, bem como o sistema de direcionamento de atitude de rotação, que são os itens de maior complexidade no VLS. Todos estes itens são montados e operados com sucesso.
Ainda no Brasil. A MB, constroi submarinos que são de projeto alemão, pais que até então o Brasil nunca tinha tido uma cultura de compra de itens navais significativo, e mesmo assim, o idioma, a cultura de fornecimento foi impeditivo para montar no AMRJ um submarino.
Pela lógica de argumentação de alguns, trocar uma pastilha de freio de um SU-35, é uma coisa de outro mundo.
Isto talvez seja verdade se olhado por um prisma:
O que fez a NASA e a Rosaviakosmos, cooperarem tão bem nos ultimos 10 anos?
O que fez o AMRJ montar com inegavel sucesso para paises subdesenvolvidos um excelente programa de submarinos?
Porque os "conectores" e as "part numberts" dos impulsores RD-180, não deixam o pessoal da Lockheed Martin desesperados?
Primeira coisa.
Existiu uma vontade estratégica de fazer acontecer. Se um engenheiro da NASA fala-se, "Olha, não vai dar certo, porque eles utilizam sistema métrico e nós utilizamos outro sistema"...."Eles não utilizam nossas normas, ISO, ATA etc... Logo não sabemos se isto é valido ou não".... Ele fatalmente estaria olhando com optica de varejo e não de atacado.
Segunda coisa.
Existiu um investimento em desenvolvimento de normas e procedimentos conjuntos, bem como uma filosofia de relacionamento de longo prazo. Os assentos de naves russas são modificados para que um astronauta holandes coube-se nela. Engenheiros da NASA fazem estágio em Samara, engenheiros russos fazem estagio em Houston. Existe a cultura da integração.
Terceira coisa.
Os operadores (agencias espaciais), mudaram seus paradigmas quando a assimilação da cultura de trabalho da outra. Assim, não existia o "jeito certo de fazer, e este jeito é o meu". Existia o jeito certo de fazer, que seja melhor para nós dois.
A operação do Flanker no Brasil, não é algo impossivel para ser feito, como alguns juram piamente. Seja porque alguns conectores vão vir em cirilico, seja porque não existem equipamentos russos homologados no ocidente, ou porque a manutenção em nivel de parque é diferente lá ou ai.
Igualmente, não seja facil porque os materiais russos são projetados para serem mantidos por recrutas mal escolarisados, tão pouco, porque são resistentes ao ponto de um piloto apoiar todo seu peso em um tubo de pitot e este não se quebrar.
A manutenção de material russo no Brasil, é sim plenamente possivel desde que alguns principios sejam observados e perseguidos.
1)Existe uma orientação estratégica da FAB para aceitar como vantajoso a troca de fornecedores?
2)Existe uma perspectiva de relacionamento de longo prazo entre as partes?
3)Existe mudança de paradigmas de assimilação da cultura?
Voltando a realidade local, ai de vocês, estamos a anos luz disto acontecer.
Uma força aerea como a FAB, (Dentro da sua atual cultura de ação) tem mesmo é que operar F-5, M-2000C e quando muito F-16A/B modernizados, porque ela não tem a minima orientação estratégica para perseguir objetivos que cumpram com uma capacidade ao qual ela tenha detectado e se orientado.
Igualmente a Rússia, com as suas jogadas amadoras de marketing e esforços de vendas em mercados onde ela nunca atuou, deve assimilar que o possivel é continuar a comercialisar seus produtos em praças onde ela tradicionalmente vende como India, China e Irã, onde o volume de vendas é muito maior do que na combalida e fragil cultura militar sul americana dominada por franceses e americanos a décadas.
A operação dos SU-35 na FAB, é possivel, mas para isto não seriam os "manuais", os "sistemas de fresa dos PAMA", ou os "fluidos lubrificantes dos caças" que seriam impeditivos, isto é varejo.
O que tem que mudar é o atacado, a "orientação estratégica" para gerar as ações corretivas que permita a entrada em serviço destas aeronaves caso seja do interesse do MinDef.
Sobre orientação estratégica, o histórico dos ultimos 20 anos de atrasos, incoerencias etc... Pode dar um bom prognóstico sobre como as coisas estão.
Porque o México pode e o Brasil não? Tanto se falou sobre os prós e contras de caças russos na FAB nos ultimos 10 anos, que gostaria de fazer alguns comentários sobre esta questão de dificuldades operacionais para incorporação dos SU-35 na FAB.
Um texto que escrevi temos atrás sobre esta questão, quando listaram dezenas de itens que seriam impeditivos para o Flanker operar no Brasil.
Coisas como:
-Os fluidos hidraulicos diferentes
-Os manuais traduzidos para portugues que não seriam tão eficientes quando os manuais originais em russo
-A dificuldade de um mecânico da FAB trocar pastilhas de freios do Flanker pelo ferramental diferente e por ele não falar russo, e por consequencia não poder ler os manuais que alguns juravam que tinham que ser em russos.
-As dificuldades das fresas e ferramentais dos PAMA em operarem em sistemas de medidas diferentes dos adotados no Brasil
-O tamanho dos hangaretes que não caberiam os Flanker
-Etc...
Claro que estes problemas são reais, mas seriam eles os impeditivos parao Flanker no Brasil?
Como não sou defensora da operação de caças russos na FAB, acredito que tenha alguma insenção para falar sobre o assunto.
Segue o texto
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Não tenho experiencia alguma na area de material aeronautico, mas tenho alguma vivencia em programas espaciais em ambiente de cooperação.
Em meados dos anos 90, a NASA e a Rosaviakosmos decidiram que iriam realizar missões conjuntas entre o Space Shuttle a a estação espacial MIR.
Estas missões incluiam o acoplamento do Shuttle e da MIR, bem como a convivencia de astronautas americanos dentro da estação.
Ambos são sistemas absolutamente diferentes. Até a agua que os astronautas tomam não é a mesma, a americana vem da excressão de residuos de celulas de combustivel, a russa é mantida esteril em solução acida e depois potabilisada por adição de material alcalino.
O ar que ambas as naves mantem em sua atmosfera é diferente, bem como os sistemas de telemetria, trajes espaciais, rede de rastreamento, e podem colocar mais uma centena de itens que vocês acharem importantes, e desta centena de itens, a gente explodiria as coisas em milhares de sub itens.
Em dois anos, o programa estava pronto e foi um sucesso do ponto de vista operacional.
Hoje, a ISS, pelo menos a parte que esta lá em cima, é uns 70% russa. E é russa, exatamente nos seus itens mais importantes, como os módulos de propulsão e fornecimento de potencia (uma espécie de casa de maquinas espacial), bem como os sistemas habitacionais, naves de carga, naves tripuladas.
E ela é mantida pela NASA e pela Roskosmos em total harmonia. Existem centenas de procedimentos operacionais, que vão deste o abandono da nave em uma emergencia, até a simples troca de uma lampada, e eles procedimentos podem, e são executados por astronautas de varias nacionalidades.
A Lockheed Martin, desenvolveu e fabrica um foguete chamado Atlas-V, que tem seu impulsor fabricado na Rússia, e ai estamos falando de um impulsor criogênico, algo que deixa uma turbina de caça parecendo uma maquina "sem misterios" quando comparados, e sim, a Lockheed Martin, projetou, fabrica e a NASA opera sem maiores dramas um foguete cuja propulsão é russa.
No Brasil, o IAE, compra da Rússia todo o sistema de direcionamento inercial do VLS, bem como o sistema de direcionamento de atitude de rotação, que são os itens de maior complexidade no VLS. Todos estes itens são montados e operados com sucesso.
Ainda no Brasil. A MB, constroi submarinos que são de projeto alemão, pais que até então o Brasil nunca tinha tido uma cultura de compra de itens navais significativo, e mesmo assim, o idioma, a cultura de fornecimento foi impeditivo para montar no AMRJ um submarino.
Pela lógica de argumentação de alguns, trocar uma pastilha de freio de um SU-35, é uma coisa de outro mundo.
Isto talvez seja verdade se olhado por um prisma:
O que fez a NASA e a Rosaviakosmos, cooperarem tão bem nos ultimos 10 anos?
O que fez o AMRJ montar com inegavel sucesso para paises subdesenvolvidos um excelente programa de submarinos?
Porque os "conectores" e as "part numberts" dos impulsores RD-180, não deixam o pessoal da Lockheed Martin desesperados?
Primeira coisa.
Existiu uma vontade estratégica de fazer acontecer. Se um engenheiro da NASA fala-se, "Olha, não vai dar certo, porque eles utilizam sistema métrico e nós utilizamos outro sistema"...."Eles não utilizam nossas normas, ISO, ATA etc... Logo não sabemos se isto é valido ou não".... Ele fatalmente estaria olhando com optica de varejo e não de atacado.
Segunda coisa.
Existiu um investimento em desenvolvimento de normas e procedimentos conjuntos, bem como uma filosofia de relacionamento de longo prazo. Os assentos de naves russas são modificados para que um astronauta holandes coube-se nela. Engenheiros da NASA fazem estágio em Samara, engenheiros russos fazem estagio em Houston. Existe a cultura da integração.
Terceira coisa.
Os operadores (agencias espaciais), mudaram seus paradigmas quando a assimilação da cultura de trabalho da outra. Assim, não existia o "jeito certo de fazer, e este jeito é o meu". Existia o jeito certo de fazer, que seja melhor para nós dois.
A operação do Flanker no Brasil, não é algo impossivel para ser feito, como alguns juram piamente. Seja porque alguns conectores vão vir em cirilico, seja porque não existem equipamentos russos homologados no ocidente, ou porque a manutenção em nivel de parque é diferente lá ou ai.
Igualmente, não seja facil porque os materiais russos são projetados para serem mantidos por recrutas mal escolarisados, tão pouco, porque são resistentes ao ponto de um piloto apoiar todo seu peso em um tubo de pitot e este não se quebrar.
A manutenção de material russo no Brasil, é sim plenamente possivel desde que alguns principios sejam observados e perseguidos.
1)Existe uma orientação estratégica da FAB para aceitar como vantajoso a troca de fornecedores?
2)Existe uma perspectiva de relacionamento de longo prazo entre as partes?
3)Existe mudança de paradigmas de assimilação da cultura?
Voltando a realidade local, ai de vocês, estamos a anos luz disto acontecer.
Uma força aerea como a FAB, (Dentro da sua atual cultura de ação) tem mesmo é que operar F-5, M-2000C e quando muito F-16A/B modernizados, porque ela não tem a minima orientação estratégica para perseguir objetivos que cumpram com uma capacidade ao qual ela tenha detectado e se orientado.
Igualmente a Rússia, com as suas jogadas amadoras de marketing e esforços de vendas em mercados onde ela nunca atuou, deve assimilar que o possivel é continuar a comercialisar seus produtos em praças onde ela tradicionalmente vende como India, China e Irã, onde o volume de vendas é muito maior do que na combalida e fragil cultura militar sul americana dominada por franceses e americanos a décadas.
A operação dos SU-35 na FAB, é possivel, mas para isto não seriam os "manuais", os "sistemas de fresa dos PAMA", ou os "fluidos lubrificantes dos caças" que seriam impeditivos, isto é varejo.
O que tem que mudar é o atacado, a "orientação estratégica" para gerar as ações corretivas que permita a entrada em serviço destas aeronaves caso seja do interesse do MinDef.
Sobre orientação estratégica, o histórico dos ultimos 20 anos de atrasos, incoerencias etc... Pode dar um bom prognóstico sobre como as coisas estão.
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Otímo texto Koslova, como sempre
Não sei se ja vou começar desvirtuando seu tópico, mas la vai.....
Já tivemos muitas discursões nesse forúm sobre a atual capacidade russa para desenvolver caças, no caso o PAK.
O que você acha sobre o PAK? ele será um concorente de peso para o F-22 e F-35? Você sabe qual é a real capacidade russa em desenvolver aviões steath? Seria viavel um participação conjunta do Brasil nesse programa?
Não sei se ja vou começar desvirtuando seu tópico, mas la vai.....
Já tivemos muitas discursões nesse forúm sobre a atual capacidade russa para desenvolver caças, no caso o PAK.
O que você acha sobre o PAK? ele será um concorente de peso para o F-22 e F-35? Você sabe qual é a real capacidade russa em desenvolver aviões steath? Seria viavel um participação conjunta do Brasil nesse programa?
- Pablo Maica
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Excelente texto, Koslova.
Há alguns dias, escrevemos sobre isso num outro tópico. Claro que é possível os emprego de aeronaves russas no Brasil, mas essas pequenas questões técnicas deixam as coisas bem mais difícieis.
Se grande parte da FAB fosse voltada para o material russo, seria mais viável. Mas a FAB investiu nos últimos uma boa soma de recursos na padronização de seus equipamentos (os A-1, A-29 e F-5BR tem cockpits bastante semelhantes e com equipamentos que falam entre si). Acho que uma mudança para um outro padrão não seria vantajoso.
Abraços,
Há alguns dias, escrevemos sobre isso num outro tópico. Claro que é possível os emprego de aeronaves russas no Brasil, mas essas pequenas questões técnicas deixam as coisas bem mais difícieis.
Se grande parte da FAB fosse voltada para o material russo, seria mais viável. Mas a FAB investiu nos últimos uma boa soma de recursos na padronização de seus equipamentos (os A-1, A-29 e F-5BR tem cockpits bastante semelhantes e com equipamentos que falam entre si). Acho que uma mudança para um outro padrão não seria vantajoso.
Abraços,
Carpe noctem!
- FinkenHeinle
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Novamente, um belo Artigo... Aliás, como de costume.
Uma questão interessante é que, de fato, nada dessas histórias de Parafuso, Fluido, e quetales é um impeditivo sério. Podem ser contornados, o que é óbvio.
Contudo, isso não significa que o Flanker seja, ainda assim, a melhor opção. A Elizabeth falou com muita propriedade sobre Orientação Estratégica. Bom, acredito que possamos lidar com duas hipóteses: qual É a atual Orientação Estratégica (ou no caso, a provável falta dela), e qual DEVERIA SER a Orientação Estratégica.
Eu sei que sou chato, mas mesmo tendo consciência disto, acredito que devo repetir uma coisa: DINHEIRO NÃO DÁ EM ÁRVORE! Por mais que insistam, não existe mais muito espaço para liberar recursos Orçamentários para a Pasta da Defesa. O que podemos, e DEVEMOS fazer, é eficientizar o USO desses recursos escassos. E acredito que optar pelo Flanker não corresponde à essa que deveria ser premissa básica na tomada de decisões do MinDef! Pode ter aquisição mais barata que outros caças contemporâneos, como EF-2000 e Rafale, mas tem operação muito cara, e isso impactará por cerca de 30 anos de operação na FAB. A compra pode-se financiar com condições excelentes. Perder de vista. Mas o custo é diário. E sempre que o custo operacional das FFAA aumentar, isso irá pressionar negativamente a Capacidade de Investimentos já mínima das mesmas, por várias questões debatidas e rediscutidas 1 Milhão de Vezes!
De fato, o "cobertor é curto"! Por isso, para um País que não mostra nenhuma pretenção Geoestratégica digna de nota, cuja Política Externa é medíocre, que não vê inimigos no horizonte de pelo menos 20 anos, acredito que caças mais em conta, no Longo Prazo estariam mais dentro da realidade.
De qualquer forma, não me considero dono da verdade, mas acho que o Artigo da Elizabeth foi claro ao mostrar que esses empecílios mais simples são contornados, mas isso não significa que o Flanker seja a melhor opção disparada, sem qualquer concorrente à altura.
Uma questão interessante é que, de fato, nada dessas histórias de Parafuso, Fluido, e quetales é um impeditivo sério. Podem ser contornados, o que é óbvio.
Contudo, isso não significa que o Flanker seja, ainda assim, a melhor opção. A Elizabeth falou com muita propriedade sobre Orientação Estratégica. Bom, acredito que possamos lidar com duas hipóteses: qual É a atual Orientação Estratégica (ou no caso, a provável falta dela), e qual DEVERIA SER a Orientação Estratégica.
Eu sei que sou chato, mas mesmo tendo consciência disto, acredito que devo repetir uma coisa: DINHEIRO NÃO DÁ EM ÁRVORE! Por mais que insistam, não existe mais muito espaço para liberar recursos Orçamentários para a Pasta da Defesa. O que podemos, e DEVEMOS fazer, é eficientizar o USO desses recursos escassos. E acredito que optar pelo Flanker não corresponde à essa que deveria ser premissa básica na tomada de decisões do MinDef! Pode ter aquisição mais barata que outros caças contemporâneos, como EF-2000 e Rafale, mas tem operação muito cara, e isso impactará por cerca de 30 anos de operação na FAB. A compra pode-se financiar com condições excelentes. Perder de vista. Mas o custo é diário. E sempre que o custo operacional das FFAA aumentar, isso irá pressionar negativamente a Capacidade de Investimentos já mínima das mesmas, por várias questões debatidas e rediscutidas 1 Milhão de Vezes!
De fato, o "cobertor é curto"! Por isso, para um País que não mostra nenhuma pretenção Geoestratégica digna de nota, cuja Política Externa é medíocre, que não vê inimigos no horizonte de pelo menos 20 anos, acredito que caças mais em conta, no Longo Prazo estariam mais dentro da realidade.
De qualquer forma, não me considero dono da verdade, mas acho que o Artigo da Elizabeth foi claro ao mostrar que esses empecílios mais simples são contornados, mas isso não significa que o Flanker seja a melhor opção disparada, sem qualquer concorrente à altura.
Atte.
André R. Finken Heinle
"If the battle for civilization comes down to the wimps versus the barbarians, the barbarians are going to win."
Thomas Sowell
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Valeu, dra. Koslova! Seu ponto de vista nos dá uma boa visão para a não consideração da aquisição destes equipamentos pela FAB. A falta de interesse em mudar paradigmas. O que é uma pena. Acredito que, com todos os problemas que possam existir na negociação e convivência com os russos, eles sejam mais maleáveis (não estou falando em corrupção) e necessitados que os americanos (cheios de "manias", "não pode", "não é para o seu bico", e por aí vai...). Esta necessidade torna uma parceria com eles mais completa e vantajosa para o outro lado. Talvez, com o sucesso do programa espacial brasileiro os "fabianos" mudem de idéia e, aí sim, paramos de vez com as compras de M2000C, F-5, Impalas, etc.
Um abraço!
Fernando Augusto Terra
- FinkenHeinle
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faterra escreveu:Talvez, com o sucesso do programa espacial brasileiro os "fabianos" mudem de idéia e, aí sim, paramos de vez com as compras de M2000C, F-5, Impalas, etc.
Xuxesso, eu diria...
Atte.
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Mais do que simplesmente a mudança de paradigmas da FAB, deveria haver uma mudança de paradigmas do Estado. As políticas de defesa deveriam dar suporte à FAB nessa busca por uma aproximação com a rússia. Como não dão, a FAB não pode bancar sozinha essa empreitada sob risco real de ter sua já combalida capacidade financeira e operacional mais afetada.
Magnífico texto, Elizabeth.
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Vinicius Pimenta
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
E assim, como bem disse a colega Koslovca, seguiremos sempre com as sucatas da vida, pois que mudar paradigmas é muito complicado. Vamos lá outra vez. Segundo a FAer indiana, que opera os dois, o SU-30 é mais barato de manter que o M-2000. E aí? E quando chegarem, daqui à uns trinta anos , os Rafales? O custo operacional será muito maior que F-5BR e A-1. Tudo no caça é mais caro, desde peças a manutenção. Consertar um grifo é uma coisa, consertar(se é que deixarão) um RBE é outra muito diferente. O que dizer das M-88(?)? Se nem as ATAR pudemos abrir...
- antunsousa
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Re: Materiais russos no Brasil
Koslova escreveu:-Os fluidos hidraulicos diferentes
-Os manuais traduzidos para portugues que não seriam tão eficientes quando os manuais originais em russo
-A dificuldade de um mecânico da FAB trocar pastilhas de freios do Flanker pelo ferramental diferente e por ele não falar russo, e por consequencia não poder ler os manuais que alguns juravam que tinham que ser em russos.
-As dificuldades das fresas e ferramentais dos PAMA em operarem em sistemas de medidas diferentes dos adotados no Brasil
-O tamanho dos hangaretes que não caberiam os Flanker
Olha pessoal, eu não entendo nada, mas essas dificuldades me parecem todas solucionáveis e não me parecem grandes dificuldades. Até o fato de não saber russo é um impeditivo? Puxa! Acho que não pode ser, não pode ser... Esses tópicos são mesmo impeditivos?
A india opera (ou vai operar) só de SU-30 mais de 150 aeronaves, fora os outros caças e nós aqui discutindo a viabilidade de operar 12.
Os hangares são pequenos, os parafusos torcem para o lado errado, e por ai vai...
E depois da aquisição dos M2000 se criou um admirável paradoxo:
Um piloto de A-29 que vai interceptar um Cessna 210 (por exemplo) dispõe de DataLink, mas o piloto de um M2000 que tem muito mais necessidade desse equipamento não o dispõe..........
Os hangares são pequenos, os parafusos torcem para o lado errado, e por ai vai...
E depois da aquisição dos M2000 se criou um admirável paradoxo:
Um piloto de A-29 que vai interceptar um Cessna 210 (por exemplo) dispõe de DataLink, mas o piloto de um M2000 que tem muito mais necessidade desse equipamento não o dispõe..........
- Guilten
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Definitivamente, o que fica claro pra mim e que não há e nunca houve um plano definido de gestão estratégica para o país, coisa básica do tipo, vou sair de A e pretendo chegar em B. A regra é, quase sempre, ditada pelas "oportunidades" que a vida oferece ao país.... Sinceramente, como a própria Koslova falou em outro tópico, uso sem-vergonha dos poucos recursos da área da defesa... Essa compra do M2000 foi boa? Se eles chegassem amanhã sim, com certeza, mas só chegarão, ao todo, lá em 2008... Mas que visão estreita!!!!!!!
Re: Materiais russos no Brasil
antunsousa escreveu:Olha pessoal, eu não entendo nada, mas essas dificuldades me parecem todas solucionáveis e não me parecem grandes dificuldades. Até o fato de não saber russo é um impeditivo? Puxa! Acho que não pode ser, não pode ser... Esses tópicos são mesmo impeditivos?
Não são impeditivos, de maneira alguma. Mas podem ser econômicamente (ou mesmo estrategicamente) desvantojosos.
Temos uma força aérea com centenas de aeronaves e 12 deleas terão todos os sistemas diferentes. Teremos uma linha de manutenção exclusiva para elas; não poderão ficar em quaisquer bases, apenas nas que tiverem suporte específico, entre outras questões técnicas que já foram ditas em outros tópicos.
Se tivéssemos uma grande quantidade de aeronaves russas, isso se justificaria. Mas se for apenas para 12...
Carpe noctem!