Pensei em não opinar nesse tópico por ser consideravelmente complexo. Mas lá vou eu, se me permitem:
O cenário proposto é 2008, certo? O inimigo é a Inglaterra. Tá, com essas informações já é possível fazer algumas observações:
1) Em um cenário realista, a Inglaterra receberia apoio no mínimo dos EUA, para não dizer de toda a OTAN(pelo menos no que concerne à inteligência militar).
2) Nem todos os F-35 terão sido entregues à RN até 2008, data fictícia do início das hostilidades.
Por que digo isso? Olha só a notícia postada pelo Guilherme, no tópico “A compra de F-22 e o Iraque” na seção de Forças aéreas:
Guilherme escreveu:Boletim DefesaNet, 15/04/2004
Custo do F-35 Joint Strike Fighter Aumenta 22,6%
05 Abril 2004 -Bloomberg News Dallas Times - A Lockheed Martin Corp. apresentou uma avaliação revisada dos custos do Programa Joint Strike Fighter. São mais US$ 45 bilhões – um aumento de 22,6 % – desde 2003, informou o Pentágono nessa segunda-feira. O programa chega ao custo de US$244 bilhões – incluindo pesquisa, desenvolvimento para a aquisição de 2,457 aviões – o valor original era US$199 bilhões. O aumento segundo as projeções da Lockheed são o custo da mão de obra direta e o rateio dos custos indiretos, além do atraso de um ano no cronograma do programa
O valor de US$14 bilhões em novos custos é atribuído ao custo mão de obra e US$ 7,5 bilhões, na extensão do programa de 11 anos para 12 anos no cronograma de desenvolvimento. A primeiras entregas devem acontecer em 2007 e não 2006, para garantir a meta de redução de peso do avião.
O programa objetiva construir três modelos de avião para a US Air Force, US Navy, Marine Corps e a British Royal Navy, com 80 % de partes comuns. O Pentágono gastou US$ 9 bilhões, até 30 Setembro 2003, no desenvolvimento do. F35 Joint Strike Fighter.
Bem, como vocês podem ver os F-35 começarão a ser entregues SOMENTE EM 2007!!!! E os custos ainda aumentaram. Com isso, esse aumento de custos pode provocar uma diminuição do número de encomendas feitas pela RN.
Em 2008 os 3 porta-aviões da Classe Invencible estarão bem velhos e com disponibilidade bem baixa. Estarão rezando para sair de cena para a entrada dos novos CVF, os futuros NAe´s britânicos(que acontecerá somente entre 2012 e 2015, ou seja, fora de nosso cenário de guerra). Os Sea Harrier serão desativados em 2006, e os Harrier GR-9 da RAF operarão temporariamente em para cobrir a saída dos Sea Harrier e a entrada dos F-35.
Vocês viram que a situação não é boa para os Britânicos nesse momento: Os PA estarão velhos, não terão praticamente nenhum F-35, os Sea Harrier terão saído de serviço. Por fim, os combates acontecerão em Martin Vaz, uma ilha muito distante da ilha de Sua Majestade(como sabem, acarreta problemas logísticos). Lembrem, sem Nae´s e aviões de caça não se tem projeção de poder adequada. Eles podem mandar todas as suas escoltas e subs, mas não garantirão vitória sem alguns aviões.
Vejamos agora o Brasil: Em 2008 é possível que algumas unidades do FX já tenham sido entregues(admitindo o prazo de entrega 48 meses após a assinatura de contrato, que esperamos que aconteça em 2004), boa parte dos F-5 e AMX terão sido modernizados, e se não me engano, todos os ALX já terão sido entregues. Assim como os P-3Br e C-295.
Levando também em conta que a ilha é próxima da costa e é fácil alcança-la a partir do continente. A frota de transporte do Brasil é a maior dentre todos os países latino-americanos(23 C-130H + 12 C-295), o que significa que, se adequadamente empregada, a ilha poderia ser suprida com os mantimentos necessários.
Isso sem levar em conta que a Marinha pode adquirir algum AEW ou coisa do gênero.
As hostilidades começam, e a GB pretende atacar Marin Vaz. Com o que?
- Tem 3 NAe´s velhos, no máximo 2 seriam mandados em 2008 considerando a “altíssima” disponibilidade dos mesmos.
- Tem poucos(poucos mesmo) F-35, sendo que não seriam todos que seriam enviados. A maioria da força aérea embarcada seria de(pasmem) Harriers Gr.7/Gr.9! Isso mesmo, dá-lhe superioridade aérea!
- Tem 30 escoltas, digamos que cerca de 20 sejam enviadas, um número considerável não?
- 15 submarinos, sendo 4 enormes subs nucleares classe “Vanguard”. Digamos que 7 sejam enviados.
Uma força respeitável, que seria contraposta por potencialmente toda a FAB(que esteja disponível) e provavelmente um Grupo tarefa nucleado no A-12, composto por, digamos, 6 escoltas. Isso fora os subs da MB. Digamos que apenas 3 (dentre 5) estejam operando(em situação de crise, acho que no mínimo 4 seriam postos em operação de qualquer maneira).
Não dá para falar com certeza quem seria o vencedor, mas eles teriam MUITO trabalho. Com os R-99 A operando constantemente sendo escoltados por alguns FX. Captariam toda a movimentação de helicópteros e dos Harrier. Os F-35 poderiam afetar a balança, mas não tanto devido ao baixo número em que estarão operando.
Com ataques constantes de F-5Br, AMX, apoiados pelos P-3Br e R-99B que denunciariam as posições navais inimigas, a força britânica não poderia viver em paz. E, para falar a verdade, duvido muito que eles agüentassem um tempo muito prolongado sob fogo da FAB, da MB(forças de superfície e submarinos principalmente). E ainda tendo que sustentar essa força naval e a força terrestre Britânica que ocupou a ilha e provavelmente estaria em combate com forças do EB e MB.
Por fim, a logística não é fácil. Imaginem o problema deles caso um único Tupi tentasse bloquear a chegada de suprimentos, enquanto outros atacam as forças em si. Dependendo da efetividade dos ataques, essa Task Force da GB estaria passando fome e sem munição em poucas semanas.
E se a força submarina da MB, ou mesmo a FAB, afundassem um NAe morimbundo como os da Classe invencible? Já imaginaram o tamanho da redução do apoio aéreo? E não seria nenhum Vulcan que salvaria a pele deles(acho que eles nem estão em operação....), pois para receber apoio aéreo eficiente, eles precisam de aviões no NAe, e não em Santa Helena.
Em suma: Por melhor que a força britânica fosse organizada, ela sofreria com a logística, falta de apoio aéreo adequado, navios aeródromos antigos e vulneráveis, enfrentando um país que, queiram ou não, em situação de crise tem dinheiro para investir em uma guerra de baixa/média intensidade. Oposição potencial(não real) de 48 F-5Br, 54 A-1M, 8 P-3Br, 5 R-99 A, 1 porta-aviões, 5 submarinos convencionais, fora as escoltas.....
Sei não, acho que o Brasil tem grandes chances de sair vitorioso em 2008, se os demais países da OTAN não meterem o bedelho.
Abraço a todos!
César