Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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#16 Mensagem por Clermont » Ter Mar 28, 2006 12:00 pm

TOCAIEIROS DA RÚSSIA - DOS ANOS 1950 ATÉ A PRIMEIRA GUERRA CHECHENA.

Por by Lester W. Grau, Charles Q. Cutshaw.

Em 1952, a União Soviética fechou seu sistema nacional de escolas de tocaieiros, embora o ensino de pontaria continuasse a ser ministrado aos cidadãos, através dos Jovens Pioneiros, grau obrigatório das classes fundamentais e secundárias e a difusão dos clubes de esportes civis, os DOSAAF (Organização Voluntária para o Apoio aos Exército, Força Aérea e Marinha Soviéticos). O “treinamento de tocaieiros” era limitado aos conscritos nas forças terrestres, forças do interior e do KGB, mas isso era, realmente, treinamento avançado de pontaria. As forças terrestres continuaram a salientar a importância do fogo automático supressivo (com o conseqüente alcance efetivo mais curto). A necessidade de fogo de armas leves de alcance mais longo foi reconhecido, e um “tocaieiro” fazia parte de cada pelotão de fuzileiros motorizados. Um observador, que era um dos fuzileiros do pelotão, apoiava esse tocaieiro ou escaramuçador conscrito.

Depois de 1963, os tocaieiros soviéticos começaram a treinar com os novos fuzis de tocaia semi-automáticos Dragunov (SVD) de 7,62 x 54R mm. Esse fuzil de dez tiros, monta uma luneta PSO-1 de quatro aumentos e é calibrado para além de 1300 metros, mas não é muito efetivo além dos 800 metros. O SVD não é, de modo nenhum, tão rústico e amigo do soldado quanto a família Kalashnikov de armas leves. Semelhante a muitas armas leves ocidentais, ele exige cuidadosa limpeza e irá enguiçar facilmente quando sujidade ou areia entrar em seu mecanismo. Como o velho Mosin-Nagant, a luneta SVD também é montada de tal modo que o atirador tenha a opção imediata de utilizar mirar abertas para tiros aproximados.

Até 1984, o treinamento de tocaieiros (atiradores selecionados) era conduzido ao nível regimental por oficiais do regimento que eram atiradores competentes. Eles ensinavam que os principais alvos para os tocaieiros eram oficiais inimigos, observadores avançados, cameramen de televisão; guarnições de tanques danificados, de mísseis antitanque, de canhões sem recuo, de metralhadoras; e helicópteros em vôo baixo.

Os tocaieiros eram selecionados a partir de conscritos que fossem fisicamente aptos, inteligentes, com boa acuidades visual e auditiva, e de reações rápidas. Os candidatos tinham de atingir, com consistência, um alvo a 300 metros, utilizando miras de ferro. Os candidatos a tocaieiros eram treinados para observar um setor de 200 x 1000 metros. As escolas regimentais de tocaieiros conduziam treinamentos de reforço a cada seis ou oito semanas. No início dos anos 1970, o treinamento de reforço podia durar por cinco ou seis dias. Esses cursos de curta duração cobriam o básico e, com freqüência, serviam como curso principal de tocaieiros, também.

Normalmente, um tal programa produzia alguns excelentes atiradores de precisão, mas não os tocaieiros dos batalhões da Segunda Guerra Mundial, experimentados e hábeis em organização do terreno. Esses “tocaieiros” não tinham uma verdadeira missão de tocaieiro. Outros regimentos desenvolviam mais extensos programas de tocaieiros, tais como o curso de tocaieiros de 24 dias.

Tais cursos, como o de 24 dias, eram exceções, e a maioria dos tocaieiros soviéticos era, realmente, composta de atiradores selecionados, com uma arma atraente, mas não particularmente eficiente. A guerra no Afeganistão enfatizou a necessidade por bem treinados tocaieiros e expôs a mediocridade de muitas escolas regimentais de tocaieiros. Em 1984, escolas de tocaieiros militares foram consolidadas ao nível dos exércitos e, em 1987, posteriormente consolidadas ao nível dos distritos militares. Os cursos, normalmente, duravam um mês. Os tocaieiros retiraram algumas lições da guerra no Afeganistão e incorporaram técnicas de trabalho no terreno e equipamentos dessa guerra. Por exemplo, como resultado dela, os tocaieiros, com freqüência, passaram a utilizar o bipé de uma metralhadora leve RPK para firmar seus SVDs.

As Guerras Chechenas

As guerras na Chechênia, enfatizaram o valor dos tocaieiros. Os chechenos confrontaram os russos em combate de rua, em Grozny e logo, os tocaieiros chechenos cobraram terrível tributo das forças russas. O combate estacionário, travado de edifícios desabados, assemelhava-se aos combates por Stalingrado. Dessa vez, no entanto, os “tocaieiros” russos estavam em desvantagem. Eles eram treinados para lutar como parte de um grupamento de ataque de armas combinadas, que deveria avançar rapidamente contra uma força defensora convencional. Os tocaieiros russos não estavam preparados para caçar por entre as ruínas e para ficar emboscados, durante dias sem fim. Os chechenos, por outro lado, conheciam o terreno e tinham fartura de armas de tocaieiros.

O Exército russo deixou para trás 533 fuzis de tocaia SVD, quando se retirou da Chechênia em 1992. Alguns dos chechenos e seus aliados, armados com SVDs eram desdobrados como autênticos tocaieiros, enquanto outros reuniam-se em células de três ou quatro combatentes, consistindo de um atirador de lança-rojão RPG, um metralhador e um atirador selecionado com SVD, e talvez um municiador armado com fuzil de assalto Kalashnikov. Essas células eram bem eficientes como equipes de caçadores de tanques. O fogo do SVD e da metralhadora iria reter a infantaria de apoio, enquanto o RPG engajaria a viatura blindada. Com freqüência, quatro ou cinco células iriam trabalhar juntas contra uma única viatura blindada. Uma vez que a luta se movesse para longe das cidades, para dentro das montanhas, tocaieiros chechenos tentavam engajar forças russas a longas distâncias de 900 a 1000 metros, embora o terreno e vegetação, freqüentemente, limitassem o alcance de engajamento deles. Afastados das cidades, os tocaieiros chechenos, normalmente, operavam como parte de uma equipe – o tocaieiro mais um elemento de apoio de quatro homens, armados com fuzis de assalto Kalashnikov. O elemento de apoio, normalmente, se posicionava a cerca de 500 metros, por trás do tocaieiro. Esse iria disparar um ou dois tiros contra os russos e então, mudar de posição de fogo. Se os russos disparassem contra o tocaieiro, o elemento de apoio iria atirar, aleatoriamente, para atrair o fogo contra si e permitir a escapada do tocaieiro.

As forças armadas russas tinham atiradores selecionados equipados com SVD, mas poucos tocaieiros de verdade disponíveis para a primeira guerra chechena. Eles confiavam em tocaieiros das unidades de operações especiais do MVD (Ministério do Interior) e do FSB (sucessor do KGB). Esses tocaieiros eram bem treinados, mas acostumados a operar em cidade contra alvos tipo SWAT. Eles não eram bem treinados em camuflagem no terreno, tiro de tocaia em montanhas, ou em terrenos agrestes. Eles, claramente, não estavam treinados para tocaiar onde o outro lado estivesse conduzindo ações anti-tocaieiro, ou onde projéteis de artilharia ou de morteiros estivessem caindo.




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#17 Mensagem por rodrigo » Qui Mar 30, 2006 5:57 pm

Esses tocaieiros eram bem treinados, mas acostumados a operar em cidade contra alvos tipo SWAT. Eles não eram bem treinados em camuflagem no terreno, tiro de tocaia em montanhas, ou em terrenos agrestes. Eles, claramente, não estavam treinados para tocaiar onde o outro lado estivesse conduzindo ações anti-tocaieiro, ou onde projéteis de artilharia ou de morteiros estivessem caindo.
Os americanos tem o mesmo problema com snipers oriundos da guarda nacional. São excelentes atiradores esportivos, mas são uma tragédia em combate. A maioria suja a fralda logo no ínicio.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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#18 Mensagem por Clermont » Sáb Abr 01, 2006 1:01 pm

TOCAIEIROS DA RÚSSIA - O FIM DAS GUERRAS CHECHENAS, PRESENTE E FUTURO.

Por by Lester W. Grau, Charles Q. Cutshaw.

A primeira guerra chechena terminou mal para os russos, em 1996, e eles retornaram em 1999 para outro esforço. Os russos copiaram algo do dever de casa dos chechenos e começaram a formar seus próprios destacamentos de caçadores-matadores de dois ou três homens. Várias combinações de uma metralhadora, atirador de RPG, atirador de SVD e homens com fuzis de assalto, formavam destacamentos de caçadores-matadores que se movimentariam junto com outros destacamentos para combater os chechenos. O movimento desses destacamentos tinha de ser controlado e coordenado para fornecer um apoio mútuo e ação sincronizada.

No verão de 1999, o Exército russo reestabeleceu uma verdadeira escola de tocaieiros. O Exército conduziu uma competição de tiro, exclusivamente da corporação, para oficiais e conscritos. Foram selecionados 12 atiradores dos primeiros 52, para a classe inicial de tocaieiros. O curso salientava a pontaria, o trabalho no terreno, leitura de mapas e terminava com um exercício de tiro real de um mês inteiro, na Chechênia, operando nas montanhas em volta de Barmut. O alcance médio de tiro que os tocaieiros russos estavam realizando estava em volta de 400 metros, mas a nova escola de tocaieiros não tinha solucionado o problema dos tocaieiros do Exército. As baixas tinham de ser substituídas. Três dos doze homens da primeira classe graduada foram mortos em ação. Quatro tocaieiros da segunda classe foram hospitalizados com ferimentos. A maioria dos tocaieiros era de conscritos com dois anos de serviço, aos quais só restava, na maioria dos casos, um ano de serviço, quando foram selecionados e treinados.

Além dos tocaieiros militares dos quadros de organização das unidades de infantaria, que eram empregados como atiradores selecionados, a guerra na Chechênia viu o retorno dos tocaieiros de elite que eram parte das reservas especiais do governo e caçavam os chechenos. Esses tocaieiros evitavam portar suas armas em público, já que não desejavam que os habitantes locais os identificassem como parte da força de tocaieiros de elite. Os tocaieiros trabalhavam como parte de uma equipe – dois deles mais um elemento de segurança de cinco homens armados com fuzis de assalto Kalashnikov. Os tocaieiros entravam e saiam de posição à noite. Eles normalmente eram levados à área por batedores que a conhecessem. Os tocaieiros selecionavam suas posições à noite, mas as preparavam durante o dia. Essa preparação incluia escavação, camuflagem da posição, limpeza de áreas de fogo, e melhoramentos da posição. Ao contrário da Segunda Guerra Mundial, o par de tocaieiros não ocupava a mesma posição, ficando seus componentes a alguma distância afastados, onde eles pudessem ver um ao outro e a área de emboscada. Eles se posicionavam a cerca de 200 a 300 metros da área de emboscada, enquanto o grupo de apoio se posicionava cerca de 200 metros à retaguarda dos tocaieiros, e 500 metros para o lado. A equipe de tocaieiros permanecia em posição por uma ou duas noites.

O tocaieiro portava seu fuzil de tocaia, como também um fuzil de assalto ou submetralhadora para combate cerrado. Ele também carregava um dispositivo de observação noturna, rações secas, uma pistola de sinalização com sinal vermelho, uma granada de mão, e uma pá. Algumas vezes, ele também carregava um rádio. Nas montanhas, ele carregava um bastão de esquiador, para ajudar na escalada. Ele utilizava uma máscara para ocultar o tom da pele. Os tocaieiros não tinham intenção de ser capturados. Se o grupo de apoio falhasse em cobrir a retirada dos tocaieiros, o sinal vermelho traria fogo de artilharia sobre sua posição, e a granada de mão iria dar cabo do tocaieiro e de seus atacantes, simultaneamente *.

Os tocaieiros de elite não são conscritos do MVD ou FSB, mas pessoal profissional de contrato extenso e oficiais de grau de companhia. Boris K. é um sargento-superior que serviu como tocaieiro por dois anos, enquanto estava com os pára-quedistas no Afeganistão. Ele se graduou na escola de tocaieiros pára-quedistas e foi condecorado com a “Ordem da Estrela Vermelha” e a “Medalha por Mérito em Combate” pelo serviço no Afeganistão. Embora combatesse sozinho no Afeganistão, ele sempre combateu ao lado de outro tocaieiro profissional na Chechênia. Ele também selecionava o pessoal de seu grupo de apoio e, dependendo da missão, o tamanho deste podia se expandir para 16 homens. Os tocaieiros profissionais, freqüentemente, se afastavam do combate, em rodízio, para serem mantidos descansados.

Os tocaieiros de elite (profissionais) do MVD e do FSB são treinados nas instalações do Destacamento de Transporte Hidroviário da Polícia Especial, próximo a Moscou. Unidades especiais famosas, tais como o Destacamento Alfa do FSB e o Destacamento Vympel do MVD, também treinam lá, com regularidade. A escola e seus graduados recebem os mais recentes equipamentos de tocaieiros para testes de campanha, mas a maioria se agarra aos SVD com silenciador. Os tocaieiros profissionais na Chechênia agem sob o princípio de matar o inimigo mais perigoso primeiro. Esse é, normalmente, um tocaieiro inimigo ou um atirador de lança-chamas balístico RPO-A. Os metralhadores e atiradores de RPG, normalmente, são os próximos, seguidos pelos fuzileiros. Um tocaieiro profissional, normalmente, é equipado com um traje de camuflagem (ghillie), um fuzil de tocaia, uma submetralhadora, binóculos, um rádio, uma faca multifunção, uma ferramenta de trincheira, uma veste de combate porta-cargas, uma mochila. Um laser range finder e um periscópio também são recomendados.

Há uma porção de atividade no desenvolvimento e reequipamento com novos fuzis de tocaia russos. O ímpeto para esse desenvolvimento foi a Guerra do Afeganistão, e o desenvolvimento continuou até o dia presente. Os russos consideram o cartucho 7,62 x 54R mm, efetivo e letal até 600 metros, enquanto o 12,7 mm (.50 pol) é efetivo e letal além dos dois quilômetros. Recentemente, o 9 mm (cartucho 9 x 39 mm com bala subsônica de 16,2 gramas) se tornou popular. Inclusive, há trabalho em armas silenciadas .22 LR, para ação aproximada. Em vez de tentar produzir uma arma de tocaieiro ótima, que atue igualmente bem em todos os terrenos e alcances, os russos estão desenvolvendo uma família de armas de tocaia para diferentes terrenos e situações. A maioria das armas de tocaia russas tem silenciador.

Questões a respeito de tocaieiros no Ocidente

As recentes experiências russas mostram que o papel do tocaieiro está aumentando no moderno campo de batalha. Com a crescente demanda, surgem questões sobre o treinamento adequado, táticas, estrutura da força e emprego. Essas são também preocupações nos meios militares ocidentais.

O lugar certo para os tocaieiros no moderno campo de batalha permanece um tópico para debate. Em muitos exércitos ocidentais, há armas de tocaieiros nas salas de armamentos, mas nenhum cargo para tocaieiros no quadro de organização. Se um comandante de companhia ou batalhão deseja alguns tocaieiros à sua disposição, ele tem de entrar com os fundos para treinamento e enviar seus candidatos à tocaieiros para longe, em longos cursos. Uma vez que o tocaieiro retorne, ele tem de continuar com seu treinamento na base da unidade. O treinamento em base exige recursos adicionais, um esquema de treino separado, e uma raia de tiro de mil metros. Postos militares mais antigos podem ter raias de tiro de mil metros, mas postos mais novos tem raias muito mais curtas e, quando as raias antigas existem, elas tem pobre manutenção. Uma vez que o tocaieiro sai em rodízio, um novo precisa ser adestrado no seu rastro. Já que tocaieiros não são uma especialidade reconhecida em muitos exércitos, não há vantagens nas promoções para um tocaieiro distinguido, e a promoção, normalmente, finda a carreira dele. O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos tem lidado com esse problema tornando os tocaieiros parte do pelotão de reconhecimento, e criando a especialidade ocupacional militar (MOS, ou Military Occupational Specialty) de batedor/tocaieiro (Scout/Sniper).

A norma soviética/russa era ter um tocaieiro no quadro de organização de cada pelotão, mas ele era, normalmente, treinado localmente, dentro do regimento. As deficiências dos tocaieiros no Afeganistão promoveram a necessidade por escolas centralizadas de tocaieiros, mas treinamento de qualidade para estes não apareceu até 1999. A maioria das unidades terrestres soviéticas e russas não precisavam de tocaieiros tanto quanto precisavam de atiradores selecionados. A questão primordial era onde os tocaieiros deveriam ser designados – nos batalhões ou numa reserva central, ou ambos?

As táticas de tocaieiros também estão em questão. Muitos exércitos ocidentais desdobram tocaieiro e observador juntos. O observador porta um fuzil de assalto para proteger o tocaieiro. Os soviéticos/russos tentaram essa norma com seus tocaieiros, orgânicos dos pelotões de fuzileiros motorizados. Isso não funcionou efetivamente para eles, fosse no Afeganistão ou na Chechênia. O tocaieiro de pelotão, eventualmente, terminava como parte de uma equipe de caçadores-matadores de dois ou três homens, que empregava o tocaieiro como um atirador selecionado. Tocaieiros de elite (profissionais) trabalhavam aos pares com uma equipe de segurança os apoiando. Muitos exércitos ocidentais utilizam a norma de um tocaieiro isolado com um único assistente para segurança.

O fuzil ideal para o tocaieiro é outra questão. Caçadores de animais que agem com fuzis de luneta, com freqüência, erram tiros próximos por não poderem enquadrar o animal rapidamente na luneta, e não há miras abertas debaixo dela. Os soviéticos/russos, consistentemente, tem desenhado armas para tocaia com miras abertas, prontamente disponíveis debaixo das lunetas. Muitas armas de tocaieiros ocidentais carecem dessa característica elementar. Mesmo com miras abertas, os tocaieiros russos portam uma arma automática (fuzil de assalto ou submetralhadora) como backups de emergência. O pendor russo por armas semi-automáticas (e automáticas) se estende às armas para tocaia. Apenas recentemente, eles começaram a explorar a inerente precisão das armas de tocaia com ação de ferrolho, mas o exército ainda terá de adquirir uma. O calibre ideal e características para um fuzil de tocaieiro, continuam como questão de debate no Exército russo e nos outros.

Tocaieiros russos e ocidentais tem acesso aos mesmos tipos de equipamento (laser range finder, binóculos, rádios e outros). O periscópio de campanha, que foi muito valioso para os tocaieiros soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial, desapareceu para reaparecer rapidamente após a luta inicial em Grozny, já que os tocaieiros, com freqüência, precisavam explorar o campo de batalha sem expor suas cabeças e mãos.

O tiro de tocaia é, de novo, um tópico quente no Exército dos Estados Unidos. Durante a Operação Anaconda, no montanhoso vale Sharikot do Afeganistão, tocaieiros do 3º Batalhão do Regimento de Infantaria Ligeira Canadense da Princesa Patrícia (PPCLI, ou Princess Patricia’s Canadian Light Infantry), destruíram alvos inimigos em distâncias além da capacidade dos fuzis de assalto americanos. Os fuzis calibre .50 canadenses provaram-se muito efetivos e criaram uma demanda por fuzis .50 nas mãos das tropas americanas nessa região. Enquanto o Exército americano reexamina a missão e o papel dos tocaieiros em suas unidades de infantaria, a experiência russa e a recente experiência canadense irão, com certeza, moldar o debate.

___________________

* Os chechenos tinham - e ainda tem - uma farta variedade de "brincadeiras" com as quais se divertir às custas da pele de seus prisioneiros russos. A maioria, aprendida com os "mujahedeen" no Afeganistão...




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#19 Mensagem por oraculobq » Seg Abr 03, 2006 1:51 pm

morcego escreveu:eu sou um TOCAIEIRO, MAIS CONHECIDO COMO """ C A M P E R """ heahehaheaheahehaeh qualquer dia podemos jogar COUNTER-STRIKE, OU bf-1942.



Jogar com a sniper tudo bem.

Mas camper num é permitido não! ou é?

Bem jogava dday e ficar esperando o inimigo perto de onde ele apareceia era contra as regras.

Tbm não podia jogar granadas la.


alguem ja jogou???




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#20 Mensagem por Strider » Sáb Abr 29, 2006 4:17 pm

oraculobq escreveu:
morcego escreveu:eu sou um TOCAIEIRO, MAIS CONHECIDO COMO """ C A M P E R """ heahehaheaheahehaeh qualquer dia podemos jogar COUNTER-STRIKE, OU bf-1942.



Jogar com a sniper tudo bem.

Mas camper num é permitido não! ou é?

Bem jogava dday e ficar esperando o inimigo perto de onde ele apareceia era contra as regras.

Tbm não podia jogar granadas la.


alguem ja jogou???




As Lan-Hauses costumam 'expulsar' jogadores que insistem e camperar




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#21 Mensagem por Einsamkeit » Sáb Abr 29, 2006 6:35 pm

:shock: :shock:




Editado pela última vez por Einsamkeit em Qua Jun 20, 2007 2:21 pm, em um total de 1 vez.
Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
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Homens que procuram ser lobos
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#22 Mensagem por Clermont » Qua Fev 21, 2007 1:08 pm

TOCAIEIROS ALEMÃES NA NORMANDIA, 1944.

Por D. Löwnhamm

Após o desembarque aliado na Normandia, seguiram-se meses de sangrento combate até que, eventualmente, as defesas alemãs ruíssem, levando a uma caótica retirada. Durante essa luta, muitas armas da Wehrmacht se distinguiram, não sendo a última delas, os tocaieiros (”snipers) alemães. A função do tocaieiro é localizar e alvejar elementos importantes tais como sargentos, oficiais, observadores de artilharia, sinaleiros (soldados de comunicações), ordenanças, guarnições de canhão, etc., eles também atuam como observadores, postos de escuta e coletores de inteligência. Outra característica importante dos tocaieiros é que eles provocam um efeito desmoralizador sobre o inimigo. Relata-se que tocaieiros foram responsáveis por 50 % de baixas de um batalhão americano. Com sua obstinada resistência, eles tornaram-se um dos mais temíveis e odiados inimigos no campo de batalha. Isso chegou a ponto de criar um mito ou lenda. Em breve, um medo de tocaieiros enchia as linhas aliadas.

Um soldado de 19 anos, John D. Hinton, Companhia “M”, III Batalhão do 116º Regimento de Infantaria, relembra como ele encontrou um tocaieiro após o desembarque. Quando eles conseguiram sair da praia e alcançar o talude eles tentaram embasar um canhão no topo dele. Cada vez que um soldado tentava se posicionar atrás do canhão, um tocaieiro, à uns 800 m à esquerda, abria fogo contra eles. Certo número de soldados foi alvejado nos braços, Hinton foi baleado na perna e um soldado morreu.

O 2º Royal Ulster Rifles (2º Batalhão do Real Regimento de Caçadores do Ulster), parte da 9ª Brigada de Infantaria da 3ª Divisão de Infantaria britânica, encontrou tocaieiros bem no começo. Após o desembarque, o batalhão recebeu ordens para tomar as elevações à nordeste de Periers Sul Le Dan. A caminho das elevações, eles capturaram dezessete soldados alemães, sete deles foram relatados serem tocaieiros!

As 17:00, do dia 7 de junho, os Royal Ulster Rifles receberam ordens para se mover rumo a Cambes, um pequeno vilarejo cerca de dez quilômetros no interior. Devido ao fato de que o vilarejo estava rodeado por densos bosques e um muro de pedra, a observação das posições inimigas era impossível. Foi considerado que apenas leve resistência deveria ser esperada. A Companhia “D”, sob o capitão Aldworth, recebeu ordens para se aproximar do vilarejo em conjunto com uma companhia de tanques. Quando eles estavam quase na orla dos bosques, caíram debaixo de pesado fogo de morteiros e de tocaieiros. A companhia foi dividida em duas partes para atacar através da floresta, de duas direções, mas ficou sob um mortífero fogo cruzado de metralhadoras inimigas. Padioleiros da seção médica foram alvejados quando tentavam resgatar soldados feridos. Os tanques permaneceram sem ação devido ao muro alto cercando o vilarejo. O capitão Aldworth foi atingido e morreu de imediato, um dos líderes de pelotão acabou ferido. O comandante do batalhão abortou o ataque. O comandante de companhia e mais quatorze outros estavam, agora, mortos, um oficial e onze outros estavam feridos, quatro soldados estavam desaparecidos. Cambes mostrou ser uma posição alemã fortemente defendida e quando finalmente foi tomada, após ser bombardeada por qualquer coisa indo de morteiros leves até artilharia pesada naval, o vilarejo estava cheio de alemães mortos. Um tocaieiro das SS, ferido, foi capturado.

No início da manhã de 9 de julho, os elementos avançados do batalhão começaram a alcançar as cercanias de Caen. O tenente Burges assegurou St. Julien, à noroeste de Caen e, lentamente, mas de forma segura, começou a avançar rumo à cidade propriamente dita. No início a oposição inimiga foi leve e eles não tiveram problemas em rechaçá-la. Logo, porém, a resistência endureceu, e tocaieiros persistentes alvejavam a patrulha. O tenente Burges foi ferido na cabeça por uma bala bem mirada. Em breve, dois graduados foram mortos. A patrulha de Burges teve de retornar.

Alguns dos tocaieiros que os aliados encontraram na Normandia haviam tido um excelente treinamento na Juventude Hitlerista, alguns deles tinham sido treinados com fuzis de pequeno calibre. Antes da guerra, a Juventude Hitlerista havia aumentado o treinamento militar para seus membros. Muitos rapazes foram treinados em tiro de precisão. Aqueles que se distinguiam recebiam, mais tarde, treinamento de tocaieiro. Quando eles entravam em combate, haviam recebido um bom e valioso treinamento. Na Normandia, lutou a 12ª SS Panzerdivision “Hitlerjugend”. Essa era uma unidade composta de recrutas da Juventude Hitlerista e oficiais experimentados da 1ª SS Panzerdivision “Leibstandarte SS Adolf Hitler”. Em Caen, os jovens rapazes iriam ter seu batismo de fogo.

Caen era um local excelente para os tocaieiros alemães. Juntamente com os observadores de artilharia que direcionavam o fogo sobre a infantaria exposta, os tocaieiros dominavam totalmente o terreno em volta de Caen. Os britânicos e canadenses tinham de passar através de cada metro quadrado para terem certeza que o terreno estava assegurado contra os obstinados tocaieiros, uma tarefa que tomava muito tempo. Foi em Caen que tocaieiros como o Gefreiter (cabo) Kurt Spengler, se distinguiram. Spengler estava ao nordeste de Caen, isolado em um grande campo minado. Ele abateu um número notável de soldados britânicos até que, por fim, acabou morto por um pesado bombardeio de artilharia.

No dia 26 de junho, o SS Pionier (soldado de engenharia de combate das SS) Pelzmann da quarta companhia do 12º SS Panzerpionierbataillon (12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindada SS) estava posicionado sob uma pequena árvore, ele era um tocaieiro e observador avançado. Ele tinha escavado uma toca e então colocado um grande pedaço de blindagem de um Pzkpfw IV com capim por cima. A única abertura era uma pequena seteira de observação encarando o inimigo. Era impossível descobri-lo. Da seteira de observação ele tinha alvejado um grande número de soldados britânicos quando, por fim, acabou sua munição. Ele saiu do seu abrigo, agarrou seu fuzil de tocaia e o quebrou contra uma árvore. Jogou os restos fora e gritou “É isso aí, não tenho mais munição, liquidei muitos de vocês, podem acabar comigo, agora!” Um enorme inglês ruivo deu um passo à frente, agarrou o braço de Pelzmann, colocou o revólver em sua cabeça e atirou. Pelzmann tombou morto ao chão. O SS-Oberscharführer (sargento das SS), que, junto com um punhado de outros prisioneiros testemunhou o incidente, foi mandado recolher todos os soldados mortos e concentrá-los em um certo ponto. Quando ele chegou até Pelzmann, contou cerca de trinta ingleses mortos em frente do abrigo dele.

Um soldado britânico chamado Percy Lewis, que durante e depois do conflito, foi boxeador profissional, testemunhou as crueldades da guerra. Quando ele servia no 6º King’s Shropshire Light Infantry, convertido em 181º Regimento de Artilharia de Campanha, ele viu um tocaieiro alemão ser executado por um soldado cujo irmão havia sido morto por um atirador desse tipo um dia antes. A atitude aliada para com os tocaieiros era dura na frente Ocidental, devendo-se isto ao tipo de eventos que esses combatentes alemães provocavam com sua luta tão fanática.

Apesar de experiências anteriores com tocaieiros, foi na Normandia, pela primeira vez, que eles se tornaram mais do que uma fonte de aborrecimentos. Era assim como os soldados americanos se sentiam. Limpar uma área de tocaeiros consumia tempo e, algumas vezes, era preciso um dia inteiro antes que uma área de bivaque fosse assegurada. Os soldados aliados eram forçados a aprender rápido como lidar com tocaieiros e evitar riscos desnecessários. Em breve, os soldados começavam a se agachar quando em movimento. Os soldados deixaram de bater continência aos oficiais e ninguém mais era chamado pela patente. Tudo era feito para diminuir os riscos de se expor ao fogo dos tocaieiros. Um desagradável sentimento de tensão, tomava conta dos soldados que eram forçados a permanecer sempre alerta. Um oficial americano comentou: “Soldados individuais tinham adquirido consciência de tocaieiros antes, mas agora, unidades como um todo, eram conscientes de tocaieiros”.

Quando homens do Batalhão 653 de Caça-Tanques se movimentaram para o interior, encontraram cadáveres jazendo ao longo das cercas-vivas. O temor de tocaieiros se espalhou imediatamente. Havia mesmo rumores circulando de que mulheres francesas colaboracionistas tinham sido deixadas para trás e estavam, agora, atuando como tocaieiras. “Eles estavam por toda parte, nos tocaiando. Nos movimentávamos em volta, muito cuidadosamente e nunca a sós. Nós levávamos alguém conosco, mesmo quando a Natureza chamava”.

Os tocaieiros alemães se espalharam por todo o terreno da Normandia. Quando as tropas aliadas começaram a avançar, deixaram para trás um grande número de tocaieiros alemães que, posteriormente, começaram a alvejar soldados menos avisados. O terreno era perfeito. As cercas-vivas que marcavam os limites dos campos permitiam, somente, uma visão livre de umas poucas centenas de metros. Uma distância adequada, mesmo para um tocaieiro inexperiente. Um tocaieiro podia atingir uma parte escolhida de um corpo a uma distância entre 300 e 400 m. A vegetação espessa que caracterizava as cercas-vivas, ou bocage, significava que era extremamente difícil descobrir tocaieiros em posição. Um soldado comparou a luta com Guadalcanal. As cercas-vivas datavam do tempo do Império Romano. Elas tinham sido postas no lugar para marcar propriedade e eram utilizadas como muros para campos de pastagem – freqüentemente, apenas uma saída existia. Combater no bocage era como combater dentro de um labirinto. As espessas e altas cercas-vivas faziam com que os soldados aliados se sentissem encurralados dentro de um túnel. O terreno permitia um máximo de oportunidades de ocultamento para os tocaieiros enquanto seus alvos tinham de expor-se perigosamente. Entre as cercas-vivas, os tocaieiros preparavam umas poucas posições de onde esperavam a aproximação do inimigo. Ao nível de companhia, os tocaieiros eram, normalmente, utilizados para inquietarem o inimigo e defenderem embasamentos de metralhadoras. Com freqüência, as tropas alemãs se enterravam debaixo das cercas-vivas e, dessa forma, o fogo de morteiro tinha pouca serventia. Entre as cercas-vivas, eles também, com freqüência, colocavam ”boobytraps” (armadilhas para otários), minas e explosivos ligados em arames. Dessas posições eles disparavam sobre as tropas aliadas até serem forçados a se retirar. Os soldados que estavam muito atrás das linhas inimigas, combatiam até que não restasse mais comida ou munição, quando então se rendiam – uma coisa arriscada para um tocaieiro.

Na Normandia, um novo fenômeno apareceu no campo de batalha. Anteriormente, os tocaieiros tinham tentado se retirar em algum momento, mas, repentinamente, alguns deles começaram a se comportar de forma diferente. Tornou-se mais e mais comum que as tropas aliadas encontrassem tocaieiros que disparavam tiro após tiro, sem qualquer intenção de abandonarem suas posições. Essa tática, quase sempre terminava com o atirador sendo morto, mas causava pesadas baixas entre os aliados. Devido a sua pouca idade, esse tocaieiros fanáticos, receberam, mais tarde, o apelido de “meninos suicidas” pelas tropas anglo-americanas.

O correspondente de guerra americano Ernie Pyle relatou da Normandia: “Há tocaieiros por toda parte. Há tocaieiros nas árvores, nas edificações, em pilhas de destroços, no mato. Mas, principalmente eles estão nas cercas-vivas, altas e boscosas, que formam os muros de todos os campos da Normandia e delineiam cada estrada e via”.

Não era apenas entre as cercas-vivas e árvores que os tocaieiros se ocultavam. Em cruzamentos rodoviários existiam alvos importantes tais como polícias de trânsito e oficiais. Os cruzamentos eram, no entanto, canhoneados com muita freqüência, portanto os tocaieiros se posicionavam um pouco afastados deles. Pontes também eram locais ideais, onde um tocaieiro podia, facilmente, criar pânico com apenas uns poucos disparos. Casas isoladas também eram um local óbvio e, portanto, os tocaieiros se colocavam a uma curta distância delas. Algumas vezes, eles se ocultavam entre destroços mas isso significava que teriam de mudar de posição com freqüência. Outros pontos ideais para a equipe de tocaieiros eram os campos de plantação, onde era difícil achar a localização exata de um tocaieiro e a plantação densa fornecia boa ocultação. Com freqüência, os tocaieiros tentavam se instalar em locais elevados. Torres d’água, moinhos e torres de igrejas eram posições perfeitas mas, também, óbvias e, portanto, expostas ao fogo de artilharia. Apesar da obviedade, tocaieiros freqüentemente se escondiam nesses lugares. Os tocaieiros mais experimentados, normalmente se posicionavam em outras edificações altas, menos evidentes. O sargento Arthur Colligan serviu na 2ª Divisão Blindada americana, ele relembra as torres de igreja com horror: “Elas eram utilizadas pelos tocaieiros alemães para atirar na gente”.

Um tocaieiro alemão capturado foi interrogado e perguntado como podia distinguir entre oficiais, utilizando uniformes normais, portando fuzis e sem utilizar quaisquer divisas de patente, dos soldados comuns. Ele simplesmente declarou “Nós atiramos nos homens que tem bigodes”, por experiência, eles tinham descoberto que os bigodes eram comuns entre oficiais e graduados superiores.

Os tocaieiros alemães sempre tentavam atingir alvos importantes. Ao contrário dos metralhadores, o tocaieiro não revelava sua posição tão facilmente quando abria fogo. Um bom tocaieiro podia aferrar um pelotão de infantaria inteiro. Quando disparava seu primeiro tiro, o pelotão todo congelava e ele, então, ganhava tempo para mudar de posição. Um típico equívoco entre soldados bisonhos quando alvejados por um tocaieiro era abraçar o chão e não devolver o fogo. Um líder de pelotão na 9ª Divisão de Infantaria americana relembra:
“Um dos erros fatais cometidos pelos recompletamentos de infantaria era se jogar ao chão e congelar quando alvejados. Uma vez, eu ordenei a um GC que avançasse de uma cerca-viva para outra. Durante o movimento, um homem foi baleado pelo único disparo de um tocaieiro. O GC inteiro se jogou ao chão, e foi abatido, homem a homem, pelo mesmo tocaieiro”.


O ano de 1944 tornou-se o ponto de virada para o tiro de precisão alemão. Um filme educacional Die Unsichtbare Waffe (A Arma Oculta) foi exibido e novas doutrinas foram criadas baseando-se em cuidadosas avaliações e experiências anteriores. Foi salientado que os tocaieiros deveriam ser utilizados corretamente, e eles deveriam atuar de acordo com as novas doutrinas. Como exemplo, foi enfatizado que os tocaieiros deveriam trabalhar aos pares. Uniformes de camuflagem tornaram-se padrão e novas armas e equipamentos sofisticados foram disponibilizados em grande número, embora houvesse algum problema em satisfazer as demandas de fuzis de tocaia. Heinrich Himmler, ele próprio um interessado em tiro de precisão, tinha desde cedo, estabelecido programas de tocaieiros para as Waffen-SS. Durante a parte final de 1944, os números de tocaieiros iriam aumentar dentro das companhias de Grenadier e Volksgrenadier.

Os Dez Mandamentos do tocaieiro de 1944:

01. Lute com fanatismo.

02. Atire, calma e contemplativamente, tiros rápidos não levam a lugar nenhum, concentre-se no impacto.

03. Seu maior oponente é o tocaieiro inimigo, seja mais esperto que ele.

04. Sempre dispare um só tiro de sua posição, senão, você vai ser descoberto.

05. A ferramenta de sapa prolonga sua vida.

06. Pratique avaliação de distância.

07. Torne-se um mestre em camuflagem e utilização do terreno.

08. Pratique constantemente, por trás da linha de frente e na terra natal, suas habilidades de tiro.

09. Nunca abandone seu fuzil de tocaia.

10. Sobrevivência é dez vezes sobre camuflar-se e uma vez sobre atirar.


Tocaieiros existiam em diferentes escalões. Os tocaieiros treinados, normalmente, agrupavam-se ao nível da companhia e do batalhão, e acima, eles tinham recebido treinamento especial e recebiam tarefas específicas. Na maioria das vezes, esses tocaieiros atuavam em equipes de dois, um atirador e um observador, eles podiam, também, atuar por sua própria conta e em equipes maiores. Também haviam soldados com fuzis de tocaia ao nível do pelotão, eles não tinham nenhum treinamento especial e, normalmente, operavam dentro da companhia, apoiando-a.

Uma companhia alemã tinha estado, por longo tempo, debaixo de um acurado fogo de artilharia. Isso era alguma coisa pelo qual somente um observador podia ser responsável. Uma equipe de tocaieiros foi enviada a terra de ninguém para pegar o observador. Por horas, eles ficaram imóveis e observando, sempre vasculhando por um sinal que pudesse revelar a posição do inimigo. No terreno, havia um tanque fora de ação. De repente, os tocaieiros descobriram um pedaço de papel branco na frente do tanque que não estava lá antes. Eles notificaram o comandante de companhia para mandar à frente um canhão anti-tanque para forçar o inimigo a sair de debaixo do tanque. O canhão disparou um tiro bem visado e a equipe de tocaieiros estava preparada. O tiro atingiu o tanque e dois ingleses saíram de dentro dele. A distância era de 200 m. O tocaieiro disparou seu primeiro tiro e atingiu um dos soldados no peito. O outro soldado correu na frente do campo de visão dos tocaieiros, hesitou e parou. O tocaieiro disparou e o inglês tombou ao chão, morto, atingido na cabeça.

Estatísticas militares revelam que, durante a Segunda Guerra Mundial, normalmente eram precisos 25 mil tiros para matar um soldado, o tocaieiro precisava de uma média de 1,3. Os aliados tinham mesmo que se preocupar com os tocaieiros alemães.

O sargento Frank Kwiatek, de quarenta e seis anos, era um comandante de pelotão de petrechos. Durante a Grande Guerra de 1914, ele passou dezenove meses como metralhador. Ele tinha passado vinte anos no mesmo pelotão e seus soldados o chamavam “Murphy Pão Duro”. Quando estava na Irlanda do Norte, ele recebeu a notícia de que seu irmão de vinte e um anos, Ted, um atirador de tanque, tinha sido morto durante a luta na Sicília. Diante de seus homens, Kwiatek jurou vingar seu irmão, matando vinte e cinco alemães. Frank Kwiatek tinha, até então, colocado vinte e duas marcas em seu fuzil. Uma para cada alemão. Ele tinha matado vinte com seu fuzil e dois com granadas de mão. Ele também tinha matado uma dezena de alemães com uma Tommy Gun (submetralhadora Thompson) mas ele não os contou pois queria ser capaz de olhar seus inimigos nos olhos quando ele os matava: “Eu gosto de vê-los tombar. Quando eles caem, eu quase posso ver meu irmão sorrindo para mim. Eu gosto de atirar em tocaieiros, em especial; eles são tão traiçoeiros.”

O primeiro tocaieiro que Kwiatek alvejou foi encontrado quando sua unidade foi detida fora de La Foret Cerisy. O tocaieiro tinha escolhido se colocar num cruzamento rodoviário – uma boa posição. Após ele ter matado certo número de homens, o comandante de companhia pediu por um voluntário para eliminá-lo. Kwiatek se voluntariou. Ele rastejou através dos bosques até estar há cerca de vinte e cinco metros por trás do tocaieiro que estava posicionado atrás de um marco de estrada. O sargento Kwiatek levantou seu fuzil para alvejá-lo mas, então, descobriu outro tocaieiro cerca de trinta metros à sua direita. Ele, primeiro, alvejou o tocaieiro a sua direita e, então, aquele atrás do marco rodoviário. Uns poucos minutos mais tarde, a companhia de Frank Kwiatek começou a avançar novamente. Ele caminhou por trás, para dar cobertura de retaguarda. De repente, ele percebeu uma cerca-viva se mover lentamente, ele ficou desconfiado, já que ela se moveu contra o vento. Ele se esgueirou subindo a cerca até ver um alemão. Ele, então, gritou “Ei!” O alemão se voltou e Kwiatek disparou um tiro e o alemão caiu ao chão. À princípio, ele achou que se tratava de um soldado comum, mais tarde descobriu que ele era um Fallschirmjägerhauptmann (capitão de pára-quedistas).

Certa vez, um dos homens de Kwiatek assomou a cabeça sobre uma cerca-viva para atirar, mas foi baleado por um tocaieiro. “Seus miolos esparramaram-se por todo o meu rosto... eu nunca fiquei tão enojado em toda a minha vida”, relembra Frank. O praça Floyd Rogers e Kwiatek decidiram pegar o tocaieiro. Kwiatek disse a Rogers para levantar o capacete do soldado morto ao seu sinal. Kwiatek se afastou cerca de quarenta metros e deu o sinal. O tocaieiro disparou imediatamente. O sargento Kwiatek deu sinal para Rogers levantar o capacete de novo, mas em outra posição. Kwiatek, agora, viu a cabeça e os ombros do tocaieiro aparecerem por detrás de uma árvore. “Então, dei um jeito nele. Um tiro foi tudo do que precisei. Esses bastardos não dão a você mais do que um tiro”.

O praça James W. Justus relembra o sargento Kwiatek como um bom líder. “O único problema é que ele queria acabar com a guerra sozinho. Toda vez que eu o via, ele estava olhando para uma árvore. Ele iria se tornar um homem muito triste quando a guerra acabasse e não houvesse mais tocaieiros para matar”.

Comandantes de viatura eram um alvo recompensador para tocaieiros, o sargento Eugene W. Luciano, com freqüência, levantava-se em seu meia-lagarta para ser capaz de guiar seu motorista. “Eu sei que, ocasionalmente, tiros atingiam o meia-lagarta e também assobiavam próximo a mim, enquanto avançávamos”, Ele também lembra como eles usavam munição traçante contra tocaieiros que se ocultavam em celeiros e fardos de feno.

Eventualmente, as unidades aliadas adaptaram novas táticas que reduziram suas baixas para o fogo de tocaia inimigo, mas os tocaieiros continuaram a representar uma ameaça e ser uma fonte de medo entre os soldados aliados na frente ocidental, durante toda a guerra. Eles personificavam o temor que os soldados sentiam. Uma nova culminação das ações dos tocaieiros alemães iria acontecer quando as forças aliadas começassem a entrar no solo alemão e durante a ofensiva das Ardenas. Então, a resistência alemã iria, mais uma vez, endurecer e mais ênfase voltaria a ser posta nos tocaieiros.




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#23 Mensagem por rodrigo » Qui Mar 01, 2007 9:55 pm

Muito bom texto Clermont. Qual a fonte?




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#24 Mensagem por Clermont » Sex Mar 02, 2007 9:56 am

rodrigo escreveu:Muito bom texto Clermont. Qual a fonte?


A fonte é o meu disco rígido Maxtor de 40 GB, velho de guerra.

Explicando: esse é um texto de 2003 ou 2004 que eu copiei. Outro dia, dando uma olhada nos velhos arquivos (providencialmente copiados para uma pasta própria, com o original título "Copia_Maxtor_40_gb") reencontrei esse texto e resolvi traduzir. Aliás, é assim que costumo fazer. Se eu for anotar o endereço de todo site que esbarro por aí, haja lista de "favoritos"...

Lá pela noite, vou dar uma olhada no .HTML original, e ver se acho o nome do site de origem.

De qualquer forma, suponho que uma pesquisa no Google sobre o autor "D. Löwnhamm" deva retornar alguma coisa.




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#25 Mensagem por Clermont » Sex Mar 02, 2007 6:39 pm

rodrigo escreveu:Muito bom texto Clermont. Qual a fonte?


Axel History Factbook by Marcus Wendel.

German Snipers in Normandy 1944

by D. Löwenhamn

After the allied landing in Normandy months of bloody combat followed until eventually the German defences crumbled and were transformed into a chaotic retreat. During this fighting many arms of the Wehrmacht distinguished themselves, not the least the German snipers. The sniper's role was to target and shoot important personnel such as nco's, officers, artillery observers, signalists, orderlies, gun crews etc, they also functioned as observers, listening posts and information gatherers. Another important feature of the snipers was that they had a demoralising effect on the enemy. It is reported snipers accounted for fifty percent of an American Battalion's casualties. With their stubborn resistance they became one of the most feared and hated enemy on the battlefield. It went so far that a myth or legend was created. Soon a sniper fear filled the allied lines.

A nineteen year old soldier, John D. Hinton, M- Company, 3. Battalion of the 116. Infantry Regiment remembers how he met a sniper already at the landing. When they had managed to get off the beach and reach the bank they tried to set up a gun on the top of the bank. Each time a soldier tried to get himself behind the gun a sniper, 800 meters to their left, began to fire at them. A number of soldiers were shot in their arms, Hinton was shot in the leg and one soldier died.

2. Battalion 'Royal Ulster Rifles', part of the 9. Infantry Brigade of the 3. Infantry Division met snipers early. After the landing the Battalion was ordered to take the heights northeast of Periers sur le Dan. On the way to the heights they captured seventeen German soldiers, seven were reported to be snipers!

At 1700 the seventh of June the Royal Ulster Rifles was ordered to move up towards Cambes, a small village about ten kilometres inland. Due to the fact that the village was surrounded by dense woods and a stone wall, observation of enemy positions was impossible. The judgement was made that only light resistance was to be expected. D- Company under Captain Aldworth received orders to approach the village together with a tank company. When they almost had reached the edge of the woods they met heavy sniper and mortar fire. The company was split- up in two parts to attack through the forest from two directions but met deadly crossfire from enemy machineguns. Stretcher bearers from the medic section were shot when they tried to save wounded soldiers. The tanks stood powerless due to the high wall surrounding the village. Captain Aldworth was hit and died immediately, one of the platoon commanders became wounded. The Battalion commander aborted the attack. The Company commander and fourteen others were now dead, one officer and eleven other were wounded, four soldiers were missing. Cambes proved to be a heavily defended German position and when finally, after bombardment by everything from light mortars to heavy naval artillery, the village was taken it was filled with dead Germans. A wounded SS sniper was captured.

Early on the morning of the ninth July the Battalion's forward elements began to reach the outskirts of Caen. Lieutenant Burges secured St. Julien, northwest of Caen, and slowly but safely began his advance on the city itself. At first the enemy opposition was light and they had no problem with fighting back. Soon, however, the resistance stiffened, persistent snipers shot at the patrol. Lieutenant Burges was hit and wounded in the head by a well aimed bullet. Soon two nco's were killed. Burges' patrol had to pull back.

Some of the snipers that the allies met in Normandy had had excellent training in the Hitlerjugend, some of them had been trained in small calibre rifles. Before the war the Hitlerjugend had increased the military training for its members. Many boys were trained in sharpshooting. Those who distinguished themselves were later give sniper training. When they later went into combat they had been given good and valuable training. In Normandy the 12. SS Panzerdivision 'Hitlerjugend' fought. This was a unit composed of recruits from the Hitlerjugend and experienced officers from the 1. SS Panzerdivision 'Leibstandarte SS Adolf Hitler'. At Caen the young boys would have their baptism of fire.

Caen was an excellent place for the German snipers. Together with artillery observers who directed artillery fire on exposed infantry the snipers totally dominated the grounds around Caen. The Brits and Canadians had to go through every square meter to make sure the terrain was secured from the stubborn snipers, a time consuming task. It was at Caen that snipers like Gefreiter Kurt Spengler distinguished themselves. Spengler was at the northeast of Caen, isolated in a big minefield. He shot down a notable number of British troops until he finally was killed by heavy artillery bombardment.

On the twenty-sixth of June SS Pionier Pelzmann of the 12. SS Panzerpionierbataillon's fourth company is positioned under a small tree, he is a forward observer. He has dug a hole and then placed a big piece of armour from a Pzkpfw. IV and grass on top of it. The only opening is a small observation slit facing the enemy. It's impossible to discover him. From the observation slit he has shot a large number of British soldiers when he finally runs out of ammunition. He steps out of his dugout, grabs his sniper rifle and smashes it to the tree. He throws the rifle away and shout "So, I don't have any ammo left, finished enough of you- you can shot me now!". A big red haired Englishman then steps forward, grab Pelzmann's arm, places his revolver against his head and fires. Pelzmann falls dead to the ground. Oberscharführer Ernst Behrens, who together with a handful of other prisoners have witnessed the incident, is told to gather all the dead soldiers and concentrate them at a certain spot. When he comes to Pelzmann he counts about thirty dead Englishmen in front of Pelzmann's dugout.

A British soldier named Percy Lewis, who during and after the war was a professional boxer, witnessed the cruelties of war. When he served in the 6. Battalion K.S.L.I. of the 181. Field Regiment he witnessed a German sniper being executed by a soldier whose brother was killed by a sniper the day before. The allied attitude towards snipers was hard on the western front, it was due to these kind of events the German snipers fought so fanatical.

In spite of earlier experiences with snipers it's first at Normandy that they grow to be more than a source of irritation. That's anyway how the American soldiers felt. To clean out an area from snipers was time consuming and sometimes it took a whole day before a bivouac area was secured. The allied soldiers were forced to learn fast how to handle snipers and avoid unnecessary risks. Soon the soldiers began to squat when moving. The soldiers ceased to salute officers and no one was called by rank anymore. Everything was done to decrease the risks of exposing oneself to sniper fire. An unpleasant, tense feeling crept onto the soldiers who were forced to always stay on alert. An American officer commented: "Individual soldiers have become sniper-wise before, but now we're sniper-conscious as whole units."

When men from the 653. Tank Destroyer Battalion moved inland they met dead bodies lying along the hedgerows. The sniper fear spread immediately. There were even rumours circulating that French women collaborators had been left behind and were now acting as snipers. "They were everywhere sniping at us. We moved around very carefully and never alone. We would even take someone with us when nature called."

The German snipers spread themselves out in the Normandic landscape. When the allied troops began to advance they left behind a large number of German snipers who later shot at less alert troops. The terrain was perfect. The hedgerows that marked off fields only permitted a free sight of a few hundred meters. A suitable distance, even for the inexperienced sniper. A sniper could hit a chosen body part at a distance of 300 to 400 meters. The thick vegetation that characterised the hedgerows, or bocage, meant that it was extremely difficult to discover the snipers positions. A soldier compared the fighting with Guadalcanal. The hedgerows dated back to the time of the Roman empire. They had been put in place to mark property and were used as fence for the grazing fields- often only one exit existed. To fight in the bocage was like fighting in a labyrinth. The thick, high hedgerows made the allied troops feel like they were trapped in a tunnel. The terrain enabled maximum hiding opportunities for the snipers while their targets had to dangerously expose themselves. Among the hedgerows the snipers prepared a few positions from where they expected the enemy to approach. At company level the snipers were usually used for harassing the enemy and defending machinegun emplacements. Often the German troops dug in under the hedgerows and thus mortar fire had little effect. Among the hedgerows they also often placed booby traps, mines and trip wire explosives. From these positions they fired upon the allied troops until they had to retreat. The troops that were too far behind the enemy lines fought until they didn't have any food or ammunition left, then they surrendered- a riskful thing for a sniper.

In Normandy a new phenomenon appears on the battlefield. Earlier snipers usually had tried to withdraw at some point but suddenly some snipers began to behave differently. It became more and more ordinary that the allied troops met snipers who fired shot upon shot without any intent to leave their position. This tactic almost always ended with the sniper being killed but caused heavy casualties among the allies. Due to their young age these fanatical snipers were later given the nickname 'suicide boys' by the Anglo- American troops.

The American war correspondent Ernie Pyle reported from Normandy: "There are snipers everywhere. There are snipers in trees, in buildings, in piles of wreckage, in the grass. But mainly they are in the high, bushy hedgerows that form the fences of all the Norman fields and line every roadside and lane."

It was not only among the hedges and trees that the snipers hid. At crossroads important targets such as traffic police and officers, the crossroads were although quite often shelled therefore the snipers positioned themselves a bit away from these. Bridges were also ideal spots, here a sniper could easily create panic and havoc with only a few shots. Lone houses were an obvious place and therefore the snipers placed themselves a short distance from these. Sometimes the snipers hid among wreckage but this meant that they preferably had to change position often. Another ideal spot for the sniper team were the fields with crops, here it was difficult to find out the exact position of the sniper and the dense crop provided good concealment. Often the snipers tried to position themselves high. Water towers, windmills and church towers were perfect positions but also obvious and thus exposed to artillery fire. Despite the obviousness snipers often hid up in these places. The more experienced snipers usually positioned themselves in other, less evident, tall buildings. Sergeant Arthur Colligan served in the 2. American Armored Division, he remembers the church towers with horror: "They were used by German snipers to shoot at us."

A captured German sniper was interrogated and asked how he could tell officers, wearing normal uniforms, carrying rifle and not wearing any rank badges, apart from regular soldiers. He simply stated "We shoot the men who have moustaches", by experience they had learnt that moustaches were common among officers and higher nco's.

The German snipers always tried to hit important targets such as officers, nco's, observers, singalists, gun crews, orderlies, vehicle commanders etc. As opposed to the MG 42 the sniper didn't reveal his position as easily when he opened fire. A good sniper could pin down a whole infantry platoon. When he fired his first shot the whole platoon froze and he was then given time to change position. A typical mistake among green troops when fired upon by a sniper was to hug the ground and not return the fire. A platoon commander in the 9. Infantry division remembers: "One of the fatal mistakes made by infantry replacements is to hit the ground and freeze when fired upon. Once I ordered a squad to advance from one hedgerow to another. During the movement one man was shot by a sniper firing one round. The entire squad hit the ground and they were picked off, one by one, by the same sniper."

1944 became a turning point for German sharpshooting. The educational movie 'Die unsichtbare Waffe' was shown and new doctrines were created based on careful evaluations and earlier experiences. It was stressed that snipers must be used correctly and they have to act according to the new doctrines. As an example it was emphasized that snipers must work in pairs. Camouflage uniforms were standard and new sophisticated weapons and equipment was available in huge numbers although there was some trouble with meeting the demands of sniper rifles. Heinrich Himmler, himself very interested in sharpshooting, had early set up sniper programs for the Waffen SS. During the latter part of 1944 the numbers of snipers were also to increase within the grenadier- and volksgrenadier companies.

The snipers ten commandments 1944:

Fight fanatical
Shoot calm and contemplated, fast shots lead nowhere, concentrate on the hit
Your greatest opponent is the enemy sniper, outsmart him
Always only fire one shot from your position, if not you will be discovered
The trench tool prolongs your life
Practice in distance judging
Become a master in camouflage and terrain usage
Practice constantly, behind the front and in the homeland, your shooting skills
Never let go of your sniper rifle
Survival is ten times camouflage and one time firing

Snipers existed on different levels. The trained snipers usually existed at company and battalion level and above, they had received special training and received specific tasks. Most of the time these snipers acted in teams of two, on sniper and one observer, they could also act on their own and in bigger teams. There were also soldiers with sniper rifles at platoon level, the had no special training and usually operated within the company, supporting it.

A German company had for a long time been under accurate artillery fire. This was something that only an observer could be responsible for. A sniper team was sent out to no mans- land to locate the observer. For hours they were lying still and observing, always searching for a sign that could reveal the enemy's position. In the landscape there was a knocked out tank. Suddenly the sniper's discovered a piece of white paper in front of the tank that wasn't there before. They notified the company commander to put forward an anti- tank gun to force the enemy out from under the tank. The gun shot a well- aimed round and the sniper team was prepared. The shot hit the tank and two Englishmen came out. The distance was 200 meters. The sniper fired his first shot and hit one of the soldiers in the chest. The other soldier ran right in front of the snipers view, stopped and hesitated. The sniper fired and the English soldier fell dead to the ground, hit in the head.*



Military statistics have revealed that during the second world war it usually it took 25 000 shots to kill a soldier, the sniper needed an average of 1.3- the allies had every right to worry about the German snipers.



T/ Sergeant Frank Kwiatek was a forty-six year old platoon commander in a heavy-weapons platoon. During the first world war he spent nineteen months as a machine-gunner. He had spent twenty years in the same platoon and his soldiers called him 'Hardtack Murphy'. When he was in North Ireland he was given the news that his twenty-one year old brother Ted, a tank gunner, had been killed during the fighting in Sicily. Before his men Kwiatek swore to avenge his brother by killing twenty-five Germans. He was later given the news that another brother, Jerry, had been killed in Italy. Kwiatek swore to kill another twenty-five Germans. Frank Kwiatek had so far put twenty-two notches in his rifle. One for each German. He had killed twenty with his rifle and two with hand grenades. He has also killed a dozen of Germans with a tommy gun but he didn't count them because he wanted to be able to see his enemy in the eyes when he killed them: "I like to see him drop. When he drops, I can almost see my brothers smiling at me. I like shooting snipers especially; they're so sneaky."



The first sniper that Kwiatek shot was encountered when his unit was stopped outside Cerisy La Foret. The sniper had chosen to place himself at a crossroad- a good position. After the sniper had killed a number of men the company commander asked for a volunteer to eliminate the sniper. Kwiatek volunteers. He prowls through the woods until he was about twenty-five meters behind the sniper who was positioned behind a road marker. Sergeant Kwiatek lifts his rifle to shoot the sniper but then discovers another sniper about thirty meters to his right. He first shoots the sniper to the right and then the sniper behind the road marker. A few minutes later Frank Kwiateks company has begun to advance again. He walks behind to give rear protection. Suddenly he discovers a hedge move slightly, he becomes suspicious since it moves in the opposite direction of the wind. He sneaks up to the hedge until he sees a German. He then shouts "Hey!" The German turns around and Kwiatek fires a shot and the German falls to the ground. At first he thinks it was a common soldier but later learns that it was a fallschirmjägerhauptmann.



Once one of Kwiateks men stuck his head above a hedge to shoot but is shot by a sniper. "His brain splattered all over my face...I have never been so sick in my life, " Frank Kwiatek remembers. Private Floyd Rogers and Kwiatek decides to get the sniper. Kwiatek tells Rogers to hold up the dead soldier’s helmet on his signal. Kwiatek moves away about forty meters and then gives the signal. The sniper fires immediately. Sergeant Kwiatek gives the signal to Rogers to stick up the helmet again but at another position. Kwiatek now sees the snipers head and shoulders stick out from a tree. "Then I let him have it. All it took was one shot. Those bastards don't give you more than one shot."



Private James W. Justus remembers Sergeant Kwiatek as a good leader. "The only trouble is, he wants to finish off the war by himself. Every time I see him, he's looking at a tree. He's going to be a very sad man when the war is over and there are no more snipers to kill."



Vehicle commanders were a rewarding target for snipers, Sergeant Eugene W. Luciano often stood upright in his half- track to be able to better guide his driver. "I know I heard an occasional shot hit the half-track and also zip past me as we advanced." He also remembers how they used to use tracer ammunition at snipers who hid in barns and haystacks.



Eventually the allied units adapted new tactics that reduced their casualties to enemy sniper fire but snipers continued to pose a threat and be a source to fear among the allied soldiers on the western front throughout the war. They personified the fear the soldiers had. A new culmination of German sniper actions would happen when the allied forces started to enter German soil and during the Ardennes offensive. Then the German resistance would once again stiffen and more emphasis would be put on snipers.



*It is not certain whether this happened during the fighting’s in the bocage or not.





Main sources:

Scharfschützen- Schiesstechnik: Die Schiessausbildung der Scharfschützen, Gestern und Heute Teil 1 und 2 by S. F. Hübner, WSV- Verlag Kienesberger (1999)

The German Sniper: 1914-1945 by Peter Senich (1984)

The Military Sniper since 1914 by Martin Pegler, Osprey publ. (2001)

The History of the 12.SS-Panzerdivision "Hitlerjugend" by Hubert Meyer, J J Fedorowicz Pub (1994)

Unnamed collection of german documents concerning snipers, Thomas U. Voss (publisher)

"Sniper Killer" by Sgt. Walter Peters, article in The American Rifleman, February 1945

Our Blood and His Guts! by Tech. Sgt. Eugene W. Luciano

Busting the Bocage: American Combined Arms operations in France June -31 July 1944 by Captain Michael D. Doubler

www-cgsc.army.mil/carl/resources/csi/doubler/doubler.asp (22 February 2003)

"Hedgerow Sniping", Ernie Pyle reports from France, 26 June 1944.

search.eb.com/normandy/pri/Q00235.html (17 febr. 2003)




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#26 Mensagem por Clermont » Qua Jun 20, 2007 1:55 pm

O TOCAIEIRO EM PERSPECTIVA.

Por Martin Pegler – Out of Nowhere, A History of the Military Sniper.

Desde que a espécie humana inventou, pela primeira vez, armas lançadoras de projéteis, ela tem devotado considerável tempo, esforço e despesas tentando fazer arremessar suas pedras, flechas, balas e granadas, mais longe, mais rápido e mais precisamente. A escolha de um indivíduo como alvo por um arqueiro é tão antiga quanto o uso das armas em si mesmas, como o esqueleto de um antigo bretão, escavado em Maiden Castle demonstra, pois, encravado em sua espinha, está o dardo de ferro de uma balista romana. Se ele foi alvejado por acidente ou desígnio, é impossível dizer, mas não há dúvida no caso do rei Ricardo I, O Coração-de-Leão, durante a Cruzada de 1199, quando um besteiro mercenário suíço, chamado Peter de Basle, disparou um dardo bem mirado que atingiu o rei no ombro. Ricardo, logo depois, morreu da infecção do ferimento. Naturalmente, tais eventos eram, indubitavelmente, raros, e mesmo 300 anos depois, quando o handgonne, ou primitivo mosquete-de-mão, tinha se tornado mais comum na guerra, seu uso para o propósito específico de matar à longa distância, era virtualmente desconhecido. Embora algumas vezes tenha sido relatado que Leonardo Da Vinci utilizou uma arma raiada para ajudar a repelir os sitiadores de Florença, durante o cerco de 1520, parece não haver nenhuma prova autêntica disso. No entanto, parece certo que outro grande artista, Benvenuto Cellini, atuou como um atirador de precisão enquanto soldado do Papa Clemente VII, em 1527. Lutando juntamente com outros defensores da Cidade Santa, durante o cerco de Roma, ele utilizou um pesado mosquete de mecha, de grande calibre. Escrevendo posteriormente de suas experiências, ele salientou:

“Eu só vou dar um indicação que irá espantar todos os bons atiradores de todo grau, a de que, quando eu carregava minha arma com pólvora pesando um quinto da bala, eu alvejava em ponto-em-branco até há duzentos passos. Meu temperamento natural era melancólico, e enquanto eu estava tendo esses divertimentos, meu coração saltava de alegria, e descobri que podia trabalhar melhor do que ao gastar meu tempo inteiro no estudo.”

Um dos tiros que ele disparou, quase com certeza, matou o Condestável de Bourbon, embora Cellini admitisse que o pesado nevoeiro do dia tornava a precisão da mira muito difícil e um grande elemento de sorte estivesse envolvido. Tais relatos devem ser mantidos em proporção, é claro, pois os mosquetes de alma lisa da época não eram, em geral, adequados para tiro preciso de longo alcance. No entanto, isso não deve desconsiderar, inteiramente, o uso primitivo de armas de fogo para tais atividades, pois a organização de eventos de tiro ao alvo era um fato regular na Europa, e com certeza, estava bem estabelecido na Holanda e nos Estados Alemães por volta do séc. XVI, onde mosquetes raiados e de alma lisa eram utilizados para competições de tiro. O termo geralmente utilizado para esses homens era o de scharfschützen, ou “atiradores afiados” (”sharpshooters” em inglês).

Pelo final do século XVIII a palavra ”sniper” estava sendo utilizada em cartas mandadas para casa por oficiais ingleses servindo na Índia, alguns dos quais passaram a se referir a um dia duro de tiroteios como “going out to sniping”. A narceja (”snipe”) é um pássaro de vôo rápido com plumagem salpicada de preto e marrom e um vôo tortuoso, particularmente errático que tornava difícil ver e, ainda mais difícil de atingir. Era preciso um esportista habilidoso com uma arma de pederneira para abater uma narceja em vôo. Um tal notável atirador era considerado acima da média e, inevitalvelmente, durante o século XVIII, o termo ”snipe shooting” (tiro à narceja) foi simplificado para ”sniping”. No entanto, dentro do contexto militar, soldados que eram particularmente hábeis atiradores, eram referidos como ”sharpshooters” ou ”marksmen” (atiradores distintos), mas nunca como ”snipers”, e esse uso parece ter surgido da imprensa durante os meses iniciais da Grande Guerra de 1914. Dessa data em diante, a palavra implicava um soldado equipado com um fuzil que era, geralmente (mas não exclusivamente), dotado de mira telescópica, que disparava em alvos militares de uma posição oculta. Tristemente, como o sargento Harry Furness, do Exército britânico da Segunda Guerra Mundial, observa, o termo tem sido tão abusado que alguns dicionários o estão utilizando como um termo secundário para “assassino”. De tempos em tempos, nos Estados Unidos, indivíduos desequilibrados, tem atirado aleatoriamente em pessoas, a curto alcance, utilizando fuzis de caça, um evento amplamente referido pela imprensa como ”sniping”. Tal terminologia imprecisa presta um desserviço ao altamente treinados e dedicados tocaieiros militares que estavam, e ainda estão, lutando por seus países. Um estabelecimento de treinamento de tocaieiros na Virgínia, ficou tão irritado com o abuso da palavra que convidou membros da imprensa para uma demonstração. Eles foram solicitados a localizar um tocaieiro camuflado no campo, o que, sem surpresa, eles foram incapazes de fazer. A um sinal, o atirador invisível disparou contra um alvo há uns 200 metros distante, colocando o tiro direto através da testa de uma imagem. Os espantados jornalistas foram prontamente informados de que isso era ”sniping” e foram solicitados a utilizar o termo “atirador” em subseqüentes matérias da imprensa.

As habilidades requeridas do verdadeiro tocaieiro são inúmeras e o treinamento é intenso. Na média, mais de um terço dos candidatos potenciais fracassam na rigorosa seleção para se tornarem um tocaieiro profissional. Para serem aprovados eles tem de dominar uma série de habilidades interrelacionadas que irão lhes permitirem sobreviver, com freqüência sozinhos, nos mais hostis ambientes de combate. Camuflagem, movimento, observação, leitura de mapas, transmissões, coleta de informações e tiro preciso tem de ser dominadas. É também um pré-requisito ter a habilidade para permanecer alerta em ambientes estreitos e desconfortáveis por dias sem fim, tanto como ter forte disciplina pessoal e paciência ilimitada. Entre tais exigências é de fundamental importância que todos se tornam atiradores altamente competentes. Eles terão de dominar não apenas estimativa de alcance, com precisão de uns poucos metros à 700 ou 800 metros, mas também aquelas das mais difíceis das habilidades, análise de ventos, temperatura e umidade, e movimento de alvos. Somando-se a isso, está a extrema tensão de trabalhar constantemente à beira ou dentro, do território inimigo e com o conhecimento de que eles estão sempre cercados por soldados para os quais o conceito de “rendição” é estranho no que concerne à tocaieiros. É um fato de que o destino de um tocaieiro capturado é, quase inevitavelmente, a morte. Como alguém comentou, como uma questão de fato, se ele fosse pego, iria “se tornar a principal fonte de diversão do dia seguinte”. Há muitos relatos de atiradores de fuzil capturados durante a Guerra de Independência Americana sendo, sumariamente, executados, embora isso fosse estritamente contra as regras aceitas de guerra, e uma interessante nota no The New York Times mostrava o modo pelo qual atiradores de precisão eram considerados durante a Guerra Civil Americana, o primeiro conflito no qual eles foram, especificamente, empregados. Comentando sobre o uso inicial dos atiradores de precisão do coronel Berdan (Berdan’s Sharpshooters) pelo Exército da União, o escritor salientou os principais perigos para os atiradores de precisão em batalha, “pelos quais eles correm o risco de serem isolados pela cavalaria, ou executados, como certamente seriam se pegos”. Esse comentário sobre o destino deles é esclarecedor nessa data inicial e dá uma visão sobre a antipatia que os soldados comuns tem para os atiradores de precisão. Sempre tem sido o caso de que a infantaria sob fogo de tocaieiros irá chegar a extremos para encontrar e matar seus atacantes, mesmo se isso incluir pedir fogo de artilharia, assalto direto de tanques, ou até metralhamento terrestre por aeronaves. George Mitchell, um infante australiano, servindo em Galípoli, escreveu em seu diário: “7 de maio. O turco recebe muito pouca piedade de nós. Sempre que um tocaieiro é pego ele é passado pela baioneta, imediatamente.” Harry Furness, após balear um oficial alemão de alta patente, foi sujeitado uma barragem de artilharia de tal extensão e ferocidade que, em várias ocasiões, foi arremessado para fora de sua toca e atirado ao chão. Ele escapou, atordoado, surdo e abalado, apenas por pura sorte. Em lugar algum foi o ódio aos tocaieiros mais abertamente demonstrado do que na guerra na Frente Oriental, entre 1941 e 1945, onde os tocaieiros, invariavelmente, portavam uma pistola, não para defesa pessoal, mas para se prevenirem de cair vivos nas mãos do inimigo.

OS EFEITOS DO TIRO DE TOCAIA.

Embora seja um exagero dizer que o resultado de uma batalha inteira possa ser moldado como resultado da tocaia, ela, com freqüência, teve efeitos profundos na habilidade de um lado ou outro atuar efetivamente. Durante a Guerra Civil Americana, na Batalha de Gettysburg, em 1863, dois atiradores de precisão confederados, atuando sobre o Little Round Top, mataram dois generais da União, feriram gravemente um terceiro, matando, então, um coronel e mais quatro outros oficiais superiores. Isso causou consternação no campo da União e a artilharia foi chamada para tentar desalojá-los, com pouco sucesso, salientando os dois principais problemas para a infantaria. O primeiro era encontrar o tocaieiro e o segundo, lidar com ele. Nunca foi mais verdadeiro o velho adágio, “é preciso um ladrão para pegar outro ladrão”. “Contra-tocaia”, a busca e matança de tocaieiros inimigos, tornou-se a principal prioridade de todo exército. Uma vez que os tocaieiros inimigos fossem silenciados, os bem-sucedidos tocaieiros poderiam se concentrar em encontrar alvos específicos, e as tarefas vitais de observação e coleta de informações poderiam ser empreendidas. Essas tarefas tem crescentemente se tornado o núcleo do papel do tocaieiro. Então, por quê a infantaria teme tanto o tocaieiro, e dispende tanto tempo e esforço em tentar erradicá-lo? A resposta jaz na complexa psicologia da guerra, onde um infante aceita com um certo fatalismo as chances de morte ou ferimento, se ocorrerem, como as fortunas caprichosas e impessoais do combate. Isso é considerado como estando fora do controle do indivíduo e a maioria dos homens estão mentalmente protegidos por sua crença inata de que “isso não vai acontecer comigo”. Naturalmente, camaradas são mortos e feridos, o que é má-sorte deles, mas poucos soldados irão aceitar de que eles podem se tornar a próxima baixa, acreditando que suas chances de sobrevivência são, razoavelmente boas. A aparição do tocaieiro muda tudo num instante. Repentinamente, todo mundo é o alvo e a guerra se torna pessoal. Soldados de linha de frente acham isso muito duro de aceitar, sendo tanto assustador quanto debilitante. Uma bala que vêm, aparentemente, de lugar nenhum e mata com precisão cirúrgica é enervante ao extremo. O amigo de um soldado estava falando com alguém em um segundo, para estar jazendo ao seus pés no próximo, e pior, tais eventos, com freqüência, aconteciam longe do calor da batalha, onde homens acreditavam estar comparativamente à salvo. Cair debaixo de fogo de tocaieiros era uma experiência profundamente debilitadora para a maioria dos soldados. Um veterano das Malvinas, Ken Lukowiak, escreveu, vividamente, de sua primeira experiência em ser um alvo:

“Nós atravessamos outro campo e nos aproximamos de uma cerca-viva. Ao chegar na cerca, viramos para a esquerda e começamos a segui-la até o canto do campo. Uma bala passou pelo meu rosto. Foi tão perto que cheguei a senti-la fisicamente. Todos nós, automaticamente, mergulhamos no chão, e rastejamos até a sebe em busca de cobertura. Uma voz gritou, “Alguém pode ver o inimigo?” Lentamente, um por um, começamos a olhar por cima da sebe. Não havia nada lá. Apenas, um campo aberto e outro campo vazio além dele. Outro tiro zuniu, Tony gritou e caiu ao chão. O medo começou a colocar pensamentos na minha mente. Se ele pôde ser atingido por trás da sebe, então eu também podia. Onde eu iria ser atingido? Na cabeça? No peito? Eu fiquei ciente de que estava me pondo em estado de pânico. Comecei a tentar me acalmar falando comigo mesmo. Se era para eu ser atingido, então eu ia ser atingido, isso era tudo e não havia nada que eu pudesse fazer. Alguém falou, “é a porra de um tocaieiro”.

O choque de, repentinamente, se tornar um alvo, assustava os soldados mais do que qualquer outra coisa. Não eram somente indivíduos que ficavam desmoralizados, mas enquanto os homens se acovardavam nas tocas ou trincheiras, relutantes em obedecerem quaisquer ordens que implicassem em se exporem ao fogo preciso de um inimigo invisível, as cadeias de comando se rompiam e a disciplina sofria. Pouco se admira que a vida de um tocaieiro capturado fosse, em geral, considerada como perdida. Um raro vislumbre durante a Grande Guerra da reação dos infantes ao capturarem um tocaieiro está contida na lacônica entrada de diário pelo tenente S. F. Shingleton, um oficial na Real Artilharia de Campanha, que anotou, em 16 de julho de 1916, “Os Royal Scots pegaram e enforcaram um tocaieiro. Canhoneio e grande quantidade de tiro de tocaia”. Um tocaieiro britânico teve uma experiência similar após desalojar um tocaieiro alemão de uma casa durante o avanço através da França, em 1944. O alemão ficou sem munição, atirou seu fuzil pela janela e caminhou pela porta de trás com as mãos levantadas. Um oficial britânico, cujos homens tinham sofrido gravemente do preciso disparo do tocaieiro, caminhou à frente, baleou e matou o alemão com seu revólver. Em ocasiões, mesmo alguns oficiais superiores deixaram claro que não aprovavam, inteiramente, o tiro de tocaia na guerra. Em 1944, o general Omar Bradley deixou saber que ele não desaprovava os tocaieiros serem tratados “um pouco mais duramente” do que era a norma. Afinal de contas, “um tocaieiro não pode sentar por aí, atirar e então [esperar] a captura. Não é assim que se participa do jogo.”

Talvez mais curioso seja o desapreço que muitos soldados de linha de frente mostram para com seus próprios tocaieiros, pois, uma das grandes ironias da vida de um tocaieiro era o fato de que ele, com freqüência, era detestado quase tanto pelo seu próprio lado quanto pelo inimigo. Isso se originou nas trincheiras de 1914-18 e se devia, simplesmente, à explosiva retribuição que era lançada sobre as cabeças dos infelizes ocupantes se um tocaieiro estivesse operando em seu próprio setor. Isso podia se manifestar como um furacão de granadas de canhão ou de morteiros de trincheira, enquanto enraivecidos soldados inimigos tentavam vingar a morte de um camarada, freqüentemente, infligindo pesadas baixas na infantaria residente, que, com muita razão, acreditava que não merecia aquilo. Há, também, um lado mais sombrio e profundo do aberto desapreço que muitos homens tem pelo tocaieiro e sua profissão. Na vida civil, todos somos levados a considerar a vida humana como sagrada, porém esse conceito fundamental da vida humana precisa ser suspenso em tempo de guerra. Geralmente, a maioria dos soldados pode abandonar suas crenças de tempo de paz, quando confrontados com o ato de matar para sobreviver ou para proteger camaradas, e uma tal escolha é considerada como moralmente aceitável. Mesmo assim, o conceito de um soldado deliberadamente rastreando uma presa humana como se faria com um animal era, para a maioria dos infantes, repugnante. Uma razão para o desconforto dos soldados combatentes era, indubitavelmente, que entre eles, o tocaieiro era único em, literalmente, ter a possibilidade de conter a vida ou a morte em suas mãos e, repentinamente, a morte ficava pessoal. Um tocaieiro alemão escreveu que só tinha uma única regra quando em ação de tocaia, e essa era que, uma vez que enquadrasse um alvo no seu retículo ele iria atirar, independente de quem o indivíduo fosse ou o que estivesse fazendo. Poucos os outros soldados que jamais tiveram o questionável luxo de decidir quem ou quando matar. Para o soldado mediano, a guerra era uma questão de obedecer ordens, portanto a maioria era capaz de tratar a luta como um trabalho relativamente impessoal, a ser feito tão rapidamente e com o menor risco possível. Em parte devido a natureza reservada de seu trabalho, e os tocaieiros serem instruídos para nunca falarem sobre o que fizeram ou aonde foram, eles começaram a adquirir uma reputação de assassinos à sangue-frio. Frederick Sleath, um oficial de tocaieiros que serviu na França durante a Grande Guerra de 1914, comentou que os infantes de linha não se misturavam facilmente com seus tocaieiros, “pois havia algo sobre eles que os punham à parte dos homens comuns e tornavam os soldados desconfortáveis”. Esse comentário é ecoado pelos anos pela infantaria que compreende pouco do trabalho que um tocaieiro faz, vendo-os, apenas, como caçadores sem princípios à solta, e tendo pouca apreciação pelo trabalho vital que eles cumprem em proteger seus próprios homens dos tocaieiros oponentes. Com freqüência, o desapreço era palpável, com os homens, deliberadamente, afastando-se dos tocaieiros quando eles estavam em descanso e se recusando a se misturar socialmente com eles. Ainda assim, os tocaieiros de linha de frente são o único método eficaz de contra-tocaia, e a infantaria sabe disso, pois, quando aferrada por um inimigo invisível, o primeiro chamado era, invariavelmente, “mandem um tocaieiro pra cá”. Em 1944, um tocaieiro britânico relembra de estar rumando para as linhas alemãs, cedo da manhã, passando por tocas contendo uma companhia de seus próprios homens. Eles o sacanearam enquanto caminhava, emputecendo-o ao ponto de que ele utilizou sua faca de combate para abrir o estômago de uma vaca morta, ali perto, sujeitando os homens, que não podiam se mover de suas tocas, ao fedor muito desagradável que emanava dela. Tocaieiros fuzileiros navais, no Vietnam, eram, com freqüência, saudados coma as palavras, “aí vêm o Matador Incorporado”, um comentário aceito estoicamente.

Os tocaieiros também sentiam que suas ações causavam muita inquietude entre a população civil, particularmente nos países Aliados, e um ar de segredo, geralmente, cobria suas ações, com poucos detalhes de seus feitos jamais sendo reportados. Durante pesquisas, apenas três artigos de imprensa puderam ser achados relacionados, especificamente, a tocaieiros, todos em jornais provinciais, e apenas um, realmente, tinha uma entrevista e fotografia de um tocaieiro, o praça Francis Miller do 5º Batalhão do Regimento de Yorkshire Oriental (5º East Yorkshire). Poucos tocaieiros em serviço iriam concordar com tal cobertura pública, mesmo chegando a recusar ter suas fotografias tiradas para uso na imprensa. Eles detestam publicidade e o conhecimento de que as pessoas em casa poderão conhecer e desaprovar seu ofício. Essa atitude é compreensível e tem muito a ver com os tradicionais ideais de travar uma guerra “esportiva”. De fato parece não ter sido o caso de civis em casa serem críticos do trabalho empreendido pelos tocaieiros, já que a retaliação de qualquer espécie contra o inimigo era considerada como positiva por aqueles que não tinham a habilidade para dar o troco. A viúva de um tocaieiro britânico que serviu de 1944 á 1945, disse que ela sabia o que ele fez durante a guerra e embora ele raramente falasse de suas experiências, ele sabia que ela aprovava:

“Noite após noite, nós agüentamos o bombardeio deles [alemães] e muitas pessoas que eu conhecia foram mortas, mães, guris, velhos. O fato de que Jack estava dando aos Jerries um pouco de seu próprio remédio, era um tônico para todos nós. Aqueles que sabiam que ele era um tocaieiro diziam “Diga a ele para pegar um dos bastardos para mim”.

Ainda assim, havia uma curiosa inconsistência sobre isso, pois dentro de suas próprias seções, os tocaieiros, geralmente, tinham um seco senso de humor sobre seu papel, e é preciso que se diga que eles pouco faziam para melhorar suas imagem, apreciando sua quieta notoriedade. Como o sargento Furness explicou, a maioria era de fortes individualistas, freqüentemente tipos solitários que tinham o temperamento certo para tal trabalho. “Todos os tocaieiros eram voluntários, nunca aconteceu de soldados que eram conhecidos por serem bons atiradores serem destacados para ingressarem na seção de tocaieiros. Você nunca acharia a 'alma da festa' em uma seção de tocaieiros”. Seu sargento-mor-regimental lhe disse que ele era o mais anti-social graduado que ele jamais tinha encontrado, o que divertiu Harry, mas talvez falasse mais sobre o temperamento do sargento-mor do que dos tocaieiros. A maioria era de homens quietos e cautelosos, pois essa era uma profissão que não permitia a pressa e isso também refletia em seus hábitos sociais. Uma minoria era de fumantes, já que isso afetava adversamente a habilidade deles em controlar a respiração para o tiro e rebaixava seus níveis de aptidão, e a maioria era de, apenas, bebedores moderados. Esses hábitos contidos os punham em oposição aos seus contemporâneos da infantaria que agarravam qualquer oportunidade para se saciar na esbórnia. Adicionado a isso, estava o fato de que, por razões operacionais, os tocaieiros viviam juntos e não compartilhavam os deveres normais de linha de frente, a maioria trabalhando em segredo, portanto o fato de que eles não tinham a confiança de sua própria infantaria era quase uma conseqüência inevitável que eles aceitavam filosoficamente. Às vezes eles podiam, até mesmo, aprovar os apelidos dados a eles por seus camaradas. Os tocaieiros do Batalhão de Hallamshires aceitavam, com algum orgulho, serem chamados de seus “ceifadores” por um oficial de quem eram fãs. Alguns elevaram suas habilidades em travar guerra psicológica a novas alturas, como o tocaieiro da Segunda Guerra Mundial, sargento John Fulcher, escreveu. Ele próprio, um índio sioux, comentou que “metade dos garotos no grupo de tocaieiros eram índios, incluindo dois sioux das Black Hills. Eu ouvi alguns dos outros GIs se referindo a nós como “selvagens”. Eles diziam, “o bando de guerra vai sair pro escalpo”. Eles diziam isso em admiração, e era desse modo que aceitávamos isso.” De fato, Fulcher e seus índios, ocasionalmente, escalparam alemães mortos, deixando-os ostensivamente colocados como aviso aos outros. Veio a informação de que qualquer tocaieiro ou índio capturado seria executado no ato. Mesmo no final dos anos 1980, uma seção de tocaieiros de um batalhão de infantaria de linha britânico era universalmente conhecida como “A Colônia dos Leprosos”.

DANDO O TIRO.

Como os tocaieiros operacionais se reconciliavam com natureza fundamental de sua profissão? A resposta jaz nos traços da personalidade dos homens, aliado a um misto de treino efetivo, entusiasmo, profissionalismo e pura determinação. Em algum momento, todos os tocaieiros tinham de tomar a decisão de puxar o gatilho, e todos reagiam ao desafio com diferentes emoções. O tocaieiro da Grande Guerra, Charles Burridge do Real Regimento da Rainha de West Surrey, contou ao autor que ainda podia ver o olhar de surpresa no rosto do primeiro alemão que baleou, e isso o assombrava. Outros assumiam um ponto de vista mais pragmático. O praça Francis Miller, cuja exuberante atitude para a tocaia na Segunda Guerra Mundial era, talvez atípica do tocaieiro comum, comentou que matar alemães, para ele era como um guri indo caçar ratos. Sem surpresa, estes homens que haviam caçado por esporte eram bem menos movidos pela emoção do evento do que pela pura excitação de conseguir um abate limpo. O tenente-coronel John George, um experiente caçador, recordava o momento em que baleou seu primeiro soldado japonês em Guadalcanal:

"Eu enquadrei seu queixo com a massa de mira – uma medida calculada para plantar a bala em algum lugar de seu peito em um alcance de 320 m. Então eu dei a última libra ou tanto das três libras da pressão no gatilho, uma “puxada gentil”. A mira assentou de volta, em tempo para eu ver a bala atingir o japa e espalhar areia atrás dele. Eu não posso lembrar o menor traço de pensar que eu havia acabado de matar um homem pela primeira vez. Tudo que eu lembro é de uma intensa excitação – a mesma que experimenta alguém que abate uma grande presa arduamente procurada como troféu.”

Para a maioria dos tocaieiros, disparar seu primeiro tiro de combate era o culminar de meses de estudo, prática e puro trabalho duro, e eles estavam, simplesmente, fazendo exatamente aquilo o que o seu treinamento os tinha ensinado a fazer. Mesmo tocaieiros que tinham considerável experiência de combate podiam descobrir que o teste de suas habilidades estava no limite de uma assustadora experiência. O praça dos Fuzileiros Navais americanos Daniel Cass e seu observador, praça Carter, estavam em uma crista em Okinawa tentando imaginar como lidar com ninhos de metralhadora japoneses, alguns há 1100 m de distância. Cass nunca tinha disparado em tais alcances antes, mas os fuzileiros navais estavam sofrendo pesadas baixas e ele tinha pouca escolha além de tentar, usando toda a habilidade e treinamento que pudesse reunir:

“Nós não tínhamos tempo para mais nada”, eu resmunguei, suando por cada poro em meu corpo. Respiração profunda. Segurar. Retículo, retículo, pressionar. Carter grunhiu “tudo certo!” enquanto meu primeiro projétil mergulhava na barricada inimiga. O fogo de metralhadora cessou. Vários minutos depois, figuras corriam das barricadas como ratos expulsos de um celeiro. Foi quando dei um profundo suspiro de alívio. Eu tinha feito o meu trabalho, não tinha? Abaixo no chão do vale, fuzileiros navais estavam começando a se pôr, cautelosamente, de pé. Um deles se voltou e acenou, nos agradecendo. Eu me senti muito bem com isso. Eu tinha dado um tiro danado de bom.”

Enquanto alguns tocaieiros consideravam seu trabalho como um exercício de técnica em lidar com as difíceis exigências do tiro, outros descobriam que matar nunca ficava fácil. Harry Furness disse que seu primeiro tiro foi bem instintivo enquanto “um grupo de alemães corria através da rua, na minha frente. Eu ergui meu fuzil e assestei a mira em um, dando um pouco de tempo para ele correr. Eu disparei e ele caiu, instantaneamente.” Essa seria a única vez que ele iria ver o resultado de seu trabalho de perto, pois, enquanto seu grupo de combate avançava, ele teve de saltar por cima do alemão morto, a quem ele relembra como sendo um jovem cabo, loiro e de boa aparência.” Ele detestou a experiência intensamente e nunca a repetiu deliberadamente. Fulcher relembra que o sombrio comportamento de sua seção voltou para assombrá-lo no tempo de paz:

“Mais tarde, muito mais tarde, quando os tempos eram de normalidade de novo, tudo isso me incomodou. Eu acordava algumas vezes, suando dos pesadelos. Mas naquela época e lugar, matar era um fato diário da vida... escalpar instilava o medo nos alemães. Isso os fazia supercautelosos e sem disposição para correr riscos. Isso ajudou a salvar vidas de GIs.”

James Gibbore serviu no Vietnam e escreveu francamente sobre seus sentimentos enquanto alvejava sentinelas inimigas:

“Você começa a tremer, seus joelhos começam a enfraquecer e você descobre que está mais e mais difícil respirar... você tenta se manter firme mas seu retículo balança por toda parte, você está tão excitado. Na sua mente você está pensando, o quão longe ele está? Onde eu enquadro? Um pouco mais alto, um pouco mais baixo? Eu sabia que se apenas ferisse um desses VC [vietcong] e não o matasse instantaneamente, ele iria gritar de dor, acordando e abalando o acampamento inteiro.”

O treinamento de Gibbore, e sua feroz determinação em ter sucesso, asseguravam que ele fez exatamente o que foi treinado para fazer, mas isso criava espectros em sua mente que o tempo não iria apagar:

“Você podia, você iria apertar o gatilho? Eu podia, eu iria tirar a vida de um homem, só porque ele era o inimigo? Eu iria ficar calmo o bastante para fazer todas essas coisas sobre as quais eu só tinha falado? Você podia fazer isso? Pense nisso. Agora, tente pensar como seria carregar essa imagem na sua mente todos os dias de sua vida. Esse foi o momento em que eu soube que havia involuído de um homem para algum tipo de animal... uma coisa. Eu nunca errei um tiro. Quatorze homens jaziam mortos... Eu contei cada um que abati enquanto puxava o gatilho contra eles. Essa é uma das imagens que minha mente carrega, e vai carregar por todos os dias da minha vida.”

Alguns, simplesmente, não se desempenhavam efetivamente e eram enviados de volta para retomar seus deveres normais de infantaria, enquanto outros foram incapazes de se ajustar mentalmente e se tornaram casos médicos. Joe Ward relembra de ver um camarada tocaieiro no Vietnam, olhos vidrados, contemplando o nada, esquecido do mundo em volta dele, incapaz de continuar lidando com sua profissão escolhida. Mesmo assim, a vasta maioria foi capaz de reconciliar seu dever com sua consciência e o “escudo dos tocaieiros”, embora invisível e anônimo, foi altamente eficiente pois há centenas, se não milhares de ex-militares vivos, hoje em dia, que agora estariam ocupando uns poucos palmos de terra em uma distante cova de guerra, se não fosse pela habilidade dos tocaieiros de seus batalhões. Como um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial disse, “toda vez que eu matava um tocaieiro inimigo, eu salvava as vidas de alguns de meus companheiros, embora muitos desses bundões jamais soubessem disso.”

Durante os conflitos do final do século XX, as expectativas das habilidades dos tocaieiros tinham crescido juntamente com o avanço da tecnologia que lhes permitia ver e atirar mais longe e mais precisamente do que nunca antes. Não que todas as guerras modernas sejam travadas ao longo de regras de combate organizadas, no entanto, e muitas, agora, envolvem complexas facções internas, linhas de combate muito fluídas e grandes distâncias. Operacionalmente esses conflitos são muito difíceis e, realmente, distinguir amigo de adversário é, às vezes, quase impossível. Durante a guerra civil angolana (1975-89), um irregular americano, empregado como tocaieiro, observou, desconcertado, enquanto soldados angolanos oponentes confraternizavam, ao passo que seus respectivos “conselheiros”, soviéticos, cubanos e franceses, sentavam para partilhar uma refeição. “Eu me perguntava que diabos estava acontecendo, e para quem, de fato, eu estava trabalhando. Eu comecei a ficar muito intranqüilo sobre aonde isso estava me levando.” Tocaieiros americanos na Somália estavam, às vezes, inseguros sobre contra qual lado disparar, se deviam abrir fogo por medo de matar soldados das facções erradas. Enquanto a guerra aberta ainda tenha ocorrido em lugares tais como as Malvinas ou o Golfo, “guerras limitadas”, como elas se tornaram conhecidas, ficaram mais freqüentes e pontos-quentes tais como o Vietnam, Somália, Bósnia ou Chechênia, se tornaram territórios férteis para o tocaieiro. Nessas chamadas “guerras sujas”, muitos tocaieiros foram utilizados para operações cobertas, onde eles eram lançados de helicóptero em localizações remotas, equipados com comida, munição e transmissões, e ordenados a criar tantos danos quanto pudessem. Essas missões, com freqüência, eram envolvidas em segredo e os tocaieiros sabiam que se os planos saíssem errados, eles podiam esperar pouca ou nenhuma ajuda à caminho. Adequadamente equipados, e com lançamentos pré-planejados de suprimentos, eles eram esperados sobreviver por dias ou semanas, relatando informações de volta para os quartéis-generais e semeando a destruição sempre que possível. Tal trabalho coberto, com pouca ou nenhuma sanção oficial, simplesmente reforçava para tocaieiro o fato de que, por mais altamente treinado que fosse, ele era dispensável. James Gibbore foi ordenado a tomar parte em uma missão clandestina e estava, compreensivelmente, alarmado em seu “briefing”:

“Essa missão é importante. Nós temos que mostrar ao VC que ele não está à salvo mesmo em lugares onde não se supunha que estivéssemos. Forças americanas não são permitidas estarem em qualquer lugar dentro dos países do Laos e do Camboja. Nós queremos atingir o Viet Cong onde ele nunca iria esperar que nós estivéssemos. Você não deve ser avistado. E acima de tudo não seja capturado! Nenhuma ajuda será enviada para você. Sua missão é, discretamente, pegar tantos VC quanto puder, usando a equipe das forças especiais como apoio.”

Apesar de ordens como essas, a maioria dos tocaieiros jamais titubeou em suas tarefas, independente do quão pesadamente estivessem as chances contra eles. Na Somália, dois tocaieiros do Exército dos Estados Unidos, sargento-mestre Gary Gordon e o sargento Randall Shughart foram em auxílio de um helicóptero americano abatido, com o pleno conhecimento de que eles tinham insuficiente munição de fuzil para manter os insurgentes afastados por muito tempo, e ambos recorreram ao uso de suas pistolas no momento em que foram avassalados e mortos. Apesar disso, suas ações salvaram a tripulação e ambos foram, postumamente, recompensados com a mais alta condecoração da América, a Medalha de Honra.




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#27 Mensagem por Beronha » Qua Jun 20, 2007 5:56 pm

Parabens clernont e muito obrigado...

vou imprimir para ler depois




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#28 Mensagem por Fábio Nascimento » Qui Jun 21, 2007 4:28 pm

Bolovo escreveu:
morcego escreveu:eu sou um TOCAIEIRO, MAIS CONHECIDO COMO """ C A M P E R """ heahehaheaheahehaeh qualquer dia podemos jogar COUNTER-STRIKE, OU bf-1942.

BF1942 é tudo. :D


Dá para jogar em rede como o CS??
sem internet?




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Re: Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

#29 Mensagem por Clermont » Qua Jun 18, 2008 1:14 pm

VASSILY ZAITSEV.

Voz da Rússia – Sessenta Anos de Stalingrado.

A Segunda Guerra Mundial estava no seu auge. A inteligência do Exército soviético descobriu que o comando nazista estava muito preocupado com a atividade dos tocaieiros soviéticos. Um especialista de alto gabarito tinha sido despachado de Berlim para Stalingrado. Sua tarefa era neutralizar tantos tocaieiros soviéticos quanto possível. No dia seguinte à sua chegada, o tocaieiro alemão matou dois tocaieiros soviéticos. Isso era um desafio, e Vassily Zaitsev, um dos melhores tocaieiros no Exército soviético, decidiu responder a ele. Um duelo entre os dois tocaieiros começou e entrou para a história da arte militar.

Nascido na Sibéria, Vassily Zaitsev juntou-se às expedições de caça de seu avô, na idade de quatro anos. Ele caçava esquilos com um arco feito em casa. Quando completou doze anos, recebeu um fuzil, com o qual passou a caçar, desde então.

De fato, nem todo bom atirador pode se tornar um tocaieiro. Uma coisa é atingir alvos numa raia de tiro ou numa galeria e outra, bem diferente, é engajar-se em duelos contra atiradores inimigos. A arte do tiro de tocaia exige, não só coragem, mas também paciência sobre-humana, calma, capacidade de observação, obstinação, rapidez de pensamento. Um tocaieiro precisa ser capaz de cumprir pequenas tarefas táticas.

Vassily Zaitsev, habilmente, ocultava suas posições, todas as vezes. Os alemães não podiam divisá-lo, e mesmo seus camaradas de armas, o perdiam de vista. Ele se disfarçava como uma rocha coberta de musgo, como um fardo de trigo, ou um toco de árvore, ou uma chaminé de uma casa incendiada.

Quando a guerra começou, Zaitsev tinha 26 anos. Ele foi considerado um virtuoso na tocaia, mas foi enviado para servir na Marinha. Seu talento só recebeu a devida atenção, em setembro de 1942, e em 21 de outubro, Zaitsev juntou-se a um grupo de tocaieiros em Stalingrado...

Era bem cedo da manhã, quando ele começou a procurar o novo super-atirador nazista. Zaitsev camuflou-se em sua posição, como se usasse o chapéu de Fortunato, não um capacete com cobertura verde. (”Chapéu de Fortunato” é uma lenda medieval, um chapéu mágico que transportava seu dono à qualquer parte. Clermont também é cultura...).

Ele se perguntava onde estaria o tocaieiro de Berlim. Vassily conhecia as manhas dos tocaieiros nazistas; ele podia distinguir, facilmente, os atiradores mais experimentados dos noviços, julgando pelo modo de seus disparos e camuflagem. Ele podia, também, ver quais deles eram medrosos e quais eram inimigos obstinados e resolutos. Mas o caráter de seu novo adversário era um mistério para ele. Era difícil determinar onde o tocaieiro nazista tinha assumido sua posição. Evidentemente, o recém-chegado mudava de posição, com freqüência e buscava por Vassily, também. E, então, Zaitsev soube que o inimigo tinha destruído a mira telescópica do fuzil de seu amigo e ferido outro tocaieiro soviético. Os dois homens eram tocaieiros experimentados que, freqüentemente, tinham levado vantagem em duros engajamentos com o inimigo. Não havia dúvida de que tinham encontrado o super-atirador nazista que estavam procurando.

O duelo continuou por vários dias e ambos os lados se observavam, cuidadosamente. Ao contrário do alemão que trabalhava sozinho, Zaitsev tinha um parceiro, Nikolai Kulikov. Eles estudaram cada detalhe do terreno, levando em conta cada uma das ruas vizinhas, as ruínas dos edifícios, as carcaças dos automóveis – todos os lugares que o inimigo podia utilizar como abrigo.

O tocaieiro nazista começou com uma tentativa de trapacear suas contrapartes russas, com o uso de um truque de criança – ele fincou uma pá com um capacete nela.. Mas Zaitsev era sabido demais para cair nessa. Portanto, o primeiro dia foi passado com tentativas para tapear, um ao outro. No segundo dia, o alemão se ocultou nas ruínas e começou a aguardar, pacientemente, por sua chance. Mas Zaitsev e seu parceiro tinham nervos de aço.

Observando cada metro quadrado do território inimigo, com seu binóculo, Zaitsev observou uma placa de aço, inclinada sobre o canto de uma casa, e coberta com tijolos. Este era um abrigo ideal para um tocaieiro. Mas, como o inimigo poderia ser forçado a se revelar? Agora, tinha chegado o momento para Zaitsev testar o quão forte eram os nervos do inimigo. Ele pôs sua luva num pau e o fincou, fora de sua trincheira. O alemão mordeu a isca e abriu fogo. No entanto, Zaitsev não pode tirar o tocaieiro de sua posição, portanto, ele teve de rastejar para outro lugar. Mas, quanto alcançou o novo abrigo, descobriu que não era bom: o sol brilhava direto nos seus olhos. Sendo assim, ele teve de esperar de novo.

O duelo terminou no quarto dia. O parceiro de Zaitsev abriu fogo, para atrair a atenção do alemão, para si, mas este ignorou o truque. Umas poucas horas depois, quando Kulikov ergueu seu capacete sobre a trincheira, os nervos do inimigo cederam, e ele disparou. Kulikov reagiu com um gemido, como se tivesse sido ferido. O alemão acreditou, ergueu sua cabeça para fora do abrigo e tomou uma bala de Zaitsev, direto na testa.

“O duelo durou três dias, mas terminou em nossa vitória, em questão de segundos,” disse Zaitsev, descrevendo o duelo. “O alemão estava bem-preparado para ele. Já tinha liquidado dois tocaieiros soviéticos antes disso. Mas, com a ajuda de meus camaradas-de-armas, também tocaieiros, cujas posições estavam próximas às minhas, eu consegui liquidá-lo. Eu não sabia que tipo de tocaieiro eles tinham trazido para Stalingrado, mas quando o tiramos de seu abrigo, descobrimos que ele era o chefe da escola de tocaieiros, baseada em Berlim. No total, liquidamos 242 nazistas em Stalingrado. Meus amigos e pupilos, também, eliminaram muitos deles. Eu treinei trinta tocaieiros que mataram 1126 nazistas durante a guerra.

No Dia da Vitória, Vassily Zaitsev se permitiu disparar uma bala, à toa. Ele disparou para o ar, para saudar nossa vitória, juntando-se aos outros soldados soviéticos que disparavam uma salva de suas armas, de vários calibres, fora do edifício do Reichstag, em Berlim, em 9 de maio de 1945.




HIGGINS

Re: Tocaieiros alemães da Segunda Guerra Mundial

#30 Mensagem por HIGGINS » Sex Set 26, 2008 7:18 pm

Bem diferente da versão cinematográfica...




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