PONTES VAI PRO ESPAÇO

[MILEO]

Primeiro Astronauta Brasileiro no espaco e a globo em vez de mostrar exclusivamente ao vivo preferio mostrar jogo de futebol...Lamentavel

AINDA BEM QUE EXISTE A BANDNEWS

Ainda bem mesmo, apesar que o fisico que tava comentando era meio atrapalhado, mas tudo bem, valeu mesmo assim.

[Brigadeiro]

Ontem na transmissão da GLOBO news, um cara do nosso setor espacial estava lá comentando e tal. Durante a transmissão questionou-se o "alto valor" pago pelo "passeio". A resposta foi que não era apenas o vôo, que havia outras coisas incluídas no acordo de cooperação Brasil X Rússia. O cara falou que os russos já estão ajudando na solução de problemas do VLS e na tecnologia de propelente sólido. Falou que os dois países tem interesses semelhantes, que os russos tem interesse em usar Alcântara para lançar seus foguetes e etc, etc, etc. Achei muito bom saber que não se pagou apenas por um "passeio espacial", como parte da mídia e certos membros da comunidade científica sugerem. Ontem mesmo vi um cara(físico) da SBPC dizer que era muito dinheiro para "apenas" um vôo e que este dinheiro seria melhor usado para isso e aquilo.

Parabéns ao Brasil!!!!

Eu estava ouvindo a CBN e o Eródoto estava entrevistando um físico da USP que criticou muito a ida do Marcos Pontes à ISS... Acho que isso é uma falta de visão tremenda!! Concordo que, científicamente falando, a ida do Tenente-Coronel não tem muita importância, mas temos que levar em consideração que o nosso Programa Espacial não estava sendo bem visto pela sociedade. Durante anos foi levado meio "nas coxa" e não foi dado a importância necessária para o MECB... Agora, creio que muitos vão se interessar pelo assunto e vão querer ser profissionais na área aeroespacial, justamente para fazer o Brasil chegar mais longe... Afinal de contas, se ele pode.....

Sabem, ontem eu até matei aula na facul para vê-lo partir. Assisti toda a transmissão pela Band News. Confesso que, mesmo não sendo emotivo, fiquei muito feliz e bastante sensibilizado quando mostraram o nosso astronauta durante a decolagem, na hora em que ele apontou para a bandeira brasileira e para o cima. Aquela ato que valeu muito mais do que um discurso ou um pronunciamento, era prova de que somos capazes de irmos além, de chegar mais longe... Não era uma bandeira que ele tava apontando, mas para todo o brasileiro... Isso renova a esperança e a moral de todo mundo e prova, mais uma vez, que podemos chegar onde quisermos, independentemente das circunstâncias!

Parabéns Pontes, parabéns Brasil!

[]'s

[Slip Junior]

O cara falou que os russos já estão ajudando na solução de problemas do VLS e na tecnologia de propelente sólido.

Alguém se confundiu ai (você ou o cara que deu a entrevista) porque a ajuda russa é principalmente na área de propolente líquido.

Já agora pro pessoal que gosta de sacanear os chilenos ai vai uma boa: o Chile possui também um astronauta (Klaus von Storch - ex-comandante da FACh) em treinamento na Rússia que aguarda desde antes do brasileiro a sua ida para o espaço como parte de um acordo assinado entre uma entidade chilena e a agência espacial russa que possui termos semelhantes ao que possibilitaram a viagem do Marcos Pontes que foi iniciada ontem. Sua viagem ainda não tem uma data confirmada...

Abraços

[trabuco]

Pessoal, a "viagem" de nosso astronauta foi muito barata. Passou da hora de enviarmos nosso astronauta.

Precisamos ousar em sonhar mais alto, e foi o que Marcos Pontes fez. É hora de acabarmos com a "síndrome do vira-lata", acabar com esse complexo de inferioridade e querer mais para nós mesmos. Essa é a mensagem de Marcos Pontes!!!

Os que criticam falam que é apenas uma "viagem", mas serão realizados experimentos produzidos pelas nossas faculdades, fora o simbolismo que a missão nos traz. É hora de nos orgulhar de quem superou vários obstáculos.... Viva Marcos Pontes!!!

Esses mesmos que criticam falam que foi muito caro a "viagem", levando um terço do orçamento da área espacial. Ora, será que a missão foi cara ou o orçamento que é ridiculamente baixo??? Um escandalo de corrupção no Brasil envolve muito mais dinheiro que isso...

O que eu espero é a missão tome uma dimensão política maior para mais investimentos na área espacial!!!

Façamos como Marcos Pontes pediu: coloque sua bandeira do brasil na varanda de casa!



Veja a reportagem da Defesanet sobre o custo da viagem:

http://www.defesanet.com.br/space/mileski_russa.htm

Camaradagem

O vôo de Pontes sairá por US$ 10 milhões, enquanto que o do norte-americano Jeffrey Williams, que voará junto com ele, custará à NASA cerca de US$ 21 milhões, mais caro até mesmo que os vôos dos turistas espaciais Dennis Tito, Mark Shuttleworth e Greg Olsen, que custaram cada um US$ 20 milhões! A camaradagem de Moscou também se estendeu às complicadas negociações para a realização da missão, que culminaram com o aceite por parte da Roscomos do integrante brasileiro na tripulação da Soyuz TMA-8 faltando menos de seis meses para a sua decolagem. O período de treinamento e adaptação de Pontes aos sistemas e técnicas russas é curto, mas viável dada a sua formação de astronauta na NASA, iniciada em 1998.

A Rússia tem acordos para o envio de outros cosmonautas ao espaço com o Chile, Coréia do Sul e Malásia , fechados antes que o acordo com o Brasil. Estes vôos, no entanto, deverão ocorrer após 2006, isto é, o Brasil se atrasou para fechar o negócio, mas dadas determinadas circunstâncias o astronauta brasileiro será o primeiro a voar, "furando, com todo o respeito, a fila". Tais concessões são reflexos do bom relacionamento diplomático entre os dois países, e contém nas entrelinhas interesses comerciais russos, em especial no setor aeroespacial.

[César]

Parabéns ao nosso astronauta Marcos Pontes!!! Este é sim um excelente exemplo de esforço, dedicação e perseverança. Parabéns para ele!

Agora, sobre o lançamento: Eu sou um dos críticos aqui do lançamento. Sim, acho que ele trás benefícios políticos. Acho que ele dá mais visibilidade ao programa espacial e tudo mais. Mas a questão não é essa.

Vou falar a história que ouvi até aqui. Se estiver errado, por favor, me corrijam: O Brasil foi uma das 15 nações signatárias que concordaram em ajudar na construção da ISS. Se cumprisse todos os compromissos assumidos, ele teria entre um de seus direitos o lançamento de um astronauta brasileiro, de graça, para a ISS.

Ocorre que o Brasil não cumpriu com a sua promessa, principalmente(imagino) por falta de verbas para pesquisa. Portanto, o direito do Brasileiro viajar de graça(ou pelo menos com um custo muito baixo) devido ao mérito desapareceu.

Literalmente, o que o Brasil fez foi comprar uma passagem de um cidadão extremamente preparado para o espaço. Tá ligado aqueles milionários que pagam uma grana para ficarem no espaço poucos dias? Eles existem e um deles já até voou, lembram? O Brasil fez a mesma coisa que esses milionários. Pagou por uma passagem, mesmo que com desconto.

O que argumento é que, embora o Marcos Pontes seja uma pessoa fantástica e ele mereça esse prêmio, o Brasil não o mereceu. Se ele fosse pelo mérito do Brasil em cumprir as suas promessas, e se o programa espacial Brasileiro realmente tivesse investimentos, caramba, eu estaria extremamente orgulhoso em vê-lo voar na Soyus.

Agora eu estou apenas orgulhoso, e por ele, não por essa jogada política do governo. Essa espécie de maquiagem, que tenta ocultar os graves problemas do problema espacial com relação a verbas.

No mais, fiquei muito emocionado com o lançamento. Muito lindo mesmo.

Primeiro Astronauta Brasileiro no espaco e a globo em vez de mostrar exclusivamente ao vivo preferio mostrar jogo de futebol...Lamentavel

Ahh, e eu, tive que ver o lançamento pelo programa do Leão, na Band!!!!!

Essa Globo eu vou te dizer...Só mostrou o momento do lançamento, nada mais, e apenas com os comentários do narrador de Atlético de Ibirama X Figueirense!!!

Abraços

César

[Slip Junior]

César, o negócio por ai mas não exatamente. Não é que o Brasil descumpriu todos seus compromissos com a ISS e por isso teve o vôo do Marcos cancelado mas sim que foi capaz de honrar apenas cerca de metade do investimento prometido e teve que renegociar o desenvolvimento dos itens previstos para um número menor de equipamentos. Isso tudo certamente acarretou em um atraso do vôo do nosso compatriota mas o que principalmente motivo para a negociação dessa viagem na Soyuz foi o acidente com o Columbia em 2003 que praticamente paralisou todo o programa de vôos tripulados da NASA. Vou tentar achar um artigo sobre isso para postar aqui.

Abraços

[César]

César, o negócio por ai mas não exatamente. Não é que o Brasil descumpriu todos seus compromissos com a ISS e por isso teve o vôo do Marcos cancelado mas sim que foi capaz de honrar apenas cerca de metade do investimento prometido e teve que renegociar o desenvolvimento dos itens previstos para um número menor de equipamentos. Isso tudo certamente acarretou em um atraso do vôo do nosso compatriota mas o que principalmente motivo para a negociação dessa viagem na Soyuz foi o acidente com o Columbia em 2003 que praticamente paralisou todo o programa de vôos tripulados da NASA. Vou tentar achar um artigo sobre isso para postar aqui.

Abraços

Valeu Slip,

Mas, se o Brasil honrasse todos os compromissos inicialmente assumidos, ele teria que pagar pela passagem mesmo assim? Tinha ouvido falar que não.

Abraços

César

[Slip Junior]

Mas, se o Brasil honrasse todos os compromissos inicialmente assumidos, ele teria que pagar pela passagem mesmo assim? Tinha ouvido falar que não.

Se fosse para viajar de Soyuz: sim.O que acontece é que pelo acordo firmado, a "passagem" seria em um Space Shuttle mas esses voaram apenas uma única vez desde 2003. Devido ao grande atraso que ocorreu com esse vôo "grátis", o governo brasileiro (de uma maneira um tanto eleitoreira) resolveu pagar uma viagem em uma Soyuz. Mas a viagem do Pontes em um Shuttle ainda continua de pé e, caso não ocorram maiores problemas nos próximos anos, deve ocorrer em 2009/2010.

Abraços

[César]

Ahhh, tá certo. Valeu!

Não sabia que a viagem havia sido reservada apenas aos ônibus espaciais americanos.

[Carlos]

Pontualmente às 8h30m18s desta quinta-feira (23h30m18s de quarta-feira, em Brasília), a explosão provocada pelo acionamento dos foguetes acoplados à nave espacial Soyuz TMA-8, que levou o primeiro brasileiro, ao espaço ressonou nos campos desertos do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

Durante sua permanência no espaço, Pontes vai se comunicar com a Terra várias vezes por dia. No dia 1º de abril, a nave deve se acoplar à Estação Espacial Internacional. O custo da viagem para o governo brasileiro foi de cerca de US$ 10 milhões, metade do preço cobrado pelos russos para esse tipo de missão graças a uma parceria firmada entre Brasil e Rússia.

fonte e citações: http://www.bbc.co.uk/portuguese/

[César]

Marcos Pontes e nave Soyuz chegam a estação espacial

01/04 - 08:15 /

MOSCOU (Reuters) - A nave Soyuz, que levava o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, além de um russo e um norte-americano, chegou à Estação Espacial Internacional (ISS) neste sábado, dois dias após decolar da Terra.

"A acoplagem foi suave e a tripulação agora está se preparando para abrir as escotilhas e entrar na ISS", informou um porta-voz do controle da missão.

Pontes, um militar brasileiro de 43 anos, está acompanhado do cosmonauta russo Pavel Vinogradoc e do astronauta norte-americano Jeffrey Williams. Os dois últimos ficarão na estação durante seis meses e o brasileiro, pouco mais de uma semana.

Dezenas de autoridades brasileiras, russas e norte-americanas no Controle da Missão assistiram em um telão os astronautas que deixarão a estação -- o norte-americano Bill McArthur e o russo Valery Tokarev -- dando as boas-vindas aos astronautas que chegavam.

"Marcos está bem?" foi a primeira pergunta de Tokarev quando a escotilha foi aberta. Depois de segundos, um alegre Marcos Pontes pode ser visto flutuando para dentro da estação agitando uma bandeira do Brasil.

Abraços

César

[Carlos Mathias]

Alguém se confundiu ai (você ou o cara que deu a entrevista) porque a ajuda russa é principalmente na área de propolente líquido.

Isso era naquele acordo com a Ucrânia e o lançador Cyclone. Esse sim era de propelente líquido, mas acho que babou ou ficou em segundo plano. Nosso interesse é no propelente sólido, mais seguro e com "segundo uso" mais fácil!

[rodrigo]

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Os responsáveis pelo nosso atraso na pesquisa espacial


A explosão do foguete na base de Alcântara, no Maranhão, exige uma profunda análise das suas causas. Acidentes durante os lançamentos não são motivos para que se abandone o programa espacial de 42 anos que, apesar de muito atrasado, já deu alguns excelentes resultados, em particular na realização do projeto do Satélite de Coleta de Dados (SCD – 1) – primeiro satélite com tecnologia nacional –, lançado com foguete estrangeiro.

Nesse período, uma das decisões mais sábias ocorreu durante o governo de José Sarney, quando foi assinado o acordo de cooperação com a China para a construção de dois satélites de sensoriamento remoto – os China-Brasil Earth Resources Satellites – CBERS (Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Terrestres), lançados pelos foguetes chineses da série Longa Marcha.

O que nos falta é um lançador de satélites. O projeto deste lançador brasileiro o VLS – Veículo Lançador de Satélites -, aprovado no Segundo Seminário de Atividades Espaciais, realizado no INPE, em novembro de 1979, no âmbito da chamada Missão Espacial de Completa Brasileira (MECB), ficou a cargo do Instituto de Atividades Espaciais (IAE) do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) assim como a Base de Lançamentos. Depois de 20 anos – um intervalo longo demais para um projeto dessa natureza, tendo em vista o rápido desenvolvimento das tecnologias espaciais – foi feito um primeiro teste em 2 de novembro de 1997; um segundo, em dezembro de 1999 e, finalmente, preparado um terceiro que seria lançado quase quatro anos depois, que não chegou a ser lançado em virtude da explosão do foguete ainda na torre de lançamento, provavelmente em conseqüência de uma falha humana.

Qual o motivo destes 20 anos para iniciar o programa? Ausência de incentivo por parte do governo, que não deu o apoio necessário às pesquisas. Na realidade, os três acidentes deveriam ter ocorrido pelo menos no fim dos anos de 1980, ainda no período do regime militar. Os satélites SCD, concluídos com atraso no início da década de 1990 deveriam ter sido lançados pelo VLS. Não foram. Pagou-se o preço de dois VLS para lançar cada um deles.

O mais grave foi a preparação do lançamento do terceiro protótipo do VLS. De maio a outubro de 2002, a direção do CTA reduziu a jornada de trabalho para reduzir os gastos com alimentação e energia elétrica, na tentativa de viabilizar o lançamento do VLS. Nesse período, durante as terças e quintas-feiras, os funcionários começavam a trabalhar a partir das 13 horas. Nas sextas-feiras, o expediente ia das 07h30min às 12 horas. Tudo isto para que o projeto não tivesse uma parada. O presidente da República, FHC, em virtude do atraso na aprovação da CPMF, bloqueou a verba destinada ao projeto. Apesar da contribuição ter sido aprovada no Congresso, o governo manteve o bloqueio que atingiu também a Marinha e o Exército. Tal situação foi agravada com a fuga de engenheiros especializados em virtude dos salários: um PhD recebe um salário de 2 mil reais por mês.

Aos que, por idealismo, permanecem, só resta uma sobrecarga de trabalho e uma insegurança financeira causadora de stress, o pior inimigo de um trabalho de tamanha precisão e responsabilidade.

O projeto não pode e nem deve ser abandonado. No entanto, é necessária uma revisão do programa, que deve estar defasado em relação às novas tecnologias espaciais que surgiram nesse longo período. O Brasil já deveria estar dominando a tecnologia dos combustíveis líquidos como a Índia, que possui lançadores e satélites de telecomunicação, espionagem etc.

Acidentes acontecem, mas estarmos tão atrasados em relação à Índia, que começou junto com o Brasil, só tem uma explicação: faltou o incentivo e a decisão política dos nossos governantes e políticos dos últimos quatro decênios.



Orçamentos reservados ao programa espacial brasileiro em milhões de reais:



Ano
Presidente
Milhões de reais

1980
João Baptista Figueiredo
03.711

1981
João Baptista Figueiredo
59.165

1982
João Baptista Figueiredo
48.841

1983
João Baptista Figueiredo
66.982

1984
João Baptista Figueiredo
143.549

1985
João Baptista Figueiredo
229.163

1986
José Sarney
225.890

1987
José Sarney
200.446

1988
José Sarney
255.342

1989
José Sarney
149.274

1990
José Sarney
70.239

1991
Fernando Collor
69.038

1992
Fernando Collor
42.805

1993
Itamar Franco
56.928

1994
Itamar Franco
74.182

1995
Itamar Franco
105.172

1996
Fernando Henrique Cardoso
85.053

1997
Fernando Henrique Cardoso
54.100

1998
Fernando Henrique Cardoso
53.416

1999
Fernando Henrique Cardoso
72.457

2000
Fernando Henrique Cardoso
62.774

2001
Fernando Henrique Cardoso
98.141

2002
Fernando Henrique Cardoso
98.459

2003
Lula
65.604


Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, astrônomo, doutor pela Universidade de Paris. Artigo publicado no "Anuário de Astronomia”.

http://www.claudiohumberto.com.br/Artig ... fault.aspx

[Guilherme]

1º DE ABRIL

Há turistas e turistas. Eu, que já residi bom tempo na Europa, não resisto a turismos ocasionais. Turismo é bom. As preocupações de um turista são o terrível dilema de em qual restaurante comer, qual ópera assistir, qual museu visitar e assim por diante. Ao voltar, volta com uma visão idílica do país visitado. Já o residente tem outros problemas, tipo encontrar apartamento para alugar, pagar taxas inerentes à residência, renovar visto de residente na polícia, enfim, uma série de pequenos aborrecimentos dos quais o turista está isento. A visão do residente sobre o país em que reside é sempre menos deslumbrada que a do turista do país em que visita. Residir tem seus desconfortos.

Morei na Europa e também fiz muito turismo por lá. Em geral, conciliando passeio com trabalho. Nos últimos anos, tenho me dado ao luxo de passear sem trabalhar. Já fui pago por Estados e instituições, sempre estrangeiras, insisto em salientar, pois do Brasil jamais recebi um vintém. Se já viajei como jornalista, bolsista ou convidado de colóquios ou festivais, hoje pago minhas viagens com meus dinheiros. Quando fui à Rússia em 2001, a agência de turismo com a qual negociava ofereceu-me vôos espaciais. Nada de estações orbitais, bem entendido, mas eu poderia dar-me ao luxo de "pilotar" MIGs (23, 25 ou 29, à minha escolha) ou de experimentar as sensações de gravidade zero, por vinte minutos, tudo isso por módicos 15 ou 20 mil dólares. Decolando de Baikonur. Com sua indústria espacial estagnada, a ex-todo poderosa Rússia resolveu reciclar em turismo sua sucata tecnológica.

Declinei da oferta. Quinze ou 20 mil dólares me parecem muita grana para meia hora de lazer. Não pensa o mesmo o governo brasileiro, ao pagar dez milhões de dólares para mandar um garoto-propaganda ao espaço. O coronel Marcos César Pontes, nova estrela de uma mídia deslumbrada com futilidades, ficará oito dias em órbita. Ou seja, 1,25 milhão de dólares por dia de hospedagem. Confesso que jamais me ocorreu reservar hotel tão caro. Primeiro, porque não teria como pagar nem mesmo um dia. Se convidado fosse pelo rico e generoso Estado brasileiro, sentir-me-ia constrangido ao contemplar, em órbita, o traçado das favelas que o rico e generoso Estado brasileiro não consegue coibir e nem mesmo controlar. A título de comparação, uma noite no Burj Al Arab, no Dubai, talvez o hotel mais sofisticado do mundo, está custando a bagatela de 1.325 dólares. O Brasil está pagando, aproximadamente, mais de 7.500 noites num Burj Al Arab ao coronel Pontes.

Há quem tenha vaidade suficiente para tanto. Dois milionários, o americano Dennis Tito e o sul-africano Mark Shuttleworth, desembolsaram 20 milhões de dólares cada um à Agência Espacial Russa para passar uma semana em órbita. Com duas ou três diferenças. Pagaram de seu próprio bolso, sem onerar seus Estados. Não serviram de garotos-propaganda para presidentes com ambições de reeleição. Nem voltaram como heróis. Apenas como milionários extravagantes, cuja fortuna lhes permitia tais luxos.

A velha Rússia comunista revelou-se exímia na busca de dinheiro privado para suas aventuras espaciais. Em 2000, da mesma Baikonur de onde decolou o coronel Pontes, subiu ao espaço uma Soyuz com propaganda de uma rede de pizzarias e usou seus cosmonautas - russo não é astronauta, é cosmonauta - para divulgar máquinas fotográficas. Mas tampouco recusa dinheiro público, preferentemente se não sair do falido Estado russo. O Brasil, esta esplêndida e próspera nação governada pelo PT, teve um desconto de camarada para camarada.

O tour - que poderia muito bem se chamar Cosmos Maravilhoso - ficou pela metade do preço, mas a Rússia levou um troco de não se jogar fora, a utilização da base de Alcântara para lançamentos espaciais. Cientistas que trabalham na incipiente indústria espacial brasileira estão estrilando, e com razão. Os dez milhões de dólares que seriam muito oportunos à pesquisa, estão sendo volatilizados para que o novo "herói" da pátria amada faça um aceno eleitoral ao Supremo Apedeuta da nação. Ora, direis, se o governo paga, que mal tem? Ocorre que governo não paga nada. Quem paga é o contribuinte.

Pontes voltará às terras de Pindorama como astronauta e herói. Não é nenhum dos dois. Ser astronauta é profissão, não turismo financiado por contribuintes. Astronauta é quem fica seis meses em órbita, com todos os riscos de vida e saúde inerentes à prolongada exposição à gravidade zero. O turista tupiniquim curtirá as emoções da viagem. Voltará com uma visão idílica do espaço. Dos desconfortos do residir, nem pensar.

Herói muito menos, ou teríamos de conferir o título a todo turista. (A imprensa brasileira tem fome de heróis. Até uma cadela, a Catita, já foi entronizada como heroína). A melhor definição para nosso subsidiado passageiro vem da ficção científica. Está mais para alien. Pegou carona numa nave de outra civilização, invadiu uma estação orbital sem ter porquê e logo será ejetado para não atrapalhar a vida a bordo.

Assim, leitor, quando assistir às imagens do coronel Pontes em gravidade zero, sinta também os dólares decolando de seu bolso rumo ao espaço sideral para financiar este turismo estúpido. Que só serve para inflar a vaidade fátua de um país que não consegue mandar ao espaço e trazer de volta viva nem mesmo uma pulga. Mas astronauta nós já temos.

Quiseram os deuses do Acaso que nosso privilegiado turista espacial entrasse na estação orbital em uma data emblemática: 1° de abril. Dia dos bobos, espécimes que proliferam cada vez mais aceleradamente no Brasil. Nas últimas eleições, já eram 53 milhões.

http://cristaldo.blogspot.com/

[Vinicius Pimenta]

Quem foi o digníssimo autor que vomitou essa pérola? Entendente tanto de programa espacial quanto eu entendo de física quântica.