Iraque - Noticias de Guerra
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Carreira militar já não atrai tanto os imigrantes nos EUA
Número de voluntários estrangeiros, como o brasileiro morto na sexta-feira, caiu 20% entre 2001 e 2004
Paulo Sotero
CORRESPONDENTE
WASHINGTON
O fuzileiro naval Felipe Barbosa - o brasileiro de 22 anos que morreu na sexta-feira perto de Faluja - e os dois outros brasileiros que atuam como marines no Iraque são parte de uma minoria declinante de imigrantes que se alistam como voluntários nas Forças Armadas dos EUA. Entre 2001 e 2004, a queda do recrutamento dessa categoria de soldados caiu 20% - de 11.829 para 9.477 -, bem mais do que o recrutamento de americanos, que diminuiu 12% nesse período.
Embora não haja números mais recentes, o agravamento da crise no alistamento de voluntários - pela primeira vez, a cota de quase 170 mil novos recrutas não foi alcançada, no ano passado - indica que a tendência entre os imigrantes também continua e os incentivos oferecidos pelas Forças Armadas já não atraem como antes os jovens estrangeiros.
De acordo com o Pentágono, há cerca de 37 mil imigrantes no serviço militar ativo. Cerca de um terço é de hispânicos. São conhecidos como "soldados green card" (numa alusão ao cobiçado cartão de residência dos EUA). No Iraque e no Afeganistão, eles representam menos de 3% das forças de combate, mas uma proporção bem maior - de 8% - das baixas totais.
A obtenção da cidadania americana no prazo de um ano de residência legal (em lugar dos cinco anos para os demais imigrantes) é um dos incentivos para atrair recrutas não-americanos. Outros são o pagamento de até quatro anos de universidade e de um bônus que pode chegar a US$ 40 mil ao final de quatro anos de serviço. Mas as bolsas de estudos e o bônus de US$ 40 mil estão reservados aos recrutas que obtêm boas notas nos testes de entrada. Não era o caso de Barbosa.
Segundo sua família, ele sempre sonhou ser militar. Queria caçar Saddam Hussein. Mas foi mal nos testes e acabou rejeitado três vezes. Sua aceitação, na quarta vez em que se apresentou, atesta sua determinação de ser marine. Mas pode refletir, também, um problema sobre o qual os próprios recrutadores já se manifestam pela imprensa: a pressão de seus superiores para fazer vista grossa a certas exigências, baixar o padrão de seleção e preencher as cotas de novos soldados para uma força que já luta no limite da capacidade.
Número de voluntários estrangeiros, como o brasileiro morto na sexta-feira, caiu 20% entre 2001 e 2004
Paulo Sotero
CORRESPONDENTE
WASHINGTON
O fuzileiro naval Felipe Barbosa - o brasileiro de 22 anos que morreu na sexta-feira perto de Faluja - e os dois outros brasileiros que atuam como marines no Iraque são parte de uma minoria declinante de imigrantes que se alistam como voluntários nas Forças Armadas dos EUA. Entre 2001 e 2004, a queda do recrutamento dessa categoria de soldados caiu 20% - de 11.829 para 9.477 -, bem mais do que o recrutamento de americanos, que diminuiu 12% nesse período.
Embora não haja números mais recentes, o agravamento da crise no alistamento de voluntários - pela primeira vez, a cota de quase 170 mil novos recrutas não foi alcançada, no ano passado - indica que a tendência entre os imigrantes também continua e os incentivos oferecidos pelas Forças Armadas já não atraem como antes os jovens estrangeiros.
De acordo com o Pentágono, há cerca de 37 mil imigrantes no serviço militar ativo. Cerca de um terço é de hispânicos. São conhecidos como "soldados green card" (numa alusão ao cobiçado cartão de residência dos EUA). No Iraque e no Afeganistão, eles representam menos de 3% das forças de combate, mas uma proporção bem maior - de 8% - das baixas totais.
A obtenção da cidadania americana no prazo de um ano de residência legal (em lugar dos cinco anos para os demais imigrantes) é um dos incentivos para atrair recrutas não-americanos. Outros são o pagamento de até quatro anos de universidade e de um bônus que pode chegar a US$ 40 mil ao final de quatro anos de serviço. Mas as bolsas de estudos e o bônus de US$ 40 mil estão reservados aos recrutas que obtêm boas notas nos testes de entrada. Não era o caso de Barbosa.
Segundo sua família, ele sempre sonhou ser militar. Queria caçar Saddam Hussein. Mas foi mal nos testes e acabou rejeitado três vezes. Sua aceitação, na quarta vez em que se apresentou, atesta sua determinação de ser marine. Mas pode refletir, também, um problema sobre o qual os próprios recrutadores já se manifestam pela imprensa: a pressão de seus superiores para fazer vista grossa a certas exigências, baixar o padrão de seleção e preencher as cotas de novos soldados para uma força que já luta no limite da capacidade.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- J.Ricardo
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Corpo de "soldado brasileiro" é velado nos EUA
Da Redação
Em São Paulo
O corpo do brasileiro Felipe Carvalho Barbosa, 21, do corpo de fuzileiros da Marinha americana, foi velado nesta segunda-feira em um aigreja na Carolina do Norte (EUA).
Robson de Lima Barbosa beija o rosto do irmão, Felipe, na Carolina do Norte
Ele era um dos três fuzileiros navais dos EUA nascidos no Brasil. Barbosa morreu na última sexta-feira (27) após sofrer um acidente de caminhão em Fallujah, a 50 km de Bagdá.
O brasileiro servia na companhia Echo, Segundo Batalhão, no Sexto Regimento de marines-- que inclui cerca de cem integrantes. Nascido em Bento Carvalho (RJ), Barbosa morava nos EUA desde 1994 e estava no Iraque desde outubro último.
Barbosa foi para os EUA em 1994 com o irmão mais novo. Em seguida, o restante da família também partiu para o país, em busca de uma vida melhor. Há dez anos, os pais do fuzileiro se separaram, mas ele permaneceu nos EUA com a mãe, Iracy, e o irmão, André, 16.
O brasileiro era casado desde 2004 com uma americana de High Point. Segundo a família, ele pretendia voltar ao Brasil quando seu contrato militar terminasse, no final de 2006, mas não queria deixar a mãe e o irmão caçula.
Nos últimos dias no Iraque, Barbosa reclamava da violência constante, insistia na necessidade de ajudar as tropas da coalizão, de evangelizar o povo iraquiano e demonstrava preocupação com o futuro de seu irmão adolescente.
*as aspas foram por minha conta, já que o rapaz era brasileiro, mas não soldado brasileiro, isso não o desmerece mas era soldado dos EUA.
- J.Ricardo
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- JRIVERA
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Irán esta recibiendo un fuerte respaldo del mundo musulman, con motivo de las protestas por la publicación de las caricaturas de Mahoma, pues estas tiene como verdadero motivo el rechazo que las invasiones de USA se efectuaran en Afganistan e Irak, con el pretexto de las armas químicas y el terrorismo asociado al mundo islámico.
Saludos,
JRIVERA
Saludos,
JRIVERA
A triunfar Peruanos !!! que somos hermanos, que sea la victoria nuestra gratitud...Te daré la vida y cuando yo muera, me uniré en la tierra CONTIGO PERU !!!!
- Clermont
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O IMPEACHMENT DE GEORGE W. BUSH
ELIZABETH HOLTZMAN - ESPECIAL PARA "THE NATION"
Já era hora. As pessoas começaram a falar abertamente sobre o possível impeachment do presidente George W. Bush, até mesmo no Congresso. Como ex-deputada e membro do Comitê de Justiça da Câmara dos Deputados durante o processo de impeachment contra o presidente Richard Nixon (1969-74), acredito que estejam certos ao agir dessa maneira.
Ainda consigo recordar minha sensação de desconforto durante o processo, quando começou a se tornar claro que Nixon havia abusado de maneira muito sistemática dos poderes de seu cargo e que preservá-lo no poder representava tamanha ameaça ao domínio da lei que se tornava necessário removê-lo do cargo.
Na época, minha esperança era que o trabalho de nosso comitê representasse um forte sinal para futuros presidentes quanto à necessidade de que obedecessem às leis. Eu estava errada.
Como a muitos outros observadores, o desdém espantoso de Bush para com as nossas obrigações internacionais -definidas por tratados, pela Carta das Nações Unidas e pelas Convenções de Genebra - perturba-me profundamente. Também me senti profundamente perturbada pelos escândalos quanto à tortura e quanto às violações das leis criminais americanas ordenadas por membros dos mais altos escalões do nosso governo que eles parecem implicar. Essas preocupações se tornaram ainda mais graves devido ao volume crescente de indícios quanto à possibilidade de que o presidente tenha deliberadamente iludido o país sobre a guerra com o Iraque.
Mas sensação de desconforto semelhante à que senti durante o caso Watergate só voltou a me afligir depois das recentes revelações de que o presidente Bush havia determinado a instalação de escutas nos telefones e residências de centenas, talvez milhares, de cidadãos americanos, em violação à Lei de Vigilância e Inteligência Externa (Fisa).
Em termos de direito constitucional, essa e outras violações constituem causa suficiente para o impeachment do presidente Bush. Qualquer presidente que assuma a posição de que está acima da lei -e a viole repetidamente- por definição comete crimes e violações graves, o que constitui o requisito constitucional para que seja alvo de impeachment e perda de mandato.
Os criadores de nossa Constituição temiam que o Poder Executivo agisse sem nenhum controle e criaram o mecanismo de impeachment para proteger o país contra esse risco. Mas o impeachment e a perda do mandato não ocorrerão a menos que o povo dos EUA se convença de que são necessários, depois de uma investigação completa e imparcial dos fatos e leis relevantes. Essa investigação precisa começar já.
Escutas sem mandado
Em 17 de dezembro de 2005, o presidente Bush reconheceu que havia repetidamente autorizado escutas, sem obtenção de mandado, de cidadãos americanos que realizam telefonemas internacionais. À primeira vista, essas escutas sem mandado constituem violação da Fisa. Violar essa lei é crime. Embora muitos fatos sobre essas escutas continuem a ser desconhecidos, tornou-se evidente agora que milhares de telefonemas foram monitorados e que as informações obtidas pelas escutas podem ter sido amplamente distribuídas entre as agências do governo federal.
Também se tornou evidente que diversos funcionários do governo questionaram a legalidade das escutas sem mandado.
A Lei Fisa foi aprovada em 1978, no contexto das conseqüências do caso Watergate, com o objetivo de impedir os sérios abusos praticados na vigilância de cidadãos americanos, revelados durante as audiências do Congresso sobre a questão. Entre outros abusos de poder que cometeu, o presidente Nixon ordenou que o FBI instalasse escutas nas residências e telefones de 17 jornalistas e funcionários da Casa Branca, sem mandado judicial. Nixon alegou que as escutas haviam sido instaladas para fins de segurança nacional, mas a verdade é que tinham propósitos políticos e eram ilegais.
Da mesma forma que as escutas instaladas sem mandado no governo Bush teriam sido causadas pelos atentados do 11 de Setembro, as escutas do governo Nixon supostamente se relacionavam à Guerra do Vietnã (1965-75) e à oposição interna a ela.
A intenção explícita do Congresso ao aprovar a lei era encontrar um ponto de equilíbrio entre os interesses legítimos da segurança nacional, por um lado, e a necessidade de proteger os cidadãos contra abusos presidenciais e salvaguardar-lhes a privacidade, por outro.
É difícil alegar que a Lei Fisa represente sério obstáculo ao uso de escutas justificadas por fins de segurança nacional. Desde 1978, quando ela entrou em vigor, mais de 10 mil mandados solicitando escutas em benefício da segurança nacional foram aprovados pelo tribunal da Fisa; apenas quatro pedidos foram rejeitados.
Dois argumentos jurídicos foram oferecidos para defender o direito do presidente a violar a lei, ambos seriamente questionados por congressistas de ambos os partidos.
O primeiro, altamente perigoso em termos de alcance e de implicações, é o de que o presidente, como comandante supremo das Forças Armadas, tem o direito constitucional de violar qualquer lei dos EUA em defesa da segurança nacional.
A Suprema Corte jamais sustentou o direito do presidente a agir dessa maneira na área de escutas nem tampouco concedeu a ele um "monopólio sobre os poderes de guerra" ou o reconheceu como "comandante supremo do país". O nosso governo funciona sob limitações de poderes. O poder público está sujeito a controles e mecanismos de equilíbrio. Esses controles não desaparecem em tempo de guerra; o papel do presidente como comandante supremo não cancela os poderes do Congresso ou a Carta dos Direitos do Cidadão.
O segundo argumento jurídico em defesa das escutas telefônicas sem mandado baseia-se em uma interpretação equivocada das leis. De acordo com esse argumento, o Congresso autorizou o Executivo a instalar escutas sem aprovação judicial quando aprovou, em 2001, a resolução que autoriza o uso de força militar contra o Taleban e a Al Qaeda em razão dos ataques do 11 de Setembro.
Em primeiro lugar, a resolução quanto ao uso da força não menciona escutas. E, dado que o Congresso historicamente sempre cerceou o uso de escutas devido às qualidades extremamente intrusivas dessa prática, sem dúvida haveria debate vigoroso caso qualquer legislador considerasse que a resolução envolveria suspender o uso da Lei Fisa.
Qual é a razão, portanto, para que o tribunal da Fisa não tenha sido acionado para aprovar as escutas? O presidente Bush sugeriu que não havia tempo para obter os mandados. Mas isso não pode ser verdade, porque em casos de emergência a lei permite escutas sem mandado por até três dias, desde que a aprovação judicial seja obtida nesse prazo. Além disso, existem provas de que o presidente estava ciente de que as escutas sem mandado eram ilegais.
Subvertendo a democracia
Um presidente não pode cometer crime mais sério contra nossa democracia do que mentir ao Congresso e ao povo dos EUA para obter o apoio deles a uma ação militar ou guerra. Não é apenas porque convencer outras pessoas a darem suas vidas no combate a uma ameaça inexistente seja repulsivo e covarde, ou mesmo porque essas falsas declarações poderiam constituir crime em determinadas circunstâncias. O maior problema é que a decisão de ir à guerra é a mais grave que um país pode tomar, e em uma democracia o direito de tomá-la cabe ao povo e seus representantes eleitos, quando não houver ameaça de ataque iminente aos EUA.
Já que as conseqüências podem envolver a morte de centenas ou milhares de pessoas, esse tipo de fraude não pode ser tolerado. O fato de que tanto Lyndon Johnson (1963-69) quanto Nixon iludiram o país para obter aprovação às suas ações militares sem que tenham passado por impeachment torna mais - e não menos - importante que Bush seja forçado a prestar contas.
Assim que se tornou evidente que não seriam encontradas armas de destruição em massa no Iraque, o presidente Bush tentou imputar a culpa pela decisão de ir à guerra a "informações inadequadas", aparentemente para demonstrar que suas alegações quanto ao arsenal iraquiano de armas de destruição em massa não constituíam trapaça deliberada. Mas informações inadequadas têm pouco ou nada a ver com os principais argumentos usados para conquistar o apoio popular a uma invasão do Iraque.
Primeiro, não existiam informações sérias - positivas ou negativas - que sustentassem a alegação do governo quanto aos contatos entre Saddam Hussein e a Al Qaeda. Mesmo assim, o governo repetidamente tentou usar essa conexão para demonstrar que a invasão era uma resposta justificada ao 11 de Setembro. A alegação era completamente falsa.
Segundo, não havia informações confiáveis que sustentassem a alegação do governo de que Saddam estava a ponto de adquirir a capacidade de produzir armas nucleares.
A maioria dos norte-americanos sabe que os motivos que Bush forneceu para a guerra se provaram falsos. Para eles, a questão é determinar se o presidente mentiu e, caso o tenha feito, o que se pode fazer para puni-lo por isso.
As leis desprotegidas
Ao assumir a Presidência, Bush fez um juramento nos termos do qual ele prometeu que protegeria a execução fiel das leis do país. Não se pode usar o impeachment para remover um presidente por incompetência administrativa.
Mas o presidente Bush é culpado de incompetência em escala tão imensa ou de indiferença tão descomunal à sua obrigação de fazer com que as leis sejam fielmente executadas que é possível questionar sua dedicação ao juramento que fez ou sua capacidade de o executar.
O exemplo mais notório é a conduta da Guerra do Iraque. De maneira irresponsável e inexplicável, o governo não forneceu aos soldados americanos estacionados naquele país coletes à prova de balas ou veículos dotados da blindagem necessária. Um estudo recente do Pentágono constatou que coletes eficientes poderiam ter salvado centenas de vidas. Por que o início das hostilidades não foi adiado até que os soldados recebessem o equipamento apropriado?
Existem inúmeras sugestões de que o momento da invasão foi determinado por motivos políticos, e não militares. Os EUA não estavam sob ameaça iminente de ataque iraquiano, e o governo sabia disso. Bush e sua equipe retardaram o esforço de marketing para "vender" a guerra até que os americanos tivessem encerrado suas férias de verão, porque "não se lança produtos novos em agosto".
E não havia planos sérios para o pós-guerra. A incompetência do presidente, em sua função de comandante supremo, quanto a proteger seus soldados por meio do armamento adequado, e sua incapacidade de planejar a ocupação custaram caro em termos de vidas e de dinheiro dos contribuintes. Trata-se de uma irresponsável e grotesca desconsideração quanto ao bem-estar das tropas e da mais completa indiferença quanto à necessidade de governo organizado, depois da ocupação de um país inimigo. Por si, essas duas falhas representam violação do juramento do presidente.
Abusos de poder
O presidente Bush proclamou recentemente que "nós não torturamos". Tendo em vista as revelações sobre as celas secretas e práticas da CIA, para não mencionar o escândalo de Abu Ghraib, a declaração beira o absurdo, e faz lembrar a famosa afirmação de Nixon: "Eu não sou um escroque".
Há ampla documentação de que os maus-tratos contra prisioneiros praticados por soldados e outros agentes americanos no Afeganistão e no Iraque foram sistemáticos e generalizados. Sob a Lei de Crimes de Guerra de 1996, qualquer cidadão americano que se envolva em assassinato, tortura ou tratamento desumano de prisioneiros de guerra está praticando um crime. Além disso, qualquer membro da hierarquia que aceite os maus-tratos em lugar de os impedir também está violando a lei. O dispositivo implementa as Convenções de Genebra.
As provas de que dispomos no momento sugerem que o presidente pode ter autorizado pessoalmente a prática de maus-tratos contra prisioneiros. Em janeiro de 2002, depois do início da Guerra do Afeganistão, Alberto Gonzales, assessor jurídico da Casa Branca, informou o presidente Bush por escrito de que maus-tratos praticados por americanos contra prisioneiros poderiam causar processos sob as leis de crimes de guerra. Em lugar de ordenar que as ações criminosas cessassem imediatamente, Bush autorizou o uso de uma interpretação elástica das Convenções de Genebra para proteger contra processos os americanos responsáveis por abusos contra prisioneiros. Em outras palavras, a resposta do presidente quando recebeu informações de abusos contra prisioneiros foi a de tomar providências que impedissem processos contra os responsáveis pelas violações, o que implica que tenha acatado os abusos e autorizado sua continuação.
Se torturas ou tratamento desumano de prisioneiros tiverem resultado dessa decisão presidencial, ele pode ser considerado pessoalmente responsável por uma violação das leis de crimes de guerra.
Mais recentemente, o presidente se opôs à emenda McCain, que proíbe a tortura, quando ela foi proposta inicialmente, e apoiou tacitamente os esforços do vice-presidente Cheney para aprovar uma emenda que permitiria que a CIA torturasse ou degradasse prisioneiros. Agora, em suas declarações ao assinar a lei, o presidente anunciou ter o direito de violar o novo estatuto, alegando uma vez mais que o comandante supremo das Forças Armadas tem o direito de violar a lei quando lhe convier.
Além disso, a despeito dos horrores do escândalo de Abu Ghraib, nenhum membro importante da hierarquia sofreu medidas disciplinares. Apenas um oficial de patente significativa foi punido. É como se o inquérito sobre Watergate tivesse se limitado a punir os responsáveis pela invasão da sede do comitê democrata, exatamente o que Nixon tentou fazer, sem conseguir. O presidente Bush não tomou medidas sérias para garantir que o escândalo fosse investigado em todas as suas dimensões, ou para responsabilizar a hierarquia, talvez porque a responsabilidade pudesse ser traçada à própria Casa Branca.
Próximos passos
Mobilizar o país e o Congresso em apoio a investigações e ao impeachment do presidente Bush é uma tarefa essencial, que já começou, mas é necessário que o processo se intensifique e cresça. O povo americano deteve a Guerra do Vietnã contra a vontade do presidente -e forçou um Congresso relutante a agir quanto ao impeachment do presidente Nixon. E pode fazer o mesmo com relação ao presidente Bush.
A tarefa envolve três elementos: cultivar o apoio público e legislativo, convencer o Congresso a empreender investigações sobre os diversos aspectos indevidos da conduta de Bush e alterar a composição partidária do Congresso nas eleições de 2006.
Por pior que Watergate tenha sido, depois da votação que autorizou o processo de impeachment, e da renúncia do presidente Nixon, o país sentiu imenso alívio. O impeachment é um procedimento tortuoso, mas, agora que o presidente Bush simplesmente desafiou o Congresso a impedir que ele viole a lei, é o mínimo necessário para proteger nosso sistema constitucional e preservar nossa democracia.
________________________
Elizabeth Holtzman, 64, é advogada. Foi deputada do Partido Democrata, por Nova York, de 1973 a 1981. Trabalhou no Comitê de Justiça da Câmara durante o processo de impeachment do presidente Richard Nixon. (Tradução de Paulo Migliacci).
ELIZABETH HOLTZMAN - ESPECIAL PARA "THE NATION"
Já era hora. As pessoas começaram a falar abertamente sobre o possível impeachment do presidente George W. Bush, até mesmo no Congresso. Como ex-deputada e membro do Comitê de Justiça da Câmara dos Deputados durante o processo de impeachment contra o presidente Richard Nixon (1969-74), acredito que estejam certos ao agir dessa maneira.
Ainda consigo recordar minha sensação de desconforto durante o processo, quando começou a se tornar claro que Nixon havia abusado de maneira muito sistemática dos poderes de seu cargo e que preservá-lo no poder representava tamanha ameaça ao domínio da lei que se tornava necessário removê-lo do cargo.
Na época, minha esperança era que o trabalho de nosso comitê representasse um forte sinal para futuros presidentes quanto à necessidade de que obedecessem às leis. Eu estava errada.
Como a muitos outros observadores, o desdém espantoso de Bush para com as nossas obrigações internacionais -definidas por tratados, pela Carta das Nações Unidas e pelas Convenções de Genebra - perturba-me profundamente. Também me senti profundamente perturbada pelos escândalos quanto à tortura e quanto às violações das leis criminais americanas ordenadas por membros dos mais altos escalões do nosso governo que eles parecem implicar. Essas preocupações se tornaram ainda mais graves devido ao volume crescente de indícios quanto à possibilidade de que o presidente tenha deliberadamente iludido o país sobre a guerra com o Iraque.
Mas sensação de desconforto semelhante à que senti durante o caso Watergate só voltou a me afligir depois das recentes revelações de que o presidente Bush havia determinado a instalação de escutas nos telefones e residências de centenas, talvez milhares, de cidadãos americanos, em violação à Lei de Vigilância e Inteligência Externa (Fisa).
Em termos de direito constitucional, essa e outras violações constituem causa suficiente para o impeachment do presidente Bush. Qualquer presidente que assuma a posição de que está acima da lei -e a viole repetidamente- por definição comete crimes e violações graves, o que constitui o requisito constitucional para que seja alvo de impeachment e perda de mandato.
Os criadores de nossa Constituição temiam que o Poder Executivo agisse sem nenhum controle e criaram o mecanismo de impeachment para proteger o país contra esse risco. Mas o impeachment e a perda do mandato não ocorrerão a menos que o povo dos EUA se convença de que são necessários, depois de uma investigação completa e imparcial dos fatos e leis relevantes. Essa investigação precisa começar já.
Escutas sem mandado
Em 17 de dezembro de 2005, o presidente Bush reconheceu que havia repetidamente autorizado escutas, sem obtenção de mandado, de cidadãos americanos que realizam telefonemas internacionais. À primeira vista, essas escutas sem mandado constituem violação da Fisa. Violar essa lei é crime. Embora muitos fatos sobre essas escutas continuem a ser desconhecidos, tornou-se evidente agora que milhares de telefonemas foram monitorados e que as informações obtidas pelas escutas podem ter sido amplamente distribuídas entre as agências do governo federal.
Também se tornou evidente que diversos funcionários do governo questionaram a legalidade das escutas sem mandado.
A Lei Fisa foi aprovada em 1978, no contexto das conseqüências do caso Watergate, com o objetivo de impedir os sérios abusos praticados na vigilância de cidadãos americanos, revelados durante as audiências do Congresso sobre a questão. Entre outros abusos de poder que cometeu, o presidente Nixon ordenou que o FBI instalasse escutas nas residências e telefones de 17 jornalistas e funcionários da Casa Branca, sem mandado judicial. Nixon alegou que as escutas haviam sido instaladas para fins de segurança nacional, mas a verdade é que tinham propósitos políticos e eram ilegais.
Da mesma forma que as escutas instaladas sem mandado no governo Bush teriam sido causadas pelos atentados do 11 de Setembro, as escutas do governo Nixon supostamente se relacionavam à Guerra do Vietnã (1965-75) e à oposição interna a ela.
A intenção explícita do Congresso ao aprovar a lei era encontrar um ponto de equilíbrio entre os interesses legítimos da segurança nacional, por um lado, e a necessidade de proteger os cidadãos contra abusos presidenciais e salvaguardar-lhes a privacidade, por outro.
É difícil alegar que a Lei Fisa represente sério obstáculo ao uso de escutas justificadas por fins de segurança nacional. Desde 1978, quando ela entrou em vigor, mais de 10 mil mandados solicitando escutas em benefício da segurança nacional foram aprovados pelo tribunal da Fisa; apenas quatro pedidos foram rejeitados.
Dois argumentos jurídicos foram oferecidos para defender o direito do presidente a violar a lei, ambos seriamente questionados por congressistas de ambos os partidos.
O primeiro, altamente perigoso em termos de alcance e de implicações, é o de que o presidente, como comandante supremo das Forças Armadas, tem o direito constitucional de violar qualquer lei dos EUA em defesa da segurança nacional.
A Suprema Corte jamais sustentou o direito do presidente a agir dessa maneira na área de escutas nem tampouco concedeu a ele um "monopólio sobre os poderes de guerra" ou o reconheceu como "comandante supremo do país". O nosso governo funciona sob limitações de poderes. O poder público está sujeito a controles e mecanismos de equilíbrio. Esses controles não desaparecem em tempo de guerra; o papel do presidente como comandante supremo não cancela os poderes do Congresso ou a Carta dos Direitos do Cidadão.
O segundo argumento jurídico em defesa das escutas telefônicas sem mandado baseia-se em uma interpretação equivocada das leis. De acordo com esse argumento, o Congresso autorizou o Executivo a instalar escutas sem aprovação judicial quando aprovou, em 2001, a resolução que autoriza o uso de força militar contra o Taleban e a Al Qaeda em razão dos ataques do 11 de Setembro.
Em primeiro lugar, a resolução quanto ao uso da força não menciona escutas. E, dado que o Congresso historicamente sempre cerceou o uso de escutas devido às qualidades extremamente intrusivas dessa prática, sem dúvida haveria debate vigoroso caso qualquer legislador considerasse que a resolução envolveria suspender o uso da Lei Fisa.
Qual é a razão, portanto, para que o tribunal da Fisa não tenha sido acionado para aprovar as escutas? O presidente Bush sugeriu que não havia tempo para obter os mandados. Mas isso não pode ser verdade, porque em casos de emergência a lei permite escutas sem mandado por até três dias, desde que a aprovação judicial seja obtida nesse prazo. Além disso, existem provas de que o presidente estava ciente de que as escutas sem mandado eram ilegais.
Subvertendo a democracia
Um presidente não pode cometer crime mais sério contra nossa democracia do que mentir ao Congresso e ao povo dos EUA para obter o apoio deles a uma ação militar ou guerra. Não é apenas porque convencer outras pessoas a darem suas vidas no combate a uma ameaça inexistente seja repulsivo e covarde, ou mesmo porque essas falsas declarações poderiam constituir crime em determinadas circunstâncias. O maior problema é que a decisão de ir à guerra é a mais grave que um país pode tomar, e em uma democracia o direito de tomá-la cabe ao povo e seus representantes eleitos, quando não houver ameaça de ataque iminente aos EUA.
Já que as conseqüências podem envolver a morte de centenas ou milhares de pessoas, esse tipo de fraude não pode ser tolerado. O fato de que tanto Lyndon Johnson (1963-69) quanto Nixon iludiram o país para obter aprovação às suas ações militares sem que tenham passado por impeachment torna mais - e não menos - importante que Bush seja forçado a prestar contas.
Assim que se tornou evidente que não seriam encontradas armas de destruição em massa no Iraque, o presidente Bush tentou imputar a culpa pela decisão de ir à guerra a "informações inadequadas", aparentemente para demonstrar que suas alegações quanto ao arsenal iraquiano de armas de destruição em massa não constituíam trapaça deliberada. Mas informações inadequadas têm pouco ou nada a ver com os principais argumentos usados para conquistar o apoio popular a uma invasão do Iraque.
Primeiro, não existiam informações sérias - positivas ou negativas - que sustentassem a alegação do governo quanto aos contatos entre Saddam Hussein e a Al Qaeda. Mesmo assim, o governo repetidamente tentou usar essa conexão para demonstrar que a invasão era uma resposta justificada ao 11 de Setembro. A alegação era completamente falsa.
Segundo, não havia informações confiáveis que sustentassem a alegação do governo de que Saddam estava a ponto de adquirir a capacidade de produzir armas nucleares.
A maioria dos norte-americanos sabe que os motivos que Bush forneceu para a guerra se provaram falsos. Para eles, a questão é determinar se o presidente mentiu e, caso o tenha feito, o que se pode fazer para puni-lo por isso.
As leis desprotegidas
Ao assumir a Presidência, Bush fez um juramento nos termos do qual ele prometeu que protegeria a execução fiel das leis do país. Não se pode usar o impeachment para remover um presidente por incompetência administrativa.
Mas o presidente Bush é culpado de incompetência em escala tão imensa ou de indiferença tão descomunal à sua obrigação de fazer com que as leis sejam fielmente executadas que é possível questionar sua dedicação ao juramento que fez ou sua capacidade de o executar.
O exemplo mais notório é a conduta da Guerra do Iraque. De maneira irresponsável e inexplicável, o governo não forneceu aos soldados americanos estacionados naquele país coletes à prova de balas ou veículos dotados da blindagem necessária. Um estudo recente do Pentágono constatou que coletes eficientes poderiam ter salvado centenas de vidas. Por que o início das hostilidades não foi adiado até que os soldados recebessem o equipamento apropriado?
Existem inúmeras sugestões de que o momento da invasão foi determinado por motivos políticos, e não militares. Os EUA não estavam sob ameaça iminente de ataque iraquiano, e o governo sabia disso. Bush e sua equipe retardaram o esforço de marketing para "vender" a guerra até que os americanos tivessem encerrado suas férias de verão, porque "não se lança produtos novos em agosto".
E não havia planos sérios para o pós-guerra. A incompetência do presidente, em sua função de comandante supremo, quanto a proteger seus soldados por meio do armamento adequado, e sua incapacidade de planejar a ocupação custaram caro em termos de vidas e de dinheiro dos contribuintes. Trata-se de uma irresponsável e grotesca desconsideração quanto ao bem-estar das tropas e da mais completa indiferença quanto à necessidade de governo organizado, depois da ocupação de um país inimigo. Por si, essas duas falhas representam violação do juramento do presidente.
Abusos de poder
O presidente Bush proclamou recentemente que "nós não torturamos". Tendo em vista as revelações sobre as celas secretas e práticas da CIA, para não mencionar o escândalo de Abu Ghraib, a declaração beira o absurdo, e faz lembrar a famosa afirmação de Nixon: "Eu não sou um escroque".
Há ampla documentação de que os maus-tratos contra prisioneiros praticados por soldados e outros agentes americanos no Afeganistão e no Iraque foram sistemáticos e generalizados. Sob a Lei de Crimes de Guerra de 1996, qualquer cidadão americano que se envolva em assassinato, tortura ou tratamento desumano de prisioneiros de guerra está praticando um crime. Além disso, qualquer membro da hierarquia que aceite os maus-tratos em lugar de os impedir também está violando a lei. O dispositivo implementa as Convenções de Genebra.
As provas de que dispomos no momento sugerem que o presidente pode ter autorizado pessoalmente a prática de maus-tratos contra prisioneiros. Em janeiro de 2002, depois do início da Guerra do Afeganistão, Alberto Gonzales, assessor jurídico da Casa Branca, informou o presidente Bush por escrito de que maus-tratos praticados por americanos contra prisioneiros poderiam causar processos sob as leis de crimes de guerra. Em lugar de ordenar que as ações criminosas cessassem imediatamente, Bush autorizou o uso de uma interpretação elástica das Convenções de Genebra para proteger contra processos os americanos responsáveis por abusos contra prisioneiros. Em outras palavras, a resposta do presidente quando recebeu informações de abusos contra prisioneiros foi a de tomar providências que impedissem processos contra os responsáveis pelas violações, o que implica que tenha acatado os abusos e autorizado sua continuação.
Se torturas ou tratamento desumano de prisioneiros tiverem resultado dessa decisão presidencial, ele pode ser considerado pessoalmente responsável por uma violação das leis de crimes de guerra.
Mais recentemente, o presidente se opôs à emenda McCain, que proíbe a tortura, quando ela foi proposta inicialmente, e apoiou tacitamente os esforços do vice-presidente Cheney para aprovar uma emenda que permitiria que a CIA torturasse ou degradasse prisioneiros. Agora, em suas declarações ao assinar a lei, o presidente anunciou ter o direito de violar o novo estatuto, alegando uma vez mais que o comandante supremo das Forças Armadas tem o direito de violar a lei quando lhe convier.
Além disso, a despeito dos horrores do escândalo de Abu Ghraib, nenhum membro importante da hierarquia sofreu medidas disciplinares. Apenas um oficial de patente significativa foi punido. É como se o inquérito sobre Watergate tivesse se limitado a punir os responsáveis pela invasão da sede do comitê democrata, exatamente o que Nixon tentou fazer, sem conseguir. O presidente Bush não tomou medidas sérias para garantir que o escândalo fosse investigado em todas as suas dimensões, ou para responsabilizar a hierarquia, talvez porque a responsabilidade pudesse ser traçada à própria Casa Branca.
Próximos passos
Mobilizar o país e o Congresso em apoio a investigações e ao impeachment do presidente Bush é uma tarefa essencial, que já começou, mas é necessário que o processo se intensifique e cresça. O povo americano deteve a Guerra do Vietnã contra a vontade do presidente -e forçou um Congresso relutante a agir quanto ao impeachment do presidente Nixon. E pode fazer o mesmo com relação ao presidente Bush.
A tarefa envolve três elementos: cultivar o apoio público e legislativo, convencer o Congresso a empreender investigações sobre os diversos aspectos indevidos da conduta de Bush e alterar a composição partidária do Congresso nas eleições de 2006.
Por pior que Watergate tenha sido, depois da votação que autorizou o processo de impeachment, e da renúncia do presidente Nixon, o país sentiu imenso alívio. O impeachment é um procedimento tortuoso, mas, agora que o presidente Bush simplesmente desafiou o Congresso a impedir que ele viole a lei, é o mínimo necessário para proteger nosso sistema constitucional e preservar nossa democracia.
________________________
Elizabeth Holtzman, 64, é advogada. Foi deputada do Partido Democrata, por Nova York, de 1973 a 1981. Trabalhou no Comitê de Justiça da Câmara durante o processo de impeachment do presidente Richard Nixon. (Tradução de Paulo Migliacci).
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Sera que nao existe mais americano machao do estilo Patton e Mac Arthur?
o Partido republicano deveria ter coisa melhor para indicar que ele
o Patton ia ser bom presidente, ia chutar o traseiro de todo mundo que nao andasse na linha
So imagino o patton como secretario de segurança do rio de janeiro, os vagos iriam correndo pra SP
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Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
Moonspell - Full Moon Madness
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A TENTAÇÃO NEOCONSERVADORA.
Pat Buchanan - Posted: March 3, 2006 1:00 a.m. Eastern - World Ned Daily © 2006 Creators Syndicate Inc.
“As coisas estão caindo em pedaços; o centro não pode se manter; Simples anarquia foi solta pelo mundo, A onda de tons sangrentos foi liberada...”
Pode haver uma descrição melhor do que está acontecendo no Iraque do que as palavras de Yeats. Mas não me vem à mente.
Antes que o presidente Bush ordenasse ao general Tommy Franks que invadisse, quatro forças mantinham o Iraque junto: o regime de Saddam, o Partido Baath, a polícia secreta e o exército. Os conquistadores americanos, como tem sido sua prática desde Sherman até Lemay, as esmagaram todas.
O centro que matinha junto o Iraque, repulsivo como era, se foi. Mas, o comentário de Yuval Diskin, cabeça do Shin Bet, a agência de segurança israelense, pode ainda se mostrar incisivo: “Não estou certo de que não iremos sentir falta de Saddam.”
Os xiitas tem sido os principais beneficiários de nossa intervenção. Libertos do domínio de Saddam, sob as regras americanas de “um homem, um voto,” eles foram, com 60 % da população, os herdeiros certos do estado. Ainda assim, a conduta xiita, traz à mente a observação de um primeiro-ministro austríaco após o Tzar Nicolau I intervir para salvar os Habsburgos da revolução em 1848: “Nós surpreenderemos o mundo com nossa ingratidão.”
A América cometeu muitas asneiras nessa guerra. A maior de todas foi invadir o Iraque sob o pretexto de ser ele uma ameaça aos Estados Unidos e inflamar 300 milhões de árabes e um bilhão de muçulmanos contra nós.
Mas essa decisão, endossada pelo Senado Democrata que deu a Bush um cheque em branco, não pode ser revista ou revertida. Como Dean Rusk costumava dizer, “Nós estamos lá, e estamos empenhados.”
O que devemos fazer? E o que Bush fará?
Em pesquisas, 63 % dos americanos acreditam que o Iraque foi um erro, 70 % perderam a confiança em Bush como líder de guerra e 72 % das forças americanas no Iraque acreditam que nós sairemos pelo fim do ano. A base de Bush está escorregando para longe, e 2006 é o ano “ou vai-ou racha”.
Assim, como estamos nesse terceiro aniversário da Operação “Iraqi Freedom” para levar a democracia à Mesopotâmia?
A destruição da Mesquita Dourada em Samarra trouxe represálias contra as mesquitas e imãs sunitas, levou o Iraque a beira do sectarismo e da guerra civil. Para entender o que pode acontecer aos xiitas ao norte e oeste de Bagdá, e aos sunitas ao sul, basta reler o que aconteceu aos gregos em Esmirna, quando os turcos chegaram em 1922, ou aos povos hindus e muçulmanos quando Índia e Paquistão foram criados com a independência em 1947.
As forças de segurança e o exército do novo governo iraquiano são fracas demais e divididas para impedir a guerra civil sem a presença dos EUA, o indispensável pilar do estado.
Nosso destino, ao que parece, é aquele de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e o deu aos mortais. Como punição, ele foi acorrentado a um rochedo, enquanto abutres devoravam seu fígado, por toda a eternidade. E assim, nós também estamos acorrentados – por nossa responsabilidade pelo que está para acontecer – ao rochedo do Iraque.
Se Bush reduzir nossas forças para 100 mil pelo fim do ano, como planejado, ele arrisca a guerra civil que irá destruir tudo que nós obtivemos e escoar pelo esgoto tudo pelo qual 2300 americanos morreram e 16 mil foram feridos. A guerra sectária poderá se espraiar pelo mundo islâmico.
É impossível ver como Bush - que deve saber que uma retirada poderá trazer o caos e a guerra civil e converter numa derrota e débâcle históricos, uma guerra que ele lançou – fará isso. Um homem obstinado que ainda acredita na causa, Bush parece decidido a continuar com a ação militar na esperança de que tudo se reverterá, como foi com Lincoln.
Mas enquanto nós mantivermos forças no Iraque para impedir um colapso, nós não teremos as forças para derrotar o inimigo. E, enquanto nossos aliados partem, é improvável que os americanos irão apoiar mais tropas dos EUA ou muitos mais bilhões para reconstruir o país.
Se fosse um investimento financeiro, o Iraque já teria sido liquidado e nossas perdas estancadas, há muito tempo atrás. Mas para Bush, liquidar o Iraque seria liquidar a si próprio e inscrever-se como um presidente fracassado que cometeu a maior asneira estratégica da história dos Estados Unidos.
E, assim, ao presidente, agora tem sido oferecido um caminho de escape por seus conselheiros neoconservadores: a escalada. Levar a guerra ao inimigo, como deveríamos ter feito desde o começo. Usar o poder aéreo dos Estados Unidos para varrer do mapa as instalações nucleares do Irã. Rumar com tudo o que temos, até a vitória. Imitar Lincoln, Churchill, FDR (Franklin Dellano Roosevelt), Truman.
Com seus índices nas pesquisas, em pandarecos, e seu partido encarando, quase certamente, pesadas perdas no outono, Bush pode ainda se render à tentação neoconservadora. Pois, ao contrário de LBJ (Lyndon B. Johnson), em 1968, ele não parece se conformar em voltar para seu rancho como um presidente fracassado.
Pat Buchanan - Posted: March 3, 2006 1:00 a.m. Eastern - World Ned Daily © 2006 Creators Syndicate Inc.
“As coisas estão caindo em pedaços; o centro não pode se manter; Simples anarquia foi solta pelo mundo, A onda de tons sangrentos foi liberada...”
Pode haver uma descrição melhor do que está acontecendo no Iraque do que as palavras de Yeats. Mas não me vem à mente.
Antes que o presidente Bush ordenasse ao general Tommy Franks que invadisse, quatro forças mantinham o Iraque junto: o regime de Saddam, o Partido Baath, a polícia secreta e o exército. Os conquistadores americanos, como tem sido sua prática desde Sherman até Lemay, as esmagaram todas.
O centro que matinha junto o Iraque, repulsivo como era, se foi. Mas, o comentário de Yuval Diskin, cabeça do Shin Bet, a agência de segurança israelense, pode ainda se mostrar incisivo: “Não estou certo de que não iremos sentir falta de Saddam.”
Os xiitas tem sido os principais beneficiários de nossa intervenção. Libertos do domínio de Saddam, sob as regras americanas de “um homem, um voto,” eles foram, com 60 % da população, os herdeiros certos do estado. Ainda assim, a conduta xiita, traz à mente a observação de um primeiro-ministro austríaco após o Tzar Nicolau I intervir para salvar os Habsburgos da revolução em 1848: “Nós surpreenderemos o mundo com nossa ingratidão.”
A América cometeu muitas asneiras nessa guerra. A maior de todas foi invadir o Iraque sob o pretexto de ser ele uma ameaça aos Estados Unidos e inflamar 300 milhões de árabes e um bilhão de muçulmanos contra nós.
Mas essa decisão, endossada pelo Senado Democrata que deu a Bush um cheque em branco, não pode ser revista ou revertida. Como Dean Rusk costumava dizer, “Nós estamos lá, e estamos empenhados.”
O que devemos fazer? E o que Bush fará?
Em pesquisas, 63 % dos americanos acreditam que o Iraque foi um erro, 70 % perderam a confiança em Bush como líder de guerra e 72 % das forças americanas no Iraque acreditam que nós sairemos pelo fim do ano. A base de Bush está escorregando para longe, e 2006 é o ano “ou vai-ou racha”.
Assim, como estamos nesse terceiro aniversário da Operação “Iraqi Freedom” para levar a democracia à Mesopotâmia?
A destruição da Mesquita Dourada em Samarra trouxe represálias contra as mesquitas e imãs sunitas, levou o Iraque a beira do sectarismo e da guerra civil. Para entender o que pode acontecer aos xiitas ao norte e oeste de Bagdá, e aos sunitas ao sul, basta reler o que aconteceu aos gregos em Esmirna, quando os turcos chegaram em 1922, ou aos povos hindus e muçulmanos quando Índia e Paquistão foram criados com a independência em 1947.
As forças de segurança e o exército do novo governo iraquiano são fracas demais e divididas para impedir a guerra civil sem a presença dos EUA, o indispensável pilar do estado.
Nosso destino, ao que parece, é aquele de Prometeu, que roubou o fogo dos deuses e o deu aos mortais. Como punição, ele foi acorrentado a um rochedo, enquanto abutres devoravam seu fígado, por toda a eternidade. E assim, nós também estamos acorrentados – por nossa responsabilidade pelo que está para acontecer – ao rochedo do Iraque.
Se Bush reduzir nossas forças para 100 mil pelo fim do ano, como planejado, ele arrisca a guerra civil que irá destruir tudo que nós obtivemos e escoar pelo esgoto tudo pelo qual 2300 americanos morreram e 16 mil foram feridos. A guerra sectária poderá se espraiar pelo mundo islâmico.
É impossível ver como Bush - que deve saber que uma retirada poderá trazer o caos e a guerra civil e converter numa derrota e débâcle históricos, uma guerra que ele lançou – fará isso. Um homem obstinado que ainda acredita na causa, Bush parece decidido a continuar com a ação militar na esperança de que tudo se reverterá, como foi com Lincoln.
Mas enquanto nós mantivermos forças no Iraque para impedir um colapso, nós não teremos as forças para derrotar o inimigo. E, enquanto nossos aliados partem, é improvável que os americanos irão apoiar mais tropas dos EUA ou muitos mais bilhões para reconstruir o país.
Se fosse um investimento financeiro, o Iraque já teria sido liquidado e nossas perdas estancadas, há muito tempo atrás. Mas para Bush, liquidar o Iraque seria liquidar a si próprio e inscrever-se como um presidente fracassado que cometeu a maior asneira estratégica da história dos Estados Unidos.
E, assim, ao presidente, agora tem sido oferecido um caminho de escape por seus conselheiros neoconservadores: a escalada. Levar a guerra ao inimigo, como deveríamos ter feito desde o começo. Usar o poder aéreo dos Estados Unidos para varrer do mapa as instalações nucleares do Irã. Rumar com tudo o que temos, até a vitória. Imitar Lincoln, Churchill, FDR (Franklin Dellano Roosevelt), Truman.
Com seus índices nas pesquisas, em pandarecos, e seu partido encarando, quase certamente, pesadas perdas no outono, Bush pode ainda se render à tentação neoconservadora. Pois, ao contrário de LBJ (Lyndon B. Johnson), em 1968, ele não parece se conformar em voltar para seu rancho como um presidente fracassado.
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”EU NÃO INGRESSEI NO EXÉRCITO BRITÂNICO PARA CONDUZIR A POLÍTICA EXTERNA AMERICANA.”
Por Sean Rayment, Correspondente de Defesa – 12/03/2006
Como um soldado na equipe anti-terrorista do SAS – a força trajada de negro que chamou a atenção do mundo durante o cerco na embaixada iraniana em 1980 – Ben Griffin estava no auge de sua carreira militar.
Ele já havia servido na Irlanda do Norte, Macedônia e Afeganistão como um membro do Regimento de Pára-quedistas, e sua mente aguçada, aptidão natural e habilidade para lidar com o stress das operações militares o haviam singularizado como material ideal para as forças especiais.
Nascido em Londres, mas crescido em Gales, Griffin abandonou a escola aos 18 anos com dois níveis-A e seis GCSEs (General Certificate of Secondary Education, ou Certificado Geral de Educação Secundária) e, embora ele pudesse ter sido oficial, ele preferiu a vida nas fileiras.
Após um ano do ingresso na força de elite, no início de 2004 e servir como soldado no Esquadrão-G do SAS, ele soube que sua unidade iria ser posicionada em Bagdá, onde trabalharia ao lado de sua equivalente americana, a Força Delta, visando células da al-Qaeda e unidades insurgentes.
Sem o conhecimento de qualquer um dos seus colegas do SAS, na unidade baseada em Hereford, entretanto, Griffin, então com 25 anos, abrigava dúvidas sobre a “legalidade” da guerra. Apesar de reconhecer que Saddam Hussein era um ditador brutal e representava uma ameaça, ainda que pequena, para o Ocidente, ele não acreditava que era um caso para guerra. Os eventos que presenciou durante sua temporada de três meses em Bagdá, e especialmente a conduta das tropas americanas, iriam forçá-lo a tomar a mais difícil decisão de sua vida.
Durante uma semana de folga, em março de 2005 ele disse ao seu oficial-comandante, numa entrevista formal, que não tinha intenção de retornar ao Iraque pois acreditava que a guerra era moralmente errada. Além disso, ele disse acreditar que Tony Blair e o Governo haviam mentido para o país e iludido todos os homens e mulheres militares servindo no Iraque.
Griffin esperava ser posto sob detenção, tachado de covarde, levado à corte-marcial e aprisionado por ousar emitir tais pontos de vista.
Em vez disso, lhe foi permitido deixar o Exército com sua folha militar exemplar, intacta, e com um radiante testemunho de seu oficial comandante, que o descreveu como um “soldado honesto, equilibrado, que possui a força de caráter para, genuinamente ter a coragem de suas convicções”.
Em sua primeira entrevista desde que foi dispensado do SAS, em junho do ano passado, Griffin explicou por quê decidiu falar sobre a guerra.
Ele disse: “Eu vi uma porção de coisas em Bagdá que eram ilegais ou apenas erradas. Eu sabia, portanto outros deviam saber, que esse não era o modo de conduzir operações se você queria conquistar corações e mentes da população local. E se você não ganha corações e mentes do povo, você não pode ganhar a guerra.
Se estávamos numa operação anti-terrorista conjunta, por exemplo, iríamos irradiar para nosso comando que não iríamos deter certas pessoas porque, tanto quanto sabíamos, elas não eram uma ameaça porque eram velhos ou obviamente, agricultores, mas os americanos iriam dizer, ‘não, tragam todos para cá’.
Os americanos tinham essa perspectiva de pegar todo mundo, ao arrebanhar suspeitos. As táticas eram draconianas e completamente ineficazes. Os americanos estavam fazendo coisas como amontoar agricultores em Abu Ghraib [a notória prisão em Bagdá onde soldados americanos abusavam e torturavam detidos iraquianos] ou entregá-los às autoridades iraquianas, sabendo plenamente que eles iriam ser torturados.
“Os americanos tem uma bem-merecida reputação por serem “fáceis no gatilho”. Nos três meses que estive no Iraque, os soldados com os quais servi nunca atiraram em ninguém. Quando você perguntava aos americanos porque eles matavam pessoas, eles diziam ‘nós estamos lidando com duros combatentes estrangeiros’. Eu não vi quaisquer combatentes estrangeiros no tempo que estive lá.
“Eu posso relembrar de participar de uma operação que teve lugar fora de Bagdá, onde havíamos detido alguns civis que, claramente, não eram insurgentes, mas pessoas inocentes. Eu não podia entender por que havíamos feito aquilo, então eu disse ao meu comandante de tropa ‘teríamos nos comportado dessa maneira nos Bálcãs ou na Irlanda do Norte’? Ele deu com os ombros e disse, ‘mas isso é o Iraque’, e eu pensei, ‘e isso deixa tudo bem?’
“No que me dizia respeito, isso queria dizer que, devido a essas pessoas serem de cor diferente ou de uma religião diferente, elas não contavam tanto. Você não pode invadir um país pretendendo promover a democracia e se comportar desse modo.”
Em outra operação, Griffin relembra a frustração, dele e de outros soldados, ao serem ordenados a deter um grupo de homens vivendo numa fazenda.
Ele disse: “Após você ter estado em umas poucas operações, a experiência lhe diz quando você está lidando com insurgentes ou somente com civis, e nós sabíamos que as pessoas que havíamos detido não eram uma ameaça.
“Um deles era um homem incapacitado, sem uma perna, mas os americanos ainda assim nos ordenaram para carregá-los nos helicópteros e trazê-los de volta para a base. Umas poucas horas mais tarde, fomos ordenados a devolver metade deles, e voamos de volta à fazenda durante a luz do dia. Essa era uma ordem ridícula e corremos o risco de ser abatidos ou emboscados, mas tivemos de fazer isso. Os americanos estavam arriscando nossas vidas porque se haviam recusado a escutar nossos conselhos na noite anterior. Era típico do comportamento deles.”
Griffin disse acreditar que os soldados americanos contemplavam os iraquianos do mesmo modo que os nazistas contemplavam russos, judeus e europeus orientais, na Segunda Guerra Mundial, quando estes últimos eram rotulados como “untermenschen”.
“No que cabia aos americanos, as pessoas iraquianas eram sub-humanas, untermenschen. Você quase podia dividir os americanos em dois grupos: aqueles que eram autênticos Cruzados, com a única intenção de matar iraquianos, e aqueles que estavam no Iraque porque o Exército iria pagar suas taxas universitárias. Eles não tinham compreensão ou interesse pela cultura árabe. Os americanos falavam com os iraquianos como se estes fossem estúpidos e esses não eram casos isolados, isso vinha do topo para baixo. Podia haver um ou dois oficiais iluminados que compreendiam a situação um pouco melhor, mas no todo era essa a atitude geral deles. Essa atitude alimentou a insurgência. Eu acho que os iraquianos os detestam.”
Embora Griffin tenha o mais profundo respeito por seus antigos colegas e permaneça ferozmente leal ao regimento, ele acredita que a reputação do Exército tenha sido danificada por sua associação com as forças americanas.
“Eu tinha reservas sobre o Iraque antes de ir para lá, mas como soldado você faz o que lhe foi ordenado fazer. Mas eu descobri, quando eu estava fora do Iraque, que não podia manter meus pontos de vista separados do meu trabalho, sem comprometer minha função como soldado.
“Foi neste momento que eu soube que não podia mais continuar. Eu estava com muita raiva, e ainda estou, com o modo pelo qual os políticos neste país e os americanos mentiram para o povo britânico sobre a guerra. Porém, ainda mais importante, eu não ingressei no Exército britânico para conduzir a política externa americana.”
Griffin disse que, embora furioso por muitos dos eventos presenciados no Iraque, ele esperou até voltar à Grã-Bretanha, de folga, para deixar claras suas opiniões a seus comandantes.
“Eu não queria dizer nada quando estava em Bagdá porque ainda tenho grande respeito e lealdade pelos soldados com os quais servi. Eu não queria causar qualquer pressão desnecessária ou desconforto vocalizando minhas opiniões.
“Quando voltei para o Reino Unido, para uma semana de folga, pedi uma entrevista com meu oficial-comandante e lhe disse que eu pensava que as coisas que aconteciam no Iraque eram erradas, não apenas legalmente, mas operacionalmente também.
“Inicialmente, ele suspeitou que eu tivesse recebido uma oferta de emprego por uma companhia militar privada no Iraque, mas quando ficou claro que esse não era o caso, ele foi muito compreensivo. Foi uma grande decisão para mim. Eu coloquei muito esforço para entrar para o SAS, portanto essa não foi uma decisão que eu tomei às carreiras.
“Ele compreendeu meu ponto de vista e sua atitude foi exemplar, de fato todo mundo foi exemplar sobre isso. Eu não sabia o que iria acontecer. Eu pensei que poderia ser indiciado ou terminar em Colchester [a prisão militar] por recusar a servir.”
Griffin, que vive em Londres, nega ser um pacifista ou um membro de qualquer partido político, ou ter uma agenda designada para derrubar o Governo.
Mas ele disse: “Eu acredito apaixonadamente na democracia e irei falar sobre coisas que eu acho moralmente erradas. Eu acho que a guerra no Iraque é uma guerra de agressão e é moralmente errada e, mais importante, nós estamos tornando a situação no Oriente Médio mais instável. Isso não é apenas errado, é um grande desastre militar. Não havia nenhum plano para o que iria acontecer depois que Saddam partisse, nenhum fim de jogo.”
SOLDADO DO SAS ABANDONA O EXÉRCITO REVOLTADO COM TÁTICAS “ILEGAIS” DOS AMERICANOS NO IRAQUE.
Por Sean Rayment, Correspondente de Defesa 12/03/2006.
Um soldado do SAS recusou-se a lutar no Iraque e abandonou o Exército devido à táticas “ilegais” das tropas dos Estados Unidos e das políticas da forças de coalizão.
Depois de três meses em Bagdá, Ben Griffin disse ao seu comandante que não estava mais preparado para lutar ao lado das forças americanas.
Ele disse ter presenciado “dúzias de atos ilegais” por tropas americanas, afirmando que esses viam todos os iraquianos como “untermenschen” – o termo nazista para raças consideradas subhumanas.
A decisão marca a primeira vez que um soldado do SAS recusa a ir para a zona de combate e abandona o Exército sob argumentos morais.
Isso acarretou um fim imediato para a exemplar carreira de oito anos, na qual ele também serviu com o Regimento de Pára-quedistas, tomando parte em operações na Irlanda do Norte, Macedônia e Afeganistão.
Mas isso também irá causar embaraços ao Governo e tem um impacto potencialmente profundo nos casos de outros soldados que se recusaram a lutar.
Na quarta-feira, a audiência preliminar irá começar na corte-marcial do tenente-aviador Malcolm Kendal-Smith, um médico da Real Força Aérea que se recusou a voltar ao Iraque para uma terceira temporada de dever, sob o argumento que a guerra era ilegal. As alegações de Griffin surgem quando o ministro do Exterior, Kim Howells, visitando Basra ontem, admitiu que a o Iraque agora, estava “uma bagunça”.
Griffin, 28 anos, que passou dois anos com o SAS, disse que as táticas e “mentalidade Gung Ho e de gatilho fácil” dos americanos, minaram completamente qualquer chance de ganhar corações e mentes da população iraquiana. Ele complementou que muito civis inocentes foram detidos em incursões noturnas e interrogados por soldados americanos, aprisionados na notória prisão de Abu Ghraib ou entregues para as autoridades iraquianas e, “muito provavelmente” torturados.
Griffin, eventualmente, acabou dizendo aos comandantes do SAS, em Hereford, que ele não mais poderia tomar parte numa guerra que considerava como “ilegal”.
Ele acrescentou que agora acredita que o Primeiro-Ministro e o Governo tem, repetidamente, “mentido” sobre a conduta da guerra.
“Eu não ingressei no Exército britânico para conduzir a política externa americana,” disse. Ele esperava ser tachado de covarde e encarar a corte-marcial e aprisionamento após tomar “a decisão mais difícil da minha vida” em março último.
Ao invés disso, ele foi dispensado com um testemunho descrevendo-o como um “indivíduo equilibrado, honesto, leal e determinado que possui a força de caráter para ter a coragem de suas convicções.”
Na última noite, Patrick Mercer, o ministro sombra para segurança interna, disse: “Griffin é um soldado altamente experimentado. Isso torna sua decisão particularmente perturbadora e suas visões e opiniões devem ser apreciadas pelo Governo.”
O Ministério da Defesa declinou de comentar.
Por Sean Rayment, Correspondente de Defesa – 12/03/2006
Como um soldado na equipe anti-terrorista do SAS – a força trajada de negro que chamou a atenção do mundo durante o cerco na embaixada iraniana em 1980 – Ben Griffin estava no auge de sua carreira militar.
Ele já havia servido na Irlanda do Norte, Macedônia e Afeganistão como um membro do Regimento de Pára-quedistas, e sua mente aguçada, aptidão natural e habilidade para lidar com o stress das operações militares o haviam singularizado como material ideal para as forças especiais.
Nascido em Londres, mas crescido em Gales, Griffin abandonou a escola aos 18 anos com dois níveis-A e seis GCSEs (General Certificate of Secondary Education, ou Certificado Geral de Educação Secundária) e, embora ele pudesse ter sido oficial, ele preferiu a vida nas fileiras.
Após um ano do ingresso na força de elite, no início de 2004 e servir como soldado no Esquadrão-G do SAS, ele soube que sua unidade iria ser posicionada em Bagdá, onde trabalharia ao lado de sua equivalente americana, a Força Delta, visando células da al-Qaeda e unidades insurgentes.
Sem o conhecimento de qualquer um dos seus colegas do SAS, na unidade baseada em Hereford, entretanto, Griffin, então com 25 anos, abrigava dúvidas sobre a “legalidade” da guerra. Apesar de reconhecer que Saddam Hussein era um ditador brutal e representava uma ameaça, ainda que pequena, para o Ocidente, ele não acreditava que era um caso para guerra. Os eventos que presenciou durante sua temporada de três meses em Bagdá, e especialmente a conduta das tropas americanas, iriam forçá-lo a tomar a mais difícil decisão de sua vida.
Durante uma semana de folga, em março de 2005 ele disse ao seu oficial-comandante, numa entrevista formal, que não tinha intenção de retornar ao Iraque pois acreditava que a guerra era moralmente errada. Além disso, ele disse acreditar que Tony Blair e o Governo haviam mentido para o país e iludido todos os homens e mulheres militares servindo no Iraque.
Griffin esperava ser posto sob detenção, tachado de covarde, levado à corte-marcial e aprisionado por ousar emitir tais pontos de vista.
Em vez disso, lhe foi permitido deixar o Exército com sua folha militar exemplar, intacta, e com um radiante testemunho de seu oficial comandante, que o descreveu como um “soldado honesto, equilibrado, que possui a força de caráter para, genuinamente ter a coragem de suas convicções”.
Em sua primeira entrevista desde que foi dispensado do SAS, em junho do ano passado, Griffin explicou por quê decidiu falar sobre a guerra.
Ele disse: “Eu vi uma porção de coisas em Bagdá que eram ilegais ou apenas erradas. Eu sabia, portanto outros deviam saber, que esse não era o modo de conduzir operações se você queria conquistar corações e mentes da população local. E se você não ganha corações e mentes do povo, você não pode ganhar a guerra.
Se estávamos numa operação anti-terrorista conjunta, por exemplo, iríamos irradiar para nosso comando que não iríamos deter certas pessoas porque, tanto quanto sabíamos, elas não eram uma ameaça porque eram velhos ou obviamente, agricultores, mas os americanos iriam dizer, ‘não, tragam todos para cá’.
Os americanos tinham essa perspectiva de pegar todo mundo, ao arrebanhar suspeitos. As táticas eram draconianas e completamente ineficazes. Os americanos estavam fazendo coisas como amontoar agricultores em Abu Ghraib [a notória prisão em Bagdá onde soldados americanos abusavam e torturavam detidos iraquianos] ou entregá-los às autoridades iraquianas, sabendo plenamente que eles iriam ser torturados.
“Os americanos tem uma bem-merecida reputação por serem “fáceis no gatilho”. Nos três meses que estive no Iraque, os soldados com os quais servi nunca atiraram em ninguém. Quando você perguntava aos americanos porque eles matavam pessoas, eles diziam ‘nós estamos lidando com duros combatentes estrangeiros’. Eu não vi quaisquer combatentes estrangeiros no tempo que estive lá.
“Eu posso relembrar de participar de uma operação que teve lugar fora de Bagdá, onde havíamos detido alguns civis que, claramente, não eram insurgentes, mas pessoas inocentes. Eu não podia entender por que havíamos feito aquilo, então eu disse ao meu comandante de tropa ‘teríamos nos comportado dessa maneira nos Bálcãs ou na Irlanda do Norte’? Ele deu com os ombros e disse, ‘mas isso é o Iraque’, e eu pensei, ‘e isso deixa tudo bem?’
“No que me dizia respeito, isso queria dizer que, devido a essas pessoas serem de cor diferente ou de uma religião diferente, elas não contavam tanto. Você não pode invadir um país pretendendo promover a democracia e se comportar desse modo.”
Em outra operação, Griffin relembra a frustração, dele e de outros soldados, ao serem ordenados a deter um grupo de homens vivendo numa fazenda.
Ele disse: “Após você ter estado em umas poucas operações, a experiência lhe diz quando você está lidando com insurgentes ou somente com civis, e nós sabíamos que as pessoas que havíamos detido não eram uma ameaça.
“Um deles era um homem incapacitado, sem uma perna, mas os americanos ainda assim nos ordenaram para carregá-los nos helicópteros e trazê-los de volta para a base. Umas poucas horas mais tarde, fomos ordenados a devolver metade deles, e voamos de volta à fazenda durante a luz do dia. Essa era uma ordem ridícula e corremos o risco de ser abatidos ou emboscados, mas tivemos de fazer isso. Os americanos estavam arriscando nossas vidas porque se haviam recusado a escutar nossos conselhos na noite anterior. Era típico do comportamento deles.”
Griffin disse acreditar que os soldados americanos contemplavam os iraquianos do mesmo modo que os nazistas contemplavam russos, judeus e europeus orientais, na Segunda Guerra Mundial, quando estes últimos eram rotulados como “untermenschen”.
“No que cabia aos americanos, as pessoas iraquianas eram sub-humanas, untermenschen. Você quase podia dividir os americanos em dois grupos: aqueles que eram autênticos Cruzados, com a única intenção de matar iraquianos, e aqueles que estavam no Iraque porque o Exército iria pagar suas taxas universitárias. Eles não tinham compreensão ou interesse pela cultura árabe. Os americanos falavam com os iraquianos como se estes fossem estúpidos e esses não eram casos isolados, isso vinha do topo para baixo. Podia haver um ou dois oficiais iluminados que compreendiam a situação um pouco melhor, mas no todo era essa a atitude geral deles. Essa atitude alimentou a insurgência. Eu acho que os iraquianos os detestam.”
Embora Griffin tenha o mais profundo respeito por seus antigos colegas e permaneça ferozmente leal ao regimento, ele acredita que a reputação do Exército tenha sido danificada por sua associação com as forças americanas.
“Eu tinha reservas sobre o Iraque antes de ir para lá, mas como soldado você faz o que lhe foi ordenado fazer. Mas eu descobri, quando eu estava fora do Iraque, que não podia manter meus pontos de vista separados do meu trabalho, sem comprometer minha função como soldado.
“Foi neste momento que eu soube que não podia mais continuar. Eu estava com muita raiva, e ainda estou, com o modo pelo qual os políticos neste país e os americanos mentiram para o povo britânico sobre a guerra. Porém, ainda mais importante, eu não ingressei no Exército britânico para conduzir a política externa americana.”
Griffin disse que, embora furioso por muitos dos eventos presenciados no Iraque, ele esperou até voltar à Grã-Bretanha, de folga, para deixar claras suas opiniões a seus comandantes.
“Eu não queria dizer nada quando estava em Bagdá porque ainda tenho grande respeito e lealdade pelos soldados com os quais servi. Eu não queria causar qualquer pressão desnecessária ou desconforto vocalizando minhas opiniões.
“Quando voltei para o Reino Unido, para uma semana de folga, pedi uma entrevista com meu oficial-comandante e lhe disse que eu pensava que as coisas que aconteciam no Iraque eram erradas, não apenas legalmente, mas operacionalmente também.
“Inicialmente, ele suspeitou que eu tivesse recebido uma oferta de emprego por uma companhia militar privada no Iraque, mas quando ficou claro que esse não era o caso, ele foi muito compreensivo. Foi uma grande decisão para mim. Eu coloquei muito esforço para entrar para o SAS, portanto essa não foi uma decisão que eu tomei às carreiras.
“Ele compreendeu meu ponto de vista e sua atitude foi exemplar, de fato todo mundo foi exemplar sobre isso. Eu não sabia o que iria acontecer. Eu pensei que poderia ser indiciado ou terminar em Colchester [a prisão militar] por recusar a servir.”
Griffin, que vive em Londres, nega ser um pacifista ou um membro de qualquer partido político, ou ter uma agenda designada para derrubar o Governo.
Mas ele disse: “Eu acredito apaixonadamente na democracia e irei falar sobre coisas que eu acho moralmente erradas. Eu acho que a guerra no Iraque é uma guerra de agressão e é moralmente errada e, mais importante, nós estamos tornando a situação no Oriente Médio mais instável. Isso não é apenas errado, é um grande desastre militar. Não havia nenhum plano para o que iria acontecer depois que Saddam partisse, nenhum fim de jogo.”
SOLDADO DO SAS ABANDONA O EXÉRCITO REVOLTADO COM TÁTICAS “ILEGAIS” DOS AMERICANOS NO IRAQUE.
Por Sean Rayment, Correspondente de Defesa 12/03/2006.
Um soldado do SAS recusou-se a lutar no Iraque e abandonou o Exército devido à táticas “ilegais” das tropas dos Estados Unidos e das políticas da forças de coalizão.
Depois de três meses em Bagdá, Ben Griffin disse ao seu comandante que não estava mais preparado para lutar ao lado das forças americanas.
Ele disse ter presenciado “dúzias de atos ilegais” por tropas americanas, afirmando que esses viam todos os iraquianos como “untermenschen” – o termo nazista para raças consideradas subhumanas.
A decisão marca a primeira vez que um soldado do SAS recusa a ir para a zona de combate e abandona o Exército sob argumentos morais.
Isso acarretou um fim imediato para a exemplar carreira de oito anos, na qual ele também serviu com o Regimento de Pára-quedistas, tomando parte em operações na Irlanda do Norte, Macedônia e Afeganistão.
Mas isso também irá causar embaraços ao Governo e tem um impacto potencialmente profundo nos casos de outros soldados que se recusaram a lutar.
Na quarta-feira, a audiência preliminar irá começar na corte-marcial do tenente-aviador Malcolm Kendal-Smith, um médico da Real Força Aérea que se recusou a voltar ao Iraque para uma terceira temporada de dever, sob o argumento que a guerra era ilegal. As alegações de Griffin surgem quando o ministro do Exterior, Kim Howells, visitando Basra ontem, admitiu que a o Iraque agora, estava “uma bagunça”.
Griffin, 28 anos, que passou dois anos com o SAS, disse que as táticas e “mentalidade Gung Ho e de gatilho fácil” dos americanos, minaram completamente qualquer chance de ganhar corações e mentes da população iraquiana. Ele complementou que muito civis inocentes foram detidos em incursões noturnas e interrogados por soldados americanos, aprisionados na notória prisão de Abu Ghraib ou entregues para as autoridades iraquianas e, “muito provavelmente” torturados.
Griffin, eventualmente, acabou dizendo aos comandantes do SAS, em Hereford, que ele não mais poderia tomar parte numa guerra que considerava como “ilegal”.
Ele acrescentou que agora acredita que o Primeiro-Ministro e o Governo tem, repetidamente, “mentido” sobre a conduta da guerra.
“Eu não ingressei no Exército britânico para conduzir a política externa americana,” disse. Ele esperava ser tachado de covarde e encarar a corte-marcial e aprisionamento após tomar “a decisão mais difícil da minha vida” em março último.
Ao invés disso, ele foi dispensado com um testemunho descrevendo-o como um “indivíduo equilibrado, honesto, leal e determinado que possui a força de caráter para ter a coragem de suas convicções.”
Na última noite, Patrick Mercer, o ministro sombra para segurança interna, disse: “Griffin é um soldado altamente experimentado. Isso torna sua decisão particularmente perturbadora e suas visões e opiniões devem ser apreciadas pelo Governo.”
O Ministério da Defesa declinou de comentar.
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Clermont escreveu:Você quase podia dividir os americanos em dois grupos: aqueles que eram autênticos Cruzados, com a única intenção de matar iraquianos, e aqueles que estavam no Iraque porque o Exército iria pagar suas taxas universitárias. Eles não tinham compreensão ou interesse pela cultura árabe.
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CRISE DE MORAL?
Por Severin Carrel – THE INDEPENDENT, 19 de março de 2006.
O número de soldados se evadindo do Exército britânico, triplicou desde a invasão do Iraque, suscitando temores de que as forças armadas estejam enfrentando uma crise no moral.
O Independent no domingo pôde revelar que, no último ano, mais de 380 soldados se tornaram ausentes sem licença (AWOL) e, desde então, deixaram de retornar ao dever – marcando um dramático aumento desde a invasão ao Iraque, três anos atrás.
Advogados militares dizem que esses dados sugerem significantes níveis de insatisfação nas fileiras sobre a legalidade da ocupação, e crescente descontentamento sobre o fracasso da coalizão em derrotar a insurgência iraquiana.
Um médico da RAF foi levado, na última semana, à corte-marcial por se recusar a servir no Iraque, afirmando que a ocupação é ilegal, e um antigo soldado do SAS, Ben Griffin, revelou que havia abandonado o Exército em protesto contra a guerra.
Griffin estava entre os 20 mil manifestantes anti-guerra, incluindo numerosos familiares de soldados em serviço, que marcharam por Londres, ontem, para marcar o terceiro aniversário da guerra no Iraque.
Membros do Parlamento (MPs) estão alarmados pelos novos números. Bob Russel, MP democrata liberal para a cidade-guarnição de Colchester no Essex, irá questionar os ministros sobre tais números nos Comuns, nessa semana.
Russel, um porta-voz da Defesa, disse acreditar que o moral no Exército era, no geral, alto, mas adicionou: “Esse é um incremento digno de investigação detalhada se há alguma razão subjacente para isso.”
Os ministros estão planejando lidar com o problema dos “refusenik”, introduzindo uma nova definição de deserção na Lei das Forças Armadas, que está indo para o Parlamento. Os soldados poderão, daqui para frente, encarar a prisão perpétua por se recusarem a tomar parte na ocupação de um país estrangeiro – uma atitude considerada diretamente vinculada com as preocupações com o Iraque.
Dados liberados pelo Ministério da Defesa (MoD) mostram que nos últimos cinco anos, o número de soldados que se tornaram ausentes sem licença e deixaram de se apresentar a suas unidades, aumentou continuamente, subindo de 86 em 2001 para 118 em 2002 e, então, para 135 em 2003, quando a Guerra do Iraque começou.
Mas, nos últimos dois anos – quando a oposição iraquiana à ocupação se intensificou e as baixas da coalizão aumentaram – os números pularam para 230 em 2004 e, então, para 383. Funcionários da Defesa admitem que esses dados são perturbadores, pois o número de soldados que se tornam AWOL por um curto período, mas que, então, retornam ao serviço ativo ou são detidos, tem permanecido ao mesmo nível de cerca de 2600 casos por ano.
Gilbert Blade, um expoente advogado militar, afirma que a verdadeira extensão do absenteísmo e do problema dos “refusenik” está sendo disfarçado pelos militares. “Se eles lidassem de frente com o problema do absenteísmo, isso não seria bom para o moral. Portanto o MoD não está ansioso para colocar nenhuma ênfase no fato de que pessoas não querem lutar naquilo que consideram uma guerra ilegal,” disse Blade.
Ele afirmou que a decisão do governo de apertar a definição de deserção era uma “muito obviamente”, uma tentativa dos ministros para impedir as pessoas de se recusarem a servir no Iraque.
Gwyn Gyintopher, uma conselheira da “At Ease”, uma organização caritativa que aconselha soldados sobre seus direitos ao deixar o Exército, disse que essa mais dura definição de deserção foi “um grande salto” na lei militar. “Isso está acontecendo agora, em tal número que alguém no MoD deseja legislar, especificamente, sobre isso,” disse ela.
Por Severin Carrel – THE INDEPENDENT, 19 de março de 2006.
O número de soldados se evadindo do Exército britânico, triplicou desde a invasão do Iraque, suscitando temores de que as forças armadas estejam enfrentando uma crise no moral.
O Independent no domingo pôde revelar que, no último ano, mais de 380 soldados se tornaram ausentes sem licença (AWOL) e, desde então, deixaram de retornar ao dever – marcando um dramático aumento desde a invasão ao Iraque, três anos atrás.
Advogados militares dizem que esses dados sugerem significantes níveis de insatisfação nas fileiras sobre a legalidade da ocupação, e crescente descontentamento sobre o fracasso da coalizão em derrotar a insurgência iraquiana.
Um médico da RAF foi levado, na última semana, à corte-marcial por se recusar a servir no Iraque, afirmando que a ocupação é ilegal, e um antigo soldado do SAS, Ben Griffin, revelou que havia abandonado o Exército em protesto contra a guerra.
Griffin estava entre os 20 mil manifestantes anti-guerra, incluindo numerosos familiares de soldados em serviço, que marcharam por Londres, ontem, para marcar o terceiro aniversário da guerra no Iraque.
Membros do Parlamento (MPs) estão alarmados pelos novos números. Bob Russel, MP democrata liberal para a cidade-guarnição de Colchester no Essex, irá questionar os ministros sobre tais números nos Comuns, nessa semana.
Russel, um porta-voz da Defesa, disse acreditar que o moral no Exército era, no geral, alto, mas adicionou: “Esse é um incremento digno de investigação detalhada se há alguma razão subjacente para isso.”
Os ministros estão planejando lidar com o problema dos “refusenik”, introduzindo uma nova definição de deserção na Lei das Forças Armadas, que está indo para o Parlamento. Os soldados poderão, daqui para frente, encarar a prisão perpétua por se recusarem a tomar parte na ocupação de um país estrangeiro – uma atitude considerada diretamente vinculada com as preocupações com o Iraque.
Dados liberados pelo Ministério da Defesa (MoD) mostram que nos últimos cinco anos, o número de soldados que se tornaram ausentes sem licença e deixaram de se apresentar a suas unidades, aumentou continuamente, subindo de 86 em 2001 para 118 em 2002 e, então, para 135 em 2003, quando a Guerra do Iraque começou.
Mas, nos últimos dois anos – quando a oposição iraquiana à ocupação se intensificou e as baixas da coalizão aumentaram – os números pularam para 230 em 2004 e, então, para 383. Funcionários da Defesa admitem que esses dados são perturbadores, pois o número de soldados que se tornam AWOL por um curto período, mas que, então, retornam ao serviço ativo ou são detidos, tem permanecido ao mesmo nível de cerca de 2600 casos por ano.
Gilbert Blade, um expoente advogado militar, afirma que a verdadeira extensão do absenteísmo e do problema dos “refusenik” está sendo disfarçado pelos militares. “Se eles lidassem de frente com o problema do absenteísmo, isso não seria bom para o moral. Portanto o MoD não está ansioso para colocar nenhuma ênfase no fato de que pessoas não querem lutar naquilo que consideram uma guerra ilegal,” disse Blade.
Ele afirmou que a decisão do governo de apertar a definição de deserção era uma “muito obviamente”, uma tentativa dos ministros para impedir as pessoas de se recusarem a servir no Iraque.
Gwyn Gyintopher, uma conselheira da “At Ease”, uma organização caritativa que aconselha soldados sobre seus direitos ao deixar o Exército, disse que essa mais dura definição de deserção foi “um grande salto” na lei militar. “Isso está acontecendo agora, em tal número que alguém no MoD deseja legislar, especificamente, sobre isso,” disse ela.
- Pablo Maica
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Mais um AH-64 é abatido no iraque. Fonte BBC News
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/4870100.stm
Um abraço e t+
http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/4870100.stm
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