UCRÂNIA
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Re: UCRÂNIA
Compromisso à vista na Ucrânia?
Carlos Fino - Blog do Noblat - 25.08.14.
Mais de 2.000 mortos depois, os presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Pútin e Petro Poroshenko, vão encontrar-se amanhã em Minsk, capital da Bielo-Rússia, para tentar um compromisso que ponha termo ao conflito armado em curso desde abril no leste ucraniano.
Promovido e mediado pela chanceler alemã Angela Merkel, o encontro tem alguma probabilidade de êxito, na medida em que o confronto chegou a um impasse e todas as partes envolvidas têm interesse em procurar uma saída negociada.
A Ucrânia, há anos a braços com uma profunda crise económica, financeira e demográfica, não está em condições de sustentar indefinidamente uma guerra que já ceifou a vida a centenas de militares e tende a suscitar crescentes protestos da população na retaguarda, pondo em causa a estabilidade do poder em Kíev.
As medidas draconianas impostas pelo FMI como condição para a concessão de empréstimos que evitem a falência do país – baixos salários, cortes nas pensões e aumento de 40 por cento do preço da energia - são por si mesmas suficientemente gravosas para provocar descontentamento.
Já hoje há racionamento da eletricidade e com a aproximação do inverno a situação só tenderá a piorar, tanto mais que o carvão também escasseia porque as principais minas estão situadas nas regiões em guerra.
Por outro lado, as tropas governamentais, apesar do avanço registado nas últimas semanas, não conseguiram retomar o controlo da situação no leste e há mesmo indícios de que pode ocorrer uma contra-ofensiva das forças rebeldes, que registaram algumas vitórias importantes nos últimos dias.
A Rússia tem outro fôlego e poderia aguentar melhor um conflito de baixa intensidade, limitando-se a fornecer apoio logístico e financeiro aos rebeldes. Mas Moscovo tem que arcar com o fluxo crescente de refugiados e uma situação de instabilidade permanente junto às fronteiras, dando pretexto para reforço da presença militar da OTAN na região e isolamento por parte dos países ocidentais, também não é do seu interesse.
Por fim, a Alemanha, ou seja, a Europa, também não quer uma guerra permanente com a Rússia.
O episódio das sanções demonstrou que tanto ou mais do que a Rússia, são alguns dos sectores agrícolas de países europeus - Polónia, Finlândia, Grécia, mas também Espanha, França, Alemanha... - que ficam seriamente prejudicados com o encerramento do mercado russo.
Mercado que aliás se arriscam a perder por muito tempo ou mesmo para sempre se o vazio for entretanto preenchido por exportações de outras regiões do mundo, designadamente da América Latina. As pressões dos meios de negócios europeus para se pôr termo às sanções têm vindo por isso a crescer de intensidade.
Tudo se conjuga, portanto, se houver um mínimo de bom senso, para que haja algum entendimento.
A Alemanha já deu o tom do que poderá ser a espinha dorsal desse compromisso: Sigmar Gabriel, vice-chanceler e ministro da economia, declarou no passado fim de semana que a Ucrânia só conseguirá manter a sua integridade territorial se evoluir para um estado federal.
Esta tem sido precisamente a solução defendida pela Rússia como forma de assegurar influência na Ucrânia e evitar a sua entrada na OTAN, ficando com estatuto idêntico ao que têm a Finlândia e a Áustria.
Mas esta fórmula está longe de agradar a muita gente em Kíev, que acusará Petroshenko de traição se o líder ucraniano a aceitar.
Fortemente marcadas pela ocupação soviética que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, algumas forças políticas do leste europeu, incluindo na Ucrânia, alimentam um compreensível sentimento anti-russo, que tem eco nalgumas capitais europeias e sobretudo em Washington (mais no Capitólio, mas também na Casa Branca), as quais prefeririam manter o nível de confronto como forma de enfraquecer o Kremlin.
O ressentimento, porém, é mau conselheiro e não constitui por si mesmo uma estratégia.
Como mostraram os acontecimentos dos últimos meses, uma escalada no confronto com o Kremlin levaria ou a um trágico confronto militar direto com a Rússia ou, na melhor das hipóteses, à renovação da guerra fria.
Ora ninguém na Europa parece ter apetite para uma coisa ou outra.
Na ausência do parceiro americano, russos e alemães poderão mesmo estar tentados a uma aproximação que marque um novo tipo de entendimento no velho continente e evite o confronto.
Uma coisa é certa: como notou Albert Einstein, “Os problemas não podem ser resolvidos pelo mesmo nível de pensamento que lhes deram origem”.
_________________________________
Carlos Fino é um jornalista internacional português, nascido em Lisboa, em 1948. Correspondente da RTP - televisão pública portuguesa - em Moscou, Bruxelas e Washington, destacou-se como correspondente de guerra, tendo coberto diversos conflitos armados na ex-URSS, Afeganistão, Oriente Médio e Iraque. Costuma ser lembrado como "aquele repórter do furo mundial", por ter sido o primeiro a anunciar, com imagens ao vivo, o bombardeio de Bagdad pelas tropas norte-americanas na última Guerra do Golfo (2003). Foi conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal em Brasília (2004/2012), onde atualmente reside.
Carlos Fino - Blog do Noblat - 25.08.14.
Mais de 2.000 mortos depois, os presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Pútin e Petro Poroshenko, vão encontrar-se amanhã em Minsk, capital da Bielo-Rússia, para tentar um compromisso que ponha termo ao conflito armado em curso desde abril no leste ucraniano.
Promovido e mediado pela chanceler alemã Angela Merkel, o encontro tem alguma probabilidade de êxito, na medida em que o confronto chegou a um impasse e todas as partes envolvidas têm interesse em procurar uma saída negociada.
A Ucrânia, há anos a braços com uma profunda crise económica, financeira e demográfica, não está em condições de sustentar indefinidamente uma guerra que já ceifou a vida a centenas de militares e tende a suscitar crescentes protestos da população na retaguarda, pondo em causa a estabilidade do poder em Kíev.
As medidas draconianas impostas pelo FMI como condição para a concessão de empréstimos que evitem a falência do país – baixos salários, cortes nas pensões e aumento de 40 por cento do preço da energia - são por si mesmas suficientemente gravosas para provocar descontentamento.
Já hoje há racionamento da eletricidade e com a aproximação do inverno a situação só tenderá a piorar, tanto mais que o carvão também escasseia porque as principais minas estão situadas nas regiões em guerra.
Por outro lado, as tropas governamentais, apesar do avanço registado nas últimas semanas, não conseguiram retomar o controlo da situação no leste e há mesmo indícios de que pode ocorrer uma contra-ofensiva das forças rebeldes, que registaram algumas vitórias importantes nos últimos dias.
A Rússia tem outro fôlego e poderia aguentar melhor um conflito de baixa intensidade, limitando-se a fornecer apoio logístico e financeiro aos rebeldes. Mas Moscovo tem que arcar com o fluxo crescente de refugiados e uma situação de instabilidade permanente junto às fronteiras, dando pretexto para reforço da presença militar da OTAN na região e isolamento por parte dos países ocidentais, também não é do seu interesse.
Por fim, a Alemanha, ou seja, a Europa, também não quer uma guerra permanente com a Rússia.
O episódio das sanções demonstrou que tanto ou mais do que a Rússia, são alguns dos sectores agrícolas de países europeus - Polónia, Finlândia, Grécia, mas também Espanha, França, Alemanha... - que ficam seriamente prejudicados com o encerramento do mercado russo.
Mercado que aliás se arriscam a perder por muito tempo ou mesmo para sempre se o vazio for entretanto preenchido por exportações de outras regiões do mundo, designadamente da América Latina. As pressões dos meios de negócios europeus para se pôr termo às sanções têm vindo por isso a crescer de intensidade.
Tudo se conjuga, portanto, se houver um mínimo de bom senso, para que haja algum entendimento.
A Alemanha já deu o tom do que poderá ser a espinha dorsal desse compromisso: Sigmar Gabriel, vice-chanceler e ministro da economia, declarou no passado fim de semana que a Ucrânia só conseguirá manter a sua integridade territorial se evoluir para um estado federal.
Esta tem sido precisamente a solução defendida pela Rússia como forma de assegurar influência na Ucrânia e evitar a sua entrada na OTAN, ficando com estatuto idêntico ao que têm a Finlândia e a Áustria.
Mas esta fórmula está longe de agradar a muita gente em Kíev, que acusará Petroshenko de traição se o líder ucraniano a aceitar.
Fortemente marcadas pela ocupação soviética que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, algumas forças políticas do leste europeu, incluindo na Ucrânia, alimentam um compreensível sentimento anti-russo, que tem eco nalgumas capitais europeias e sobretudo em Washington (mais no Capitólio, mas também na Casa Branca), as quais prefeririam manter o nível de confronto como forma de enfraquecer o Kremlin.
O ressentimento, porém, é mau conselheiro e não constitui por si mesmo uma estratégia.
Como mostraram os acontecimentos dos últimos meses, uma escalada no confronto com o Kremlin levaria ou a um trágico confronto militar direto com a Rússia ou, na melhor das hipóteses, à renovação da guerra fria.
Ora ninguém na Europa parece ter apetite para uma coisa ou outra.
Na ausência do parceiro americano, russos e alemães poderão mesmo estar tentados a uma aproximação que marque um novo tipo de entendimento no velho continente e evite o confronto.
Uma coisa é certa: como notou Albert Einstein, “Os problemas não podem ser resolvidos pelo mesmo nível de pensamento que lhes deram origem”.
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Carlos Fino é um jornalista internacional português, nascido em Lisboa, em 1948. Correspondente da RTP - televisão pública portuguesa - em Moscou, Bruxelas e Washington, destacou-se como correspondente de guerra, tendo coberto diversos conflitos armados na ex-URSS, Afeganistão, Oriente Médio e Iraque. Costuma ser lembrado como "aquele repórter do furo mundial", por ter sido o primeiro a anunciar, com imagens ao vivo, o bombardeio de Bagdad pelas tropas norte-americanas na última Guerra do Golfo (2003). Foi conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal em Brasília (2004/2012), onde atualmente reside.
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Re: UCRÂNIA
Este Sr. Carlos Fino, como todo jornalista generalista mostra-se equivocado, ou desatualizado.
As tropas de Poroshenko estão colhendo revezes, para não dizer desastres.
Os guerrilheiros avançara e tomaram sete cidades:Agronomicheskoe, Novodvorskoe, Osykovo, Novokaternikova, Leninskoe, Stroitel e Novoazovsk, bem como cercaram outras seis, sendo estas Blagodatnoe, Kuteinikovo, Voisovskii, Ulianovskoe, Uspenka, Alekseevskoe. Além disso, formaram outro grande cerco, que inclui mais de 5.000 combatentes cercados, inclusive com a presença dos batalhões da Guarda Nacional "Aidar", "Donbass" e "Shakhtersk". Por fim, em Ilovaisk, cidade ao norte de Donetsk, as forças ucranianas se retiraram, após investirem tanto para tomá-la.
Sem vitórias, com um grande volume de corpos chegando no oeste, se fala em 20.000 mortos, vê-se que Poroshenko chegará em Minsk enfraquecido. Fraqueza vista, aliás, no próprio discurso da data nacional, onde falto qualquer relato de vitórias, mas antes um sentido de "pátria em perigo". Perigo proporcionado por um punhado de caipiras do Donbass.
Vê-se que esses que emulam as Waffen SS, na verdade, não passam de um bando de bundões.
A OTAN está em boas mãos.
As tropas de Poroshenko estão colhendo revezes, para não dizer desastres.
Os guerrilheiros avançara e tomaram sete cidades:Agronomicheskoe, Novodvorskoe, Osykovo, Novokaternikova, Leninskoe, Stroitel e Novoazovsk, bem como cercaram outras seis, sendo estas Blagodatnoe, Kuteinikovo, Voisovskii, Ulianovskoe, Uspenka, Alekseevskoe. Além disso, formaram outro grande cerco, que inclui mais de 5.000 combatentes cercados, inclusive com a presença dos batalhões da Guarda Nacional "Aidar", "Donbass" e "Shakhtersk". Por fim, em Ilovaisk, cidade ao norte de Donetsk, as forças ucranianas se retiraram, após investirem tanto para tomá-la.
Sem vitórias, com um grande volume de corpos chegando no oeste, se fala em 20.000 mortos, vê-se que Poroshenko chegará em Minsk enfraquecido. Fraqueza vista, aliás, no próprio discurso da data nacional, onde falto qualquer relato de vitórias, mas antes um sentido de "pátria em perigo". Perigo proporcionado por um punhado de caipiras do Donbass.
Vê-se que esses que emulam as Waffen SS, na verdade, não passam de um bando de bundões.
A OTAN está em boas mãos.
Editado pela última vez por Adevaldo em Seg Ago 25, 2014 9:40 pm, em um total de 1 vez.
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Re: UCRÂNIA
São "soldados" da Guarda Nacional. Como os soldados regulares estavam se recusando a lutar, se rendendo ou internado-se na Rússia, resolveram mandar na frente a Guarda Nacional, que é composta pelos nacionalistas da Praça Maidan.LeandroGCard escreveu:O aspecto físico destes "soldados" também me pareceu um tanto quanto inusitado, com uma profusão de cabelos brancos e barriguinhas dilatadas pouco comum nas forcas militares que tenho visto, mesmo nas piores. Eu esperava ver rapazes com cara de bobos e aspecto de juventude excessiva usando uniformes largos demais, e não senhores entrando na meia idade com físico de funcionários de escritório, alguns trajando o que parecem ser pijamas .urss escreveu:mas que raio de uniformes usam as forcas de kiev?
sera que apenas eu acho isso ridiculo?
mas que raio de fuzis usam os separatistas?
o que vao fazer com os prisioneiros?
Leandro G. Card
Os fuzis que vi em poder de guerrilheiros são: Tokarev, Mosin-Nagant, Simonov SKS, Dragunov e os onipresentes AK.
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Re: UCRÂNIA
Abaixo a história sobre a aniquilação da 30ª Brigada, ocorrida semana passada, segundo testemunho de um soldado ucraniano:
"Como a 30ª brigada pereceu: a história de um berdichevita sobrevivente
Eu não sou um traidor e não sou um alarmista. Mas o que aconteceu com a 30ª brigada de Novograd-Volynsk merece o mais cuidadoso exame pelo público. Permanecer em silêncio sobre isso significa trair o país e os homens que foram deixados mortos no solo de Donetsk. Trair suas famílias e o povo, que deu seus melhores filhos sob o comando de retardados com estrelas enormes nas lapelas. Eu não quero criticar ninguém aqui, só espero que a história do frágil garoto de Berdichev, que conseguiu sobreviver durante esses eventos, ajude os ucranianos a compreender que um oficial incompetente é pior que Yanukovich...
'Igor' (nome fictício) foi alistado no exército em Berdichev em março. 'Por apenas dez dias, para treinamento' - explicou o oficial de recrutamento. De Berdichev ele foi enviado para Novograd, para a 30ª brigada. Lá eles o levaram para praticar tiro - 12 balas por dia, e isso durou duas semanas. Depois houve exercícios junto da 26ª brigada, e então para a guerra. A tarefa do destacamento em que Igor servia era acompanhar os comboios militares com suprimentos de combate. Eles foram atacados por artilharia, mas Deus os protegeu e apenas caminhões queimados marcaram o caminho desses soldados. Ao final de julho toda a brigada estava reunida e foi enviada à aldeia de Solnechnoye em Donetsk. Lá eles repararam o equipamento, abasteceram, recarregaram munições e partiram para Stepanovka. Stepanovka já estava 'liberada' (nota da página: segundo a Junta de Kiev, em outras palavras OCUPADA), mas os terroristas a atacavam com morteiros. Durante o primeiro dia a brigada perdeu três homens por causa dos morteiros. Eles estavam aquartelados em porões e sótãos, seu serviço começou. Eles tinham que patrulhar o território, guardar postos de controle, varrer assentamentos capturados.
Igor se lembrará para sempre dos eventos de 12 de agosto. Ele se lembra de uma conversa de dois soldados da artilharia na manhã várias horas antes de catástrofe: 'Kolya, isso está uma merda. Nós atiramos e não trocamos de posições, eles vão nos cobrir'. 'Vá dizer isso ao comandante, ele já tentou ser um espertalhão e foi fodido pelo comando. Eles o mandaram ficar aqui'. - respondeu o outro artilheiro. Durante a guerra todas as regras são escritas em sangue de soldados mortos. E se os comandos vão contra as regras então a intuição do soldado começa a funcionar e esperar o pior. Igor foi 'sortudo', se é que dá para usar essa palavra, ele e mais dois soldados foram enviados para uma missão de reconhecimento na tarde para determinar o deslocamento do poder-de-fogo inimigo e os acúmulos de inimigos.
Os rapazes caminharam por conta própria por 3 ou 4 quilômetros e encontraram um comboio de tanques que consistia de 18 T-90! Uma tentativa de contatar o comando quase lhes custou suas vidas - três tanques passaram pelos batedores que estavam deitados na grama. O tanque mais próximo quase esmagou os combatentes - 'era possível tocá-lo com as mãos'. Uma vez que os tanques se aproximaram do comboio e pararam, os batedores contataram o comando e pediram fogo de artilharia após indicarem o setor em que os tanques estavam reunidos. Os tanques ficaram por ali por 1 hora, mas nenhum ataque aconteceu. Ainda, a infantaria nos 'Kamazes' se aproximou dos tanques e o exército começou a se dispersar. Tanques e infantaria começaram a cercar a aldeia - os batedores novamente contataram o comando e reportaram a situação - 30 'Kamazes' com inimigos e 21 tanques. Dessa vez o comando reagiu (Igor soube disso depois) - ele abandonou a ainda não cercada Stepanovka, deixando um oficial com patente de tenente-coronel para trás.
A catástrofe começou às 22h. Um rodamoinho de foguetes cobriu a aldeia e a localização das tropas. Por mais de duas horas os 'Grads' escavaram as posições da 30ª brigada, e então os tanques e infantaria avançaram para varrer a aldeia. Igor acha que estes eram militares russos. Um recuo dos destacamentos ucranianos começou, ou ainda do que sobrou deles. Os nossos recuaram para Saur-Mogila.
Dessa maneira três batedores acabaram parando na retaguarda dos separatistas. Os batedores deitaram no campo até a manhã, observando os comboios de suprimentos inimigos passarem. Os rapazes tentaram contatar o comando a noite inteira para descobrir do que eles poderiam fazer nessa situação. Mas o rádio permaneceu em silêncio. Na manhã eles se conectaram e receberam a ordem de irem para a aldeia de Solnechnoye. Eles se moveram por uma estrada rural.
O espanto os esperava na aldeia. Durante o ataque dos separatistas os 18 tanques da brigada tinham sido destruídos, a bateria de artilharia foi aniquilada, bem como outros blindados. De todos os materiais da brigada, apenas 2 tanques permaneciam em Solnechnoye, que foram atingidos mas milagrosamente mantiveram sua mobilidade, e um veículo blindado de reconhecimento. Um número extremamente elevado de pessoas pereceu, mas quantos exatamente eles não sabiam. Mas o comando esqueceu dos soldados e eles receberam a ordem de seguirem para Saur-Mogila com os restos das forças. A segunda parte da tragédia se desenrolou ali...Igor não tem forças para se lembrar de tudo. Depois os sobreviventes receberam as ordens de irem para Novograd, para "fazer listas de sobreviventes". Contados. Dos 4.500 soldados e oficiais, 83 retornaram a Novograd-Volynsk e também 500 em outros lugares da Ucrânia. Os comandantes estarão se perguntando onde estarão os outros.
Hoje Igor está em Berdichev. Sem dinheiro, mas vivo. O que acontecerá em seguida ele não sabe. Eles foram dispensados para retornarem para casa e lhes disseram que em breve decidiriam o que fazer com ele... Nada se sabe ainda dos quase 4.000 soldados e oficiais "perdidos" da 30ª brigada".
"Como a 30ª brigada pereceu: a história de um berdichevita sobrevivente
Eu não sou um traidor e não sou um alarmista. Mas o que aconteceu com a 30ª brigada de Novograd-Volynsk merece o mais cuidadoso exame pelo público. Permanecer em silêncio sobre isso significa trair o país e os homens que foram deixados mortos no solo de Donetsk. Trair suas famílias e o povo, que deu seus melhores filhos sob o comando de retardados com estrelas enormes nas lapelas. Eu não quero criticar ninguém aqui, só espero que a história do frágil garoto de Berdichev, que conseguiu sobreviver durante esses eventos, ajude os ucranianos a compreender que um oficial incompetente é pior que Yanukovich...
'Igor' (nome fictício) foi alistado no exército em Berdichev em março. 'Por apenas dez dias, para treinamento' - explicou o oficial de recrutamento. De Berdichev ele foi enviado para Novograd, para a 30ª brigada. Lá eles o levaram para praticar tiro - 12 balas por dia, e isso durou duas semanas. Depois houve exercícios junto da 26ª brigada, e então para a guerra. A tarefa do destacamento em que Igor servia era acompanhar os comboios militares com suprimentos de combate. Eles foram atacados por artilharia, mas Deus os protegeu e apenas caminhões queimados marcaram o caminho desses soldados. Ao final de julho toda a brigada estava reunida e foi enviada à aldeia de Solnechnoye em Donetsk. Lá eles repararam o equipamento, abasteceram, recarregaram munições e partiram para Stepanovka. Stepanovka já estava 'liberada' (nota da página: segundo a Junta de Kiev, em outras palavras OCUPADA), mas os terroristas a atacavam com morteiros. Durante o primeiro dia a brigada perdeu três homens por causa dos morteiros. Eles estavam aquartelados em porões e sótãos, seu serviço começou. Eles tinham que patrulhar o território, guardar postos de controle, varrer assentamentos capturados.
Igor se lembrará para sempre dos eventos de 12 de agosto. Ele se lembra de uma conversa de dois soldados da artilharia na manhã várias horas antes de catástrofe: 'Kolya, isso está uma merda. Nós atiramos e não trocamos de posições, eles vão nos cobrir'. 'Vá dizer isso ao comandante, ele já tentou ser um espertalhão e foi fodido pelo comando. Eles o mandaram ficar aqui'. - respondeu o outro artilheiro. Durante a guerra todas as regras são escritas em sangue de soldados mortos. E se os comandos vão contra as regras então a intuição do soldado começa a funcionar e esperar o pior. Igor foi 'sortudo', se é que dá para usar essa palavra, ele e mais dois soldados foram enviados para uma missão de reconhecimento na tarde para determinar o deslocamento do poder-de-fogo inimigo e os acúmulos de inimigos.
Os rapazes caminharam por conta própria por 3 ou 4 quilômetros e encontraram um comboio de tanques que consistia de 18 T-90! Uma tentativa de contatar o comando quase lhes custou suas vidas - três tanques passaram pelos batedores que estavam deitados na grama. O tanque mais próximo quase esmagou os combatentes - 'era possível tocá-lo com as mãos'. Uma vez que os tanques se aproximaram do comboio e pararam, os batedores contataram o comando e pediram fogo de artilharia após indicarem o setor em que os tanques estavam reunidos. Os tanques ficaram por ali por 1 hora, mas nenhum ataque aconteceu. Ainda, a infantaria nos 'Kamazes' se aproximou dos tanques e o exército começou a se dispersar. Tanques e infantaria começaram a cercar a aldeia - os batedores novamente contataram o comando e reportaram a situação - 30 'Kamazes' com inimigos e 21 tanques. Dessa vez o comando reagiu (Igor soube disso depois) - ele abandonou a ainda não cercada Stepanovka, deixando um oficial com patente de tenente-coronel para trás.
A catástrofe começou às 22h. Um rodamoinho de foguetes cobriu a aldeia e a localização das tropas. Por mais de duas horas os 'Grads' escavaram as posições da 30ª brigada, e então os tanques e infantaria avançaram para varrer a aldeia. Igor acha que estes eram militares russos. Um recuo dos destacamentos ucranianos começou, ou ainda do que sobrou deles. Os nossos recuaram para Saur-Mogila.
Dessa maneira três batedores acabaram parando na retaguarda dos separatistas. Os batedores deitaram no campo até a manhã, observando os comboios de suprimentos inimigos passarem. Os rapazes tentaram contatar o comando a noite inteira para descobrir do que eles poderiam fazer nessa situação. Mas o rádio permaneceu em silêncio. Na manhã eles se conectaram e receberam a ordem de irem para a aldeia de Solnechnoye. Eles se moveram por uma estrada rural.
O espanto os esperava na aldeia. Durante o ataque dos separatistas os 18 tanques da brigada tinham sido destruídos, a bateria de artilharia foi aniquilada, bem como outros blindados. De todos os materiais da brigada, apenas 2 tanques permaneciam em Solnechnoye, que foram atingidos mas milagrosamente mantiveram sua mobilidade, e um veículo blindado de reconhecimento. Um número extremamente elevado de pessoas pereceu, mas quantos exatamente eles não sabiam. Mas o comando esqueceu dos soldados e eles receberam a ordem de seguirem para Saur-Mogila com os restos das forças. A segunda parte da tragédia se desenrolou ali...Igor não tem forças para se lembrar de tudo. Depois os sobreviventes receberam as ordens de irem para Novograd, para "fazer listas de sobreviventes". Contados. Dos 4.500 soldados e oficiais, 83 retornaram a Novograd-Volynsk e também 500 em outros lugares da Ucrânia. Os comandantes estarão se perguntando onde estarão os outros.
Hoje Igor está em Berdichev. Sem dinheiro, mas vivo. O que acontecerá em seguida ele não sabe. Eles foram dispensados para retornarem para casa e lhes disseram que em breve decidiriam o que fazer com ele... Nada se sabe ainda dos quase 4.000 soldados e oficiais "perdidos" da 30ª brigada".
- EDSON
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Re: UCRÂNIA
Capturaram 10 soldados da 98 VDV na Ucrânia. Eu devolveria estes soldados logo para que Moscou não passe tantos tanques para os rebeldes.
Pelo menos agora uma quantidade de equipamentos esta sendo fornecida pelos russos em boa quantidade mas ainda não é suficiente para derrotar as forças do ATO.
Pelo menos agora uma quantidade de equipamentos esta sendo fornecida pelos russos em boa quantidade mas ainda não é suficiente para derrotar as forças do ATO.
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Re: UCRÂNIA
Ora, veja só. O que esses soldados estavam fazendo em território ucraniano? Será que o Glonass não está operando como deveria ou já fizeram um upgrade dos mapas considerando parte da Ucrânia como área Russa?EDSON escreveu:Capturaram 10 soldados da 98 VDV na Ucrânia. Eu devolveria estes soldados logo para que Moscou não passe tantos tanques para os rebeldes.
Pelo menos agora uma quantidade de equipamentos esta sendo fornecida pelos russos em boa quantidade mas ainda não é suficiente para derrotar as forças do ATO.
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Re: UCRÂNIA
Assim como Moscou devolveu os soldados ucranianos estes devem ser prontamente devolvidos para ficar assim como mal entendido.wagnerm25 escreveu:Ora, veja só. O que esses soldados estavam fazendo em território ucraniano? Será que o Glonass não está operando como deveria ou já fizeram um upgrade dos mapas considerando parte da Ucrânia como área Russa?EDSON escreveu:Capturaram 10 soldados da 98 VDV na Ucrânia. Eu devolveria estes soldados logo para que Moscou não passe tantos tanques para os rebeldes.
Pelo menos agora uma quantidade de equipamentos esta sendo fornecida pelos russos em boa quantidade mas ainda não é suficiente para derrotar as forças do ATO.
Ou vai esperar que estes caras irão la buscar eles com apoio da força aérea russa.
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Re: UCRÂNIA
Vou repetir, essa gente está brincando com fogo...
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P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: UCRÂNIA
[ironia mode]Imagina... a sério Túlio?![/ironia mode]
Eles brincam e a coisa pode tornar-se muito séria para todos envolvidos (pró-governo, pró-russos, UE e Rússia).
Eles brincam e a coisa pode tornar-se muito séria para todos envolvidos (pró-governo, pró-russos, UE e Rússia).
- EDSON
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Re: UCRÂNIA
Túlio escreveu:Vou repetir, essa gente está brincando com fogo...
Nem parece que estão tendo uma desavença.
Será que estão indo negociar o preço do gás. Parece que a oferta foi boa Putin arregalou os olhos.
- EDSON
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Re: UCRÂNIA
O Posorenko aperta a mão do Putin e depois fala mal dele em casa?
- Eu troco chocolates Wanka por seu gás. "Posorenko"
- Eu quero chocolate e que você reconheça a Crimeia como terra russa e federalize as regiões de falantes russos. "Putin"
- Tenho que consultar meu chefe em Washington. Acho que pode ser acertado. Mas tem que levar o chocolate. "Posorenko".
- rodrigo
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Re: UCRÂNIA
Onde é esse local tão luxuoso?
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: UCRÂNIA
Palácio da Independência em Minsk, Bielorrússia.rodrigo escreveu:Onde é esse local tão luxuoso?
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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