Agusta investe em Portugal/Embraer Desiludida

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Agusta investe em Portugal/Embraer Desiludida

#1 Mensagem por P44 » Qua Mar 28, 2007 11:17 am

Expresso
10.03.2007

Economia - Indústria de Defesa

Embraer desiludida com Governo

Perda do contrato de manutenção dos helicópteros EH-101 da Força Aérea Portuguesa compromete estratégia da empresa brasileira. Estão em risco mais de 200 milhões de euros


A desconfiança instalou-se entre a OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal (controlada em 65% pela empresa brasileira Embraer) e o Governo, perante a iminência da instalação em Portugal de uma empresa de manutenção de helicópteros concorrente das antigas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico. "Esta empresa tem uma parceria com o Governo (que nela detém uma participação de 35%). Quando houve uma operação de privatização parcial, o mais premente era a manutenção da capacidade de continuar a atender a Força Aérea Portuguesa", afirma António Monteiro, director-presidente da OGMA. "Só vamos conseguir se o Governo entender a importância disto para o país. Ao definir o que fazer na OGMA, o Governo está a garantir emprego em Portugal, a assegurar que o "know-how" específico fica no país, que gastará menos dinheiro em compras no exterior e, ainda, a abrir oportunidades para exportar (nós exportamos 85% da nossa produção). Nos aviões C-130 e nos P-3, somos reconhecidos mundialmente", acrescenta o mesmo responsável.

No protocolo assinado, em Agosto (durante a visita de José Sócrates ao Brasil), "há um compromisso da Embraer estudar exaustivamente as possibilidades de colocar mais actividades em Portugal. A Embraer levantou cinco temas que poderiam ser trabalhados, sendo que quatro deles gerariam algo como 250 milhões de dólares de investimento (cerca de 208 milhões de euros), mais de 1000 empregos e uma facturação de 150 milhões de euros por ano", revela António Monteiro. O quinto projecto é a fabricação de uma parte significativa de um avião. Este tema está em aberto, porque os brasileiros procuram identificar uma janela de oportunidade, que poderá passar por novo avião cargueiro concorrente do A400M e do Hércules C-130J, como por um jacto para executivos intermédios, entre os Phenom e os Legacy."Todos estes temas estão a ser aprofundados desde Outubro. Se houver um mercado muito forte destes aviões pequenos na Europa, talvez valha a pena fazer a montagem final aqui. Mas isso ainda está muito longe", ressalva o director-presidente da OGMA.

A actividade da OGMA reparte-se por quatro grandes áreas: a manutenção militar, a manutenção comercial, a fabricação e os motores e componentes aeronáuticos. "A componente fabril é a mais estável, porque tem um planeamento para o futuro; a manutenção oscila muito mais", acrescenta. Na fabricação, é preciso apanhar o comboio no momento certo. Há uns anos, houve a oportunidade de participar no programa do A400M, mas Portugal desistiu e perdeu o lugar. Agora, é compreensível que a chegada da Embraer gere uma certa ansiedade, mas todos os aviões são projectados com os respectivos parceiros, com quem o risco é partilhado. É o caso dos modelos mais recentes - O Phenom 100 e o Phenom 300 -, os quais já estavam destinados a ser fabricados no Brasil, um país com custos difíceis de bater", admite António Monteiro, o gestor do programa Embraer 145, que alavancou o sucesso Embraer.

O mesmo responsável recorda que, há oito anos, a OGMA teve oportunidade de participar no fabrico do Embraer 170, mas não se interessou, por estar totalmente comprometida com a Dornier (que acabou por falir). Neste momento, a empresa de Alverca fabrica a estrutura central, as asas e as cablagens dos Pilatus; a secção central da fuselagem dos CASA C-295 (numa fase posterior começará a fabricar componentes para este avião); o cone traseiro da fuselagem do EH-101; componentes em material compósito para o nariz do NH-90 e as asas do C-130J; a cabina de pilotagem do Dauphin da Eurocopter; os pilones dos motores do Falcon 200EX; e os armários de "hardware" para os Boeing E-3A AWACS e para os Airbus A330 e A340.

"Na área comercial, é diferente. Temos de ir à luta sozinhos, fazer a análise dos produtos em que temos mais oportunidades e conseguir as devidas licenças. No nosso caso, temos um apoio forte da Embraer e temos, também, aviões da Airbus A320 (praticamente todos da TAP), no âmbito de um acordo que continua a ser muito relevante", explica António Monteiro. Em 2005, quando os gestores brasileiros chegaram à OGMA, a empresa tinha um prejuízo acumulado de 2,5 milhões de euros. Mas, "com a colaboração de todos os empregados neste esforço - como saliente António Monteiro -, terminámos o ano positivo (um milhão e 300 mil euros)". Em 2006, o volume de facturação (133 milhões de euros) cresceu 13%, mas os resultados ficaram 6 ou 7% abaixo do previsto, decorrente de contratos que acabaram por não se efectivar, nomeadamente o da manutenção dos EH-101. Paradoxalmente, há um excesso de procura e a OGMA vê-se forçada a rejeitar alguma actividade por dificuldades de mão-de-obra, nomeadamente técnicos de manutenção aeronáutica.

A empresa vê, assim, estrangulado o seu crescimento nos próximos três anos, periodo de duração do curso de formação iniciado em Setembro do ano passado, na Escola Gago Coutinho, em Alverca. "Passámos o ano de 2006, com 100 vagas abertas que não conseguimos preencher. Esta falta de pessoal preocupa-nos muito", sublinha António Monteiro. Nos momentos de "pico" de trabalho a empresa viu-se obrigada a recrutar pessoal no exterior, nomeadamente do Brasil. "Mas não directamente da Embraer, que está numa fase de crescimento forte e também precisa de recursos", acrescenta. Paralelamente, a OGMA criou incentivos para "segurar" e valorizar os seus melhores quadros. A empresa conta com um total de 1600 colaboradores e mais 130 na Listral (participada a 100% da OGMA).


Agusta investe em Portugal

A Agusta-Westland, fornecedora dos helicópteros EH-101 Merlin à Força Aérea Portuguesa, vai criar uma empresa de manutenção em Portugal. O projecto foi aprovado, esta semana, pelo ministro da Defesa, Severiano Teixeira, que autorizou a Defloc a celebrar um contrato de seis meses (renovável por mais seis). "Estamos em conversações com o Governo português, mas não podemos revelar detalhes", limitou-se a declarar Gianluca Grimaldi, porta-voz da empresa italo-britânica, escusando-se a confirmar os planos de abertura de uma nova filial no mercado português. No entanto, o Expresso apurou junto de uma fonte próxima do processo, que a actividade da nova empresa poderá alargar-se além dos EH-101, nomeadamente, aos helicópteros NH-90, destinados ao Exército (um programa onde a participação da Agusta ascende a 30%) e aos helicópteros Lynx, da Marinha (fornecidos pela Westland). De fora, ficariam apenas os helicópteros de combate a incêndios.

A Agusta-Westland quer potenciar os contratos ganhos nos últimos anos e vender o máximo possível de helicópteros em Portugal. O investimento na nova estrutura ainda não está definido, mas poderá arrancar com um efectivo de 30 a 40 técnicos de manutenção aeronáutica. Embora esta empresa se destine, apenas, aos aparelhos de plataforma Agusta-Westland, fontes do sector afirmam que a mesma irá fazer concorrência à OGMA, actual detentora dos contratos de manutenção dos helicópteros da Força Aérea, no âmbito das cláusulas negociadas na operação de privatização parcial da empresa. A OGMA assegura o apoio integral à frota da FAP, dos helicópteros Alouette aos caças F-16, passando pelos C-130 e pelos P-3 Orion. No âmbito das contrapartidas à aquisição de equipamento militar por parte do Estado, a Agusta-Westland manifestou o desejo de contribuir para o desenvolvimento do "cluster" aeronáutico. Estes acordos poderão passar pelo reforço da capacidade de simulação das empresas da Empordef (Edisoft e ETI).


Alexandre Coutinho




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#2 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 28, 2007 11:21 am

A Ogma vai de mal para pior, acho que a privatização foi uma péssima idéia.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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#3 Mensagem por Sniper » Qua Mar 28, 2007 11:23 am

cabeça de martelo escreveu:A Ogma vai de mal para pior, acho que a privatização foi uma péssima idéia.


A coisa não é por aí cabeça... quando era estatal a OGMA ia bem ? :wink:




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#4 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 28, 2007 11:29 am

Nos últimos tempos ia muitissimo bem, foi por isso é que a Embraer a comprou.




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#5 Mensagem por Adriano » Qua Mar 28, 2007 11:30 am

cabeça de martelo escreveu:A Ogma vai de mal para pior, acho que a privatização foi uma péssima idéia.


Era uma empresa lucrativa enquanto estava nas mãos do governo? :roll:

Cumprimentos




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#6 Mensagem por cabeça de martelo » Qua Mar 28, 2007 11:36 am

Era uma fábrica lucrativa antes dos governos PS e tornou-se outra vez lucrativa nas mãos do Ministro da Defesa Paulo Portas (coligação de direita).

A TAP continua a ser uma empresa Pública e dá lucros. Basta haver uma gestão rigorosa e não politica que uma empresa tem obrigação de dar lucros. :wink:




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#7 Mensagem por P44 » Qua Mar 28, 2007 11:51 am

cabeça de martelo escreveu:Era uma fábrica lucrativa antes dos governos PS e tornou-se outra vez lucrativa nas mãos do Ministro da Defesa Paulo Portas (coligação de direita).

A TAP continua a ser uma empresa Pública e dá lucros. Basta haver uma gestão rigorosa e não politica que uma empresa tem obrigação de dar lucros. :wink:


a CGD também dá lucros que eu saiba...e não são pequenos :wink: :shock:

Eu bem sei porque sou "espremido" por eles...se não fossem eles eram outros :roll:




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Re: Agusta investe em Portugal/Embraer Desiludida

#8 Mensagem por WalterGaudério » Qua Mar 28, 2007 1:01 pm

P44 escreveu:
Expresso
10.03.2007

Economia - Indústria de Defesa

Embraer desiludida com Governo

Perda do contrato de manutenção dos helicópteros EH-101 da Força A Embraer levantou cinco temas que poderiam ser trabalhados, sendo que quatro deles gerariam algo como 250 milhões de dólares de investimento (cerca de 208 milhões de euros), mais de 1000 empregos e uma facturação de 150 milhões de euros por ano", revela António Monteiro. O quinto projecto é a fabricação de uma parte significativa de um avião. Este tema está em aberto, porque os brasileiros procuram identificar uma janela de oportunidade, que poderá passar por novo avião cargueiro concorrente do A400M e do Hércules C-130J, como por um jacto para executivos intermédios, entre os Phenom e os Legacy."Todos estes temas estão a ser aprofundados desde Outubro. Se houver um mercado muito forte destes aviões pequenos na Europa, talvez valha a pena fazer a montagem final aqui. Mas isso ainda está muito longe", ressalva o director-presidente da OGMA.


Alexandre Coutinho


Olha acho que estão pintando demais nas cores. O momento deve ser de lucidez tanto da parte da EMBRAER, como da parte do Gov. Português.

Tenho certeza que desses dois projetos em maturação na EMBRAER, todos os dois, se saírem( o jato executivo é coisa certa, vai entrar em fase de desenvolvimento), vão gerar volume de trabalho para a OGMA sem dúvida.

Quanto ao transporte tático da EMBRAER a coisa ainda está nebulosa. Até porquê se de fato estrar em desenvolvimento. Não sabemos que tipo de prioridade a EMBRAER dará ao projeto. Tenho para mim, que o desenvolvimento do Cargueiro Tático não será no mesmo ritmo da família 170/190. Se for decidido desenvolve-lo este ano(na LAAD07 como já disse, haverá novidades :wink:), então ele deve ser entregue para o mercado, acho eu, em 2011/12(junto com o A 400M :shock: :D )

Dêem um pouco de tempo ao tempo.

sds

Walter




Editado pela última vez por WalterGaudério em Qua Mar 28, 2007 1:36 pm, em um total de 1 vez.
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
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#9 Mensagem por Sniper » Qua Mar 28, 2007 1:12 pm

Movido! :wink:




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#10 Mensagem por hayes » Qua Mar 28, 2007 2:02 pm

Srs.,


No Brasil, em Portugal e no Mundo inteiro, empresas do setor de Defesa são movidas na base de contratos com Forças Armadas.

Não pode-se esperar que a Embraer invista rios de dinheiro, seja na OGMA, seja no Brasil, sem um substrato de contratos locais.




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