Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#121 Mensagem por rodrigo » Seg Nov 25, 2013 11:25 am

É o tempo que o Irã precisa para terminar a bomba.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#122 Mensagem por rodrigo » Seg Nov 25, 2013 3:34 pm

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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#123 Mensagem por Wingate » Ter Nov 26, 2013 1:07 pm

rodrigo escreveu:Imagem

Vão botar a cabeça do camelo na tenda dele?

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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#124 Mensagem por LeandroGCard » Qui Dez 12, 2013 8:00 pm

Caso fossem cidadãos civis americanos mortos em um ataque do Irã ou de qualquer outro país árabe, o que aconteceria? Mesmo se fossem suspeitos de patrocinar ações violentas como atentados (contra cientistas nucleares?) ou grupos guerrilheiros, qual seria a reação do ocidente?
Drone dos EUA mata 13 convidados de casamento no Iêmen

Bombardeio atingiu veículos que seguiam para casamento em reduto da Al-Qaeda

O Estado de S. Paulo - 12 de dezembro de 2013


SANÁ - Um drone - avião teleguiado - dos Estados Unidos bombardeou nesta quinta-feira, 12, um comboio no qual viajavam convidados de um casamento no Iêmen, provocando a morte de pelo menos 13 pessoas, todas civis.
Exemplo de drone americano utilizado no Iêmen - AP
AP
Exemplo de drone americano utilizado no Iêmen

O comboio foi bombardeado na cidade de Radda, capital da província iemenita de Bayda, a cerca de 170 quilômetros da capital Saná. O ataque ocorreu quando o comboio partia para um casamento na cidade de Qaifa. A área é considerada um reduto da rede extremista Al-Qaeda.

O bombardeio americano deixou carros em chamas e corpos carbonizados espalhados pelo local, segundoas fontes iemenistas no setor de segurança.

Havia a suspeita de que militantes da Al-Qaeda estivessem nos veículos atingidos pelo bombardeio, mas essa informação ainad não foi confirmada.
Leandro G. Card




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#125 Mensagem por Boss » Qui Dez 12, 2013 9:28 pm

Nem vi isso nos jornais. Se fosse nos EUA, era plantão atrás de plantão na TV, ou até cobertura direta e exclusiva, com direito a correspondente e americanófilos em lágrimas. Nos sites e no papel, era a principal notícia da capa.

Mas é a política da Amerikwa e dos seus servos. Aqueles que a Amerikwa ataca são seres de segunda ou terceira classe, suas mortes devem ser em prol da paz e do progresso da humanidade, mesmo que sejam civis como o do caso.

Já se houver um tiroteiozinho em aeroporto de Los Angeles ou atentado que não mata ninguém em Boston, vish, a mídia ocidental, normalmente formada por capachos ou gente que queria esse título, até interrompe a programação para mostrar que atentaram contra a segurança da terra sagrada.

É nojento, mas fazer o que.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#126 Mensagem por Clermont » Qui Jan 30, 2014 5:59 am

COLOCANDO UM CRISTÃO SIONISTA NO PODER.

O que o Canadá pode nos mostrar.

Por Philip Giraldi - Antiwar.com, 28 de janeiro de 2014.

Mesmo embora existissem poucas boas razões para votar em Barack Obama, em 2008 e 2012, os republicanos forneceram montes de boas razões paa não votar em seus candidatos, permitindo que Obama se beneficiasse do vácuo político. Eu estava particularmente preocupado, em ambos os ciclos eleitorais, com religiosidade estampada na cara de vários candidatos do GOP (Grande Old Party, o Partido Republicano). Eu avaliei Sarah Palin como sendo, basicamente, uma cristã sionista, embora admitidamente uma versão particularmente ignorante que, dificilmente compreendia o que estava promovendo, enquanto o mormonismo de Romney com suas afinidades com a cristantade evangélica e fortes laços com Israel era igualmente perturbador.

Pouco me importa o que alguém escolhe para crer, mas quando as crenças são tais que se traduzirão na política que impacta o restante de todos nós, é difícil pretender que a religião de um candidato não importa. Os Estados Unidos, recentemente, se beneficiaram por terem chefes de estado que, ou eram fiéis de forma casual, ou se engajaram num tipo de piedade que era, em essência, falsa, como fez Bill Clinton quando desfilou por aí, de Bíblia na mão, fingindo penitência depois de uma estagiária fazer sexo oral nele.

Os canadenses não tem tido esta sorte, no entanto. O Canadá, multicultural e lar de mais de um milhão de muçulmanos, possivelmente tem, de modo irônico, o governo mais pró-Israel do mundo, seu primeiro-ministro, Stephen Harper, tendo descrito Israel como uma luz que "... arde brilhante, sustentada pelos princípios de todas as nações civilizadas - liberdade, democracia, justiça." Ele também declarou que "Eu defenderei Israel, seja qual for o custo para o Canadá", uma proposição interessantes para aqueles que acreditam que o dever dele seria defender seu próprio país, fazendo avançar seus interesses. Harper também apóia a atuante Coalizão Parlamentar Canadense para o Combate ao Anti-Semitismo, que busca definir o "novo anti-semitismo", que incluirá qualquer crítica ao Estado de Israel, e espera introduzir legislação que transformará isso em crime de ódio, a ser punido pela lei. Os críticos observam que logo será possível para os canadenses criticarem seu próprio governo, mas não o de Israel.

A nova embaixatriz do Canadá em Israel é Vivian Bercovici, uma advogada corporativa, e jornalista de tempo parcial, que morou em Israel e é uma grande admiradora do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Ela acredita que nenhum árabe é digno de confiança, um ponto de visa que tem sido descrito como "unidimensional", e ela escreveu que "... o Hamas, a Autoridade Palestina e praticamente todo governo no Oriente Médio não fazem segredo de que seu objetivo coletivo é a destruição do estado de Israel." Uma afirmação que é completamente falsa em praticamente todo detalhe. O ministro do exterior de Harper, John Baird, defendeu a nomeação, ao observar que as visões de Bercovici são idênticas às do governo conservador.

Harper, que recebeu prêmios tanto de organizaçãos judaicas americanas quanto canadenses, pessoalmente endossou o bombardeio do Líbano por Israel, em 2006, chamando-o de "comedido", mesmo quando pacificadores canadenses foram mortos nele. Sua administração descreveu a recente eleição do moderado presidente iraniano, Hassan Rouhani, como "insignificante" e rejeitou qualquer negociação com Teerã a respeito de seu programa nuclear. Em fóruns internacionais, o Canadá, consistentemente, vota contra quaisquer medidas para promover o estatuto internacional da Palestina, argumentando que favorece uma solução de dois estados, mas somente através de negociação, deixando aos israelenses ditarem o seu andamento. O Canadá atua ativamente contra o anseio da Palestina de incrementar seu estatudo nas Nações Unidas e até mesmo votou contra a declaração de ilegalidade dos assentamentos de Israel, algo que em teoria, apóia. O ministro do exterior, Baird, aderiu rigidamente aos pontos de negociação israelenses, garantindo que Teerã é a maior ameaça para a segurança global. Ele citou como evidência a hostilidade contra Israel. Baird também culpou os palestinos pelo fracasso das conversações de paz com Israel e disse "Não há um melhor amigo de Israel do que o Canadá. Nós sempre estaremos com vocês, e em frente com vocês."

Harper recentemente voltou de sua primeira viagem para Israel, no qual ele ultrapassou todas as expectativas, levando com ele uma entourage de duzentas e oito pessoas, que na maioria consistiam de apoiadores judeus-canadenses e cristãos evangélicos, muitos dos quais tiveram sua viagem e despesas de hotéis pagas pelo governo. No seu discurso ao Knesset, ele disse que o Canadá está alinhado com Israel por causa do Holocausto, e "esta é a coisa certa a se fazer", notando que descrever Israel como um estado de apartheid éra "lógica distorcida e aberta malícia" e acrescentando que tentativas de boicotar Israel são "a cara do novo anti-semitismo". Seu discurso também estava repleto de referências passíveis de contestação às "liberdade, democracia e a regra da lei" israelenses; fazendo o deserto "florir"; sua "generosidade na paz", e sublinhando como os palestinos não querem a paz e o Irã quer a bomba. Num jantar de estado em sua honra, Harper provou ser um real "showman", tocando num sintetizador enquanto cantava para seu anfitrião, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A canção "Hey Jude" dos Beatles pode não ter sido a melhor escolha, pois "Jude" em alemão significa "judeu", algo que muitos no auditória deviam ter ciência, mesmo se Harper não tivesse.

O amor de Harper por Israel deriva de numerosas fontes. Certamente, há um cálculo político nele. A poderosa comunidade judaica do Canadá, que é dominante na mídia e na finança, pode ter auxiliado a eleição de Harper como primeiro-ministro, já em 2006. A torcida de Harper por Israel obteve sucesso em aumentar a fatia dos conservadores do voto judeu-canadenses para acima da metade, uma mudança histórica às custas dos liberais do país. E 42 porcento dos judeus-canadenses chamam a si mesmos de sionistas, uma percentagem muito mais elevada do que entre judeus-americanos, com três-quartos das comunidades judaicas em Montreal e Toronto já tendo visitado Israel. Mas, contra isto, há pouca evidência real para sugerir que os 380 mil judeus do Canadá realmente votam em bloco baseados no relacionamento de Ottawa com Israel, portanto deve se concluir que Harper está menos preocupado com a votação real do que está com apoio político e de mídia da comunidade judaica.

Mas, quando se trata de votos, Harper, que foi criado como um evangélico, é quase certamente atraente para seu grupo de apoio central no Partido Conservador, os 3,5 milhões de evangélicos que compreendem, aproximadamente, dez porcento da população canadense. Eles votam na questão de Israel porque, na maioria mantém pontos de vista que os definem como cristãos sionistas, que saúdam a concentração dos judeus do mundo em Israel como uma pré-condição para a Segunda Vinda de Cristo. O próprio Harper é um membro da Aliança Missonária Cristã, uma denominação evangélica que acredita que a Segunda Vinda é iminente.

Deve-se salientar que muitos canadenses não concordam com a política para o Oriente Médio de Harper, mas sua única opção é botá-lo para fora pelo voto, quando ele concorrer de novo, em 2015. Plenos 57 % dos canadenses tem uma visão negativa de Israel e quando o ministro do exterior Baird, ativamente trabalhou contra o estatuto reforçado palestino na ONU, o escritório do ministro do exterior recebeu mais de 1 mil cartas com mais de 80 % opondo-se ao que o governo havia feito, muitos lamentando a perda da reputação do Canadá como um "agente justo" em assuntos internacionais.

Eu escrevi com algum detalhe sobre Harper e sua inclinação para com Israel, precisamente porque ela está profundamente enraízada em suas próprias crenças religiosas. Obviamene, o Canadá será incapaz de se envolver numa guerra em nome de Israel devido a sua limitada capacidade militar, apesar de seu compromisso de "defendê-lo à qualquer custo", mas Harper é um exemplo vivo do que acontece quando se permite que religião demais modele políticas críticas. Alguém poderia esperar menos dos próprios cristãos sionistas da América, vários dos quais são completamente pirados das idéias, incluindo Michelle Bachmann, Sarah Palin, Mitt Romney, Louie Gohmer, Rick Perry, Ted Cruz, Jim Imhofe ou Mike Huckabee? Gohmert recentemente disse num encontro do Tea Party da Carolina do Sul que Netanyahu é um dos maiores líderes históricos de Israel, possivelmente, um moderno Rei Davi ou do Rei Salomão. Ele pediu por um dia nacional de preces e jejuns para conseguir o conselho de Deus sobre como proteger Israel.

O governo pelos crentes como expresso em inglês quebrado pode ser único para Gohmert, mas Bachmann, Perry, Palin e Romney, todos eles, fizeram promessas tolas de atacarem o Irã, principalmente para adular o lobby de Israel, mas presumivelmente também, em parte devido a suas próprias crenças religiosas inabaláveis. Que o restante de nós possa pagar o preço por tais crenças e, no mínimo, enervante, mas o exemplo de Harper demonstra que há pouca coisa que impeça comportamentos temerários num chefe de estado possuindo o mandato para conduzir a política externa. Isto significa que a religião deve ser, definitivamente, uma parte do escrutínio que os candidatos à altos cargos recebam, particularmente quanto tal funcionário possa ter uma forte crença de que o fim do mundo está à visa e que o governo deve fazer tudo que puder para acelerá-lo. Eu aceito o desejo de Stephen Harper de mergulhar no Velho Testamento, mas eu, com todo respeito, sugiro que ele deveria fazer isso em sua casa e que, ao lidar com países estrangeiros, incluindo-se Israel, ele deveria fazer o que é melhor para o Canadá.


_____________________________

Philip Giraldi, um ex-oficial da CIA é um editor contribuidor para o The American Conservative e diretor-executivo do Conselho para o Interesse Nacional.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#127 Mensagem por Clermont » Sex Set 26, 2014 9:32 am

PALAVRAS GUERREIRAS DO PRESIDENTE PRÊMIO NOBEL DA PAZ.

Patrick J. Buchanan - 26 de setembro de 2014.
"Uma vez que a guerra é imposta sobre nós, não há outra alternativa a não ser aplicar todos os meios disponíveis para trazê-la a um fim rápido."

"O próprio objetivo da guerra é a vitória, não a indecisão prolongada."


Assim falou o general MacArthur, em alguns dos mais sábios conselhos que o velho soldado jamais havia dado ao seus compatriotas.

Porém, "indecisão prolongada" parece ser a essência da guerra que o presidente começou para "degradar e, por fim, destruir" o Estado Islâmico.

Pois, seguindo-se apenas uma noite de bombardeio na Síria, o general Bill Mayville, diretor de operações para a Junta de Chefes de Estado-Maior, solicitado a estimar quanto tempo essa nova guerra duraria, respondeu: "Eu pensaria em termos de anos."

"Anos," disse o general.

Porém, embora já estejamos bombardeando pesadamente, o presidente não em autorização congressual alguma para esta guerra na Síria.

Até mesmo os republicanos estão cautelosos em votarem pela guerra antes das eleições de novembro. Um terço dos Republicanos da Casa de Representantes votou para não armarmos e treinarmos os rebeldes sírios. Os democratas estão ainda mais relutantes.

E como vamos "destruir" o ISIS quando Obama descartou o envio de tropas combatentes americanas e nem um único aliado da OTAN ou árabe ofereceu o envio de soldados combatentes?

Leve em conta a Turquia. Com seu exército de 400 mil homens, 1 mil aviões, 3.600 tanques, 3 mil peças de artilharia e canhões autopropulsados, os turcos, o maior poder militar no Oriente Médio, podiam fazer picadinho do Estado Islâmico.

Por quê, então, não fazem?

Porque o presidente turco, Edorgan, detesta o presidente Assad da Síria e olha para o outro lado enquanto os voluntários, incluindo turcos, atravessam sua fronteira para juntar-se ao ISIS.

Até esse mesmo instante, esse aliado da OTAN tem sido um parceiro silencioso do ISIS. E, mesmo agora, Ancara não se voluntariou para enfrentar o Estado Islâmico.

Pois a Turquia é predominantemente sunita, e muitos destes vêem o Estado Islâmico como um brutal, porém eficaz, aliado contra a ameaça xiita representada por Teerã, Bagdá, Damasco e o Hezbollah.

Se o exército turco não está rumando para intervir na Síria contra o ISIS, e se Obama descartou coturnos americanos no terreno no Iraque ou Síria, de onde sairão os soldados para desalojarem o Estado Islâmico de um território do tamanho do estado americano de Indiana, que eles capturararam?

Os curdos podem manter Erbil com apoio aéreo americano. O regime do Iraque, apoiado por milícias xiitas, pode manter Bagdá. Mas poderá o exército iraquiano retomar Fallujah, Mosul ou Anbar, de onde saiu correndo recentemente?

Quem são as maiores forças combatentes na Síria que tem estado, durante anos, sustentando a linha contra o ISIS? Resposta: o exército sírio, as tropas do Hezbollah do Líbano e os iranianos, apoiados pela Rússia de Putin.

Denunciando o Estado Islâmico por suas decapitações de dois americanos e um britânico, Obama declarou na ONU:

"Não pode haver diálogo - negociação alguma - com essa forma de mal. A única linguagem compreendida pelos assassinos como estes é a linguagem da força. Portanto, os Estados Unidos da América trabalharão com uma ampla coalizão para desmantelarem esta rede da morte."

Palavras fortes, algumas das mais fortes que nosso presidente, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, já pronunciou nestes seis anos.

Porém, durante três anos, foi o aliado da OTAN, Turquia, e os aliados árabes, como Arábia Saudita e Qatar, que auxiliaram clandestinamente essa "rede da morte". E foram Assad, o Hezbollah, Irã e a Rússia que resistiram contra esta "rede da morte".

Um ano atrás, o povo americano levantou-se para exigir que Obama e John Kerry nos mantivessem fora da guerra civil da Síria, especificamente, que não levassem à cabo suas ameaças de bombardear o exército de Bashar Assad.

Se não fosse por Assad, o Hezbollah, Irã e Rússia, a rede da morte que Obama, com justiça, denunciou no pódio da ONU, agora poderia estar estabelecendo seu califado, não em Raqqa, mas em Damasco.

Antes de nos afundarmos na Síria, o Congresso precisa ser chamado para debater e votar se autoriza ou não essa nova guerra.

Pois esta guerra contra o Estado Islâmico parece, para alguns nessa região empapada em sangue, não tanto uma guerra do bem contra o mal, mas a primeira de várias guerras que eles querem que a América enfrente.

Para eles, o Estado Islâmico deve ser destruído pelos americanos. Então, o regime de Assad será derrubado pelos americanos. Então, o Irã será esmagado pelos americanos. Todo mundo no Oriente Médio parece ter em mente alguma nova guerra para os americanos lutarem.

Quantas dessas guerras servem aos nossos interesses vitais?

Embora, inegavelmente, o Estado Islâmico tenha mostrado-se além dos limites, com suas decapitações de inocentes e seus massacres de soldados que se renderam, não vamos esquecer que nossos aliados abrigavam tais monstros, enquanto adversários que nós rotulamos como terroristas e estados patrocinadores do terror, os estavam combatendo.

Lord Palmerston tinha um ponto de vista quando declarou que a Grã-Bretanha não tinha amigos permanentes e nem inimigos permanentes, apenas, interesses permanentes.

Tais interesses deveriam determinar nossa política.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#128 Mensagem por Clermont » Qui Out 02, 2014 7:55 pm

A IMPONDERÁVEL VONTADE DE LUTAR NO IRAQUE.

Robert Bruce Ware - Antiwar.com - 2.10.14.

As autoridades americanas subestimaram a ameaça do ISIL, de acordo com seu comandante-chefe. Apenas no inverno passado, o próprio Obama descreveu o ISIL como um "time de juniores". Porém, um ano antes, o presidente Vladimir Putin da Rússia preveniu os americanos sobre exatamente qual era a ameaça do ISIL num extraordinário editorial do New York Times. No artigo, intitulado "Um Apelo por Cautela da Rússia - O que Putin Tem a Dizer aos Americanos sobre a Síria", Putin buscava, com urgência, impedir Obama de bombardear as forças do presidente sírio Bashar al-Assad. As forças deste último estavam combatendo o ISIL, quando foram acusadas de ataques com armas químicas que mataram ou feriram mais de mil civis. Putin observou que:

"Há poucos campeões da democracia na Síria. Mas há mais do que o bastante combatentes da al-Qaeda e extremistas de todos os matizes combatendo o governo. O Departamento de Estado americano designou a Frente Al Nusra e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, lutando junto com a oposição, como organizações terroristas. Esse conflito interno, alimentado pelas armas estrangeiras fornecidas para a oposição, é um dos mais sangrentos no mundo.

Mercenários de países árabes lutando lá, e centenas de militantes de países ocidentais e mesmo da Rússia, são uma questão para profunda preocupação. Eles não poderiam voltar para nossos países com a experiência adquirida na Síria? Afinal de contas, depois de lutarem na Líbia, extremistas transferiram-se para o Mali. Isto ameaça a todos nós."


É extraordinário para um presidente da Rússia falar diretamente ao povo americano nas páginas de um diário americano. Putin fez isso porque se desencantou com a comunicação sem sentido com a administração Obama. Nem a denúncia da ameaça do ISIL era um golpe da inteligência russa. Na época, era de comum conhecimento, amplamente discutido na mídia americana e ao redor do mundo. Parecia que Obama e sua equipe de inteligência eram os únicos que escolheram ignorá-la. O embaraço foi ainda maior quando Putin apontou que a solução óbvia era um arranjo para que Assad entregasse suas armas químicas às Nações Unidas, e prontamente engendrou um acordo.

Por sorte, não ajudamos o ISIL a derrotar seus inimigos um ano atrás. Portanto, coube ao Diretor de Inteligência americano, James Clapper, chegar ao âmago do problema: "Eu não enxergo o colapso das forças de segurança iraquianas no norte, chegando." Clapper foi citado como tendo declarado. "Eu não vejo isso. Tudo se resume em prever a vontade de lutar, o que é um imponderável."

Na verdade, nós conhecemos sobre este "imponderável" pelo menos desde a Batalha de Maratona: ele é chamado "lutar por aquilo que você realmente acredita" - uma coisa que o pessoal viaja através do mundo todo para fazer pelo ISIL, e uma coisa que o governo fantoche de Bagdá nunca poderá fazer. Também pode ser chamado de "lutar com as costas contra a parede." Como Golias aprendeu de Davi, e Lyndon Johnson aprendeu de Ho Chi Minh. Mesmo depois de mais de sessenta anos, os Estados Unidos ainda precisam entender que, tratando-se de "guerras de escolha", um arrogante colosso global apresenta uma importante desvantagem contra uma determinada população local com tudo em risco.

Os Estados Unidos colocaram os iraquianos com as costas na parede quando invadiram o país deles, em 2003. Então conseguiram aumentar ainda mais os custos para seus muçulmanos sunitas ao apoiarem um governo xiita exclusivista. Os sunitas radicalizaram-se após a invasão americana. A maioria da liderança do ISIL ficou junta com as costas contra as paredes internas das prisões americanas entre 2003 e 2011.

Por contraste, a maioria xiita do Iraque lutou contra os sunitas pela causa do privilégio político. Os americanos os ensinaram a fazer isto após invadirem o Iraque para lutar... pelo quê mesmo? Bem, inicialmente, era a respeito de armas de destruição em massa, e alguma coisa a respeito da al Qaeda. Mas, uns poucos meses depois da invasão, sem nenhuma ADM à vista, não se tratava mais de uma questão de a América estar com as costas contra a parede. Isso, em especial, porque Saddam Hussein, de modo muito similar à Assad da Síria, era um inimigo da al Qaeda. E no caso de Saddam Hussein, foram os americanos que o ajudaram a adquirir armas químicas - com uma assistência pessoal de Donald Rumsfeld - então acobertaram seu desdobramento.

Foi quase no mesmo momento quando os americanos começaram a acordar para o fato de que os iraquianos nada tinham a ver com o 11 de Setembro. Depois disto, nós estávamos lutando para... fazer os iraquianos entrarem na fila adequadamente em locais de votação e então enfiarem seus dedos indicadores em tinta púrpura? Sabíamos que tínhamos tudo a perder nesta luta! No New York Times, um ano atrás, Putin acrescentou:

"É alarmante que a intervenção militar em conflitos internos de países estrangeiros tenha tornado-se lugar comum para os Estados Unidos. Isto é do interesse da América no longo prazo? Duvido disso. Milhões ao redor do mundo cada vez mais vêem a América não como um modelo de democracia, mas como fiando-se apenas na força bruta, amontoando coalizões debaixo do lema 'ou vocês estão conosco ou contra nós.' "


Mesmo após este tutorial de Putin, o diretor da inteligência americana acha que é "imponderável" que o ISIL coloque todo o seu peso na luta, e o exército iraquiano, não. Talvez, ele tenha parado de ler antes de Putin alcançar sua conclusão:

"Mas a força provou-se ineficaz e sem sentido. O Afeganistão está cambaleante, e ninguém pode dizer o que vai acontecer após as forças internacionais se retirarem. A Líbia está dividida em tribos e clãs. No Iraque a guerra civil continua, com dezenas de mortes todo dia. Nos Estados Unidos, muitos fazem uma analogoa entre o Iraque e a Síria, e perguntam se o seu governo quererá repetir os erros recentes."


Opa!

Mas, espere aí! Ainda há tempo para aprender com o apelo de Putin ao povo americano:

"Não importa o quanto sejam direcionados os ataques ou o quanto sejam sofisticadas as armas, baixas civis são inevitáveis, incluindo os idosos e crianças, a quem os ataques deveriam proteger."


Talvez, ele tenha sido sutil demais para o presidente Obama e seu diretor de inteligência nacional.

Talvez Putin devesse ter acrescentado...

"... doravante colocando as costas deles contra a parede."

Sem dúvida, ouviremos mais e mais sobre como o ISIL está nos colocando de costas na parede em nosso território doméstico americano.


____________________________________________

Robet Bruce Ware é um professor na Universidade Edwardsville do Illinois do Sul. Ele é autor de "Dagestan: Russian Hegemony and Islamic Resistance in the North Caucasus". Ele está editando "The Fire Below: How Russia Shaped the Caucasus" pela Editora Continuum.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#129 Mensagem por Clermont » Sex Out 03, 2014 6:56 pm

DEZ MITOS SOBRE A MAIS RECENTE GUERRA DE OBAMA NO IRAQUE E SÍRIA.

O veterano correspondente estrangeiro Reese Erlich esteve no norte do Iraque no começo da campanha americana de bombardeio contra o Estado Islâmico. Ele entrevistou líderes curdos, combatentes peshmerga e funcionários americanos. Ele afirma que a realidade no terreno é muito diferente da propaganda emanada de Washington.

Reese Erlich - 3 de outubro de 2014.

1. O Estado Islâmico representa uma ameaça imediata ao povo dos Estados Unidos.

Ao justificar os ataques aéreos sobre a Síria em 23 de setembro, o presidente Barack Obama disse, "Nós não toleraremos abrigos seguros para terroristas que ameaçem nosso povo."

Eu vi em primeira mão as dezenas de milhares de yazidis forçados a fugir dos combatentes do Estado Islâmico. O EI é um grupo de extrema-direita, feroz e anti-islâmico que representa uma ameaça real aos povos da Síria e Iraque. Mas estes povos é que derrotarão o EI, não os Estados Unidos, cujas motivações são amplamente questionadas na região. O EI não representa uma ameaça terrorista maior ao povo americano do que a al-Qaida e seus rebentos.

De fato, em questão de semanas, a administração Obama admitiu que o EI representava pouca ameaça terrorista ao território metropolitano dos EUA e concentrou a atenção, ao invés, sobre um até então desconhecido grupo que os americanos denominaram "Khorasan". Agora vieram à tona evidências de que a ameaça do Khorasan foi exagerada de modo a justificar a expansão do bombardeio na Síria.

2. Os EUA não estão travando guerra, mas uma "operação contraterrorismo."

Ambas as administrações Bush e Obama conseguiram redefinir guerra como significando apenas aqueles conflitos nos quais os americanos morrem e os custos da luta sobem acima de $ 10 bilhões. Mas, do interior do norte do Iraque, o que eu vi, certamente parecia com guerra. As bombas americanas já mataram civis, em particular na Síria, onde os americanos tem limitada ou nenhuma inteligência no terreno.

Mais uma vez, os EUA estão travando uma guerra sem fim à vista, sem nenhuma preocupação com o bem-estar no longo prazo dos povos na região.

3. Os EUA não tem coturnos no terreno.

Os Estados Unidos já tem tropas combatentes no Iraque. Um diplomata americano reconheceu para mim que observadores avançados americanos na região do Curdistão fornecem coordenadas para os ataques aéreos. Ele disse que conselheiros americanos estão armados e atirarão se atacados. Se insurgentes abaterem um avião americano, helicópteros artilhados americanos entrarão em território inimigo para o resgate dos pilotos. Ao redefinir "tropas combatentes", os Estados Unidos não somente travam guerras no Oriente Médio, mas contra a própria língua inglesa.

Com apenas uma semana da campanha de bombardeio, o presidente da Junta de Chefes, Martin Dempsey, disse que os EUA poderão ter de introduzir tropas de terra no Iraque. A Casa Branca rapidamente desautorizou a declaração, mas falcões de ponta democratas e republicanos já estão pressionando Obama a introduzir formalmente tropas combatentes. Conforme a guerra aérea mostre-se incapaz de destruir o EI, a administração, provavelmente, introduzirá mais tropas terrestres, talvez rebatizando-as como "conselheiros de contrainsurgência temporários e limitados."

4. Os EUA formaram uma coalizão viável para derrotar o Estado Islâmico.

O presidente Obama vangloriou-se pela formação de uma ampla coalizão que inclui Arábia Saudita, os países do Golfo, Jordânia, Grã-Bretanha, Austrália, França e Bélgica. Israel permanece um parceiro silencioso.

Mas os EUA permanecem como o principal poder militar e dirigem os ataques aéreos. Alguém terá de enfrentar o EI no solo, e a coalizão, com certeza, não o fará. No Iraque, o recém-formado governo do primeiro-ministro Haider al-Abadi tem pouco apoio dos sunitas e curdos, dois componentes vitais de qualquer futuro regime estável. O gabinete de Abadi, na verdade, tem ainda menos ministros sunitas do que o anterior, o desacreditado governo de Nouri al-Maliki.

A aliança americana com Israel e os países liderados por sunitas, tais como a Arábia Saudita, somente irrita o governo iraquiano, que permanece proximamente aliado com o Irã. Esta coalizão, como a falsa "Coalizão da Boa-Vontade" em 2003, está condenada desde o começo. Os EUA bancarão e lutarão nesta guerra até que a oposição organizada os detenha ou o público fique exaurido. A administração Obama, aparentemente, esqueceu que o gasto militar irrestrito nos Anos 2000 ajudou a precipitar a pior crise econômica desde a Grande Depressão.

5. Os EUA podem combater o EI e outros extremistas sem, simultaneamente, ajudarem Bashar Assad, o Irã e o Hezbollah.

Um ano atrás, a administração Obama estava rufando os tambores de guerra contra a alegada utilização pelo presidente sírio, Bashar Assad, de armas químicas. Agora, os EUA estão bombardeando insurgentes opostos à Assad. No momento, a guerra civil síriaa é um jogo de soma zero. Enfraquecer os inimigos de Assad fortalece o regime de Assad. Este e seus aliados, Irá e o Hezbollah libanês estão satisfeitos com os ataques americanos contra o EI. Mas se os rebeldes de extrema-direita forem enfraquecidos, rebeldes pró-EUA não preencherão a brecha. Quanto tempo levará para os Estados Unidos começarem a bombardear alvos do exército sírio?

6. Os EUA apóiam, somente, rebeldes moderados.

Contrariamente ao criticismo conservador, a administração Obama tentou criar grupos civis armados pró-americanos. Obama fracassou, não por causa de "falta de liderança" mas porque os sírios não aceitam a política americana. Em minhas entrevistas no interior da Síria e países vizinhos, rebeldes sírios e ativistas da oposição deixaram claro que se opõem ás guerras americanas no Iraque e Afeganistão, e ao apoio total de Washington para Israel. Todo sírio que encontrei quer a devolução por Israel das Colinas de Golan, tomadas em 1967, por exemplo, mas os Estados Unidos não estão interessados em abrirem esta discussão.

Enquanto isso, os aliados americanos tais como a Arábia Saudita armaram extremistas armados, tais como a Frente al-Nusra, um grupo afiliado com a al-Qaidda. A interpretação de ultra extrema-direita do Islã compartilha de muitas similaridades ideológicas com a al-Nusra e o EI. Porém os Estados Unidos planejam encarregar a Arábia Saudita do treinamento de rebeldes sírios "moderados", o que é a mesma coisa do que ter pedido para Al Capone treinar os cadetes da polícia de Chicago.

7. Os EUA lutam para defender os direitos humanos e a regra da lei, não pelo petróleo.

Síria e Iraque tem enfrentado maciças crises humanitárias nos últimos três anos. Mesmo assim, os EUA não intervieram militarmente de modo direto, a não ser quando a região curda do Iraque, rica em petróleo, foi ameaçada. O Curdistão contém a nona maior reserva de petróleo do mundo e poderia, eventualmente, substituir a Rússia como maior fornecedor de petróleo e gás para a Europa. Mais de cinqüenta companhias petrolíferas estrangeiras agora mantém escritórios no Curdistão, muitas tendo entabulado acordos de produção de petróleo, altamente lucrativos, com autoridades curdas. Alguns executivos de companhias petrolíferas tem, descaradamente, clamado por mais apoio militar para um Curdistão independente.

Entretanto, o petróleo é somente um fator. Os EUA também desejam governos amistosos em Bagdá e Damasco. Umas poucas bases militares a mais na região também não fariam mal. Seja qual for a combinação de motivações geopolíticas e econômicas que exista em nome da mais recente guerra, o respeito aos direitos humanos não está incluída nela.

8. O presidente Obama tem autoridade legal para bombardear tanto o Iraque quanto a Síria.

A administração Obama proclama autoridade para travar a atual guerra baseada na votação congressual autorizando a ação contra a al-Qaida por seu ataque do 11 de Setembro. Naturalmente, o EI não é parte da al-Qaida, e a al-Qaida da época de 2001 liderada por Osama bin Laden não existe mais, comprovando que aqueles no poder sempre poderão fazer com que seus advogados achem uma justificativa legal para qualquer coisa.

9. Os líderes curdos são firmes aliados contra o EI.

Em junho, os peshmerga curdos não enfrentaram o EI quando ele tomou Mosul e outras áreas sunitas do Iraque. De fato, líderes do governante Partido Democrata Curdo encontraram-se secretamente com líderes tribais sunitas aliados ao EI para concluírem um acordo de não-agressão.

Devido ao colapso do exército iraquiano naquele mês, os líderes curdos expandiram seu território em 40 porcento. Os peshmerga assumiram o controle de Kirkuk, rica em petróleo, uma área há muito disputada entre curdos e árabes. Líderes do PDC contaram-me que não tem intenção alguma de a devolverem ao controle do governo central. Eles estão preparando um referendo pela independência nas áreas recém-expandidas. Apenas em agosto, quando o EI atacou áreas controladas pelos curdos e ameaçou Erbil, os peshmerga combateram o Estado Islâmico.

Os líderes do PDC estão enfrentando o EI como medida tática na direção do estabelecimento de um Curdistão independente. Se o EI parar de ameaçar o Curdistão, os curdos não tem interesse nenhum em combater o EI no interior das partes árabes do Iraque. Os Estados Unidos e as potências européias estão fornecendo novas armas aos peshmerga. Hoje elas estão apontadas para o EI; amanhã, para o exército iraquiano.

10. Os Estados Unidos nunca negociam resgate com terroristas, ao contrário daqueles melequentos franceses.

Líderes americanos proclamam que os EUA nunca pagam resgates por cidadãos seqüestrados, enquanto alguns países o fazem. Um líder militar americano até mesmo especulou que menos americanos seriam seqüestrados devido a esta política. Este é outro mito.

Os EUA negociaram com o Taliban, possivelmente utilizando terceiras partes, para libertar um prisioneiro de guerra americano no Afeganistão em troca de cinco prisioneiros de Guantanamo. Dois dos montanhistas americanos mantidos no Irã foram libertados depois de o sultão de Omã, por solicitação americana, pagar ao Irã o que foi eufemisticamente chamado de "fiança."

Como jornalista freelance, relatando do Oriente Médio por vinte e oito anos, eu tenho um interesse particular na libertação de vítimas seqüestradas. Mas eu também aprendi que o seqüestro é um crime de oportunidade. Primeiro, a pessoa é pega. Então os seqüestradores descobrem a nacionalidade e potencial resgate. Os seqüestradores sabem que os EUA liberarão pagamento de resgates quando a pressão for grande o bastante.

Washingon está apreciando o feliz estágio inicial da nova guerra. Os funcionários de Obama fornecem relatos otimistas sobre bombardeios de precisão. A grande mídia lealmente transmite a mais recente propaganda. As pesquisas de opinião mostram apoio à determinação da administração.

Mas, como vimos no Vietnam, Afeganistão e Iraque, o poder militar dos Estados Unidos tem limites. A guerra será perdida politicamente. A opinião pública mudará contra outra guerra desnecessária. E Obama irá se juntar à Bush, como mais outro presidente de guerra fracassado.

___________________________________

Reese Erlich é um correspondente de assuntos externos. Ele está escrevendo seu próximo livro, Syria’s Uprising: Assad, the Rebels, and U.S. Policy.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#130 Mensagem por Clermont » Ter Nov 18, 2014 10:25 pm

PODEMOS PREJUDICAR O ESTADO ISLÂMICO?

Incursões punitivas não destruirão o ISIS - e nem precisam.

William S. Lind - 11 de novembro de 2014.

Se a definição de insanidade é fazer a mesma coisa de novo e de novo, esperando um resultado diferente, Washington agora é uma versão de alto-orçamento e baixo-talento do filme "Marat/Sade." Depois de derrotas por oponentes não-estatais de Quarta Geração no Líbano, Somália, Iraque e Afeganistão, nós começamos outra guerra com outra entidade de Quarta Geração, o Estado Islâmico do Iraque e Al-Sham, ou ISIS. Estamos confiando em exércitos estrangeiros que treinamos, que tem desabado desde o Vietnam. Estes exércitos deveriam ser apoiados pelo nosso suposto ás na manga - que parece ser uma manga bem curta - o poder aéreo, que também tem fracassado desde o Vietnam.

Pior, estamos nos movimentando para fazermos aquilo que o ISIS mais quer: mandar forças terrestres contra ele. O ISIS já está beneficiando-se de nossos ataques aéreos. Em troca de uns poucos tanques, peças de artilharia e edifícios vazios - os objetivos de ataque aéreo americano são enormemente previsíveis - o recrutamento e levantamento de fundos do ISIS tem prosperado. Ele pode agora envolver-se no manto de Davi enfrentando Golias, uma poderosa vantagem no nível moral da guerra. Um assalto terrestre por tropas americanas fará subir tais benefícios em vários pontos. E mais, ele resolverá o problema número um enfrentado pelo ISIS, al-Qaeda e todo o resto das forças puritanas islâmicas: como chegar até os americanos. Quando nós formos até eles, este problema desaparece.

A causa imediata de nossa nova guerra foi o assassinato de dois americanos. Você leu direito: dois. Com freqüencia acontece de duas pessoas serem assassinadas numa só noite no lado leste de Cleveland. Deveria a Praça Shaker entrar na mira dos drones "Predator"? A única guerra com uma causa mais insignificante foi a Guerra da Orelha de Jenkins entre Inglaterra e a Espanha no século XVIII.

Quando o presidente Obama, que resistiu virilmente durante longo tempo às exigências do establishment por outra guerra - se esquecermos a Líbia -, finalmente cedeu, ele o fez da pior maneira possível. Sua anunciada "estratégia" combinava objetivos maximalistas, derrotar e destruir o ISIS, com meios tão inadequados que, dentro de horas seu plano era motivo de zombarias dentro das Forças Armadas. Lamentavelmente, os objetvos maximalistas criaram o que o partido de guerra permanente mais queria, argumentos para defender que, agora, a "credibilidade" da América estava em jogo. Assim, também estava a Espanha no século XVII, nosso mais próximo paralelo histórico, onde um país, excessivamente comprometido, não pode recuar, de forma prudente, porque a reputación da monarquia estava em jogo. O resultado inevitável foi o completo colapso, militar, financeiro e político.

Além do fato de que as Forças Armadas americanas não sabem como lutar e vencer guerras de Quarta Geração, a guerra contra o ISIS está condenada pois a maré da história está contra nós - a maré do declínio do estado. Em muitas partes do mundo, o estado está se desvanecendo pois não é mais capaz de desempenhar a função para a qual nasceu, manter a segurança das pessoas e da propriedade. Isso é verdade, aqui também, como testemunha o explosivo crescimento da segurança privada nas últimas décadas.

O declínio do estado está ocorrendo ainda mais rápido no Oriente Médio porque muitos dos seus estados eram criações artificiais, para começar. Isso vale para a Líbia, Síria e Iraque, entre outros. Tais estados podem funcionar, como o Iraque de Saddam funcionava. Mas, são quebradiços. Uma vez destroçados, ninguém poderá remontá-los novamente. E a América se especializou em destroçar estados, alegremente, em nome da "democracia liberal". A tradução árabe para esta frase é "anarquia".

Então, como a América deve agir, face ao ISIS? A resposta: isolar-se da difusão da desordem não-estatal e da guerra de Quarta Geração, não somente no Oriente Médio, mas onde for que ela apareça. O perigo real para nós não é a guerra de Quarta Geração lá, mas sua difusão aqui. Nós precisamos agir energicamente para impedir sua importação por imigrantes e refugiados. Nós devemos ser igualmente enérgicos em combater a desordem doméstica, que será melhor feito permitindo ao estado que, novamente, garanta a segurança das pessoas e da propriedade. Enquanto travamos uma guerra com o ISIS, o estado americano não pode manter a ordem, mil metros do Capitólio, depois de anoitecer. Uma vez que ninguém neste país precise empregar segurança privada, então talvez possamos pensar em lutar contra moinhos de vento em Castela.

Quando ultrajes contra cidadãos americanos no exterior exijam que o governo dos Estados Unidos "faça alguma coisa" por razões políticas, a história nos ensina o que fazer: desfechar uma incursão punitiva. Incursões punitivas não tem objetivos maximalistas. Elas não buscam "derrotar e destruir" um oponente. Elas buscam, somente, punir, um objetivo exequível, e são do tipo, "uma vez e acabou", pelo menos até o ultraje seguinte. Elas eram instrumentos comuns na caixa de ferramentas dos estados europeus dos séculos XVIII e XIX, com freqüência na forma de bombardeios navais.

Um bom exemplo foi o bombardeio de Argel pela Real Marinha, em 1816. O livro "Modo de Guerrear no Mediterrâneo na Idade da Vela" de David S.T. Blackmore conta bem a história. O ultraje foi o massacre em 23 de maio daquele ano, por tropas turcas e argelinas, de centenas de marinheiros cristãos - não súditos britânicos - que haviam desembarcado em Bone, no norte da África, para a celebração de misssa na Festa da Ascenção. O almirante britânico, Lord Exmouth, recebeu ordens para "dar aos argelinos uma dura lição." As defesas de Argel eram poderosas sendo consideradas inexpugnáveis. Mas Exmouth levou apenas uma flotilha de cinco navios de linha, dois deles "three-deckers", o tipo mais poderoso. Apoiado por um esquadrão holandês, ele deu uma tal sova nos argelinos que a marinha destes foi destruída, as defesas terrestres destroçadas, e a cidade deixada em chamas. Os argelinos sofreram cerca de 7 mil mortes; as baixas anglo-holandesas foram inferiores a 300.

Blackmore acrescenta, "Cinco anos mais tarde, o almirante Sir Harry Neal dirigiu outro canhoneio costeiro sobre a reconstruída Argel, mas nenhuma destas expedições punitivas erradicou completamente o flagelo corsário." Londres nunca esperou que o fizessem.

Uma incursão punitiva contra o ISIS seria fácil. Enviem todo B-52 e B-1 que possa voar, todos carregados de bombas até as orelhas, sobre a capital do ISIS, a cidadezinha de Raqqa na Síria, e nivelem o local. Isso não irá "derrotar e destruir" o ISIS. Mas deixará o público americano feliz, e dará ao ISIS uma dor de cabeça suficiente que poderá deixar os americanos sós por algum tempo. Melhor de tudo, a América não estará "comprometida" com coisa alguma. A história, com freqüência, oferece uma resposta, se apenas alguém se incomodar de fazer a pergunta.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#131 Mensagem por Clermont » Sex Mai 29, 2015 12:19 pm

POR QUE O EXÉRCITO IRAQUIANO NÃO TEM VONTADE DE LUTAR.

A maioria dos homens no Oriente Médio não está disposta a morrer pelos "valores seculares americanos".

Patrick J. Buchanan - 29 de maio de 2015.

"Aparentemente, o que aconteceu foi que as forças iraquianas não demonstraram vontade alguma de lutar... Nós podemos dar-lhes treinamento, podemos dar-lhes equipamento; obviamente não podemos dar-lhes vontade de lutar."

Desta forma, o secretário de defesa, Ash Carter, identificou a raiz da causa da debandada do exército iraquiano em Ramadi.

Desgostosos oficiais americanos disseram que 1 mil combatentes do ISIS que avassalaram Ramadi eram superados pelos defensores em 10 para 1.

Por que o exército iraquiano fugiu? E o quê motiva os combatentes do ISIS para atacarem uma cidade cujos defensores tão enormemente os superam em números?

De acordo com relatos da batalha, o assalto começou quando dezenas de viaturas blindadas e caminhões americanos, carregados de explosivos, foram dirigidos por voluntários do ISIS para explodirem enormes brechas nas linhas dos defensores.

Por que todos os mártires aparentam estar do lado deles? E por que é o nosso lado que, com freqüencia em demasia, "não mostra vontade alguma de lutar"?

Os iraquianos não são covardes. De 1980 a 1988, seus pais morreram aos montes de milhares defendendo seu país contra o Irã. Mas se os iraquianos morriam pelo ditador Saddam Hussein, por que o exército iraquiano de hoje em dia parece relutante em lutar pelo democrático Haider al-Abadi?

E a história do Iraque é a história da Síria.

Após quatro anos nesta guerra civil-sectária, a Frente Nusra da al-Qaida apossou-se de um setor em Idlib, como fizeram os terroristas do Estado Islâmico em Raqqa. O exército de Bashar Assad, embora sangrando, ainda está lutando.

E o Exército Livre Sírio que apóiamos? Defunto. Alguns lutam, mas outros desertaram para os jihadistas, fugiram ou venderam suas armas.

No Iêmen, os rebeldes houthis desceram do norte para tomarem Sanaa, mandarem o presidente para o exílio, ocuparem Aden e capturarem enormes estoques de armas americanas. O exército apoiado pelos Estados Unidos desabou.

De novo, por que estes rebeldes parecem dispostos a lutarem pelo que nós vemos como crenças antiquadas, mas, com freqüência demasiada, nossos amigos não lutam?

Talvez a resposta seja encontrada em Thomas Babington Macaulay: "E como pode um homem morrer melhor do que encarando probabilidades temíveis, pelas cinzas de seus pais e os templos de seus deuses?"

Tribo e fé. Eis as causas pelas quais os homens do Oriente Médio lutarão. Fundamentalistas sunitas e xiitas morrerão pela fé. Persas e árabes lutarão para defenderem suas terras, como o farão curdos e turcos.

Mas quem dentre as tribos do Oriente Médio lutará e morrerá pelos valores seculares americanos da democracia, diversidade, pluralismo, liberdade sexual e igualdade no casamento?

"Expulsem os cruzados de nossas terras" - esta é uma causa pela qual morrer.

Voltando para 1983. Um jihadista da milícia Amal dirigiu um caminhão-bomba para os quartéis dos Fuzileiros Navais em Beirute. Em 2000, dois homens-bomba guiaram um pequenino barco para perto do USS Cole no porto de Aden, pararam, saudaram e explodiram um buraco no casco, quase afundando o navio de guerra.

Dezenove jovens voluntariaram-se para dirigirem aqueles aviões para o Pentágono e as Torres Gêmeas no 11 de Setembro. O "homem da cueca bomba" e o "homem do sapato bomba" estavam dispostos a caírem com aqueles aviões.

Assassinos e pretensos assassinos, todos. Mas, de acordo com uma nova pesquisa da Al-Jazeerar, os guerreiros do Estado Islâmico tem muitos admiradores muçulmanos.

No Afeganistão, nós combatemos o Taliban há treze anos. Ainda assim, eles continuam lutando. E muitos temem que o exército afegão que nós treinamos e armamos ao custo de dezenas de bilhões, se desintegrará quando voltarmos para casa.

Por que o Taliban parece ter em abundância uma vontade de lutar que parece estar bem menos presente nas unidades do exército afegão que treinamos?

Estas questões são altamente relevantes. Pois elas tratam da questão última: pode o Ocidente vencer nos Orientes Próximo e Médio?

Em quase todas as guerras nas quais nos engajamos, aqueles apoiados por nós tinham números, armas e treinamento superiores. Mesmo assim, seja lá o que for que torna os homens dispostos a lutarem e morrerem, ou voluntariarem-se para o martírio, o Estado Islâmico, a al-Qaida e o Taliban encontraram a fórmula, enquanto os nossos aliados, não.

Ser um mártir por Deus, criar um novo califado, expelir os infiéis e seus fantoches, estas são causas pelas quais um homem islâmico morrerá. Isto é o que o ISIS tem a oferecer. E a oferta está encontrando compradores mesmo no Ocidente.

O que nós temos a oferecer? O que temos para persuadir sunitas iraquianos para lutarem pelo retorno de sua terra natal de Anbar para um regime xiita apoiado por iranianos em Bagdá?

Dos nossos aliados árabes, os qataris, sauditas e árabes do Golfo estão dispostos a lançarem ataques aéreos. E os curdos lutarão - pelo Curdistão.

Mas se o futuro pertence aqueles dispostos a lutarem e morrerem por ele, ou serem voluntários para tornarem-se mártires, o futuro do Oriente Médio parece fadado a ser decidido pelos nativos sunitas, milicianos xiitas, o ISIS e a al-Qaida, o Hezbollah e a Guarda Revolucionária iraniana.

No Oriente Médio, o tempo dos Verdadeiros Crentes, parece à vista.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#132 Mensagem por Wingate » Sex Mai 29, 2015 2:44 pm

Clermont escreveu:POR QUE O EXÉRCITO IRAQUIANO NÃO TEM VONTADE DE LUTAR.

A maioria dos homens no Oriente Médio não está disposta a morrer pelos "valores seculares americanos".

Patrick J. Buchanan - 29 de maio de 2015.

"Aparentemente, o que aconteceu foi que as forças iraquianas não demonstraram vontade alguma de lutar... Nós podemos dar-lhes treinamento, podemos dar-lhes equipamento; obviamente não podemos dar-lhes vontade de lutar."

Desta forma, o secretário de defesa, Ash Carter, identificou a raiz da causa da debandada do exército iraquiano em Ramadi.

Desgostosos oficiais americanos disseram que 1 mil combatentes do ISIS que avassalaram Ramadi eram superados pelos defensores em 10 para 1.

Por que o exército iraquiano fugiu? E o quê motiva os combatentes do ISIS para atacarem uma cidade cujos defensores tão enormemente os superam em números?

De acordo com relatos da batalha, o assalto começou quando dezenas de viaturas blindadas e caminhões americanos, carregados de explosivos, foram dirigidos por voluntários do ISIS para explodirem enormes brechas nas linhas dos defensores.

Por que todos os mártires aparentam estar do lado deles? E por que é o nosso lado que, com freqüencia em demasia, "não mostra vontade alguma de lutar"?

Os iraquianos não são covardes. De 1980 a 1988, seus pais morreram aos montes de milhares defendendo seu país contra o Irã. Mas se os iraquianos morriam pelo ditador Saddam Hussein, por que o exército iraquiano de hoje em dia parece relutante em lutar pelo democrático Haider al-Abadi?

E a história do Iraque é a história da Síria.

Após quatro anos nesta guerra civil-sectária, a Frente Nusra da al-Qaida apossou-se de um setor em Idlib, como fizeram os terroristas do Estado Islâmico em Raqqa. O exército de Bashar Assad, embora sangrando, ainda está lutando.

E o Exército Livre Sírio que apóiamos? Defunto. Alguns lutam, mas outros desertaram para os jihadistas, fugiram ou venderam suas armas.

No Iêmen, os rebeldes houthis desceram do norte para tomarem Sanaa, mandarem o presidente para o exílio, ocuparem Aden e capturarem enormes estoques de armas americanas. O exército apoiado pelos Estados Unidos desabou.

De novo, por que estes rebeldes parecem dispostos a lutarem pelo que nós vemos como crenças antiquadas, mas, com freqüência demasiada, nossos amigos não lutam?

Talvez a resposta seja encontrada em Thomas Babington Macaulay: "E como pode um homem morrer melhor do que encarando probabilidades temíveis, pelas cinzas de seus pais e os templos de seus deuses?"

Tribo e fé. Eis as causas pelas quais os homens do Oriente Médio lutarão. Fundamentalistas sunitas e xiitas morrerão pela fé. Persas e árabes lutarão para defenderem suas terras, como o farão curdos e turcos.

Mas quem dentre as tribos do Oriente Médio lutará e morrerá pelos valores seculares americanos da democracia, diversidade, pluralismo, liberdade sexual e igualdade no casamento?

"Expulsem os cruzados de nossas terras" - esta é uma causa pela qual morrer.

Voltando para 1983. Um jihadista da milícia Amal dirigiu um caminhão-bomba para os quartéis dos Fuzileiros Navais em Beirute. Em 2000, dois homens-bomba guiaram um pequenino barco para perto do USS Cole no porto de Aden, pararam, saudaram e explodiram um buraco no casco, quase afundando o navio de guerra.

Dezenove jovens voluntariaram-se para dirigirem aqueles aviões para o Pentágono e as Torres Gêmeas no 11 de Setembro. O "homem da cueca bomba" e o "homem do sapato bomba" estavam dispostos a caírem com aqueles aviões.

Assassinos e pretensos assassinos, todos. Mas, de acordo com uma nova pesquisa da Al-Jazeerar, os guerreiros do Estado Islâmico tem muitos admiradores muçulmanos.

No Afeganistão, nós combatemos o Taliban há treze anos. Ainda assim, eles continuam lutando. E muitos temem que o exército afegão que nós treinamos e armamos ao custo de dezenas de bilhões, se desintegrará quando voltarmos para casa.

Por que o Taliban parece ter em abundância uma vontade de lutar que parece estar bem menos presente nas unidades do exército afegão que treinamos?

Estas questões são altamente relevantes. Pois elas tratam da questão última: pode o Ocidente vencer nos Orientes Próximo e Médio?

Em quase todas as guerras nas quais nos engajamos, aqueles apoiados por nós tinham números, armas e treinamento superiores. Mesmo assim, seja lá o que for que torna os homens dispostos a lutarem e morrerem, ou voluntariarem-se para o martírio, o Estado Islâmico, a al-Qaida e o Taliban encontraram a fórmula, enquanto os nossos aliados, não.

Ser um mártir por Deus, criar um novo califado, expelir os infiéis e seus fantoches, estas são causas pelas quais um homem islâmico morrerá. Isto é o que o ISIS tem a oferecer. E a oferta está encontrando compradores mesmo no Ocidente.

O que nós temos a oferecer? O que temos para persuadir sunitas iraquianos para lutarem pelo retorno de sua terra natal de Anbar para um regime xiita apoiado por iranianos em Bagdá?

Dos nossos aliados árabes, os qataris, sauditas e árabes do Golfo estão dispostos a lançarem ataques aéreos. E os curdos lutarão - pelo Curdistão.

Mas se o futuro pertence aqueles dispostos a lutarem e morrerem por ele, ou serem voluntários para tornarem-se mártires, o futuro do Oriente Médio parece fadado a ser decidido pelos nativos sunitas, milicianos xiitas, o ISIS e a al-Qaida, o Hezbollah e a Guarda Revolucionária iraniana.

No Oriente Médio, o tempo dos Verdadeiros Crentes, parece à vista.
Talvez seria melhor fazer um "cordão sanitário" em volta da região e deixar que eles resolvam suas próprias diferenças entre si.

Aquilo não tem solução e o dito Ocidente teima em tentar fazer prevalecer na região políticas e filosofias de vida que mais ódio geram nos radicais.

Quem pariu Matheus que o embale!

Wingate




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#133 Mensagem por DSA » Sáb Mai 30, 2015 5:20 pm

Eu só queria dizer que quem chama de derrotas ás intervenções dos EUA no Iraque Afganistão libia e outros que tais, não faz ideia do que eles lá foram fazer

Entraram, quando quiseram e saíram quando lhes apeteceu.

Aquelas não foram guerras de conquista e ocupação de territórios.




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#134 Mensagem por EDSON » Sáb Mai 30, 2015 9:41 pm

DSA escreveu:Eu só queria dizer que quem chama de derrotas ás intervenções dos EUA no Iraque Afganistão libia e outros que tais, não faz ideia do que eles lá foram fazer

Entraram, quando quiseram e saíram quando lhes apeteceu.

Aquelas não foram guerras de conquista e ocupação de territórios.
Entraram quando quiseram e saíram quando o orçamento explodiu!
E você sabe que Guerras foram?




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Re: Os EUA e as suas políticas para o Médio Oriente

#135 Mensagem por Bolovo » Sáb Mai 30, 2015 10:40 pm

DSA escreveu:Eu só queria dizer que quem chama de derrotas ás intervenções dos EUA no Iraque Afganistão libia e outros que tais, não faz ideia do que eles lá foram fazer

Entraram, quando quiseram e saíram quando lhes apeteceu.

Aquelas não foram guerras de conquista e ocupação de territórios.
Uma coisa que muito admiro dos americanos é o pragmatismo, coisa que por lá é muito forte. Mas vamos ver os lados práticos... Iraque pré-2003: ditadura sunita, xiitas governados na base do ferro, porém um país relativamente estável. Iraque pós-2003: duas ou três guerras civis, atualmente o país a beira a cissão, surgimento da Al Qaeda no Iraque, um dos pais do Estado Islâmico... Afeganistão hoje é parecido, país a beira da falência institucional e existem algo como dois ou três vezes mais talebans hoje do que em 2001. Tento entender o que seria uma derrota então e, o mais incrível de tudo, o mundo ficou mais perigoso após ambas desastradas campanhas militares...




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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