Palavras de Militares Brasileiros Contrários à Tortura.

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Palavras de Militares Brasileiros Contrários à Tortura.

#1 Mensagem por Clermont » Qui Nov 30, 2006 8:43 am

DEPOIMENTOS.


“Não há civilização sem liberdade.
Não há civilização sem Estado de Direito Democrático.
Não há civilização sem tribunais independentes.
Não há civilização sem assistência jurídica aos presos.
Não há civilização sem respeito à Lei.
Não há civilização com desigualdades sociais crescentes.
Mas é preciso também que os homens públicos tenham caráter.”

Heráclito de Sobral Pinto (em entrevista a Hélio Contreiras)



Coronel LUIZ HENRIQUE PIRESTenente do Regimento Escola de Infantaria da Vila Militar do Rio em 1964, e atualmente colaborador da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Defendeu o esclarecimento do atentado do Riocentro, em 1981, e manifestou-se contra a prática da tortura nos anos 70. Foi um dos primeiros instrutores do Curso de Política e Alta Administração do Exército, criado em 1987, e não adotou o maniqueísmo no seu programa. Deixou a ativa em 1988, mas foi instrutor da ECEME até 1995, tornando-se, depois, colaborador da instituição.


“Falhamos politicamente e a falha política causou um afastamento da sociedade. A imprensa, em editoriais, apoiou o Golpe de 1964, praticado também com a participação de lideranças civis, muitas malsucedidas nas urnas. Mas logo o regime perderia a sua credibilidade, transformando-se em ditadura. A causa principal do desgaste que nos afetou foi sua manutenção após o governo Castello Branco, o que, realmente, nos custou caro. O AI-5, um recurso duro demais, provocado por um discurso infantil de um parlamentar, seria mera conseqüência.

Os excessos da repressão dos anos 70, como a tortura, foram causados pelo aparato de segurança montado na época, que afrontou a ética militar e se tornou um remédio que deixou o doente enfraquecido. Mas a luta armada foi um erro das duas partes, e contribuiu para prolongar o regime. Não gostei do não esclarecimento dos atentados do Riocentro e da OAB. Nosso desgaste foi tanto que pagamos por tudo, até pelo progresso proporcionado à infra-estrutura do país. Golpe nunca mais.

Iniciei minha carreira militar em 1962, na turma da Academia Militar das Agulhas Negras. Lembro-me da presença do Primeiro-Ministro Tancredo Neves na solenidade. Mas de lá para os anos 90, houve uma grande transformação no Exército. Eu cheguei à instituição militar sem interesse nenhum em política partidária, que nunca tive. Mas naquela época havia antigos generais com influência política. Depois houve um envolvimento gradual da instituição militar com a crise do país. Após o presidente João Goulart conseguir o restabelecimento do presidencialismo, em 1963, começou a haver uma rejeição ao governo. Goulart havia assumido, em 1961, através de um acordo com os então ministros militares que previa a adoção do parlamentarismo.

Mesmo, entretanto, com a mudança das regras adotadas para a posse de Goulart, tenho a convicção de que teria sido muito difícil afastá-lo da Presidência se não tivesse havido a quebra da hierarquia militar. Quando falsos aliados de Goulart começaram a usar sargentos e marinheiros como instrumentos de desagregação da instituição militar, o governo entrava na contagem regressiva. O cabo Anselmo foi usado para esta finalidade pelos que se interessavam em agitar a situação para forçar uma intervenção militar, como um agente desagregador. Aí, a conspiração já estava em curso. Mas repito: tenho certeza de que se o próprio presidente não aceitasse a quebra da hierarquia teria sido difícil seu afastamento, porque havia militares como o General Castello Branco, que se recusavam a aderir a uma solução que representasse a quebra da ordem constitucional.

Creio que o General Assis Brasil, Chefe da Casa Militar de João Goulart, foi um dos responsáveis pela queda de Goulart, porque ele estimulava a desagregação nos quartéis, e devia saber que as Forças Armadas não iam aceitar o rompimento da hierarquia – base fundamental das instituições militares -, como previa a Constituição. Nos anos 70, a hierarquia também seria desrespeitada pelo sistema de repressão, quando homens que receberam um poder excessivo agiram, muitas vezes, por conta própria e com o risco da imagem da instituição. A propósito: não aceito e nunca aceitei a tortura como recurso para a obtenção de confissões. Nunca conseguiriam minha adesão a tal recurso espúrio, porque só podiam exigir de mim o que estava e está no Regulamento. Uma pessoa não pode dar choque elétrico em um preso político e dizer depois que está recorrendo a tortura para defender a Democracia. Osório, comandante do Exército brasileiro na Batalha do Tuiuti, dizia: “O preso desarmado é um ser humano e como tal deve ser tratado.”

Mas posso garantir que muitos que praticaram violências foram rejeitados pela própria instituição militar. O próprio General Walter Pires, citado como homem da “Linha Dura”, teve a oportunidade de dar um recado ao “público interno” sobre a necessidade de evitar julgamentos dentro da instituição, quando sentiu que havia uma reação contra certos expedientes usados na repressão. Os episódios de São Paulo, com as mortes de Wladimir Herzog, em 1975, e de Manoel Fiel Filho, em 1976, mostraram que havia falta de autoridade para acabar com aquelas coisas. Quando o Presidente da República tomou conhecimento do fato e deu um “basta”, aquilo acabou.

O que se tem de evitar é a política partidária nos quartéis, porque é algo que contamina. Os ministros Leônidas Pires Gonçalves, Carlos Tinoco e Zenildo de Lucena tiveram um papel importante no sentido de evitar o envolvimento da instituição militar com a política partidária, que era comum no passado, e hoje, felizmente, não é mais. Estes ministros estimularam a consolidação do processo de desmobilização política, e intensificaram a profissionalização. O Exército não teve qualquer reação quando o Presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu a responsabilidade do Estado nas violências praticadas contra presos políticos que estavam sob a guarda do Estado brasileiro nos anos 70, o que foi uma clara demonstração de profissionalismo e de respeito à hierarquia.

É preciso que os políticos e empresários mudem a sua atitude em relação à instituição militar. Que não procurem usá-la quando lhes for conveniente, como acontecia nas décadas de 50, 60 e 70. A Operação Bandeirantes, realizada em São Paulo na década de 60, foi o ensaio para a instalação dos DOI-CODI, e contou com financiamento de empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Na repressão dos anos 70, houve a participação de governadores de estados, que presidiam o CODI (Centro de Operações de Defesa Interna), ao qual era subordinado o Destacamento de Operações de Informações (DOI).”


Brigadeiro LAURO NEI MENEZESComandante da Base Aérea de Santa Cruz em 1972, comandante da Academia da Força Aérea nos anos 70, diretor do Centro técnico Aeroespacial nos anos 80. Foi sempre citado na Aeronáutica como um profissional e estrategista. Sua preterição nas promoções ao último posto da carreira, o de tenente-brigadeiro, foi baseada em razões políticas, segundo oficiais da Aeronáutica.


“No regime militar, a profissionalização das Forças Armadas foi prejudicada porque foi adotada a linha de que o oficial questionador é um perturbador, e não um indivíduo preocupado em contribuir para a evolução da instituição militar. Cobrava-se um alinhamento incondicional com o sistema. Mas a legislação continuou depois do período militar. Naquela época, o que se via era a necessidade de haver uma composição entre os oficiais-generais e uma lealdade plena, inquestionável, incondicional. Muitas vezes, ocorreu o fato de um oficial ser cogitado para uma função quando já havia uma transição para outro governo. Haveria, portanto, uma nova orientação. Mesmo assim, por um ato, o alto-comando optava por analisar os oficiais em função dos compromissos da administração de época, o que me parecia extremamente prejudicial à instituição. Mas a lei de promoções, ainda precisa ser alterada, para garantir uma influência da instituição militar nas promoções, e não a ingerência pura e simples do ministro.

De uma certa maneira, o predomínio do alinhamento político sobre a qualidade profissional dos oficiais deixou vários companheiros chocados, porque foram gradualmente preparados durante 20, 40 anos, para exercer a profissão, ser um bom militar, ser um bom comandante, ser um bom aviador, sem precisar se devotar a algo que não fosse o cumprimento das normas profissionais. Os que viam a profissão como algo muito mais importante do que o componente político ou ideológico sentiram-se frustrados. Afinal, haviam investido toda a sua inteligência, seus esforços, seu tempo, até com sacrifício da família, e chegaram à conclusão de que tudo a que haviam se dedicado não era mais importante do que o alinhamento político com o sistema. Alguns tiveram a oportunidade de freqüentar a área palaciana, enquanto outros estavam em pistas de pouso, em bases, mas os palacianos eram premiados e os profissionais, rejeitados.

Quanto à situação dos presos políticos, ela indicava que havíamos saído da nossa missão constitucional para praticar uma série de outras missões que a sociedade brasileira já analisou, julgou e condenou. As unidades que comandei nunca foram envolvidas na atividade política ou policial. Nem a Base Aérea de Santa Cruz, nem a Academia da Força Aérea, nem o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) ou as outras. Quando o regime começou, eu era major e comandava uma unidade de formação de pilotos de caça, muito especializada para a atividade profissional.

Quando comecei a minha vida militar, nós estávamos institucionalmente afastados da atividade político-partidária. Quando começamos a visualizar militares se candidatando à Presidência da República ou a outros cargos eletivos, naquele momento, inclusive até, de uma certa forma, usando a instituição militar para realizar seu objetivo eleitoral a partir daquele momento é que começamos a perceber que a política partidária estava invadindo o quartel. Até aquele momento, a minha visão do processo eleitoral e da democracia – isso pode parecer um pouco ridículo mas é o que percebo neste testemunho – era restrita. Estava mais preocupado em conhecer o manual do avião do que propriamente o que estava escrito nas normas do exercício da democracia.

A partir de um certo momento, comecei a constatar que as Forças Armadas estavam sendo envolvidas no processo eleitoral e partidário e isso, me parece, foi o início do processo de politização das Forças Armadas no Brasil. No quartel não há lugar para política. Cada um de nós tem de agir como cidadão, sem fazer com que tenha de prevalecer sua posição para criar um processo de interferência ou ingerência no processo democrático e principalmente no processo eleitoral, o que não se coaduna com o papel do militar. No regime democrático, o militar tem de praticar a sua profissão, com respeito à sua hierarquia, aos regulamentos, e ao mesmo tempo ser um cidadão. Mas sem permitir que uma situação influa na outra, principalmente para fazer com que o comportamento dentro da instituição militar não seja prejudicado pela política partidária.

No desfecho do regime, em 1984, houve uma exaustão do envolvimento da instituição militar com o regime, porque todos nós havíamos nos preparado para sermos profissionais e estávamos percebendo que a instituição estava sendo usada para outros objetivos. Há um desgaste natural do profissional que leva trinta, quarenta anos voltado para sua atividade-fim e assiste a instituição ser direcionada a algo para o qual ela não foi preparada. Na realidade, em detrimento do que motivou a sua formação e da organização militar. Na medida em que o indivíduo e a instituição começam a se mobilizar para tarefas que não se coadunam com a destinação da instituição, em um determinado momento há um desgaste interno e um desgaste pessoal, íntimo.

No fundo, a tarefa de realizar o trabalho em proveito do Estado, na qual a sociedade investiu na formação do militar, acabava sendo colocada em plano secundário. A sensação que me davam era a de que nós éramos os “salvadores da pátria”, e caberia fundamentalmente a nós, militares, a salvação do Estado brasileiro. Isto nos colocou em uma posição esdrúxula e ridícula, além de inteiramente inviável. Era uma atitude pretensiosa. Além disso, houve um hiato na formação de lideranças nacionais, porque nós não permitimos que surgissem novas lideranças, novos pensamentos, novos ideólogos, e este cerceamento foi prejudicial ao País, com um decorrente enfraquecimento institucional.”


Coronel SEBASTIÃO FERRREIRA CHAVES (já falecido)Conspirador em 1964 e Chefe da Divisão de Informação e Contra-Informação da Escola Superior de Guerra, nos anos 60, quando já indicava excessos praticados pelo regime militar e denunciava a transformação do SNI em um “poder paralelo” e a Comunidade de Informações em “cabide de empregos”.


“Um erro grave do regime militar foi a decisão do Presidente Castello Branco de limitar o seu período, e não completar o tempo de um mandato presidencial, o que abriu espaço para os Radicais. O segundo, e grave, foi dar ao SNI um poder excessivo. O SNI se tornou um poder paralelo, que tudo procurava controlar: os políticos, os juizes, os empresários, as estatais, a imprensa e até nós, os militares. Foi um instrumento de desagregação e de abuso do poder.

Um órgão de informações não pode ter seu gabinete no Palácio do Presidente da República. Tem de ficar no segundo escalão, subordinado ao Ministro da Justiça, e sob o controle do Congresso Nacional. Não pode ficar acima da lei e da ordem. Mas houve ainda falsidades no regime de 64 que lembravam até o Plano Cohen, apresentado falsamente para a instalação da ditadura do Estado Novo, a 10 de novembro de 1937, e cuja autoria foi atribuída ao então capitão Olympio Mourão Filho, sim, aquele mesmo que, como general, iniciou 64 em Minas! A decretação do AI-5, dia 13 de dezembro de 1968, foi baseada em uma situação falsa. Lastimável foi o papel exercido pelos generais Jayme Portella, chefe da Casa Militar, um homem desprovido de caráter; Lyra Tavares, Ministro do Exército; e o Ministro da Justiça, Gama e Silva, um homem fraco para o cargo.

Mas o regime militar falhou também no combate à corrupção. A impunidade continuou e, em alguns setores, aumentou. Eu não gostava muito do General Castello Branco, mas historicamente tenho de reconhecer que ele foi um homem honesto e bem intencionado. Houve, no seu tempo, denúncias de prática de tortura, mas Castello, posso assegurar, não apoiava este tipo de recurso antiético e antidemocrático.

As punições de militares e civis eram feitas sem critério. Não podiam cassar o Coronel Francisco Boaventura Cavalcanti Jr., um homem sério, só porque ele queria a redemocratização, só porque ele acatou a posição do Congresso Nacional no caso Márcio Moreira Alves. O discurso do deputado foi o pretexto usado para o AI-5. Se não houvesse o discurso, eles inventariam outro pretexto. Baixo também foi o recurso usado para a cassação do Boaventura: a escuta telefônica.

O regime militar não moralizou a administração pública. Ao contrário: tolerou a corrupção, o tráfico de influência, estimulou o fisiologismo político, a chantagem, que era praticada por Golbery até para obtenção de votos no Congresso. Golbery não era, exatamente, um estrategista. Era, no máximo, um maquiavelista tupiniquim. Não chegava a ser um discípulo de Maquiavel. Por que ele demorou tanto a reconhecer que o SNI se tornou um monstrengo? Só reconheceu o verdadeiro sentido antidemocrático e antiético da sua obra quando lhe foi conveniente”.


Almirante-de-Esquadra HERNANI GOULART FORTUNA.Subchefe de Informações e Operações do Comando de Operações Navais, Capitão dos Portos dos Estados do Pará e Amapá nos anos 70, em 1990 mudou a doutrina da Escola Superior de Guerra, retirando dela a tese do “inimigo interno”, que foi a justificativa para a repressão dos anos 70.


“Muitos erros foram cometidos. O AI-5 foi o mais grave deles. Trouxe uma carga de autoritarismo desnecessária, e permitiu então, que houvesse excessos incontroláveis, por uma concentração exagerada de poder nas mãos dos Radicais. O DOI-CODI foi outro erro. Esta situação contribuiu para que houvesse tortura, mortes e desaparecimentos de presos políticos.

Na realidade, houve uma ruptura entre os militares que haviam apoiado Castello Branco em 64 e aqueles que procuraram se perpetuar no poder. Ela foi bem caracterizada no impedimento do vice-presidente Pedro Aleixo. O regime deveria ter sido baseado em um homem com compromissos democráticos como Castello Branco, esgotando-se em um período de cinco anos. O modelo econômico predominante no regime militar, nos governos Médici, Geisel e Figueiredo, foi tremendamente estatizante, concentrador de renda, além de ignorar fatos graves como os dois choques de petróleo e a alta dos juros internacionais, o que fez com que a sociedade brasileira perdesse a década de 80.

Em nenhuma hipótese devemos admitir a quebra da ordem constitucional, pois esta é a única forma de o Brasil resolver pacífica e democraticamente seus problemas internos e garantir sua credibilidade internacional. Sem ela, o país não poderá ter uma voz respeitada no Conselho de Segurança da ONU, como membro permanente. Golpe de Estado, seja qual a crise, jamais será uma solução aceitável. A prioridade é anular os vergonhosos indicadores sociais do Brasil, muitos dos quais colocam o país bem abaixo do Terceiro Mundo. Mas será, também, necessário garantir às Forças Armadas um grau de modernização compatível com a estatura estratégica do país, o que não quer dizer adesão a qualquer tipo de corrida armamentista.

As lideranças políticas e empresariais contribuíram fortemente para os piores momentos do regime militar, quando ele perdeu o norte da bússola da História, e não apenas na Operação Bandeirantes, a mais violenta da repressão, em São Paulo, apoiada pela FIESP. Estas lideranças não devem mais buscar nos quartéis o apoio que lhes faltar nas urnas”.


Almirante-de-Esquadra MAXIMIANO DA FONSECA.Diretor de Administração, Comandante do I Distrito Naval e Diretor-Geral do Material da Marinha nos anos 70; Ministro da Marinha de 1979 a 1984. No início do governo Figueiredo começou a ser hostilizado pela Comunidade de Informações, após fazer a declaração de que Figueiredo devia ser “o último general-de-presidência”. Em 1984, sugeriu ao então Presidente Figueiredo que realizasse uma eleição direta para a escolha de seu sucessor, em audiência no Palácio do Planalto. Foi demitido em março de 1984, após elogiar os comícios pró-diretas, durante entrevista na antiga sede do Ministério da Marinha, no Rio, ao repórter Wilson Thimótheo e a este que escreve este livro. Apoiou o então governador de Minas, Tancredo Neves, em 1984, quando a Oposição ainda articulava a candidatura da Aliança Democrática à Presidência. Na Petrobrás, em 1990, vetou um acordo com a VASP, recomendado pelo secretário-geral da Presidência, Marcos Coimbra, e que tinha o aval de Paulo César Farias.


“Cometemos muitos erros. O AI-5, um deles, foi um excesso. A repressão mostrou um domínio do poder pelos Radicais, enquanto o SNI foi um órgão voltado para perseguições e intrigas. Afinal de contas, qual foi o serviço prestado pelo SNI à esta nação? Ele falhou. O Atlântico Sul é, obviamente, uma área de interesse estratégico do Brasil. Pois bem, eu fiquei sabendo da invasão das Malvinas pelos argentinos, em 1982, ouvindo o rádio do meu carro.

Fomos, muitas vezes, envolvidos por políticos medíocres de direita, malsucedidos nas urnas. Eram aqueles que o Presidente Castello Branco chamava de “vivandeiras dos quartéis”. O atentado do Riocentro, com seu relatório vergonhoso, foi uma lástima. Aquele relatório foi, no mínimo, uma falta de respeito à sociedade brasileira e à própria instituição militar, além de mais um fator de desgaste para o regime, que poderia ter sido encerrado com uma eleição direta para presidente da República. Mas o regime acabou encontrando uma saída honrosa, que foi a aceitação da candidatura Tancredo Neves como um fato consumado, capaz de permitir, enfim , uma transição pacífica para o poder civil.

Não tenho dúvidas de que a sociedade brasileira não deve mais abrir mão da ordem constitucional e de que nós, militares, não devemos mais interferir na política. Mas, no Brasil, as elites não ajudam na busca de soluções adequadas para os grandes problemas nacionais. As elites foram responsáveis por crises do passado, inclusive por 64, e continuaram após o regime militar a colocar os interesses do país abaixo dos seus, como, infelizmente, costuma ocorrer. No Brasil, nem sempre o empresário e o político compreendem a necessidade de haver entendimentos e de se abrir mão de uma parcela dos lucros ou dos interesses em benefício da estabilidade institucional. Nem mesmo quando a nação depende da aprovação de projetos de seu interesse estratégico no Congresso Nacional. A cultura do fisiologismo parece predominar nas elites brasileiras.”


Coronel DICKSON GRAELL (já falecido)Apoiou o Golpe de 64. Coronel da Linha Dura nos anos 70, comandou o grupo de artilharia de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Quando comandava uma unidade da Brigada de Pára-Quedistas, recusou-se a desfilar com sua tropa no 7 de Setembro, inconformado com a libertação de terroristas em troca do embaixador dos Estados Unidos, que havia sido seqüestrado. Era o chefe da segurança do Riocentro no dia 30 de abril de 1981, quando houve o atentado político. Não aceitou o relatório do IPM, fez uma investigação paralela e acusou a Comunidade de Informações pelo crime.


“Não participei do Movimento de 64 para permitir a prática da tortura, da escuta telefônica, a delação ou a omissão que houve no caso Riocentro. Afinal, o que sempre ouvi de meus superiores é que teríamos de defender certos princípios, como a lealdade, a dignidade do Exército brasileiro, a dignidade e a soberania da Nação brasileira. Pela orientação que recebi, nunca admiti práticas ilegais, que, por exemplo, um preso fosse torturado.

Não posso admitir, em nome dos princípios que basearam minha formação, a tolerância com a corrupção, o uso de uma legislação dita de “segurança nacional” para impedir a livre expressão do pensamento nem, tampouco, a omissão evidenciada no caso Riocentro, em que foi desrespeitado um princípio militar básico: o do respeito à Lei. Você, na carreira militar, aprende que ao não denunciar um crime praticado por um superior ou um subordinado passa a ser co-responsável pelo mesmo. No Riocentro, aquela gente que tolerou o atentado passou a ser cúmplice.

Nunca fui politiqueiro, aquele sujeito que procura se envolver com a política. A maior parte da imprensa só passou a me conhecer a partir do Riocentro, porque eu era o chefe da segurança do Riocentro e fiquei, realmente, indignado com aquela palhaçada toda. O Riocentro foi o exemplo ampliado de como se adota uma posição de fraqueza diante de um crime. Por aquele episódio e por outros deploráveis é que considero fundamental que as elites não mais envolvam o Exército brasileiro com a política partidária, com suas aventuras. Prefiro que o Brasil tenha um Estado de Direito democrático, realmente pluralista, e que não haja mais golpe de estado, seja sob a liderança de um civil ou de um militar.”


_______________

Extraído de CONTREIRAS, Hélio. – Militares: confissões – histórias secretas do Brasil, Rio de Janeiro, Mauad, 1998.




Hader

#2 Mensagem por Hader » Qui Nov 30, 2006 11:30 am

Excelentes textos! Representam muito bem a mentalidade que, se tivesse prevalecido, teria mudado o curso da história brasileira. Pena que as mentes limitadas sejam mais numerosas, e que os argumentos mais rasos geralmente prevaleçam...




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#3 Mensagem por CFB » Qui Nov 30, 2006 5:46 pm

Espero q das proximas vezes a mentalidade desse parte lucida das nossas FAS prevalece p/ o bem geral da nação




Apesar de todos os problemas, ainda confio no Brasil
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#4 Mensagem por Marcos Falco » Qui Nov 30, 2006 6:22 pm

Espero q das proximas vezes...


:shock:

Que que é isso colega :?: :!: :!: Vira essa boca pra lá. Esses mentecaptos nunca mais irão profanar esse país. :twisted:




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#5 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 7:35 pm

Marcos Falco escreveu:
Espero q das proximas vezes...


:shock:

Que que é isso colega :?: :!: :!: Vira essa boca pra lá. Esses mentecaptos nunca mais irão profanar esse país. :twisted:


Moderação, vcs tem mais uma msg para moderar.




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#6 Mensagem por Paisano » Qui Nov 30, 2006 7:55 pm

Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)




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#7 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 8:01 pm

Paisano escreveu:Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)


nobre Paisano, lamento que sua SEMPRE ativa e notável visão tenha passo sem perceber ISTO:

Marcos Falco escreveu:Que que é isso colega :?: :!: :!: Vira essa boca pra lá. Esses mentecaptos nunca :twisted: ........




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#8 Mensagem por Paisano » Qui Nov 30, 2006 8:03 pm

morcego escreveu:
Paisano escreveu:Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)


nobre Paisano, lamento que sua SEMPRE ativa e notável visão tenha passo sem perceber ISTO:

Marcos Falco escreveu:Que que é isso colega :?: :!: :!: Vira essa boca pra lá. Esses mentecaptos nunca :twisted: ........


Repetindo, caso não tenha sido entendido: Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)




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#9 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 8:05 pm

Paisano escreveu:
morcego escreveu:
Paisano escreveu:Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)


nobre Paisano, lamento que sua SEMPRE ativa e notável visão tenha passo sem perceber ISTO:

Marcos Falco escreveu:Que que é isso colega :?: :!: :!: Vira essa boca pra lá. Esses mentecaptos nunca :twisted: ........


Repetindo, caso não tenha sido entendido: Menos, klingon, menos... :roll: (Royalties by Victor)


Ta sendo mais direto então PAISANO, o que vc faria comigo se eu cantar ((não que eu esteja fazendo isso ou pense isso)) AOS 4 CANTOS DO DB QUE OS COMUNISTAS SÃO MENTECÁPTOS???

EM??


O QUE VC ESTÁRIA FAZENDO NESSE MOMENTO COMIGO??




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#10 Mensagem por Paisano » Qui Nov 30, 2006 8:16 pm

Olha, sinceramente, eu prefiro muito mais ouvir a Alcione cantar do que você. :wink:




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#11 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 8:19 pm

Paisano escreveu:Olha, sinceramente, eu prefiro muito mais ouvir a Alcione cantar do que você. :wink:


Ta bom, posso chamar alguém de MENTECÁPITO OU NÃO???


sim OU não, SÓ isso.




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#12 Mensagem por Paisano » Qui Nov 30, 2006 8:23 pm

Em tese (eu disse: em tese) uma pessoa educada não deve adjetivar outras pessoas.




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#13 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 8:25 pm

Paisano escreveu:Em tese (eu disse: em tese) uma pessoa educada não deve adjetivar outras pessoas.


Vc é ou não moderador??


ta com medo de responder é isso?? faz por MP para mim.


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#14 Mensagem por Paisano » Qui Nov 30, 2006 8:33 pm

Você está começando a perder a tranquilidade. :?

Calma hombre!!! Não há necessidade de stress. :wink:




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#15 Mensagem por Morcego » Qui Nov 30, 2006 8:38 pm

Paisano escreveu:Você está começando a perder a tranquilidade. :?

Calma hombre!!! Não há necessidade de stress. :wink:



To, e tem mais gente que já passou do limite do stress; só que para vcs ta parecendo que ta tudo LEGAL, como diria o TULIO TA TUDO TRI.


onde já se viu isso, entrar no forum e chamar ABERTAMENTE MILITARES DE MENTECÁPTOS; como é essa ESTÓRIA???????

EU VOU CALAR, mas isso é uma OFENSA QUE NÃO VAI FICAR ASSIM.




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