OPERAÇÕES ESPECIAIS

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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#31 Mensagem por ZeRo4 » Qua Fev 28, 2007 12:50 pm

SALVATORE escreveu:
SGT GUERRA escreveu:
Naval escreveu:Alguém sabe dizer que equipamento é aquele do lado da motoca, é alguma coisa pra observação??

Valeu.


Dá para colocar o que quiser, no caso da foto tem um parafal.


A motinha bem que poderia ser uma mais zangada né,

A da foto é uma XR-200,

poderia ser uma DT 200, é até mais silenciosa


Isso foi ironia né??? ta certo que poderia ser uma moto mais "zangada", talvez a nova XR-250, Falcon ou a XT-600...

Mas ptz... DT 200??? Moto 2 tempos??? Mais silenciosa do que a XR-200???




As GATs e RPs estão em toda cidade!

Como diria Bezerra da Silva: "Malandro é Malandro... Mané é Mané..." ;)
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#32 Mensagem por nemesis » Qui Mar 01, 2007 12:44 am

dt-200 rules 8-] ja cai cada tombo com a do meu amigo padero!!!!




sempre em busca da batida perfeita
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#33 Mensagem por Tu160bomber » Qui Mar 01, 2007 9:25 am

Po eu pensava que lanca-chamas era proibido :?: :?

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#34 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Mar 01, 2007 11:54 am

Em Portugal (que é um país OTAN), os lança-chamas estão nas unidades de Engenharia. Não me perguntem porquê! :?




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#35 Mensagem por jauro » Qui Mar 01, 2007 12:43 pm

Não deixa de ter lógica, os L Chm são para apoiar a mobilidade, e não armas de emprego coletivo contra pessoal como muitas vezes se vê.
Pela Convenção de Genebra, devem ser usadas para remover obstáculos.
O problema é que sempre tem gente no Obt.




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#36 Mensagem por Guerra » Qui Mar 01, 2007 1:16 pm

cabeça de martelo escreveu:Em Portugal (que é um país OTAN), os lança-chamas estão nas unidades de Engenharia. Não me perguntem porquê! :?


As unidades de infantaria do EB também possuem lança-chamas nas companhias d apoio. As unidades de PE também possuem porque o lança-chama também pode ser usado também como espargidor.




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#37 Mensagem por jauro » Qua Mar 21, 2007 8:26 pm

D Q B N

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#38 Mensagem por Naval » Qui Mar 22, 2007 10:27 pm

Show essa foto Jauro!!

Alguém saberia responder a autonomia destes cilindros lança-chamas??

Valeu.




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#39 Mensagem por Túlio » Sex Mar 23, 2007 12:31 am

Naval escreveu:Show essa foto Jauro!!

Alguém saberia responder a autonomia destes cilindros lança-chamas??

Valeu.




Se for aquele da Hydroar, parece que chega a 70m com espessante...




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#40 Mensagem por Clermont » Dom Mai 30, 2010 5:52 pm

AS FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DO BRASIL.

General-de-Brigada Álvaro de Souza Pinheiro

O Brasil, a Nova Ordem Mundial e o conflito de 4ª geração

O termo "Conflito de 4ª Geração" tornou-se conhecido entre estrategistas e planejadores militares internacionais no final da década de 1980. Essa comunidade compartimentou a evolução dos conflitos armados a partir do século XVII, em quatro fases distintas. Na "1ª geração" (a partir da "Paz de Westphalia", acordo firmado em 1648, que propiciou o nascimento das relações internacionais entre Estados soberanos), a guerra caracterizou-se pelo emprego preponderante do "Princípio da Massa" e teve seu clímax nas épicas campanhas napoleônicas. O emprego intensivo do "fogo" caracterizou a "2ª geração", que culminou na Primeira Guerra Mundial. A "3ª geração" foi dominada pela "manobra", perfeitamente caracterizada pela blitkrieg, tática brilhantemente desenvolvida pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Ressalte-se que os atores protagonistas nos diferentes cenários de 1ª, 2ª e 3ª gerações eram, predominantemente, Estados nacionais.

A "4ª geração" é resultante de uma evolução que visa tirar vantagens das mudanças política, social, econômica e tecnológica vivenciadas desde a Segunda Guerra Mundial. Mao Tsé-tung foi o pioneiro no emprego muito bem-sucedido desse modelo como instrumento de luta político-ideológica, proliferado particularmente durante o auge da Guerra Fria, quando a ameaça do holocausto nuclear, conseqüente da confrontação em torno dos Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ameaçava o Mundo.

O início do século XXI, particularmente a partir dos trágicos e contundentes eventos de 11 de setembro de 2001, está demonstrando que as atuais ameaças à paz e à segurança internacionais são mais dramáticas e complexas do que aquelas que as precederam no século passado, tanto em natureza quanto em dimensão e intensidade. A multipolaridade do atual ambiente estratégico global está profundamente caracterizada pela presença de uma única superpotência hegemônica remanescente, os EUA, e pelo aparecimento de potências regionais emergentes que, como o Brasil, por exemplo, incrementam cada vez mais sua estatura político-estratégica no cenário geopolítico global. A conseqüência imediata é que Estados nacionais desenvolvidos e em diferentes estágios de desenvolvimento estão convivendo em arenas globais fundamentalmente baseadas em interesses econômicos. Esse fato determina o aparecimento de confrontações diversificadas entre governos, economias, culturas, etnias, religiões e populações em um mundo altamente competitivo em termos de mercados globais.

Hoje, existem mais de 190 Estados nacionais, dos quais cerca de 30 são potencialmente falidos por conseqüência direta de governos fracos e corruptos, incapazes de atender às mínimas condições de estabilidade política e socioeconômica de suas populações, acrescida de uma radical motivação de cunho cultural, étnico ou religioso. Esses Estados falidos tornaram-se a fonte primária da instabilidade internacional, transformando-se em regiões pródigas na proliferação de flagelos transnacionais que assolam o mundo civilizado nos dias de hoje, tais como o fundamentalismo político e/ou religioso, o terrorismo, o narcotráfico, o contrabando de armas, um grande fluxo de imigrantes ilegais, a pirataria diversificada, a lavagem de dinheiro e a degradação ambiental.

Não há dúvida de que a violência em nível nacional, transnacional ou subnacional vai continuar, e os chamados conflitos assimétricos de 4ª geração predominarão. Junto aos Estados nacionais, surgem novos atores protagonistas, organizações não estatais armadas integradas por forças irregulares de diferentes matizes: separatistas, anarquistas, extremistas políticos, étnicos ou religiosos, crime organizado e outros, cuja principal forma de atuação fundamenta-se no emprego de táticas, técnicas e procedimentos de Guerra Irregular que, ao longo do tempo, evolui para novas formas de atuação.

O Brasil, como um país cuja estatura político-estratégica cresce a cada dia e defende uma reforma na Carta das Nações Unidas que lhe permita ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança, não pode se alienar da prevenção e do combate às potenciais e iminentes ameaças à paz e à segurança internacionais do século XXI.

As características do conflito de 4a geração do século XXI e as Forças de Operações Especiais (FOpEsp).

Cenários estratégicos de conformação difusa, caracterizados por ameaças indefinidas em ambientes operacionais, dentro ou fora do território nacional, nos quais a incerteza e a imprevisibilidade demandarão forças preparadas para o cumprimento de missões diversificadas. Missões essas com um amplo espectro de ameaças que envolvem desde a defesa de interesses nacionais vitais, tais como a manutenção da soberania e da integridade do patrimônio nacional; a garantia da lei e da ordem e dos poderes constitucionais; o cumprimento de compromissos internacionais; até a cooperação com o desenvolvimento e a defesa civil; e a atuação contra delitos além da fronteira e ambientais.

Esse complexo espectro poderá demandar a capacidade de fazer face a um inimigo convencional em um determinado momento, para logo no momento seguinte confrontar-se com um inimigo irregular e, em seguida, engajar-se em atividades de assistência humanitária, reconstrução das instituições e infra-estruturas básicas do governo local. Essas atividades poderão ser executadas simultaneamente, e muito freqüentemente exigirão a interação das forças de combate (inclusive as de Operações Especiais) com organizações policiais voltadas para a segurança pública, bem como com agências civis de diferentes matizes, governamentais e não governamentais.

Ambientes operacionais caracterizados pela grande diversificação em termos de terreno, de condições meteorológicas e de inimigo, incrementando sobremaneira as exigências de adestramento. Áreas urbanas ou próximas a localidades de grande porte poderão constituir-se em cenários de batalhas decisivas, admitindo-se a presença de forças convencionais amigas e inimigas; forças irregulares amigas e inimigas (com forças de guerrilha, de sustentação e subterrâneas com diferentes níveis de capacitação); e admitindo também relevante presença de populações civis não combatentes, propiciando ações de subversão, terrorismo e sabotagem.

Operações militares de planejamento centralizado, caracterizado por uma vigorosa unidade de comando e execução cada vez mais descentralizada, tendo como parâmetros essenciais um sistema de inteligência solidamente estruturado (tanto em nível estratégico quanto em nível operacional e tático), comunicações digitalizadas eficientes e seguras e a disseminação das informações em tempo real, visando à obtenção de rapidez nos resultados e à minimização de baixas.

Imperiosa necessidade de preparo para conviver com a crescente influência da mídia na formação da opinião pública, tanto nacional quanto internacional, afetando sobremodo o planejamento e a condução das operações. Como conseqüências imediatas dessa influência, tornou-se obrigatório relacionar as "considerações civis" como fator da decisão e reconhecer a relevância das atividades de comunicação social e de operações psicológicas. A análise da propaganda nos seus cinco fatores (origem, conteúdo, público-alvo, veículo e efeito resultante) deve ser constantemente realizada. E a "conquista de corações e mentes" da população civil não combatente é um objetivo permanente a ser alcançado. Prevalência de campos de batalha não lineares ou assimétricos, demandando operações táticas desenvolvidas de forma coordenada e controlada, combinando diferentes direções e atitudes (ofensiva e defensiva), bem como plena sincronização dos meios integrantes dos diversos sistemas operacionais (comando e controle; inteligência; manobra; apoio de fogo; mobilidade, contramobilidade e proteção; defesa antiaérea; e apoio logístico) em termos de tempo, espaço e finalidade. Permanente evolução científico-tecnológica, impondo constante reciclagem de conhecimentos e capacitações, sobretudo no que se refere ao emprego intensivo de sensores (obtenção da informação), processadores (tomada da decisão e sua implementação) e atuadores (neutralização da ameaça). Em conseqüência, tendo em vista otimização das comunicações, toma-se prioritário o emprego de medidas eletrônicas de apoio (MEA), contramedidas eletrônicas (CME) e medidas de proteção eletrônica (MPE).

Conscientização de que, na atualidade, as forças irregulares também estão tirando proveito da evolução tecnológica, como está perfeitamente caracterizado pelo Hezbollah, que, além de ter alcançado o status de partido político (a exemplo do Hamas e do Fatah) no último conflito no Sul do Líbano, inovou, surpreendendo as Forças de Defesa de Israel, demonstrando uma inédita capacitação de saturação de área pelo fogo, executada por uma artilharia de mísseis e foguetes de curto e de médio alcance, patrocinada pelo Irã e pela Síria. Nesse mesmo contexto, irregulares de diferentes matizes estão engajados na procura pela capacitação para a realização de ataques químicos, biológicos e nucleares, bem como o desencadeamento de infiltrações cibernéticas em redes informatizadas que controlam os serviços públicos essenciais dos grandes centros urbanos.

Forças irregulares de diferentes matizes, com diferentes níveis de capacitação, em diferentes ambientes operacionais, estão cada vez mais associadas à estrutura do crime organizado, beneficiando-se dos rendimentos obtidos pelo narcotráfico, contrabando de armas e munições e da lavagem de dinheiro, que na atualidade se constituem em ameaças transnacionais. Um exemplo inequívoco são as atuais conexões entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), atualmente engajadas em todas as fases de produção da cocaína refinada, com organizações do crime organizado de México, Venezuela, Suriname, Paraguai, Brasil e Argentina. Por outro lado, estão desenvolvendo técnicas e procedimentos para disseminar idéias e transferir recursos de natureza diversificada, valendo-se de diferentes métodos, que variam dos mais sofisticados, como a internet e as telecomunicações, passando pelos correios convencionais, pelas mensagens anônimas codificadas em classificados de jornais diários até o mero contato pessoal.

Crescente desdobramento de forças multinacionais nos mais diversos ambientes operacionais, envolvendo tropas de Estados nacionais integrantes de organismos internacionais ou de coalizões temporárias, especificamente estabelecidas para a consecução de objetivos comuns (Estratégia da Projeção de Poder). Nesse contexto, avultam o crescente valor da mobilidade estratégica, o estabelecimento cada vez mais impositivo de comandos combinados, enquadrantes de elementos das três Forças Singulares e a demanda cada vez maior da presença de Forças de Operações Especiais (FOpEsp), mesmo nas missões de manutenção da paz.

Eventos recentes demonstram que as formas clássicas de fazer face às crises e aos conflitos armados do século passado não são mais pertinentes, oportunas e adequadas para prevenir e combater as atuais ameaças. Nesse contexto, constata-se de forma intensiva a crescente importância que governos nacionais, em todos os continentes, estão dando às suas FOpEsp, que ganham cada vez mais relevância.

Em função de suas características específicas de preparo e emprego, em todo o Mundo, essas forças constituem-se em vetores extremamente flexíveis, eficientes e eficazes no desdobramento de crises e/ou conflitos, em ambientes operacionais condicionados por um alto grau de sensibilidade política, grande complexidade psicossocial e ações a realizar de caráter não convencional, não raro, caracterizadas por um alto grau de sigilo.

A condução bem-sucedida das Operações Especiais está fundamentalmente baseada no elevado nível de proficiência técnico-profissional de pequenas unidades, dotadas de uma gama de capacitações operacionais especializadas, predominantemente não convencionais, assegurando aos mais elevados escalões em presença respostas militares adequadas, oportunas, flexíveis e que, em situações críticas, evitam o risco de escaladas das crises e/ouconflitos, normalmente associado ao emprego de forças convencionais de maior vulto e visibilidade.


(continua, dia desses...)




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#41 Mensagem por Clermont » Qui Jun 03, 2010 4:02 pm

As atuais concepções de emprego das Forças de Operações Especiais.

As Operações Especiais.

A globalização tornou-se um fenômeno que na atualidade atinge todos os campos da atividade humana, inclusive a área dos assuntos militares. Um significativo exemplo que ratifica essa evidência são as concepções doutrinárias atribuídas às Operações Especiais.

Sistemas de educação profissional militar de diferentes países, desde a Segunda Guerra Mundial, intitularam como especiais, em seus acervos doutrinários, operações específicas executadas por forças convencionais, tais como ataque noturno, ataque e defesa de localidades, transposição de cursos d'água obstáculos, operações objetivando o estabelecimento de cabeças-de-ponte aérea (aeroterrestres e/ou aeromóveis) e cabeças-de-praia em operações anfíbias. Consideraram também como especiais operações desenvolvidas em terrenos específicos, tais como selva, montanha e neve.

Com o término da Segunda Guerra Mundial e o advento do conflito de 4ª Geração e da guerra revolucionária, que tiveram em Mao Tsé-tung um pioneiro muito bem-sucedido, Forças Armadas do mundo inteiro passaram a adotar uma nova concepção doutrinária referente às operações especiais, profundamente diferenciada da concepção anterior, em função de sua natureza eminentemente não-convencional. Aperfeiçoado ao longo do tempo e das experiências vividas em diferentes ambientes operacionais, chegou-se na atualidade a um conceito de consenso global, inclusive adotado no Brasil, de que Operações Especiais "são aquelas conduzidas por forças militares e/ou paramilitares especificamente organizadas, adestradas e equipadas, visando à consecução de objetivos militares, políticos, econômicos ou psicossociais, em ambientes hostis e/ou politicamente sensíveis, nas situações de paz, crise ou conflito".

Podem ser conduzidas independentemente, em apoio a objetivos nacionais específicos ou em coordenação com operações de forças convencionais, normalmente em proveito da campanha do maior escalão de nível estratégico ou estratégico operacional em presença.

É fundamental ter sempre em mente que FOpEsp não competem com as forças convencionais, e em hipótese alguma devem ser empregadas como essas.



Especificidades, Formas de Atuação e Missões Essenciais.

Especificidades.

Como principais especificidades das Forças de Operações Especiais, destacam-se: emprego de pequenos efetivos integrados por pessoal com adestramento e material altamente especializados; operações desenvolvidas em ambientes de grande sensibilidade política; desencadeadas em janelas de oportunidade limitadas em termos de tempo, espaço e finalidade e impositiva necessidade de inteligência e contra-inteligência especializadas.

Formas de Atuação.

De uma maneira geral, as Operações Especiais são materializadas por duas formas de atuação: ação direta e ação indireta. A ação direta fica perfeitamente caracterizada quando as FOpEsp cumprem suas missões estabelecendo o contato direto com o inimigo. A ação indireta é caracterizada quando o contato com o inimigo é mantido por forças irregulares amigas especificamente organizadas, adestradas, equipadas e conduzidas para tal fim.

Dependendo das características do ambiente operacional em presença, tendo por fim otimizar as possibilidades das FOpEsp e minimizar suas limitações, o ideal é que os planejamentos integrem as formas de atuação das ações direta e indireta. As mais recentes experiências, em diferentes ambientes operacionais, têm demonstrado que elas não são excludentes entre si, muito pelo contrário. Além de perfeitamente integradas, há de se procurar o apoio mútuo entre as ações direta e indireta. O efeito produzido será efetivamente muito superior do que quando materializadas separadamente.

Missões Essenciais.

Como missões essenciais desenvolvidas por diferentes FOpEsp, inclusive pelas do Brasil, destacam-se:

- Guerra Irregular: largo espectro de operações militares e paramilitares conduzidas em território controlado pelo inimigo ou politicamente sensível. Caracteriza-se por ações de longa duração empregando predominantemente táticas, técnicas e procedimentos de guerra de guerrilhas, envolvendo atividades de subversão, sabotagem e de fuga e evasão. São executadas por pessoal nativo da área de operações, organizado, adestrado, equipado e conduzido em diferentes níveis por frações das FOpEsp, normalmente por Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp), reforçados ou não por Destacamentos de Ações de Comandos (DAC), cuja missão precípua é o estabelecimento de "Áreas Operacionais de Guerra Irregular" (AOGI). Estas áreas exigem que os combatentes empenhados estejam capacitados para sobreviver e operar em ambientes longínquos e hostis, por longos períodos de tempo, com o mínimo de direção e apoio. As ações de Guerra Irregular, quando conduzidas dentro do território nacional, estão inseridas no contexto de "movimentos de resistência". Quando fora dele, no contexto de "movimentos revolucionários patrocinados". As missões de Guerra Irregular materializam a forma de atuação de ação indireta.

- Ação Direta/Ação de Comandos: operações destinadas à execução de ações de interdição/destruição de objetivos críticos, captura/eliminação de pessoal e recuperação/resgate/evacuação de pessoal ou material, todos avaliados como alvos altamente compensadores pelo maior escalão em presença. Planejada e conduzida por DOFEsp e/ou DAC, caracteriza-se pela surpresa, alta intensidade da ação de choque e curta duração.

- Operações contra Forças Irregulares: desencadeadas no contexto de defesa da pátria (defesa externa), na garantia da lei e da ordem (defesa interna) ou no atendimento a compromissos internacionais (operações internacionais). Compreendem operações contraguerrilha, contra o terrorismo e contra as forças adversas. Os DOFEsp e/ou DAC conduzem essas ações em ambiente urbano ou rural. As operações contra as forças irregulares materializam a forma de atuação de ação direta. Entretanto, no contexto deste tipo de missão, há de se considerar o adestramento e o emprego de forças convencionais amigas contra forças irregulares inimigas. Assim como há de se considerar também o adestramento e o emprego de forças irregulares amigas contra forças irregulares inimigas. Ambas as situações são normalmente desenvolvidas com a presença intensiva de DOFEsp, materializando a forma de atuação de ação indireta.

- Reconhecimento Estratégico/Especial: tem como objetivo o levantamento estratégico de área (LEA), bem como o levantamento estratégico operacional/ tático de dados sobre o terreno, condições meteorológicas e inimigo. Os DOFEsp e/ou DAC engajados nessas ações poderão aproveitar os resultados obtidos de imediato, prosseguindo em curso de operações na execução de outras missões. A missão de Reconhecimento Estratégico/Especial materializa a forma de atuação de ação direta.

- Operações Psicológicas: desencadeadas por Equipes de Operações Psicológicas (EqOpPsc) procurando motivar públicos-alvo aliados, neutros e hostis a adotarem comportamentos favoráveis à consecução de objetivos políticos e/ou militares estabelecidos pelo maior escalão em presença.

Manutenção do Sigilo e Inteligência.

Qualquer que seja a missão atribuída, as Operações Especiais se materializam por meio de atividades ostensivas, cobertas e clandestinas ou de muito baixa visibilidade. As operações ostensivas são aquelas que, após sua execução, não haverá sigilo a ser preservado, nem sobre o patrocinador nem sobre a operação propriamente dita. Nas operações cobertas, o foco da manutenção do sigilo será sobre a identidade do patrocinador. E nas operações clandestinas, o objeto da preservação do sigilo é a operação propriamente dita. São aquelas operações "que nunca aconteceram" e que conseqüentemente nunca houve um patrocinador.

Da mesma forma, qualquer que seja a missão atribuída, as FOpEsp em presença estarão sempre em condições de se engajar em Operações de Inteligência, que lhes permitirão orientar as ações a realizar nas diversas fases do cumprimento da missão.

Limitações das FOpEsp.

Ao atribuir missões às FOpEsp, também é necessário ter em mente as suas limitações, dentre as quais destacam-se:

- Em função de empregar predominantemente a forma de manobra de infiltração (terrestre, aquática, aérea ou mista), as FOpEsp tornam-se extremamente vulneráveis quando localizadas no interior de território hostil ou controlado pelo inimigo;

- Sensibilidade às contramedidas de guerra eletrônica e de contra-inteligência inimigas.

- Dificuldades em relação às necessidades de apoio de fogo que ficam predominantemente restritas ao apoio de fogo aéreo;

- Dificuldades na manutenção do fluxo logístico que, em função da impositiva manutenção do sigilo, fica exclusivamente condicionado aos processos especiais de suprimento;

- Grande sensibilidade à ocorrência de baixas, tendo em vista as dificuldades de recompletamento, em função da necessidade de longos períodos de tempo para a formação de combatentes especializados qualificados.

Critérios Operacionais de Emprego das FOpEsp.

Ao decidir a atribuição de missões a FOpEsp, planejadores militares devem responder a cinco grandes questionamentos, que se constituem nos critérios operacionais básicos para o seu emprego. Estes devem ser respondidos dentro da seqüência abaixo apresentada:

- A missão é apropriada a FOpEsp?

- A missão apóia o Plano de Campanha/Operações do maior escalão em presença?

- A missão é operacionalmente factível?

- Os recursos necessários estão disponíveis para o cumprimento da missão?

- Os resultados conseqüentes do cumprimento da missão justificam os riscos?

A experiência tem demonstrado que uma resposta negativa a quaisquer desses critérios constitui-se em um eloqüente indício de que a missão não deve ser atribuída à FOpEsp.

"Verdades" das FOpEsp.

No contexto da iniciativa norte-americana identificada como "guerra global contra o terror", as campanhas do Afeganistão e do Iraque propiciaram o emprego intensivo de FOpEsp de vários países integrantes das coalizões estabelecidas em ambos os teatros de operações. Essas forças, lideradas por elementos do Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM), colheram uma série de ensinamentos que foram sintetizados em quatro axiomas identificados universalmente como as "Verdades das FOpEsp". São elas:

1 - "Os homens são mais importantes que o material";

2 - "a qualidade prepondera sobre a quantidade";

3 - "as Forças de Operações Especiais não podem ser produzidas em massa";

4 - "as Forças de Operações Especiais não podem ser improvisadas após a eclosão de uma crise".

Essas "verdades", em função da credibilidade e da legitimidade que trazem consigo, têm sido recebidas com ampla aceitação pelas mais diversas FOpEsp nos cinco continentes.




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#42 Mensagem por EDSON » Qui Jun 03, 2010 5:48 pm

Exelente trabalho Clermont. Tinha esquecido que já tinha um tópico destes.




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#43 Mensagem por Clermont » Sáb Jun 12, 2010 6:05 pm

As Forças de Operações Especiais do Exército Brasileiro.

As raízes históricas.

O histórico das Forças de Operações Especiais do Exército Brasileiro remonta aos idos do século XVII, ainda na época do Brasil-Colônia, por ocasião da ocorrência das Invasões Holandesas.

A primeira invasão holandesa ocorreu em 8 de maio de 1624, na cidade de Salvador, então sede do Governo Geral do Brasil. Em 29 de março de 1625, cerca de um ano após terem tido sucesso na conquista da capital da colônia, os holandeses se viram sitiados, por terra, por forças de guerrilha organizadas e lideradas pelo bispo de Salvador, D. Marcos de Mendonça, e por mar, por uma frota portuguesa, sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório. Acossados por terra e por mar, reduzidos à área urbana da cidade, os invasores terminam por capitular. As forças de D. Marcos eram comandadas por combatentes identificados como "capitães dos assaltos", responsáveis pela condução das "Companhias de Emboscadas". Entre eles, destacou-se a figura do Capitão Francisco Padilha, brasileiro nato, que se notabilizou por ter conduzido inúmeras ações ofensivas muito bem-sucedidas, caracterizadas pela surpresa na execução e por uma intensa ação de choque. Em uma delas, foi pessoalmente responsável pela eliminação do próprio governador holandês, Van Dorth. Francisco Padilha, naquele momento histórico, demonstrou uma capacitação ímpar na condução do que hoje é identificado como "Ações de Comandos".

Em 1640, na segunda investida dos batavos ao território brasileiro, Antônio Dias Cardoso, português filho de família humilde da cidade do Porto, foi enviado a Pernambuco pelo Governo Geral da Colônia com a missão de organizar e instruir civis luso-brasileiros, com o objetivo de formar uma força de resistência com potencial que possibilitasse a expulsão do invasor. Dias Cardoso, cumprindo uma missão que atualmente é específica de Operadores de Forças Especiais, após uma impressionante infiltração que atravessou o sertão baiano e o sertão pernambucano, vencendo perigos que iam desde a superação dos obstáculos apresentados pela natureza até as ações hostis dos invasores estrangeiros, obteve pleno êxito na sua empreitada. Assim, tornou-se, ao lado do fazendeiro português João Fernandes Vieira, do paraibano André Vidal de Negreiros, do índio potiguar Felipe Camarão e do brasileiro afro-descendente Henrique Dias, uma figura relevante nos sucessos obtidos pelas forças nativistas em inúmeras batalhas, tais como a do Monte das Tabocas (3 de agosto de 1645), Primeira Batalha de Guararapes (19 de abril de 1648) e a Segunda Batalha de Guararapes (19 de fevereiro de 1649). Todas fundamentais para a derrota do invasor holandês que, em 26 de janeiro de 1654, assinou a Capitulação da Campina do Taborda e retirou-se definitivamente.

Dessa forma, lusitanos, colonos nascidos no Brasil, escravos africanos, índios e mestiços, empregando táticas, técnicas e procedimentos típicos das operações de Guerra Irregular, enfrentaram e venceram as poderosas forças estrangeiras em campanhas que viriam a materializar, de forma relevante, o alvorecer da formação da nacionalidade brasileira.

Francisco Padilha e Antônio Dias Cardoso protagonizaram uma série memorável de eventos, nos quais demonstraram seus excepcionais atributos de liderança, coragem, determinação, criatividade e abnegação, tornando-se magníficos exemplos para os especialistas em ações de Comandos e operadores de Forças Especiais da atualidade.

Como homenagem a essas memoráveis campanhas e àqueles magníficos combatentes nativistas, o Exército Brasileiro selecionou o dia 19 de abril (Primeira Batalha de Guararapes) como o Dia do Exército, e, em 1991, o 1º Batalhão de Forças Especiais recebeu a denominação histórica de Batalhão Antônio Dias Cardoso. Da mesma forma, em 2006, o recém-ativado 1º Batalhão de Ações de Comandos recebeu a denominação histórica de Batalhão Capitão Francisco Padilha.

O passado recente.

A história das atuais FOpEsp do Exército Brasileiro recomeça em dezembro de 1957, quando por uma iniciativa pioneira, plena de determinação e idealismo, liderada pelo então major pára-quedista Gilberto Antônio Azevedo Silva, realiza-se o primeiro Curso de Operações Especiais, planejado e conduzido por uma equipe de instrutores e monitores do então Curso de Precursor, no Centro de Instrução Especial do então Núcleo da Divisão Aeroterrestre. Este curso, concluído em meados de 1958, com a formação de 16 militares, viria a se tornar o embrião dos futuros Cursos de Ações de Comandos, Forças Especiais e Operações na Selva, além de influenciar significativamente o futuro preparo de nossas unidades nos ambientes operacionais de montanha, caatinga e pantanal.

Em 1961, um pequeno grupo de oficiais e de sargentos pára-quedistas, possuidores do Curso de Operações Especiais, deslocou-se para os EUA a fim de obter conhecimentos atualizados sobre o emprego de Rangers e Special Forces, com o objetivo de adaptá-los para o Exército Brasileiro.

Em 1966, o Curso de Operações Especiais, na época conduzido em 24 semanas contínuas, desmembra-se nos Cursos de Comandos e de Forças Especiais respectivamente, com 9 e 21 semanas de duração, ambos desenvolvidos no então Centro de Instrução Especial Aeroterrestre (CIEspAet).

Em maio de 1965, em uma relevante participação na Força Interamericana de Paz (FIP), o Brasil desdobrou em São Domingos, República Dominicana, o Destacamento FAIBRAS, com base em um batalhão do Regimento-Escola de Infantaria (REsI) e uma companhia dos Fuzileiros Navais. No retorno ao Brasil, em meados de 1966, após uma missão muito bem cumprida e de grande repercussão internacional, oficiais e sargentos do REsI, como resultado de valiosos ensinamentos colhidos naquele complexo ambiente operacional, decidiram criar um Curso de Comandos, para oficiais e sargentos, desenvolvido naquela unidade. Naquele momento, portanto, o Exército Brasileiro passou a ter duas formações de combatentes especializados em Ações de Comandos, uma no CIEspAet e outra no REsI, sendo que nenhuma delas estava oficialmente reconhecida.

Uma Portaria Ministerial, datada de 12 de agosto de 1968, marcou significativamente, com duas decisões, a história das Forças de Operações Especiais. Por esse ato administrativo, os Cursos de Comandos e de Forças Especiais desenvolvidos no CIEspAet foram oficialmente reconhecidos (o curso do REsI foi conseqüentemente extinto); e foi ativada a primeira unidade de Operações Especiais do Exército Brasileiro, o Destacamento de Forças Especiais (DFEsp), organização militar de valor Companhia, organizada com um Destacamento de Coordenação e Controle (DstCooCt) e dois Destacamentos de Operações de Forças Especiais (DOFEsp), com 12 homens cada (4 oficiais e 8 sargentos), perfazendo um total de 30 combatentes. Ocupou instalações na Colina Longa, à retaguarda das edificações do CIEspAet, permanecendo inicialmente subordinado àquele centro. Pouco tempo depois, passou a subordinar-se diretamente ao Comando da então Brigada Aeroterrestre (Bda Aet). Desde a sua ativação, o DFEsp adotou como lema a frase nascida nos antigos Cursos de Operações Especiais, e que viria a se consolidar como lema das Forças Especiais do Exército Brasileiro: "Qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira."

Naquele momento, as Forças Armadas e demais organismos de segurança do Brasil vivenciavam, em um contexto de Defesa Interna, uma luta sem trégua contra a subversão e o terrorismo. O então recém-ativado DFEsp engajou-se decisivamente nesse esforço, que contava com uma destacada atuação da tropa pára-quedista, incorporando uma significativa experiência de combate, sobretudo nas operações contra as forças irregulares em ambiente rural. Essa experiência, desenvolvida de 1969 a 1974, foi institucionalmente reconhecida pelos inequívocos resultados obtidos. Não há como esquecer, entretanto, que a consecução desses resultados, em inúmeras oportunidades, teve o seu preço pago com sangue.

Há de se destacar que, naquele período crítico no território nacional, graças ao grande esforço integrado muito bem-sucedido entre as Forças Armadas e os diferentes organismos de segurança, nunca se verificou a presença nem de tropa nem de "assessores" estrangeiros na resolução dos nossos problemas de Segurança Interna. Tal evidência tornou o Brasil uma grande exceção no cenário latino-americano daquela época, exceção esta que até hoje origina manifestações de respeito e admiração por parte de analistas internacionais civis e militares, e que veio a se constituir em motivo de acendrado orgulho profissional daqueles que, como os então integrantes do DFEsp/ Bda Aet, vivenciaram aquele período. Destaque-se também que os ensinamentos colhidos naquelas operações contra as forças irregulares, em diferentes ambientes operacionais, foram inúmeros e diversificados, tanto em termos de planejamento quanto de execução, permanecendo válidos até os dias de hoje.

Em 1972, em cumprimento a uma determinação do então I Exército (hoje, Comando Militar do Leste), o DFEsp passou a realizar periodicamente um Estágio de Ações de Comandos (duração de três semanas) visando ao adestramento de policiais civis e militares selecionados, integrantes de um Grupo de Operações Especiais (GOpEsp), recém-criado pela Secretaria de Segurança Pública do então Estado da Guanabara. Esse estágio, que ficou conhecido como "comandinhos", veio a se constituir no embrião da formação dos futuros Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil.

Em 1973, o Comando do DFEsp (Companhia) e seus dois Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp) orgânicos, cada qual com 4 oficiais e 8 sargentos, perfazendo um total de 32 militares, dirigiram-se aos EUA para realizar, durante cerca de três meses, um adestramento específico de Operações de Forças Especiais, conduzido no US Army John Fitgerald Kennedy Special Warfare Center com o apoio do 7th Special Forces Group (Airborne), ambos sediados em Fort Bragg, Carolina do Norte.

Há de se ressaltar que o DFEsp/Bda Aet foi transportado aos EUA em duas aeronaves C-115, "Búfalo", da Força Aérea Brasileira (FAB), pertencentes ao Esquadrão sediado na Base Aérea dos Afonsos. Suas tripulações (operando as nossas aeronaves), paralelamente ao adestramento do DFEsp, desenvolveram um adestramento de Operações Aéreas Especiais em conjunto com o pessoal da Força Aérea dos EUA (na Pope Air Force Base, vizinha a Fort Bragg), inclusive apoiando os nossos DOFEsp em diversificadas atividades táticas diurnas e noturnas, com pleno sucesso.

O rendimento dessa missão no exterior foi excelente, e, além da magnífica impressão deixada junto aos profissionais norte-americanos (o que por si só já justificaria o tremendo esforço realizado), os resultados alcançados de imediato refletiram-se positivamente na formação, no adestramento, na dotação de material e no emprego dos recursos humanos no Brasil. Um significativo exemplo desses resultados foi que, já em 1974, após a importação do material aeroterrestre específico e dos equipamentos de oxigênio necessários, as Forças Especiais brasileiras, operando em conjunto com os Esquadrões da então V Força Aérea de Transporte Aéreo (V FATA), tornaram-se plenamente qualificadas para a realização de infiltrações aéreas por meio de saltos livres operacionais em grande altitude, uma capacitação que foi mantida até os dias de hoje e que distingue unidades operacionais dessa natureza em todo o Mundo.

Em 30 de setembro de 1983, o Destacamento (Companhia) de Forças Especiais foi extinto, criando-se o 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp). A ativação da nova unidade deveu-se à imperiosa necessidade, que já se fazia presente naquela época, de dotar o Exército Brasileiro de uma organização militar operacional, valor batalhão, especializada em Operações Especiais e na Guerra Irregular. O então 1º BFEsp foi estruturado em Comando e Estado-Maior, uma Companhia de Comando e Serviços (Cia CSv), uma Companhia de Forças Especiais (Cia FEsp) e uma Companhia de Ações de Comandos (CAC), ficando diretamente subordinado ao Comando da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda lnf Pqdt). O efetivo do batalhão passou a admitir cabos e soldados nas Cia CSv e CAC; todavia, todos deveriam ser voluntários para a tropa pára-quedista e possuírem pelo menos mais de um ano de serviço militar, não se admitindo recrutas prestadores do Serviço Militar Inicial.

Diretrizes emanadas dos escalões superiores determinaram que a nova Organização Militar se transferisse das acanhadas instalações da Colina Longa para a Estrada do Camboatá, em uma área próxima ao Campo de Instrução de Gericinó, que tinha sido um depósito de munição da 1ª Região Militar. Após a ocorrência de uma explosão de graves proporções em 1957, aquela extensa área, rica de pujante vegetação, passou a ser utilizada como ponto de distribuição de munição daquele Comando Regional.

A transferência do recém-ativado batalhão, ainda com os recursos humanos do antigo destacamento, para o sítio de um novo aquartelamento se constituiu em uma tarefa extremamente desgastante que envolveu todos os seus oficiais e praças, porque praticamente tiveram que participar da construção de todas as novas instalações projetadas, uma vez que muito pouco das edificações remanescentes era aproveitável. Em 27 de setembro de 1984, o novo 1º BFEsp, coroando um trabalho intenso e abnegado, ocupou oficialmente as suas novas instalações. Ainda no segundo semestre daquele mesmo ano, em uma demonstração de comprometimento dos quadros com a capacitação operacional, foi desenvolvido com pleno êxito o primeiro Curso de Comandos para cabos e soldados.

Em 1987, o Estado-Maior do Exército (EME) criou um grupo de trabalho com a finalidade de estudar a atividade de Operações Especiais, visualizando possíveis estruturas organizacionais e o preparo e o planejamento do emprego de elementos de Forças Especiais, Ação de Comandos e de Operações Psicológicas. Esse estudo concluiu sobre a viabilidade, adequabilidade e pertinência da criação de um Comando de Operações de Unidades Especiais (COpUEsp). Uma idéia conclusiva que viria a se materializar cerca de 15 anos depois, com a ativação da Brigada de Operações Especiais.

A partir de 1988, diretrizes emanadas dos mais altos escalões fizeram do 1º BFEsp uma organização militar dotada da mais alta prioridade no seio da Força Terrestre. Com a finalidade de incrementar significativamente sua operacionalidade, diretrizes específicas foram expedidas no sentido de facilitar a apresentação de voluntários, tanto de oficiais quanto de praças, principalmente para o Curso de Ações de Comandos. A partir de 1989, legitimando de direito uma situação que já era de fato, a responsabilidade pela execução dos Cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais passou do Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil (CIPqdtGPB) para o 1º BFEsp, que para tanto, incorporou os recursos humanos e materiais da Seção de Operações Especiais daquele centro. Ambas as medidas possibilitaram que o 1º BFEsp atingisse a sua melhor situação, em termos de recursos humanos, mobiliando em quase toda a sua plenitude a sua organização de então, com uma Companhia de Comando e Serviços; duas Companhias de Forças Especiais, a 1ª e a 2ª Cia FEsp (ficando esta com a missão de conduzir os cursos), cada uma enquadrando um DstCooCt e quatro DOFEsp (4 oficiais e 8 sargentos em cada); e uma Companhia de Ações de Comandos (CAC), com uma Seção de Comando (Sç Cmdo) e quatro Destacamentos de Ações de Comandos (DAC), cada um com o efetivo de 42 combatentes.

Em 1990, o então recém-criado Comando de Operações Terrestres (COTER) aprovou oficialmente o Plano de Adestramento da Unidade nas suas quatro fases: individual, fração, subunidade e unidade. Plano esse que, entre outros aspectos altamente especializados, contemplava exercícios de adestramento em diferentes áreas de emprego estratégico do território nacional. Da mesma forma, uma intensa reciclagem doutrinária possibilitou a elaboração do manual IP 31-95, "O Batalhão de Forças Especiais", 1ª edição que, no ano seguinte (1991), foi aprovada pelo EME.

Além de uma boa quantidade de viaturas operacionais de 1/4, 1 1/2 e 2 1/2 toneladas, uma imensa gama de material especializado de última geração foi recebida pela Unidade, destacando-se, no que se refere ao armamento e munição, submetralhadoras Heckler Koch (H&K), equipamentos supressores de ruídos, miras laser, dispositivos de visão noturna, fuzis sniper de diferentes alcances e calibres, granadas de som e luz etc. Com relação ao Salto Livre Operacional (SLOp), foram recebidos modernos pára-quedas MT1-XX e Mach III, em quantidade necessária e suficiente, além de consoles, garrafas portáteis, máscaras de oxigênio e capacetes. Na área das Operações Aquáticas, foram recebidas embarcações pneumáticas, motores de popa, garrafas de oxigênio, roupas de neoprene etc. Com relação ao material de comunicações recebido, entre diversas estações de alcance diversificado, destacou-se o recebimento de estações rádio ERC 620 P, a primeira estação- rádio com salto de freqüência (uma contramedida eletrônica), produzida no Brasil, pela fábrica de Material de Comunicações. Dotada de carregamento solar de baterias, essa estação sempre apresentou um excelente desempenho em diferentes ambientes operacionais (que não raro lhes exigia uma rusticidade ímpar), quando ligações eficientes e seguras se faziam necessárias a curtos, médios e longos alcances.

Paralelamente a esse montante de material especializado recebido, foram efetuadas uma série de obras, concluídas à curto prazo, como foi o caso de um novo pavilhão de comando, um novo e amplo pavilhão de rancho com cozinhas dotadas de aquecimento solar, além de reformas em todos os pavilhões de subunidades e garagens. Tudo visando edificações funcionais plenamente adequadas às necessidades específicas da Unidade. As diferentes pistas de adestramento (combate em localidades, estandes de tiro de diferentes alcances, pista de obstáculos do pentatlo militar), bem como áreas específicas para lançamento de granadas e acionamento de explosivos também foram atualizadas. Uma piscina tática com profundidade de 7m que, além da prática de natação, possibilitava a condução de instruções básicas para operações subaquáticas com equipamento de mergulho autônomo foi concluída em 1992.

O Programa de Adestramento do Batalhão deu um salto de qualidade com o tratamento diferenciado proporcionado pela então V FATA, que, tendo por fim o aproveitamento dos exercícios de campanha do 1º BFEsp nos mais diversificados ambientes operacionais para o adestramento de suas tripulações em operações aéreas especiais, incluindo infiltrações por SLOp em grande altitude, disponibilizou uma significativa carga horária de vôo e lançamento com esta finalidade. Outro aspecto altamente positivo foi a cerrada ligação estabelecida com o Comando da então Brigada de Aviação do Exército, particularmente com o Centro de Instrução daquela Grande Unidade (CIAvEx). Inclusive, o primeiro Curso de Piloto de Combate (1990) teve seu exercício tático final realizado em conjunto com um exercício do 1º BFEsp, que resultou em notáveis rendimentos para ambas as OM. Táticas, técnicas e procedimentos de "infiltração", incluindo lançamentos por pára-quedas, livres e semi-automáticos, por helicópteros e "exfiltração", Operações de Locais de Aterragem (LocAter) e de Zonas de Pouso de Helicópteros (ZPH) diurnas e noturnas, helocasting (desova no mar por helicópteros), Sniper (Caçador) helitransportado, entre outras, foram exaustivamente praticadas.

Em 1990, o EME ratificou oficialmente que a Unidade de Contra-Terrorismo do EB era o 1º BFEsp. Entre várias medidas conseqüentes, uma nova instalação foi rapidamente construída no aquartelamento do Camboatá. O "Pavilhão General Luis Paulo Fernandes Almeida", além de um estande de armas curtas extremamente funcional, possibilitava a prática das técnicas de entrada em edificações ocupadas por terroristas, com ou sem a presença de reféns, com execução de tiro importante acontecimento foi desencadeado desde 1991. Nos aspectos específicos inerentes ao 1º BFEsp, foram realizados inúmeros reconhecimentos e encontros de trabalho com elementos de Forças de Operações Especiais de vários países (na sua maioria, responsáveis pela segurança aproximada das eminentes autoridades) e com diferentes organismos de segurança nacionais e internacionais. Procedimentos operacionais padrão, normas gerais de ação e outras medidas de coordenação e controle foram estabelecidas, com um rendimento significativamente positivo para a consecução da segurança do evento. As inúmeras equipes operacionais contra o terrorismo, constituídas pelos operadores de Forças Especiais do batalhão brasileiro, operaram apoiadas por aeronaves da Aviação do Exército. Em conseqüência de adestramentos e ensaios criteriosa e exaustivamente conduzidos, os efetivos do batalhão e as tripulações dos helicópteros integraram-se em nível da perfeição, como se faz imprescindível em situações dessa natureza.

A ECO 92 foi realizada com absoluto sucesso, e o trabalho desenvolvido pelo Batalhão Antônio Dias Cardoso foi objeto de referências altamente elogiosas, em âmbito nacional e internacional, concluindo uma experiência histórica que propiciou a aquisição de ensinamentos colhidos altamente especializados e extremamente valiosos até os dias de hoje.

Assim, o 1º BFEsp, dotado de modernas instalações especializadas, integrado por pessoal criteriosamente selecionado, excepcionalmente motivado, com elevada prioridade na dotação de material e no adestramento, operando rotineiramente com um alto nível de desempenho técnico-profissional, atinge o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000 com um conceito ímpar, tanto a nível nacional quanto internacional.
(continua...)




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#44 Mensagem por Pereira » Sáb Jun 12, 2010 9:14 pm

Engraçado, eu sempre aprendi sobre essa parte da nossa história que os Holandeses foram rechaçados por táticas de guerrilha pouco convencionais para a época. Mas nunca, apesar do meu interesse na área, havia ligado com as operações de comandos. Muito interessante.

O texto é seu Clermont? Vou salvar aqui no pc.




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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS

#45 Mensagem por Clermont » Sáb Jun 12, 2010 9:27 pm

Pereira escreveu:O texto é seu Clermont? Vou salvar aqui no pc.

De forma alguma.

O texto é do General-de-Brigada Álvaro de Souza Pinheiro, que, aliás, participou da luta no Araguaia, nos anos 1970, inclusive, levando um balaço.




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