Império Português

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manuel.liste
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#61 Mensagem por manuel.liste » Seg Abr 16, 2007 10:41 am

Sintra escreveu:Galiza independente de Castela? :shock:

Bom, tinhamos de voltar no tempo cerca de um milénio, ainda antes da independência Portuguesa, para encontrar uma situação em que a Galiza (em conjunto com o Condado Portucalense) fosse independente... E do Reino de Leão e não de Castela. E por muito pouco tempo, cerca de uma geração :wink:


En sentido estricto, Galicia no se independizó de nadie sino que la independizaron. El reino de León (y Castilla) fue dividido por Fernando I entre sus hijos según era costumbre en la casa reinante. El rey García de Galicia fue destronado por su hermano Alfonso de León tras seis años de reinado, siendo unificado de nuevo el país. Alfonso fue a su vez destronado por su otro hermano Sancho, rey de Castilla. Pero tras el asesinato de Sancho, Alfonso quedó como único rey de los tres territorios.

Formalmente, Galicia era parte del reino de León antes de esos hechos, que sucedieron en el siglo XI. Desde entonces, Galicia siguió siendo uno de los reinos que formaban la Corona de León y Castilla.

El rey Alfonso fue abuelo de Alfonso Henríquez, primer rey de Portugal.

Algo después y ya en la época de Alfonso Henríquez, Galicia fue independiente de hecho cuando Alfonso Raimúndez, hijo de la reina Urraca de Castilla y nieto de Alfonso de León se proclamó rey en Santiago de Compostela. Pero León y Castilla le proclamaron también rey poco después, así que ese reino independiente duró poco.




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#62 Mensagem por Dieneces » Seg Abr 16, 2007 12:34 pm

A TODO ESO QUÉ DECISTE ME REFERÍA MANUEL.SISTE...INCLUSO EL IDIOMA GALEGO ERA EN ESTOS TIEMPOS MUY CERCA DEL PORTUGUÉS , PERO ÉS SOLO HISTÓRIA HOY ...NADA MÁS.




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#63 Mensagem por pt » Seg Abr 16, 2007 12:40 pm

En sentido estricto, Galicia no se independizó de nadie sino que la independizaron.


Embora não tenha nada a ver com o império português, históricamente a Gallaecia (lêr Galécia) era já uma realidade, antes sequer da chegada dos árabes, e criada pelos romanos para definir uma área da «Hispania».

A Gallaecia por ser uma região remota (relativamente ao mediterrâneo) sempre foi das menos romanizadas e também das menos ricas.
Por essa razão, os árabes interessam-se pouco pelo noroeste peninsular. A norte do Douro, o dominio dos Árabes não chegou a somar 50 anos (cinquenta).

Logo, a Gallaecia, e a sua decorrente Galiza, é sim uma realidade do ponto de vista histórico e étnico desde há muito tempo.

A Gallaecia, tem históricamente raizes mais antigas que o próprio Reino de Leão. Mas na realidade, a constituição do reino de Leão, não passa da reconstrução da Gallaecia com a diferença de que a capital passou para a cidade de Leão, por causa da pressão dos ataques Vikings que ocorreram em toda a costa norte e noroeste da Europa entre os séculos VIII e X.

O Reino de Leaão, é assim a antiga Gallaecia que passou a ser conhecida como reino que tem a capital em Leão.

Todas as restantes interpretações, de que a Galiza apareceu do Reino de Leão, são muito interessante mas têm em vista justificar realidades de hoje e não interpretar a História.

Voltando ao tema e referindo a questão colocada pelo Dieneces:

Creio que não podemos culpar os "Caudilhos" espanhóis pela divisão da américa espanhola. Essa tendência tem as suas razões de ser, mas parece-me que há um factor que influiu muito mais nessa separação da restante américa ao contrário do que ocorreu com o Brasil.

Do ponto de vista formal, além da Inglaterra, Portugal e a Russia foram os únicos países que de facto conseguiram opor-se a Napoleão.
Parece até patético comparar países tão esmagadoramente diferentes.

Mas os Russos evacuaram Moscovo e negaram a Napoleão apoderar-se efectivamente do poder na Rússia. Ele tinha a cidade, mas na realidade não era senhor da Rússia.

Em Portugal aconteceu algo parecido.
Ao transferir a capital, com toda a corte para outro lugar, os portugueses aproveitaram a profundidade ainda que descontínua do seu território para negar a vitória aos franceses.

Com isto, do ponto de vista formal, manteve-se o poder nas mãos do rei (ou melhor, do regente, porque a rainha tinha como sabemos sido destituida por loucura).

Ora na Espanha, ocorre o mesmo que noutros países europeus. Napoleão consegue efectivamente cortar a cabeça ao governo (ou governos) da Espanha e o país deixa de existir do ponto de vista formal. Os territórios peninsulares passam formalmente para um familiar de Napoleão.

É aqui que reside a principal diferença, que do meu ponto de vista vai condicionar os futuros diferentes da América Espanhola.

Sem um governo e um rei a quem reconhecer formalmente, as várias colónias (com as suas várias elites) deixam de ter do ponto de vista formal um senhor a quem obedecer.

Na Espanha, com as invasões napoleonicas, ocorre um fenomeno tipicamente espanhol, que é o da criação de multiplas entidades governativas, que são na realidade a demonstração da realidade multiétnica da peninsula e que aparecem sempre que o governo central perde poder.

Aperecem assim, as famosas «Juntas» governativas espanholas, que são pouco mais que pequenos poderes regionas, exigindo cada um deles o reconhecimento. A mais famosa das juntas é a «Junta de Cadiz» a qual, protegida pelos navios ingleses é responsável pela produção da primeira constituição espanhola.

O problema, é que a esta junta, somam-se muitas outras, e adicionam-se a estas também as juntas de todas as colonias e governos das várias Espanhas.

Portanto, deste ponto de vista, a razão principal para a implosão do imério espanhol das Américas e a não implosão do português, também tem muito a ver com o comportamento dos dois países perante a França de Napoleão.

E evidentemente que a Geografia também teve o seu papel.
O Brasil, era mais homogeneo, e o facto de com o tratado de Tordesilhas os portugueses terem posteriormente tomado a foz do Amazonas e do rio São Francisco permitiram a penetração através do atlântico e a navegação entre as várias partes do Brasil. Com apenas uma costa (Atlântica) os governantes brasileiros podiam enviar tropas para qualquer ponto, e aproveitar as vias de comunição (rios).

Ao contrário, a América espanhola estava condicionada pela dispersão geográfica, pela cordilheira dos Andes e pela pequena e infestada América Central (e pela inexistência de Canal do Panamá) que impediam que tropas de um lugar fossem enviadas com facilidade para outro lugar.

Portanto, há muitas razões para essa implosão do império espanhol.
Estas são algumas, e as outras creio que falámos há dias noutro tópico, e têm a ver com a questão da educação e a proibição das universidades no Brasil.

Cumprimentos




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#64 Mensagem por Dieneces » Seg Abr 16, 2007 1:20 pm

Sr. pt , mui elucidativo e didádico seu comentário que me precede , demonstra que não sou de todo ignorante em assuntos da península.Quanto a dispersão dos estados de fala espanhola na américa do sul em várias repúblicas , vale lembrar que mesmo com suas indepenências ainda assim poderiam se unir , visto que seus "libertadores" , em muitos casos eram os mesmos (Bolívar , San Martín,etc...) .Fortaleceu-se sim o caudilhismo crioulo de cada qual. No caso brasileiro , sua tese é muito válida no período entre 1808 e fins dos anos 1820s , mas a unidade nacional foi posta à prova antes nos combates contra franceses e holandeses , cujas unidades lusas distavam muito umas das outras ( no caso holandês maiormente os portugueses estavam fracos dado o domínio de castela). Muitos consideram a batalha de Guararapes , em 1654 ,o marco inicial da formação nacionalista brasileira , por várias razões. E depois , no período regencial , quando enfrentou várias perturbações e revoltas e mesmo declarações de independência de províncias sulinas , como a Revolução Farroupilha , que teve para si oferecidos préstimos em armas e homens pelo ditador bonaerense Rosas contra o Império e que só não transcrevo ipsis literis os termos da recusa do general farroupilha Canabarro para com esse oferecimento , em respeito aos castelhanos , já o fiz antes e não repetirei.Esse fato é para mim o maior marco de Brasilidade da nossa história , por tudo que nele está envolvido.No mais , gostaria de saber onde posso encontrar informações sobre a batalha de Aljubarrota , as Termópilas lusitanas, quem sabe algum forista lusitano propõe esse tópico?




Editado pela última vez por Dieneces em Seg Abr 16, 2007 1:23 pm, em um total de 1 vez.
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#65 Mensagem por Einsamkeit » Seg Abr 16, 2007 1:22 pm

O Gajo vai botar fogo no forum :shock: :shock: :shock:

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
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#66 Mensagem por manuel.liste » Seg Abr 16, 2007 1:30 pm

Logo, a Gallaecia, e a sua decorrente Galiza, é sim uma realidade do ponto de vista histórico e étnico desde há muito tempo


Desde el punto de vista histórico, cultural y etimológico es cierto, Galicia existe desde el Imperio Romano al igual que Asturias o España.

A Gallaecia, tem históricamente raizes mais antigas que o próprio Reino de Leão. Mas na realidade, a constituição do reino de Leão, não passa da reconstrução da Gallaecia com a diferença de que a capital passou para a cidade de Leão, por causa da pressão dos ataques Vikings que ocorreram em toda a costa norte e noroeste da Europa entre os séculos VIII e X.

O Reino de Leaão, é assim a antiga Gallaecia que passou a ser conhecida como reino que tem a capital em Leão.


Es una opinión discutible, pero respetable al fín y al cabo. La Corte de Asturias y León siempre se identificó más con el Reino Visigodo, de quien se decía heredera legítima. Lo decían ellos mismos en textos del siglo X (del Beato de Liébana, por ejemplo), no es una interpretación a posteriori.

En cualquier caso, partes de Asturias y León habían pertenecido a la antigua Gallaecia romana, con capital en Lugo. No obstante, los astures nunca se sintieron muy galaicos, como la historia se encargó de demostrar...

Ora na Espanha, ocorre o mesmo que noutros países europeus. Napoleão consegue efectivamente cortar a cabeça ao governo (ou governos) da Espanha e o país deixa de existir do ponto de vista formal. Os territórios peninsulares passam formalmente para um familiar de Napoleão.

É aqui que reside a principal diferença, que do meu ponto de vista vai condicionar os futuros diferentes da América Espanhola.

Sem um governo e um rei a quem reconhecer formalmente, as várias colónias (com as suas várias elites) deixam de ter do ponto de vista formal um senhor a quem obedecer.


Basicamente de acuerdo. El rey había sido secuestrado y obligado a renunciar. Había un nuevo rey formal, pero cuya autoridad era cada vez más contestada. Ese vacío de poder repercutió en los virreinatos, sin duda.

A ello añado yo el temor de los habitantes americanos de que sus territorios fuesen cedidos a Francia a cambio de la paz con España. Sin duda que esa razón fue también poderosa. España estaba siendo devastada por la guerra, y hubiera aceptado casi cualquier cosa a cambio de la retirada de las tropas napoleónicas. Nunca hubo una oferta en ese sentido, pero el temor llegó a muchos americanos y los desvinculó de las autoridades peninsulares.

Na Espanha, com as invasões napoleonicas, ocorre um fenomeno tipicamente espanhol, que é o da criação de multiplas entidades governativas, que são na realidade a demonstração da realidade multiétnica da peninsula e que aparecem sempre que o governo central perde poder.

Aperecem assim, as famosas «Juntas» governativas espanholas, que são pouco mais que pequenos poderes regionas, exigindo cada um deles o reconhecimento. A mais famosa das juntas é a «Junta de Cadiz» a qual, protegida pelos navios ingleses é responsável pela produção da primeira constituição espanhola.

O problema, é que a esta junta, somam-se muitas outras, e adicionam-se a estas também as juntas de todas as colonias e governos das várias Espanhas.

Portanto, deste ponto de vista, a razão principal para a implosão do imério espanhol das Américas e a não implosão do português, também tem muito a ver com o comportamento dos dois países perante a França de Napoleão.


Esas múltiples juntas estuvieron motivadas por el vacío de poder, obviamente. El Estado había sido descabezado y sustituido por una autoridad considerada ilegítima, así que surgieron multitud de autoridades leales a Fernando VII para sustituirlo. Hay que pensar que la mayoría del país ya estaba ocupado, y las comunicaciones eran difíciles. Todas esas juntas tenían en común su lealismo hacia Fernando VII y su oposición a Napoleón y a la presencia militar francesa. Esa era su razón de ser.

No obstante, pronto hubo una Junta Central y una Regencia, con sede en Cádiz y reconocida como suprema. Junta que redactó una Constitución donde peninsulares y americanos se igualaban en derechos, por cierto. Lamentablemente, Fernando VII la abolió en cuanto tuvo oportunidad.

Los argumentos étnicos, tan queridos por usted, no son válidos para quienes no tenemos una concepción etnicista de una sociedad. No haré más comentarios porque ya sé donde podemos acabar...




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#67 Mensagem por manuel.liste » Seg Abr 16, 2007 1:46 pm

Einsamkeit escreveu:O Gajo vai botar fogo no forum :shock: :shock: :shock:

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:


Vaya avisando a los moderadores, que aquí tendrán trabajo, jeje :lol:




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#68 Mensagem por Paisano » Seg Abr 16, 2007 1:59 pm

manuel.liste escreveu:
Einsamkeit escreveu:O Gajo vai botar fogo no forum :shock: :shock: :shock:

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:


Vaya avisando a los moderadores, que aquí tendrán trabajo, jeje :lol:


:shock: :shock: :shock: :shock: :shock:




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#69 Mensagem por Dieneces » Seg Abr 16, 2007 2:00 pm

Se la charla se mantiene en lo más elevado de los níveles , como a mí me parece que está , no miro la necessidad del operativo de la moderación...




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#70 Mensagem por Clermont » Seg Abr 16, 2007 2:04 pm

pt escreveu:Creio que não podemos culpar os "Caudilhos" espanhóis pela divisão da américa espanhola. Essa tendência tem as suas razões de ser, mas parece-me que há um factor que influiu muito mais nessa separação da restante américa ao contrário do que ocorreu com o Brasil.

Do ponto de vista formal, além da Inglaterra, Portugal e a Russia foram os únicos países que de facto conseguiram opor-se a Napoleão.
Parece até patético comparar países tão esmagadoramente diferentes.

Mas os Russos evacuaram Moscovo e negaram a Napoleão apoderar-se efectivamente do poder na Rússia. Ele tinha a cidade, mas na realidade não era senhor da Rússia.

Em Portugal aconteceu algo parecido.
Ao transferir a capital, com toda a corte para outro lugar, os portugueses aproveitaram a profundidade ainda que descontínua do seu território para negar a vitória aos franceses.

Com isto, do ponto de vista formal, manteve-se o poder nas mãos do rei (ou melhor, do regente, porque a rainha tinha como sabemos sido destituida por loucura).

Ora na Espanha, ocorre o mesmo que noutros países europeus. Napoleão consegue efectivamente cortar a cabeça ao governo (ou governos) da Espanha e o país deixa de existir do ponto de vista formal. Os territórios peninsulares passam formalmente para um familiar de Napoleão.

É aqui que reside a principal diferença, que do meu ponto de vista vai condicionar os futuros diferentes da América Espanhola.

Sem um governo e um rei a quem reconhecer formalmente, as várias colónias (com as suas várias elites) deixam de ter do ponto de vista formal um senhor a quem obedecer.


Mais uma excelente análise do pt. Muito boa mesmo.




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#71 Mensagem por Túlio » Seg Abr 16, 2007 2:05 pm

Dieneces escreveu:Se la charla se mantiene en lo más elevado de los níveles , como a mí me parece que está , no miro la necessidad del operativo de la moderación...



Anyway, we'll keep an eye on it... :wink:




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#72 Mensagem por pt » Seg Abr 16, 2007 2:15 pm

Bem:
Relativamente à questão dos Guararapes, aí eu tenho que me restringir à objectividade da História.
Guararapés, (1ª batalha) que se comemora no próximo dia 19 é um confronto entre Portugal e a Holanda. As razões são apontadas noutro tópico sobre as razões que explicam que não havia mesmo já no inicio do século XIX uma distinção clara entre português e brasileiro, porque a tendência era considerar que brasileiro era o português do Brasil.
Posto isto, qualquer país tem o direito de encontrar as suas "origens" do ponto de vista militar e fazer as suas interpretações.
Mas na realidade, independentemente de os portugueses do Brasil terem sido determinantes no periodo da restauração 1640-1668 eles não deixaram de ser portugueses que lutavam por Portugal.
A sua importância foi muito grande, porque teria sido impossível recuperar parte do império perdido se o auxilio dos portugueses do Brasil. São eles que por exemplo recuperam a costa de Angola que tinha sido tomada pelos holandeses.

= = =

A possibilidade de reunificação da AMérica espanhola, depois das independências, embateu numa realidade que já referi noutro tópico, que foi a existência de muitas elites culturais, criadas pela criação de universidades em Buenos Aires, Santiago ou Lima.
Os Caudilhos são na realidade, grupos de elites criadas à volta do seu polo cultural, que não aceitariam abrir mãos dos empregos públicos que perderiam em favor da criação de um super-estado.
No Brasil, a elite tinha toda a mesma origem, o por isso o processo foi diferente.

= = = =

Aljubarrota

É um marco histórico interessante.

É mais importante em termos de história militar medieval, porque é uma das últimas senão a última batalha significativa onde se demonstra que a cavalaria pesada, tida como a arma decisiva durante muito tempo tinha perdido a sua importância.

O poder da calvalaria (reduzido no tempo do império romano) aumenta com as tácticas árabes, mas muito mais com o avanço dos Mongóis e também com os avanços dos Hunos, todos eles povos com tradições de guerra movel, baseada na cavalaria.

Desde esse tempo, que a cavalaria (posteriormente com o aumento da blindagem através das armaduras) se tornou importante, para determinar o resultado de uma batalha.

Na prática, em Aljubarrota tratou-se de voltar às tácticas do periodo dos gregos e dos romanos, em que as primeiras linhas de infantaria eram flexiveis, deixavam a cavalaria passar e depois cercavam-na.

Na alta idade média, os ingleses começaram por utilizar essas tácticas com sucesso e os portugueses utilizaram-na também.

Em termos de história militar o facto mais importante da batalha de Aljubarrota portanto, e ao contrário do que se poderia pensar, não foi a vitória sobre os castelhanos (que é importante para os dois países mas não tem consequências imediatas em termos europeus) mas sim a derrota estrondosa da cavalaria francesa, a primeira a avançar sobre as posições portuguesas.

O exército castelhano contava com quase duas mil lanças francesas e foram estes cavaleiros que pediram a «honra» de atacar e desbaratar os portugueses, que nem sequer lutavam a cavalo (A cavalaria portuguesa recebia sempre nestas batalhas, ordem para lutar a pé).

A comparação com Termopilas tem a ver com o facto de o lugar escolhido para lutar, ter sido entre dois pequenos rios, o que impediu o exército castelhano de atacar em peso com todo o poder dos seus quase 40.000 efectivos. No máximo na pequena frente, poderiam estar de 1000 a 2000 de cada vez, o que permitia alguma folga às forças portuguesas para deixar entrar tropas inimigas dentro do seu quadrado, cercado e atacando depois.

Creio que sobrevalorizado está uym factor que no entanto não deixou de ter importância.
A presença de 270 arqueiros ingleses, que com a sua grande rapidez de disparo, conseguiram produzir grande numero de baixas entre a infantaria castelhana.

Os arqueiros ingleses no entanto, não poderiam ter tido qualquer efeito contra a cavalaria pesada francesa ou castelhana, porque hoje sabemos que a qualidade do aço do final do século XIV era demasiado boa para as flechas perfurarem a couraça.

Numa batalha ocorrida no ano anterior a Aljubarrota (Batalha dos Atoleiros em 1384) em que participou apenas o exército português contra o castelhano, com a ausência de franceses ou ingleses, o resultado tinha sido idêntico, e não tinha havido participação de arqueiros ingleses, e sim da força portuguesa de besteiros.

Ao contrário do arco inglês, que é uma arma anti-infantaria (sería o equivalente a uma sub metralhadora com grande velocidade de tiro mas relativamente pouca capacidade de perfuração), a Besta é o equivalente à arma anti-tanque (O RPG da altura).

A Besta podia perfurar a blindagem (armadura) inimiga, o arco inglês não tinha essa capacidade.

Acredita-se também, que o arco inglês em Aljubarrota, teve como principal função ferir muitos castelhanos, os quais caiam no chão e atrapalhavam a progressão das tropas.

Como as linhas castelhanas mais atrasadas não viam o que se passava, continuavam a empurrar-se uns aos outros, morrendo muitos feridos nas primeiras linhas esmagados pelos soldados da segunda e terceira linhas que continuavam a pressionar, sem entender que os portugueses continuavam a defender as linhas e que eles estavam a avançar por cima dos seus próprios mortos.

É por isso que o campo de batalha, segundo as crónicas da época virou uma completa confusão.

Os comandantes castelhanos perderam completamente o controlo sobre as suas próprias tropas que foram tomadas pelo pânico e começaram a fugir.

Ainda houve uma tentativa do que restava da cavalaria castelhana para circundar as linhas portuguesas, mas nessa altura o destino da batalha estava ditado.

Parte da cavalaria portuguesa e infantaria puderam sair das primeiras linhas e dirigir-se para o flanco esquerdo e derrotar os castelhanos.

O rei de Castela, teve que ser colocado num cavalo e fugir para evitar ser aprisionado.

= = =

Aljubarrota, é apenas mais uma das muitas demonstrações de que quando se consegue evitar que um inimigo muito superior consiga utilizar todas as suas forças ao mesmo tempo, mesmo uma força muito mais pequena pode ganhar a batalha.

No entanto, Aljubarrota é um pouco sobrevalorizada. As batalhas anteriores, entre as quais destaco Atoleiros, foram mais importantes, porque são essas batalhas que demonstram que é possível vencer os castelhanos.

Também são essas batalhas que levam o rei castelhano a pedir o apoio da cavalaria francesa, porque no conflito que hoje conhecemos como guerra dos cem anos, Portugal era aliado da Inglaterra e Castela era aliada da França.




Editado pela última vez por pt em Seg Abr 16, 2007 9:12 pm, em um total de 1 vez.
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#73 Mensagem por Dieneces » Seg Abr 16, 2007 3:14 pm

Meu caro pt , não tenha dúvida de que era o Brasil-Colônia Portuguesa que combateu os holandeses , o que afirmei antes é que esses combates em Guararapes foram um marco da formação da brasilidade , senão veja que seus principais atores eram o índio Felipe Camarão , o negro Henrique Dias ,o senhor de engenho Fernandes Vieira e o sertanejo Vidal de Negreiros , bem representativos de nossa etno-formação em seus primórdios.Sobre os demais temas em discussão seria redundante de minha parte tecer acréscimos , visto que mais concordamos do que divergimos. No mais , grato pela sua paciente e detalhada descrição dos feitos de Aljubarrota que pela sua narração muito me parecem uma versão peninsular e prenunciativa da batalha de Agincourt , anos depois , existindo até a similitude dos atores anglo-franceses.




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#74 Mensagem por Sintra » Seg Abr 16, 2007 5:47 pm

Pt

Da utilização de arcos contra Cavalaria Pesada Francesa, batalha de Crecy 1346:

The French chivalry made repeated attempts to charge up the slope, only to come to grief among the horses and men brought down by the barrage of arrows. King Edward’s five cannon trundled forward and added their fire from the flank of the English position.


http://www.britishbattles.com/100-years-war/crecy.htm

A utilização do Arco Inglês nas batalhas de Crecy e Poitier´s demonstrou que esta era uma excelente arma anti cavalaria, precisamente contra os Franceses. Os alvos não eram os cavaleiros, mas os cavalos, que apesar de estarem parcialmente "couraçados" ainda não eram aqueles "tanques" de quatro patas do final do século XV. O cavalo poderia contar com uma protecção metálica sobre a cabeça, mas o resto seria em cabedal e tecido. Um tiro de arco perfurava perfeitamente este tipo de protecção. Existem relatos de archeiros e cavaleiros Britânicos que participaram nestes dois confrontos a descrever que o alvo eram precisamente os cavalos, depois de derrubados e com trinta a quarenta quilos de metal, os cavaleiros tornavam-se muito pouco eficazes como força de combate.
A utilização massiva de archeiros contra cavalaria pesada é feita com sucesso em várias guerras, e não apenas na guerra dos 100 anos ou na crise de 1383/85, existem muitos outros exemplos, um relativamente desconhecido foi a utilização massiva que os Bizantinos fizeram de massas de archeiros a pé contra as forças de Catafractos Persas ao longo de dois séculos. As forças de infantaria Bizantinas por volta do tempo de Belisário e Narses costumavam contar entre 1/3 a 1/2 de archeiros na sua composição.

Abraços




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#75 Mensagem por cabeça de martelo » Seg Abr 16, 2007 7:09 pm

Desculpem-me o offtopic, mas ontem tive a ver (finalmente) o filme"300". Eu tinha já visto a BD do Frank Miller à anos e realmente eles se inspiraram muito não só na história, como na concepção visual do autor.
O mais engraçado é que a minha namorada é ...digamos, uma espécie de PT de sais... ( :twisted: ). A única forma que eu consegui que ela visse o filme foi dizer-lha para ela imaginar que os Persas eram ESpanhóis e os Espartacos eram Portugueses. E não é que o troque resultou!!! :shock: :lol:

No final ela disse-me que achou o filme muito irrealista porque os Portugueses já mais seriam chacinados pelos Espanhóis daquela forma! 8-] :lol:

Enfim, foi um show! :wink:


PS: ela é assim, mas é uma boa pessoa, é a minha Brites... :D :wink:




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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