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A Doutrina Bush na história dos EUA

Enviado: Ter Fev 14, 2006 8:04 am
por YOHAM
Saudações a todos!

Abaixo, copiei da Revista Época (on line), uma matéria onde o governo americano, sob o mandato de George W. Bush, é analisado em alguns aspectos. O texto está aí para análise, ponderações, concordâncias e discordâncias. Assim que houver alguns posts, se houver também, né?!, postarei meus comentários.


Os reflexos do governo George W. Bush

POR LUCIANA BORGES


Fotos: AP

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George W. Bush fez discurso sobre os planos de governo para 2006
Depois de ter sobrevivido aos acontecimentos do ano de 2005 - ainda que tenha saído arranhado por conta de episódios como a assistência falha às vítimas dos furacões na Costa Leste americana -, o presidente George W. Bush mostrou seus planos de governo para 2006.
No chamado "Discurso Anual da União", Bush falou à nação e foi menos ousado do que no ano passado, quando fez promessas que não conseguiu cumprir até hoje (vide reforma da Previdência americana, por exemplo). Por outro lado, George W. se manteve firme em assuntos polêmicos como o combate ao terrorismo, o recrudescimento da política externa ou o patrulhamento das atividades do Irã, por exemplo.

Nem a expressiva queda de sua popularidade, iniciada no ano passado e aparentemente sem chances de voltar a patamares mais confortáveis, mudou o rumo da política messiânica do presidente americano: "Os Estados Unidos precisam continuar na ofensiva contra os malfeitores internacionais e desenvolver tecnologias que lhe permitam depender menos da importação de petróleo de regiões instáveis do mundo", disse ele em uma das partes do discurso.

Para saber mais sobre a Era Bush e como ela está mudando a sociedade americana, ÉPOCA Online falou com o professor de Relações Internacionais Sidney Leite. Do discurso feito no dia 1º de fevereiro, cinco temas polêmicos foram escolhidos e, a partir deles, o especialista fez uma reflexão que ajuda a entender por quais caminhos George W. Bush levará seu país e, conseqüentemente, o mundo, durante 2006.


Bush X Terrorismo e política externa

"Fazendo um balanço da primeira gestão do governo Bush, e agora da segunda, o que fica claro é que trata-se de um governo com uma agenda muito restrita. A própria Condolezza Rice declarou, algumas vezes, que entende política externa como política de segurança. Essa visão da política externa, e mesmo do papel dos Estados Unidos no cenário internacional, ficou mais acentuada depois do 11 de Setembro. O que tem caracterizado o governo Bush - antes e depois dos acontecimentos de setembro - é pensar a política externa como "hard power", o "poder bruto" - ou opressão econômica, ou exercício do poderio militar americano.

O segundo mandato de Bush deve seguir nesta linha. Se ocorrer alguma mudança, é no sentido de acentuar essa visão. Logo após o discurso do dia 1º de fevereiro, o presidente iria solicitar ao Congresso a ampliação do orçamento militar. A política de combate ao terrorismo, sem entrar no mérito dos erros e dos acertos, não oferece muitas alternativas de mudança."

"Aceitamos o chamado da História para libertar os oprimidos e fazer avançar este mundo em direção à paz"
- George W. Bush

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Soldado americano fazendo patrulha em cidade à leste de Bagdá

Bush X Popularidade

POR LUCIANA BORGES


"Uma análise histórica mais profunda traz à tona o fenômeno da "maldição do segundo mandato"
- Sidney Leite, professor de Relações Internacionais

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Manifestantes protestam contra o governo de Bush em frente à Casa Branca, em Washington

"Ao se fazer uma análise mais profunda e histórica, desde a gestão de Eisenhower, nos anos 50, existe a "maldição do segundo mandato". O presidente que é reeleito não consegue ampliar sua popularidade. No caso do Bush, especificamente, ele padece de alguns problemas muito sérios. E aí não há referência somente à sua política externa, ao agravamento dos conflitos internacionais, e à demonstração de uma política sem os efeitos desejados no Oriente Médio; também estão incluídas a política doméstica e a economia americana, que não têm apresentado a mesma vitalidade do começo da segunda metade dos anos 90.

Há um problema muito sério no que se refere ao governo Bush: a ausência de um projeto de nação. Mesmo com a maioria no Congresso, o presidente não consegue, por exemplo, aprovar sua reforma na Previdência americana. A rigor, essa impopularidade é uma conseqüência da falta de um projeto político claro, tanto para a política doméstica, como para o tratamento de questões como os recentes furacões que atingiram o estado. Bush, porém, não tem muito mais o que tirar da cartola para recuperar sua popularidade. Em uma avaliação de fôlego mais amplo, a hipótese que tenho é a de que o governo Bush vive momento parecido com o do primeiro mandato, antes do 11 de Setembro: a falta de um projeto claro, de políticas claras. Um governo que vive muito de frases de efeito e idéias muito abstratas, mas sem substância."

Bush X Espionagem interna

POR LUCIANA BORGES


"Continua sendo essencial para a segurança dos EUA"
- George W. Bush, referindo-se ao programa de espionagem interno autorizado para "garantir a segurança do país"

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Bush em discurso à nação

"Quando Bush defende estratégias de espionagem interna está ancorado numa visão bem realista do poder. O que está em jogo aí é a razão do Estado e isso dá legitimidade para, no caso do presidente da República, se valer desses expedientes. Faz-se aí uma distinção clara entre a razão do Estado e a ética. A razão do Estado estaria acima dos valores morais. Esse tipo de divisão da política é altamente desfavorável ao cidadão. Ele fica fragilizado principalmente com o avanço dos sistemas e da tecnologia da informação. Há um fenômeno interessante com relação ao uso que o governo americano faz dessas ferramentas.

Uma tese defendida por alguns acadêmicos americanos aponta que, até os anos 80, o poder público financiava pesquisas e essas pesquisas chegavam até a iniciativa privada. O último exemplo disso talvez tenha sido a internet. Dos anos 80 para cá, percebe-se uma mudança: um avanço do setor privado no campo da inovação tecnológica e, em contrapartida, o Estado se valendo desses recursos. Isso fica nítido com o e-mail, por exemplo. O acesso do serviço de inteligência americano às mensagens dos cidadãos tem origem naquele programa de mailing que as organizações privadas usam para ter acesso a determinados consumidores.

O que se assiste hoje na política americana, especialmente após o 11 de Setembro, é a um enfraquecimento da própria democracia dos Estados Unidos. É uma velha vocação do imperialismo americano ser messiânico. Bush encarna bastante essa espécie de "patrulha do planeta". É uma concepção protestante: você recebe uma missão e deve propagá-la. Na verdade, Bush confunde nos conceitos dele o realismo com uma visão religiosa da política externa. Temos aí, portanto, uma soma muito perigosa."

Bush X Irã

POR LUCIANA BORGES


"As nações do mundo não devem permitir que o regime iraniano adquira armamento nuclear"
- George W. Bush

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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em discurso à nação

"Aqui temos uma moeda de dois lados. Em um deles, existem as declarações públicas do presidente do Irã - que tem uma atitude beligerante e pouco convencional em termos diplomáticos. Principalmente quando ele declara que não aceita a existência e defende o extermínio do Estado de Israel, ou quando faz declarações favoráveis ao uso da energia nuclear para fins não pacíficos. O atual presidente do Irã tem assumido posições bastante belicosas em termos de relações diplomáticas.

Por outro lado, o Irã é um país, do ponto de vista geopolítico, estratégico. Está localizado numa fronteira importante do mundo muçulmano. O Irã é um dos vizinhos do Iraque e este último é o grande investimento da política externa americana. Então, a ameaça de que o Iraque passe por um processo parecido com o do Irã - ou seja, a ascensão de líderes religiosos ao poder político - é algo muito preocupante para os formuladores da política externa americana. Neutralizar o Irã e buscar uma aliança da comunidade internacional para isolar o país faz muito sentido. Ao contrário do Iraque, o Irã é mais complexo: há um Estado que na prática é teocrático - a política completamente envolvida com a religião muçulmana. Não se trata simplesmente, neste caso, de substituir um ditador, um tirano. Dificilmente os Estados Unidos se aventurariam a atacar o Irã de forma unilateral."

Bush X Cultura americana


"A Academia Americana está fazendo o reconhecimento de filmes que vão tratar de questões delicadas"
- Sidney Leite, professor de Relações Internacionais

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Cena de "Munique", novo filme de Steven Spielberg que fala do atentado ocorrido nas Olimpíadas de Munique, na Alemanha

"A cultura norte-americana é muito dinâmica, pode mudar em questão de poucos anos. O presidente americano, com sua pregação messiânica e conservadora, e os grupos que ascenderam ao poder junto com ele - setores da indústria do petróleo, conservadores das religiões protestantes americanas - acabaram soterrando um pouco aquela era de liberalismo que caracterizou os dois governos de Bill Clinton. O passado democrata foi um período de abertura, de discussão das causas culturais americanas, do multiculturalismo. No cinema, tanto Hollywood como a vertente independente estão na oposição, porque esta visão que o Bush levou para o poder é provinciana. É aquilo que os sociólogos chamam de "América profunda" ou "América do interior". Então, parece bastante razoável que haja uma reação dos setores mais progressistas da sociedade americana, seja no mundo acadêmico, seja na imprensa.

Queria chamar a atenção para como Hollywood tem se voltado não só para uma crítica política contundente ao atual status quo americano - como fez Michael Moore em seu documentário, que é um manifesto político contra o presidente americano. E não é só ele. A Academia Americana está fazendo o reconhecimento de filmes que vão tratar de questões delicadas como "Munique", por exemplo, que é do Steven Spielberg, e busca uma visão dos dois lados dos atentados ocorridos na cidade alemã. Há um ambiente de renovação. O cinema, nos Estados Unidos, funciona como uma espécie de "memória" para a sociedade americana - ele é capaz de reacender discussões.

E não só em filmes, como nos seriados americanos de TV ou nos desenhos animados - todos eles têm uma posição crítica e uma dose muito aguda de ironia contra os valores dessa Era Bush. Na verdade, a cultura da mídia americana (que envolve TV, rádio, cinema, música) se coloca contra e se constitui como aquilo de mais renovador e pulsante da sociedade americana."

Enviado: Ter Fev 14, 2006 1:13 pm
por Vinicius Pimenta
O Bush teria feito um grande bem para a humanidade se tivesse se engasgado com aquelas rosquinhas. Mas a lista de gente que poderia dar paz a humanidade é longa, de ambas as correntes.

Enviado: Ter Fev 14, 2006 2:13 pm
por Rui Elias Maltez
Sobre questões de politica interna americana, não me pronuncio.

Sobre politica extrena, as novas doutrinas atriradas cá para fora pela entourage que rodeia George W. Bush é perigosa e incendiária.

Já nos toca a todos.

Os EUA tendem a ficar progressivamete isolados se o próximo presidente não arripiar caminho nessa escalada em nome do "combate ao terrorismo", que serve para justificar uma politica intervenionista e proteccionista.

Acho a actual Administração americana um factor de instabilidade mundial.

Cuspir no prato que come

Enviado: Ter Fev 14, 2006 8:48 pm
por PREDADOR
Por mais que critiquem a doutrina imperialista americana, foi essa mesma doutrina de liberdade e democracia que nos livrou e também o mundo das garras do nazismo e comunismo.

O engraçado de tudo isso é que tem muita gente que odeia os EUA mas de noite gostam de ler gibis do Capitão America regado à um bom e suculento cheese salada e uma estupenda coca-cola bem gelada.

Enviado: Seg Abr 24, 2006 12:57 pm
por Paisano
Falsos profetas e fraudes golpistas*

Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/

O colunista Andres Oppenheimer, do "Miami Herald", é um campeão do palpite errado. Dado a fazer profecias, sempre acaba atropelado pelos fatos, que teimam em desmenti-las. A mais notória deu título ao livro que escreveu sobre Cuba, "Castro's final hour", no qual jurava que o regime estava em desintegração, à beira do colapso - o que na época foi festejado na Little Havana de Miami.

O diabo é que, 14 anos e muitos atentados da CIA depois, Fidel continua firme no poder, à frente do mesmo regime, para desespero dos mesmos cubanos de Miami. A "hora final" já dura há 5.110 dias - o que, na verdade, perfaz 122.640 horas. E eles ainda não conseguem ver a luz no final do túnel, apesar das bobagens de Oppenheimer, duas vezes por semana, no "Miami Herald".

Outra notória profecia dele resultou de uma tese de Juan Enriquez Cabot, um professor de Harvard. Como "há bandeiras demais no continente", alega a tal tese abraçada pelo colunista, países grandes do Sul - como Brasil, Venezuela e México - tendem a ser subdivididos. Ele preferiu não explicar se é esse o sonho do Império para subtrair a Amazônia do Brasil e o petróleo dos outros dois.

A aventura do sr. Otto J. Reich

Oppenheimer quebra a cara também com suas previsões sobre o governo Bush. Ligado ao lobby anti-Cuba de Miami (leia-se: família Más Canosa, Fundação Nacional Cubano-Americana, Canf), ele foi dos apressados que comemoraram o golpe contra Hugo Chávez na Venezuela, em abril de 2002 - até porque fora uma trama teleguiada de Washington pela máfia cubana, Otto J. Reich à frente.

Como se sabe, dois dias depois do golpe, o povo foi para as ruas em defesa da democracia, Chávez deixou de ser refém dos golpistas, e o chefe nominal da aventura cubano-americana, o empresário Pedro Carmona, teve de se mandar às carreiras - depois de ter revogado a Constituição e cassado os membros do Congresso e do Judiciário, tentando ainda sufocar a resistência a ferro e fogo.

O colunista do "Herald", mesmo assim, continuou a apostar em Reich (e seus cubanos de Miami), que seqüestrara a política latino-americana do Departamento de Estado (com o pistolão do vice Dick Cheney) à revelia do então secretário Colin Powell. No meio da lambança, o fortalecido Powell ignorou o lobby de Cuba e o esforço desesperado de Reich (com apoio do "Herald") para ficar no cargo.

A lorota contra Chávez

No "Herald" (e "El Nuevo Herald", versão cucaracha), Oppenheimer foi tão veemente como inútil na tentativa de salvar o emprego de Reich como secretário assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental. Devia saber que Reich não tinha credencial além do dinheiro doado a campanhas de Reagan e Bush pela Ron Merino, cuja meta é uma gorda indenização em Cuba se vier a "hora final".

Por via das dúvidas, Oppenheimer agora deixa Fidel de lado e aposta de novo num golpe contra Chávez - teleguiado de Washington, como o anterior. No dia 4 de setembro de 2005, sua coluna alegou que Bush já tem as provas de que a Venezuela dá ajuda e armas a grupos violentos na América Latina, e que se nada divulgou antes foi por causa do fiasco recente das armas proibidas do Iraque.

Obviamente, vai ser difícil alguém acreditar numa reedição do amontoado de mentiras que antecedeu a invasão do Iraque. Que diabo, será preciso ao menos um intervalo decente, ninguém vai acreditar na nova lorota. O detalhe insólito é o colunista apoiar-se em declaração ouvida do sucessor de Reich, Roger Noriega - substituído no Departamento de Estado, pouco depois, por Thomas A. Shannon.

Noriega disse a Oppenheimer haver "armas com o selo das Forças Armadas da Venezuela em mãos de grupos irregulares operando na América do Sul". O país que citou foi a Colômbia, atualmente sob ocupação de fato dos EUA. Escreveu o colunista, com base em informação de "autoridades dos EUA", que há fotos de rifles belgas FAL com guerrilheiros das Farc.

Flórida, democracia-modelo?

Os vazamentos do governo a Oppenheimer podem ser só o começo. Cumpre-se um estágio inicial - o de bagrinhos menores da mídia que se prestam a um papel. Na etapa seguinte entram os vazamentos a peixe graúdo, tipo Judith Miller, para serem amplificadas as mentiras em primeiras páginas do "Times" e "Post". Só depois da derrubada do governante é que a fraude será afinal reconhecida.

O mais insólito é que essa mesma gente continua a fazer pose de democrata na América Latina. Na última semana esteve no Brasil, deitando falação, o sr. John Maisto, um sub-Reich, hoje embaixador na OEA. Ele disse que Bolívia e Peru "podem abandonar a democracia" se adotarem o "populismo propagandista". E que na Venezuela, onde Chávez já ganhou sete eleições, não existe democracia.

Deve ter razão. Democracia, para ele, é o que existe na Flórida, onde registros de eleitores negros são cassados ANTES da votação - a fim de dar a vitória a um Bush para o governo do Estado e a outro para a Casa Branca. Certamente é essa a receita dos Maistos, Reichs e Noriegas quando levam seus projetos à OEA - como o do ano passado em Fort Lauderdale, a pretexto de "fortalecer a democracia na América Latina".

*Argemiro Ferreira

Enviado: Seg Abr 24, 2006 3:51 pm
por Guerra
Acho que vem ai um governo estilo Clinton. Bush com essa história de Ira esta armando mais dois futuros mandatos no estilo Bush.

Enviado: Qua Abr 26, 2006 10:29 am
por Rui Elias Maltez
Por mais que critiquem a doutrina imperialista americana, foi essa mesma doutrina de liberdade e democracia que nos livrou e também o mundo das garras do nazismo e comunismo.

O engraçado de tudo isso é que tem muita gente que odeia os EUA mas de noite gostam de ler gibis do Capitão America regado à um bom e suculento cheese salada e uma estupenda coca-cola bem gelada.


Uma coisa como gostar de fimes americanos, beber coca-cola ou ir ao Mc Donnalds, nada tem a ver com o que achamos da politica externa da actual Administração americana.

E criticar a actual Adminitração nada tem a ver com gostar ou não dos EUA ou dos americanos.