De volta à F1, Petrobras quer mudar imagem em parceria com a McLaren
Combalida pelo escândalo de corrupção, petrolífera elogiada pela qualidade da gasolina volta a investir na maior categoria do automobilismo, em busca da recuperação da reputação internacional
s conversas começaram ainda no ano passado, pouco antes do GP do Brasil de Fórmula 1, em novembro. E avançaram bastante nos últimos dois meses. Nesta terça-feira, o casamento finalmente pôde ser anunciado: a Petrobras, estatal petrolífera brasileira, anunciou a parceria técnica com a McLaren, que passará a usar motores Renault em 2018. As primeiras conversas foram adiantadas por Livio Oricchio, especialista de Fórmula 1 do GloboEsporte.com, ainda em novembro (relembre aqui). Uma ótima notícia para Brasil, sem dúvidas.
Será a terceira passagem da Petrobras pela Fórmula 1. Tudo começou em 1998, como patrocinadora e fornecedora de gasolina para a Williams entre 1998 e 2008. Em 2010, a petrolífera tinha um acordo fechado com a Toyota, mas a montadora japonesa deixou a F1 e precipitou a saída da empresa brasileira da categoria. O retorno ocorreu apenas em 2014, seis anos depois, novamente pela Williams. Desta vez, apenas como patrocinadora. A Petrobras até tentou desenvolver a gasolina para os motores Mercedes do time inglês, mas esbarrou na exclusividade da montadora alemã com a malaia Petronas. Em 2001 e 2002, desenvolveu óleo lubrificante para a Jordan, que usava motores Honda na época.
Na primeira passagem pela Williams, a empresa foi muito elogiada pela qualidade de sua gasolina. Além de Frank Williams, fundador e sócio da equipe, Mario Theissen, líder do projeto da BMW, parceira da equipe entre 2000 e 2005, também exaltou o produto brasileiro. Tudo isso ocorreu após um tempo de aprendizagem e desenvolvimento da Petrobras, com um grupo que foi desfeito, chefiado por Rogério Gonçalves, engenheiro de carreira da empresa.
Qualidade do produto é o maior marketing para a empresa
Diferente do último contrato com a Williams, o objetivo da Petrobras é fornecer combustíveis para os motores Renault da McLaren - e já obteve o sinal verde da montadora francesa, que tem contrato em sua equipe de fábrica com a British Petroleum (BP). O processo de desenvolvimento da fórmula da gasolina deve demorar um pouco e, por isso, o fornecimento do produto está previsto para começar em 2019. Será um longo ano de muito trabalho no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.
Cenpes, local onde a Petrobras vai desenvolver o combustível da F1 (Foto: Divulgação) Cenpes, local onde a Petrobras vai desenvolver o combustível da F1 (Foto: Divulgação)
A ideia da empresa é ter a qualidade de seu produto como marketing, exatamente como fez em sua primeira passagem na Williams. Tudo isso para tentar recuperar a imagem da empresa após o enorme escândalo de corrupção dos últimos anos. A Petrobras perdeu muito valor de mercado após os desvios de verbas e precisa recuperar credibilidade perante aos investidores internos e externos. Participar do reerguimento da tradicional McLaren na F1 seria excelente para os planos da Petrobras.
Plano para levar pilotos brasileiros à F1 faz falta ao projeto
Pessoalmente, fiquei muito feliz com a notícia do retorno da Petrobras à Fórmula 1, ainda mais pela McLaren, um dos times mais tradicionais da categoria. Mas confesso que sinto falta de um projeto capitaneado pela estatal de formação de pilotos no Brasil. Não seria um plano fora do comum: várias empresas petrolíferas investiram - e ainda continuam a investir - neste quesito: na França, a Elf-Total; na Malásia, a Petronas; na Espanha, a Repsol; e até mesmo na Argentina, com a YPF.
Não é caridade, é marketing. Investir em automobilismo é investir na atividade-fim da empresa: vender e desenvolver combustíveis. Afinal, um carro vencedor com a marca da empresa estampada na carenagem passa a imagem de qualidade para o produto vendido nos postos. Com um piloto brasileiro a bordo, então, você passa a ter um garoto-propaganda para seu público. A Petrobras precisa também investir nisso. Afinal, 2018 será o primeiro ano desde 1970 sem um brasileiro na F1.
fonte: https://globoesporte.globo.com/blogs/vo ... aren.ghtml