Falta depenar o tucano
Enviado: Ter Out 25, 2005 11:20 am
PSDB negocia saída de Azeredo para escapar à crise do caixa 2
Brasília - O senador Eduardo Azeredo deixará a presidência do PSDB antes de 18 de novembro, dia em que a convenção nacional do partido elegerá seu substituto, o senador Tasso Jereissati (CE). Tasso receberá o cargo de José Serra, presidente do partido até assumir a administração de São Paulo, que voltaria a ocupá-lo para a convenção.
Desconfortável com o envolvimento de Azeredo na lista dos que receberam recursos do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, a cúpula tucana tenta afastar a legenda da crise e já negocia com o senador mineiro um modo de tirá-lo dos holofotes da convenção nacional.
O caso Azeredo agravou-se no fim de semana, em que ele confirmou ter recebido um cheque de R$ 700 mil de Marcos Valério para cobrir despesas de sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. Líderes do PSDB - e do PT - estão preocupados com o desdobramento do episódio. Eles temem que as acusações a Azeredo desencadeiem uma onda de denúncias de parte a parte. O receio de petistas e aliados é o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua família nessa guerra.
"Não quero incêndio. Tenho receio de que este episódio aumente a disputa política e atrapalhe os trabalhos da CPI", resumiu ontem o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Na avaliação do deputado, o mais grave é o uso do caixa 2 da campanha, que já está sendo investigado. Além disso, destacou Serraglio, ao menos por enquanto não há prova de que Azeredo mentiu à CPI.
"Não posso afirmar se ele sabia ou não da existência do cheque do Marcos Valério", disse o relator, para repetir em seguida a frase que mais se ouve dos tucanos nos últimos meses: "Se admito que o Lula podia não saber, porque o Azeredo tinha necessariamente de saber".
Encarregado de negociar uma saída política com Azeredo, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), não dá o braço a torcer. "Estamos no máximo passando por uma saia-justa e o aparecimento do cheque não muda nada", diz Virgílio, ao salientar que "até no caixa 2 do Eduardo tem um ministro de Lula envolvido". Ele referia-se ao fato de o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia ter sido citado por Azeredo como amigo e autor de um empréstimo junto ao Banco Rural usado para quitar a dívida com Marcos Valério. "Estou louco para acabar com essa amizade dos dois, porque o Walfrido o engana há muito tempo e o Eduardo é muito ingênuo e se deixa enganar", disse Virgílio.
Nada será feito no PSDB à revelia de Azeredo. Também não haverá destituição. A volta de Serra ao comando partidário poderá ocorrer até na véspera da convenção do dia 18. Mas o tucanato está convencido de que a melhor estratégia é sustentar o discurso da "simbologia" política da unidade partidária na convenção. Traduzindo: Com Serra "passando a faixa" de presidente do partido a Tasso, um ex-adversário que votou no PT em 2002, o PSDB dará uma demonstração de força e unidade, com a vantagem de descolar a convenção partidária da crise política das denúncias do mensalão.
Arthur Virgílio admitiu ontem que o esquema do caixa 2 na campanha mineira é reprovável, mas defendeu a tese de que o episódio caducou. "Seja do ponto de vista jurídico eleitoral e jurídico penal está tudo prescrito". Bem diferente da situação do PT, avisou. "O Lula está ao alcance da gente", ameaçou.
http://www11.estadao.com.br/nacional/no ... /25/21.htm
Brasília - O senador Eduardo Azeredo deixará a presidência do PSDB antes de 18 de novembro, dia em que a convenção nacional do partido elegerá seu substituto, o senador Tasso Jereissati (CE). Tasso receberá o cargo de José Serra, presidente do partido até assumir a administração de São Paulo, que voltaria a ocupá-lo para a convenção.
Desconfortável com o envolvimento de Azeredo na lista dos que receberam recursos do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, a cúpula tucana tenta afastar a legenda da crise e já negocia com o senador mineiro um modo de tirá-lo dos holofotes da convenção nacional.
O caso Azeredo agravou-se no fim de semana, em que ele confirmou ter recebido um cheque de R$ 700 mil de Marcos Valério para cobrir despesas de sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. Líderes do PSDB - e do PT - estão preocupados com o desdobramento do episódio. Eles temem que as acusações a Azeredo desencadeiem uma onda de denúncias de parte a parte. O receio de petistas e aliados é o envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua família nessa guerra.
"Não quero incêndio. Tenho receio de que este episódio aumente a disputa política e atrapalhe os trabalhos da CPI", resumiu ontem o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR). Na avaliação do deputado, o mais grave é o uso do caixa 2 da campanha, que já está sendo investigado. Além disso, destacou Serraglio, ao menos por enquanto não há prova de que Azeredo mentiu à CPI.
"Não posso afirmar se ele sabia ou não da existência do cheque do Marcos Valério", disse o relator, para repetir em seguida a frase que mais se ouve dos tucanos nos últimos meses: "Se admito que o Lula podia não saber, porque o Azeredo tinha necessariamente de saber".
Encarregado de negociar uma saída política com Azeredo, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), não dá o braço a torcer. "Estamos no máximo passando por uma saia-justa e o aparecimento do cheque não muda nada", diz Virgílio, ao salientar que "até no caixa 2 do Eduardo tem um ministro de Lula envolvido". Ele referia-se ao fato de o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia ter sido citado por Azeredo como amigo e autor de um empréstimo junto ao Banco Rural usado para quitar a dívida com Marcos Valério. "Estou louco para acabar com essa amizade dos dois, porque o Walfrido o engana há muito tempo e o Eduardo é muito ingênuo e se deixa enganar", disse Virgílio.
Nada será feito no PSDB à revelia de Azeredo. Também não haverá destituição. A volta de Serra ao comando partidário poderá ocorrer até na véspera da convenção do dia 18. Mas o tucanato está convencido de que a melhor estratégia é sustentar o discurso da "simbologia" política da unidade partidária na convenção. Traduzindo: Com Serra "passando a faixa" de presidente do partido a Tasso, um ex-adversário que votou no PT em 2002, o PSDB dará uma demonstração de força e unidade, com a vantagem de descolar a convenção partidária da crise política das denúncias do mensalão.
Arthur Virgílio admitiu ontem que o esquema do caixa 2 na campanha mineira é reprovável, mas defendeu a tese de que o episódio caducou. "Seja do ponto de vista jurídico eleitoral e jurídico penal está tudo prescrito". Bem diferente da situação do PT, avisou. "O Lula está ao alcance da gente", ameaçou.
http://www11.estadao.com.br/nacional/no ... /25/21.htm