#4
Mensagem
por Lauro Melo » Sex Ago 12, 2005 10:04 am
Uma tarde no fundo do mar
Crianças visitam submarino britânico 'Spartan', fundeado na Baía de Guanabara
Branca Nunes
Paulo Nocolella
Uma visita ao submarino nuclear inglês HMS Spartan ajuda a compreender porque a Ilha da Grã-Bretanha não é invadida há mais de mil anos. Fundeado na Baía da Guanabara desde segunda-feira, o submarino recebeu, na tarde de ontem, dez crianças da Associação Beneficente São Martinho, que puderam aprender um pouco sobre os segredos de uma das principais armas de guerra da legendária frota de combate inglesa.
Apesar de já ter 28 anos, o Spartan é maior e mais moderno do que os submarinos brasileiros. São 83 metros de comprimento por 10 de diâmetro, com capacidade para abrigar cerca de 130 pessoas.
Movido à energia nuclear - o reator dura em média sete anos -, esse tipo de submarino tem a possibilidade de ficar anos submerso. Mas a tripulação não costuma passar mais do que 90 dias sob a água, por causa do abastecimento de comida. O oxigênio e a água potável - 600 litros por hora - são produzidos a partir da água do mar, pelos processos de dessalinização e eletrólise.
Dentro do Spartan não há janelas. As camas não têm mais do que dois metros de comprimento e ficam sobrepostas cerca de 50 centímetros umas das outras, em inúmeros beliches. Canais de televisão só são captados quando o submarino está atracado perto de algum país e a antena é colocada para fora da embarcação. Telefones celulares não funcionam.
Dentro do Spartan, que é capaz de chegar a mais de 300 metros de profundidade, as maiores distrações são a música, tanto de aparelhos de som quanto de instrumentos musicais, exercícios físicos - um submarino pode comportar uma pequena academia de ginástica, mas no Spartan só existe um aparelho que simula o remo - e filmes, assistidos quase diariamente.
O trabalho é constante - a tripulação de um submarino nunca dorme mais do que cinco horas por dia - e a comida é farta. Ontem, o cardápio do jantar, servido pontualmente às 17h30, foi espaguete com estrogonofe.
As crianças que visitaram o submarino experimentaram uma parte da rotina da tripulação. Passaram por todos os compartimentos, conversaram com os comandantes e se admiraram com os mísseis e torpedos da sala de armas. A alegria começou a partir do cais, quando o grupo pegou o barco que o levou até o Spartan.
- Eu nunca tinha andado de barco antes - contou um estudante de 12 anos. - O submarino é legal, mas dele a gente não consegue ver a água.
Já C.P.E., 11 anos, observou deslumbrado os milhares de botões e alavancas da embarcação e pediu explicações sobre cada um deles. Quando o passeio acabou, um profundo suspiro mostrou a sua decepção com o término da visita.
- Ficaria aqui por mais algumas horas - disse. - Ainda não fiz nem a metade das perguntas que gostaria de fazer.
O Spartan, que veio ao Rio para um intercâmbio com a Marinha brasileira, ficará até amanhã nas águas da Guanabara
"Os guerreiros não caem se ajoelham e levantam ainda mais fortes."
TOG: 22 anos de garra, determinação e respeito.