Poderíamos ter ambos aqui tranquilamente. São helos complementares, não concorrentes.
Mas fato é que aqui, como Defesa não é assunto sério, e helo militar só serve mesmo para cumprir missões humanitárias e quebra galho dos "interesses sociais" dos políticos de plantão, então, a melhor escolha é o girino norte americano, que custa menos que o francês, e até cabe no orçamento furado da Defesa que o Brasil não tem, e não se importa em não ter.
O exército, se pudesse, compraria todos as 135 unidades postas a disposição para o FMS, tais são as demandas reconhecidas da Avex hoje. Conquanto, esbarraríamos em primeiro na suspeita dos norte americanos, com um pé atrás conosco, de vender tudo isso achando que, ou vamos invadir a Flórida, ou que tal quantidade "está acima das capacidades determinadas para as ffaa's brasileiras".
Já são quase 40 anos de Avex e não saímos do mesmo de sempre. Até os helos entregues no início do processo e poder recomeçar do zero ainda são os mesmos; e vão durar aí, pelo menos, mais uns vinte anos, recapados como estão sendo. Ou seja, quase 50 anos de serviço para Esquilo e Pantera. Para não falar das minúsculas compras ocasionais e\ou de oportunidade, quando não, enfiadas goela abaixo sem ao menos um pedido para tal, pelo governo da hora.
Se isso não traduz a completa inapetência e falta de importância da aviação do exército dentro da instituição, eu não sei o que é.
Vamos ser honestos. O EB só muito recentemente resolveu olhar para a Avex, notar sua existência e, consequentemente, dar-lhe a importância a que faz jus, tendo em vista a contribuição que trás a todas as suas operações desde há muito tempo. Até outro dia, a Avex sequer constava dos planejamentos estratégicos do exército; e tão pouco ela sequer faz parte dos projetos estratégicos da força, não sendo, portanto, prioridade para nada. Isso se traduz em compras de oportunidade para suas necessidades, como se vê agora, enquanto regra geral.
Se houvesse um mínimo de razoabilidade no planejamento do exército, a Avex já seria a maior força de helos do Brasil, e da América Latina, sem pestanejar. Mas a realidade é essa que vemos aí, com o EB fazendo as contas e vendo se dá para arrumar soluções de continuidade a fim de tapar os muitos buracos existentes. Viva-se com isso.
Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
A. Sapkowski