Monarquia, República ou...?

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nveras
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Re: Monarquia, República ou...?

#31 Mensagem por nveras » Sex Set 21, 2018 11:35 am

cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 11:07 am Para mim (que não sou Brasileiro e por isso o que penso não tem qualquer peso), o sistema Brasileiro deveria ser assim:

Presidente com basicamente os mesmos poderes que o Português (veto ou promulgar leis aprovadas em Senado), dissolver o dito Senado e destituir o governo com a respectiva marcação de novas eleições, poder para fazer o mesmo ao nível estadual, Comandante das Forças Armadas (no papel);
Senado com duas Câmaras de forma a que todos os Estados fossem devidamente representados, o mesmo seria responsável pela aprovação das leis feitas pelos partidos com acento no Senado e/ou governo;
Estados com ampla autonomia;
Governo presidido por um Primeiro-Ministro que seria realmente o gestor do país.

Qualquer posição politica teria o limite de dois mandatos consecutivos.

Estou a esquecer-me de algo relevante?
Acho que acumularia muito poder em uma cabeça só. E quando essa cabeça tem partido, não funcionaria. Melhor das estes poderes para a coroa.




Não é nada meu. Não é nada meu. Excelência eu não tenho nada, isso é tudo de amigos meus.
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Re: Monarquia, República ou...?

#32 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Set 21, 2018 11:50 am

Como muito poder, todos teriam que dar satisfações aos outros. O governo está a tomar medidas anti-constitucionais? Não há problema, primeiro as leis têm que passar pelo Senado e ainda podem ser vetadas pelo Presidente. O Senado fez alguma lei anti-constitucional? Não há problema, o Presidente pode ainda vetar.

Por cá o povo tenta por norma votar para Presidente uma pessoa de cor politica diferente da do governo, porque é assim que funciona melhor.

É o caso actual em Portugal, o Presidente é do PSD (Centro-Direita) e o governo é do PS (Centro-Esquerda).




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: Monarquia, República ou...?

#33 Mensagem por Marcelo Ponciano » Sex Set 21, 2018 12:02 pm

cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 11:07 am Para mim (que não sou Brasileiro e por isso o que penso não tem qualquer peso), o sistema Brasileiro deveria ser assim:

Presidente com basicamente os mesmos poderes que o Português (veto ou promulgar leis aprovadas em Senado), dissolver o dito Senado e destituir o governo com a respectiva marcação de novas eleições, poder para fazer o mesmo ao nível estadual, Comandante das Forças Armadas (no papel);
Senado com duas Câmaras de forma a que todos os Estados fossem devidamente representados, o mesmo seria responsável pela aprovação das leis feitas pelos partidos com acento no Senado e/ou governo;
Estados com ampla autonomia;
Governo presidido por um Primeiro-Ministro que seria realmente o gestor do país.

Qualquer posição politica teria o limite de dois mandatos consecutivos.

Estou a esquecer-me de algo relevante?
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/1 ... 46018.html

Com alfabetização a 95% e com esses dados aí fica fácil.

Faça esse milagre no Brasil:

https://www.unorobotica.com.br/blog/201 ... sa-da-cni/

Sem educação de qualidade qual garantia teria Portugal de não eleger um Nicolas Maduro para presidente que ficaria destituindo o parlamento até ter maioria e votar o fim da limitação de 2 mandatos?

Você não faz nem ideia de quanto a juventude do Brasil está completamente carente de ensino. Eu que convivo com mais jovens na família fico desesperado. No Brasil já morreu a MPB, a literatura, a língua portuguesa, a história e muito mais. O hino nacional ninguém conhece além de um pedaço que a FIFA toca.

Nesse atual ritmo a juventude brasileira não vai nem saber o nome do próprio país.




Editado pela última vez por Marcelo Ponciano em Sex Set 21, 2018 12:06 pm, em um total de 1 vez.
Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
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Re: Monarquia, República ou...?

#34 Mensagem por Bourne » Sex Set 21, 2018 12:05 pm

cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 11:07 am Para mim (que não sou Brasileiro e por isso o que penso não tem qualquer peso), o sistema Brasileiro deveria ser assim:

Presidente com basicamente os mesmos poderes que o Português (veto ou promulgar leis aprovadas em Senado), dissolver o dito Senado e destituir o governo com a respectiva marcação de novas eleições, poder para fazer o mesmo ao nível estadual, Comandante das Forças Armadas (no papel);
Senado com duas Câmaras de forma a que todos os Estados fossem devidamente representados, o mesmo seria responsável pela aprovação das leis feitas pelos partidos com acento no Senado e/ou governo;
Estados com ampla autonomia;
Governo presidido por um Primeiro-Ministro que seria realmente o gestor do país.

Qualquer posição politica teria o limite de dois mandatos consecutivos.

Estou a esquecer-me de algo relevante?
Está propondo o parlamentarismo :shock: :shock: :shock:

E inclui, entre outras medidas, limitar o poder do Presidente e fazer com que as decisões sejam dadas no legislativo para grandes temas nacionais. Ao mesmo tempo em que os estados tem liberdade de fato para definirem suas políticas públicas, legislação, tributação e gasto. Assim resolveria a maioria dos problemas de governabilidade e tensões na estrutura de governo nacional e regional. Volta e meia a conversa sobre parlamentarismo volta em conjunto com a reforma política e da estrutura federativa.

O problema é que ambos dependem de reformas constitucionais que todo mundo quer, mas não sabe como fazer e qual será a orientação. Apesar de existir muita simpática como do querido PSDB e está na plataforma presidencial do Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Em especial, agora que não tem um partido dominante e vários que pode ser considerados intermediários que muita influência regional e no legislativo nacional.
Outro problema, considerando uma mudança desse tamanho, exigir plebiscito que é um problema na medida em que a maioria da população não entende a diferença entre monarquia e parlamentarismo. Assim como foi na votação no começo da década de 1990 que enfiaram a decisão sobre monarquia.

Não quer dizer que na reforma política que virá em 2019/2020, se o regime não implodir, incorporar essas medidas como voto distrital, limitação de mandato e reeleição, prazos e progressividade na renovação dos mandatos.

O Brasil tem poder regional muito forte. O próprio sistema político e organização da sociedade favorece a formação de oligarquias assim como EUA. Nos EUA tem famílias que fazem parte do congresso, legislativo e governos estaduais desde o século XIX como os Bush, Clintons, Kennedy, McCain, Biden e, agora, Obama. Assim como em outros países que tem grupos que giram em torno do sistema político e do poder do estado. O problema é como eles se comportam, interagem e os efeitos sobre o resto da sociedade.

Para governar o Brasil, tem ir abraçar as oligarquias regionais. O mesmo que os governos republicanos fazem passando pelos Militares, FHC, Lula e no momento o Haddad. Esse é o Brasil real. Pode ter um discurso bem radical e revolucionário, mas na hora do vamos ver tem que amenizar e incorporar o que esse pessoal demanda e pensa. Além de grupos empresárias, financeiros e sindicatos. Eles podem manter o governo e dar governabilidade (Lula e FHC) ou inviabilizar e derrubar (Dilma II e Collor).

E mesmo em governos autoritários é similar. O Brasil teve um governo militar com duas décadas que era chamado de civil-militar que diferencia em relação ao vizinhos da América Latina. Porque só se sustentou porque tinha suporte dos grupos regionais e sistema político que de alguma forma era solução interessante para quem estava dentro do sistema político e de poder. Assim não tinha como ser tão agressivo se não era derrubado.

O Brasil é complicado, muito complicado.




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Re: Monarquia, República ou...?

#35 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Set 21, 2018 1:10 pm

Marcelo Ponciano escreveu: Sex Set 21, 2018 12:02 pm
cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 11:07 am Para mim (que não sou Brasileiro e por isso o que penso não tem qualquer peso), o sistema Brasileiro deveria ser assim:

Presidente com basicamente os mesmos poderes que o Português (veto ou promulgar leis aprovadas em Senado), dissolver o dito Senado e destituir o governo com a respectiva marcação de novas eleições, poder para fazer o mesmo ao nível estadual, Comandante das Forças Armadas (no papel);
Senado com duas Câmaras de forma a que todos os Estados fossem devidamente representados, o mesmo seria responsável pela aprovação das leis feitas pelos partidos com acento no Senado e/ou governo;
Estados com ampla autonomia;
Governo presidido por um Primeiro-Ministro que seria realmente o gestor do país.

Qualquer posição politica teria o limite de dois mandatos consecutivos.

Estou a esquecer-me de algo relevante?
https://brasil.elpais.com/brasil/2016/1 ... 46018.html

Com alfabetização a 95% e com esses dados aí fica fácil.

Faça esse milagre no Brasil:

https://www.unorobotica.com.br/blog/201 ... sa-da-cni/

Sem educação de qualidade qual garantia teria Portugal de não eleger um Nicolas Maduro para presidente que ficaria destituindo o parlamento até ter maioria e votar o fim da limitação de 2 mandatos?

Você não faz nem ideia de quanto a juventude do Brasil está completamente carente de ensino. Eu que convivo com mais jovens na família fico desesperado. No Brasil já morreu a MPB, a literatura, a língua portuguesa, a história e muito mais. O hino nacional ninguém conhece além de um pedaço que a FIFA toca.

Nesse atual ritmo a juventude brasileira não vai nem saber o nome do próprio país.
Compreendo o que quer transmitir, mas verdade seja dita, nem a Educação é uma garantia que isso possa acontecer, basta ver o cenário politico em alguns países Ocidentais.

Por isso é que eu defendo a repartição de poderes e não a concentração dos mesmos. Um Presidente com poderes limitados, um Senado que pode ser dissolvido, um Primeiro-Ministro que tem que prestar contas a um Presidente e a um Senado...

Em relação à Educação no Brasil e ao caos que impera em todos os sectores da sociedade Brasileira só posso dizer que lamento-o, mas parece ser cada vez mais o banal na América do Sul com honrosas excepções. Parece que todo o sub-continente está a passar por uma fase de convulsões sociais e politicas.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: Monarquia, República ou...?

#36 Mensagem por Rurst » Sex Set 21, 2018 3:05 pm

cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 8:05 am Rurst, pode ser apenas uma impressão, mas o que tu descreveste (à excepção do federalismo), é basicamente o sistema Português em que o Presidente foi substituído pelo Rei.

https://observador.pt/2015/11/26/quais- ... republica/
Frederico Vitor escreveu: Sex Set 21, 2018 10:19 am
Rurst escreveu: Sex Set 21, 2018 3:04 am Se o sistema de Portugal é exemplo para o mundo e o Brasil, a instabilidade é logo ali.

Portugal é um país de organização unitária e pequeno.

Nunca que esse modelo de Portugal vai dar certo aqui, repito NUNCA.

Entre esse sistema de Portugal e o atual sistema brasileiro, é melhor o atual mesmo.

O sistema alemão é federalista, porém muito complexo e possui suas peculiaridades.

A teoria do que falaram é bonito, a prática é outra.

O atual sistema brasileiro nunca vai dar certo.
O presidencialismo no Brasil nunca vai dar certo.
O sistema de Portugal não é exemplo para o mundo e o Brasil.
O sistema da Espanha (monarquia) não é exemplo para o mundo. A questão não é monarquia na Espanha, mas como o está estruturado a divisão de poderes e do estado.
O sistema alemão federalista e parlamentarista possui suas peculiaridades.

O básico que o Brasil precisa.

Parlamentarismo
Federalismo

Dentro das peculiaridades brasileiras, o ideal seria uma monarquia constitucional parlamentarista com federalismo. Basicamente esse é o modelo de monarquia que o Luiz Philippe Orleans e Bragança defende, óbvio que existem mais detalhes, quem quiser saber mais... assista os vídeos dele.

Na monarquia:

Recall para o monarca e políticos
Voto distrital puro

Quais seriam os poderes do poder moderador ?

Monarca só possui poder negativista (poder de veto)
Poder de convocar novas eleições
Decisões do monarca precisam ser aprovadas pelo conselho dos notáveis
Exemplo: quando o STF falha e começa a fazer coisas inconstitucionais, então o poder moderador entra em cena
Vetar e negar esses atos inconstitucionais, e precisa ser aprovado pelo conselho dos notáveis

Na república, o ideal seria parlamentarismo com federalismo.

Recall para políticos
Voto distrital puro

Tanto o parlamento na república ou monarquia podem convocar novas eleições, a diferença é que na monarquia, o monarca também pode.
A monarquia deste modo que o Luiz Philippe Orleans e Bragança defende é muito bonito e muito bacana. Contudo também não é livre de críticas. A começar pelo fato que ele desconsidera o poder das oligarquias regionais, as mesmas que, de certo modo foram algozes do monarca Pedro II. As diversas “famílias reais” que temos em todos os Estados brasileiros (especialmente aqueles de menor PIB per Capta e IDH) concentram poder político nada desprezível e impactam largamente no cenário político regional e local.

Essas “famílias reais” regionais (darei nome aos bois: Collor e Calheiros [Alagoas]; Barbalho [Pará]; Ferreira Gomes [Ceará]; Cunha, Garotinho, :twisted: Bolsonaro [Rio de Janeiro], Neves [Minas Gerais]; Jucá [Roraima]; Caiado [Goiás]; etc.) jamais se submeteriam aos mecanismos propostos, tais como: Recall para políticos e voto distrital puro. Mesmo que houvessem referendo/plebiscito acerca de uma mudança de sistema de governo com grande simpatia a uma monarquia constitucional parlamentarista, os poderes oligárquicos regionais influenciariam de forma efetiva para que seus interesses e projetos de poder permanecessem intactos, o que implicaria a não opção pela monarquia.

O Brasil profundo não admite abstrações, mesmo as de liturgias pomposas como o sistema monárquico. Aqui não é para principiantes e amadores.

Diante da complexidade brasileira respeitando suas assimetrias (políticas, sociais, econômicas, culturais) regionais, o parlamentarismo ainda, a meu ver, seria o sistema mais adequado.

Como havia citado Portugal e Alemanha como exemplos e foram tacitamente refutados, então cito a Ìndia como modelo. Sim, a Ìndia. Parlamentarismo federal.
Veja bem, eu apenas refutei o sistema de Portugal.
Apenas disse que o sistema da Alemanha é complexo e possui suas peculiaridades.

É preciso analisar se o sistema alemão e da índia daria certo no Brasil.

Eu gosto do sistema alemão, praticamente é um parlamentarismo em todas as esferas (federal, estadual, municipal).

Outra coisa que Luiz Philippe de Orleans e Bragança defende, cada estado define sua própria organização.

Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores + governador, ok.
Aqueel estado quer parlamento com deputados e governador, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados, ok.

Eu gosto do sistema alemão de parlamentarismo em todas as esferas, o problema é que concentra poder demais na esfera federal e se alguém chegar lá pode desfazer e mudar tudo. (não sei se o parlamentarismo em todas as esferas é perpétuo lá).

Outra coisa que também defende é o fim da reeleição para o senado federal, evitar essas oligarquias no Senado, pois no fim acaba desviando a função que é representar seu estado.
cabeça de martelo escreveu: Sex Set 21, 2018 11:50 am Como muito poder, todos teriam que dar satisfações aos outros. O governo está a tomar medidas anti-constitucionais? Não há problema, primeiro as leis têm que passar pelo Senado e ainda podem ser vetadas pelo Presidente. O Senado fez alguma lei anti-constitucional? Não há problema, o Presidente pode ainda vetar.

Por cá o povo tenta por norma votar para Presidente uma pessoa de cor politica diferente da do governo, porque é assim que funciona melhor.

É o caso actual em Portugal, o Presidente é do PSD (Centro-Direita) e o governo é do PS (Centro-Esquerda).
Esse é o problema do sistema de Portugal.

Imagina Presidente LULA é do PT e o governo é do primeiro ministro Bolsonaro - PSL ou vice-versa, é instabilidade na certa.

A teoria é linda, o problema é quem vai ocupar o cargo mediante o voto majoritário de um país continental como o Brasil.

Bolsonaro está gastando alguns milhões, muitos palanques e ainda está muito pouco em relação aos outros candidatos, gasta pouco pois ficou 30 anos no congresso que permitiu ser conhecido, junta as polêmicas e a facada que levou.

Quem chegar a presidente no Brasil, vai chegar devendo a muita gente e vão cobrar a fatura, não vai ocupar o cargo em prol do povo e sim de outros interesses. Por isso digo que o sistema de Portugal é falho e nunca vai dar certo.

O sistema alemão possui suas peculiaridades, não sei se daria certo no Brasil. O mesmo para o sistema da Índia.

https://www.dw.com/pt-br/steinmeier-%C3 ... a-37518288

https://www.dw.com/pt-br/como-a-alemanh ... a-37494184




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Re: Monarquia, República ou...?

#37 Mensagem por Marcelo Ponciano » Sex Set 21, 2018 3:17 pm

Imagina Presidente LULA é do PT e o governo é do primeiro ministro Bolsonaro - PSL ou vice-versa, é instabilidade na certa.
Apenas para fundamentar o debate com um dado interessante do Brasil Império:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_ ... _do_Brasil

Observem que saudável alternância de Primeiros Ministros entre os partidos liberal, conservador e progressista. Todos sob o mesmo imperador Dom Pedro II.




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
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Re: Monarquia, República ou...?

#38 Mensagem por Frederico Vitor » Sex Set 21, 2018 3:18 pm

Outra coisa que Luiz Philippe de Orleans e Bragança defende, cada estado define sua própria organização.

Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores + governador, ok.
Aqueel estado quer parlamento com deputados e governador, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados, ok.
É interessante. Porém temerário. Fico imaginando o José Sarney (Maranhão e Amapá), Jader Barbalho (Pará), Renan Calheiros (Alagoas), Ronaldo Caiado (Goiás) configurando a organização institucional de seus respectivos Estados. :| :| :| :| Seria cristalizar o estamento do poder.




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Re: Monarquia, República ou...?

#39 Mensagem por nveras » Sex Set 21, 2018 3:45 pm

Frederico Vitor escreveu: Sex Set 21, 2018 3:18 pm
Outra coisa que Luiz Philippe de Orleans e Bragança defende, cada estado define sua própria organização.

Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados e senadores + governador, ok.
Aqueel estado quer parlamento com deputados e governador, ok.
Aquele estado quer parlamento com deputados, ok.
É interessante. Porém temerário. Fico imaginando o José Sarney (Maranhão e Amapá), Jader Barbalho (Pará), Renan Calheiros (Alagoas), Ronaldo Caiado (Goiás) configurando a organização institucional de seus respectivos Estados. :| :| :| :| Seria cristalizar o estamento do poder.
Bem, mas isso aconteceu na República do mesmo jeito. O que o Principe defende é basicamente a autonomia dos estados. Coisa que não temos na nossa mentirosa federação. A situação brasileira é bem complicada. E até por isso defendo a existência de um poder maior que enquadre os senhores feudais.




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Re: Monarquia, República ou...?

#40 Mensagem por J.Ricardo » Sex Set 21, 2018 4:41 pm

Acho que a regra nesse caso, tem que ser a mesma regra pra todos, no entanto, nosso federalismo só serve para a alíquota do ICMS, acredito que a federalismo tinha que ser muito mais forte, mas todos teriam também metas a serem cumpridas.




Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: Monarquia, República ou...?

#41 Mensagem por Rurst » Sáb Set 22, 2018 2:44 pm

E a decisão da população escolher entre República e Monarquia só aconteceu quase 100 anos depois e ainda cheio de trambique por parte do GOVERNO FEDERAL em tudo, família imperial foi exilada depois do golpe e etc.

A herança da república.

12 ESTADOS DE SÍTIO

•17 ATOS INSTITUCIONAIS

•6 DISSOLUÇÕES DO CONGRESSO

•19 REBELIÕES MILITARES

•2 RENUNCIAS PRESIDENCIAIS

•3 PRESIDENTES IMPEDIDOS DE TOMAR POSSE

•4 PRESIDENTES DEPOSTOS

•7 CONSTITUIÇÕES DIFERENTES

•2 LONGOS PERÍODOS DITATORIAIS

•9 GOVERNOS AUTORITÁRIOS




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Re: Monarquia, República ou...?

#42 Mensagem por Frederico Vitor » Dom Set 23, 2018 5:16 pm

Rurst escreveu: Sáb Set 22, 2018 2:44 pm E a decisão da população escolher entre República e Monarquia só aconteceu quase 100 anos depois e ainda cheio de trambique por parte do GOVERNO FEDERAL em tudo, família imperial foi exilada depois do golpe e etc.

A herança da república.

12 ESTADOS DE SÍTIO

•17 ATOS INSTITUCIONAIS

•6 DISSOLUÇÕES DO CONGRESSO

•19 REBELIÕES MILITARES

•2 RENUNCIAS PRESIDENCIAIS

•3 PRESIDENTES IMPEDIDOS DE TOMAR POSSE

•4 PRESIDENTES DEPOSTOS

•7 CONSTITUIÇÕES DIFERENTES

•2 LONGOS PERÍODOS DITATORIAIS

•9 GOVERNOS AUTORITÁRIOS
É. No entanto é bom lembrar que o Primeiro Reinado, o Período Regencial e o Segundo Reinado também não foram nada estáveis. Não custa lembrar:

Primeiro Reinado:

• Assembléia Constituinte formada em 1823 invalidada

• Constituição promulgada (imposta) em 1824

• Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais, manobrando por tanto o legislativo, além de eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e senadores com poderes vitalícios e indicar presidentes de comarcas. Resultado: a maioria da população continuava sem participar. A escravidão continuava a todo vapor. Resultado direto: Revolta da Confederação do Equador. Milhares de mortos, presos, torturados e fuzilados (um deles Cipriano Barata - Frei Caneca)

• Guerra Cisplatina, perda da Província Cisplatina (Uruguai) em 1828

• Noite das garrafadas: brasileiros x portugueses

• Assassinato do jornalista Líbero Badaró em 1830, tenaz crítico de Pedro I

• Envolvimento de D. Pedro I na sucessão monárquica do trono português

• Abdicação de Pedro I em favor do filho, Pedro de Alcântara, então com 5 anos em 7 de abril de 1831.

Regência:

• Regência Trina Provisória: governou 1831 a 1835;

• Regências Una: 1835 a 1837

• Revoltas regenciais: Cabanagem (1835 a 1840), Balaiada (1838 a 1841), Sabinada (1837 a 1838), Guerra dos Farrapos (1835 a 1845), Revolta dos Malês (1835) [revolta de escravos de origem muçulmana], Carneiradas em Pernambuco (1834-1835), Revolta do Guanais na Bahia (1832-1833), Insurreição do Crato no Ceará (1832), Abrilada em Pernambuco (1832), Setembrada em Pernambuco (1831), Novembrada em Pernambuco (1831), Revolta de Carrancas em Minas Gerais (1833).

Segundo Reinado

• Revolução Praieira (1848 - 1850)

• Guerra do Paraguai (1864 – 1870) / Maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul

• Interferência de D. Pedro II em questões religiosas, gerando um descontentamento nas lideranças da Igreja Católica no país

• Críticas e oposição feitas por integrantes do Exército Brasileiro, que se mostravam descontentes com a corrupção existente na corte. Além disso, os militares estavam insatisfeitos com a proibição, imposta pela Monarquia, pela qual os oficiais do Exército não podiam dar declarações na imprensa sem uma prévia autorização do Ministro da Guerra. Soldadesca descontente com as ordens de caçar escravos fugitivos.

• Golpe Militar de 15 de novembro de 1889. Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, destituiu o Conselho de Ministros e seu presidente. No dia 18 de novembro, D. Pedro II e a família imperial brasileira é enviada à Europa. Fim da Monarquia.




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Re: Monarquia, República ou...?

#43 Mensagem por Rurst » Sex Set 28, 2018 6:37 am

Recall só é possível com distrital puro, nada de distrital misto.

Coloca distrital puro com 2 turnos ou até 4 turnos.

Tanto na esfera federal, como estadual e municipal.




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Re: Monarquia, República ou...?

#44 Mensagem por Marcelo Ponciano » Qui Abr 04, 2019 11:58 am

O tipo de coisa que mais soterra o movimento monarquista do que ajuda:

Dom Bertrand, segundo na linha de sucessão e porta voz do Imperador De Jure, consegue ir contra ideias defendidas até do seu trisavô Dom Pedro I.

Dom Pedro I travou uma guerra contra o irmão para evitar o retorno do absolutismo em Portugal, ele era amigo de um dos heróis da revolução francesa. Já Dom Bertrand, em pleno séc XXI, foi no congresso para defender, pasmem, a idade média!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!. E diz que mulheres não aguentam viagens de longa distância.

Dom Pedro I, o Rei Soldado, deve estar se retorcendo no túmulo.

Dom Pedro II, tão esclarecido a ponto de se corresponder com Darwin e Gran Bell, deve estar morrendo de vergonha, onde quer que o seu pobre espírito esteja.
Monarquistas ocupam cargos em Brasília e reabilitam grupo católico ultraconservador
Grupo simpático à restauração da monarquia inclui parlamentares e procurador alocado em órgão responsável pelo Enem; para líder do movimento, membro da antiga família real portuguesa, 'a beleza da sociedade não está na igualdade, mas nas diferenças'.

No ano em que a queda da Monarquia no Brasil completará seu 130º aniversário, um membro da antiga família real portuguesa se sentiu em casa ao visitar um dos órgãos mais poderosos da República - o Congresso Nacional, em Brasília.

Imagem
Bertrand de Orleans e Bragança (segundo da dir. à esq.) defende a restauração da monarquia e dirige entidade que sucedeu a TFP
Foto: BBC News Brasil

Bisneto da Princesa Isabel (1846-1921), o líder monarquista Bertrand Maria José Pio Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança havia agendado reuniões com parlamentares recém-empossados.


No gabinete da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), Dom Bertand - como é chamado por seguidores - se viu rodeado por uma bandeira com o brasão do Império, um busto de seu trisavô Dom Pedro 2º e um retrato de seu irmão Luiz Gastão, atual chefe da Casa Imperial, órgão que busca restaurar a monarquia no Brasil. Por pouco, não cruzou nos corredores com um sobrinho, o deputado recém-eleito Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).

"Fiquei até surpreso, encontrei mais abertura do que esperava", diz ele sobre a visita, em fevereiro, quando também se reuniu com o senador Márcio Bittar (MDB-AC) e com os deputados federais Paulo Martins (PSC-PR), Delegado Waldir (PSL-GO) e Enrico Misasi (PV-SP). O grupo compõe a "bancada monarquista" do Congresso, segundo entusiastas do movimento.

Na mesma viagem, Bertrand foi recebido no Itamaraty pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e pelo assessor da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins.

O monarquista afirma que alguns interlocutores expressaram "total consonância" com suas posições - que incluem a oposição ao casamento gay, o fim das demarcações de terras indígenas e a proibição do aborto em qualquer circunstância.

Entrevistado pela BBC News Brasil, ele não quis responder se abordou a restauração da monarquia nos encontros - de acordo com um assessor que acompanhou uma reunião, a orientação é tratar o tema com discrição para não despertar reações que minem o projeto.

A calorosa recepção a Bertrand reflete o avanço de adeptos do monarquismo em órgãos do Estado e a reabilitação de um dos principais expoentes do movimento - o jornalista e ativista católico Plinio Corrêa de Oliveira (1905-1995), fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).

A entidade se projetou na década de 1960 ao protestar contra o comunismo e defender uma leitura do Catolicismo mais conservadora que a do próprio Vaticano.

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Bertrand de Orleans e Bragança (à esq.) com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que se define como monarquista
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Restauração da monarquia
A BBC News Brasil ouviu dois parlamentares que encontraram Bertrand e se definem como monarquistas: os deputados federais Paulo Martins (PSC-PR) e Carla Zambelli (PSL-SP).

"Quando as pessoas são eleitas, elas se preocupam muito com a próxima eleição. Um monarca não tem essa preocupação: ele só pensa no bem do país", argumenta Zambelli, que diz manter permanentemente em seu gabinete os símbolos imperiais vistos por Bertrand.

A deputada defende a adoção de uma monarquia parlamentarista no Brasil, com eleições para o Parlamento e o retorno da família Orleans e Bragança ao trono. Nesse cenário, Bertrand seria o segundo na linha sucessória para o posto de rei, atrás de seu irmão Luiz Gastão.

Sobrinho de Bertrand e de Luiz Gastão, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) seria o 29º da lista. Ele não quis dar entrevista à BBC News Brasil sobre o movimento monarquista.

Em 1993, a restauração da monarquia no Brasil foi rejeitada em plebiscito, tendo recebido o apoio de 13,4% dos eleitores. Outros 86,6% endossaram a manutenção da República.

"A República rompeu um processo histórico e criou um regime ilegítimo cunhado por meia dúzia de militares e intelectuais, sem qualquer apoio das massas", diz o deputado federal Paulo Martins.

Zambelli e Martins afirmam, porém, que ainda não há clima político para discutir a volta ao regime. "Antes é preciso um movimento de resgate cultural, de resgate da verdadeira história da monarquia, que o período republicano cuidou de destruir", diz Martins.

Monarquistas no governo
A influência do movimento monarquista não se restringe ao novo Congresso. Na semana retrasada, um adepto da causa, o procurador Gilberto Callado de Oliveira, foi nomeado representante da sociedade civil no Inep (Instituto Nacional de Estudos Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensimo Médio).

Amigo de Bertrand, Callado é membro do Círculo Monárquico de Nossa Senhora do Desterro, em Santa Catarina, e dedicou um livro ao fundador da TFP: "Ao saudoso professor Plinio Côrrea de Oliveira, representante maior da inteligência contrarrevolucionária", escreveu.

A lista de simpatizantes do monarquismo no governo inclui o ministro da Educação, Ricardo Vélez. Em 2014, ele publicou no Facebook que, caso o Brasil fosse uma monarquia, "não estaríamos às voltas com todas estas lambanças". "O monarca, de há muito, teria dissolvido o parlamento e convocado novas eleições para renovação do elenco", disse Vélez.

Outro que demonstra afinidade com o movimento é o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins. Ele divulgou no Twitter uma foto de seu encontro com Bertrand em fevereiro, apresentando-o como "Sua Alteza Imperial e Real, Dom Bertrand de Orleans e Bragança".

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O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, com Bertrand Orleans e Bragança no Itamaraty
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Vélez e Martins foram indicados ao governo pelo escritor Olavo de Carvalho, que também já defendeu a monarquia em várias ocasiões. Em 2017, ele afirmou em vídeo no YouTube que, após o fim do regime, "o Brasil caminhou de golpe em golpe, de revolução em revolução, e nunca mais se estabilizou".

Em outro vídeo, Olavo definiu Bertrand de Orleans e Bragança como "o brasileiro mais patriota que eu já vi na minha vida, o sujeito que mais estudou os problemas do Brasil, que mais busca soluções".

Casarão em Higienópolis
A BBC News Brasil encontrou Bertrand na antiga sede da TFP e atual Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO), criado em 2006 em meio a uma disputa que sucedeu a morte do líder. Bertrand integrou a TFP e agora é diretor de relações institucionais do IPCO.

Como na TFP, só homens podem integrar a organização (segundo Bertrand, as atividades do instituto, que incluem marchas e viagens pelo Brasil, "não são próprias para pessoas do sexo frágil").

Erguido em 1895 e tombado como patrimônio histórico e arquitetônico em 2003, o casarão no bairro de Higienópolis, em São Paulo, exibe vários objetos de arte sacra, como uma imagem em mármore de Nossa Senhora de Coromoto, esculpida na Espanha, além de uma capela com vitrais.

À entrada do casarão, um jarro de porcelana chinesa se destaca entre cortinas, lustres e sofás de couro. A sala ao lado, reservada a visitantes ilustres, tem paredes adornadas com tecido dourado e móveis que pertenciam à família imperial nos tempos de Dom João 6º (1767-1826). Um membro do IPCO diz que Bertrand vendeu os itens à antiga TFP quando passava por dificuldades financeiras.

Aos 78 anos, o monarquista vestia sobre o terno uma faixa com um retrato de Plinio Corrêa de Oliveira, seu mentor intelectual. Era acompanhado pelo assessor Oilsson Guglielmin e por dois jovens membros do instituto, que tiravam fotos do encontro e serviam café.

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Encontro do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira em março no Hotel Tryp Higienópolis, em São Paulo
Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Fim da União Soviética
Para Bertrand, o pensamento do fundador da TFP está por trás do movimento conservador que pôs fim aos governos do PT e chegou à Presidência com Jair Bolsonaro. Mais do que isso: segundo Bertrand, ao militar contra o comunismo no Brasil, Oliveira ajudou a impedir que a União Soviética prorrogasse sua existência.

"Antes de 1964, o Brasil estava a um milímetro de virar um regime comunista. Imagine se tivesse virado? Nesse turbilhão, o resto da América Latina iria junto, a União Soviética dominaria todos os países da região e não teria caído", afirma.

Há pouco respaldo entre historiadores à tese de que o Brasil ficou à beira do comunismo antes do golpe de 1964, apesar do fortalecimento da esquerda no governo do presidente deposto, João Goulart.

Políticas esquerdistas - como a proposta de reforma agrária de Goulart - entraram no alvo da TFP desde sua fundação, em 1960. O grupo integrou as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, série de manifestações contra o comunismo que ocorreram antes e após o golpe.

Em artigo para o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (FGV-CPOC), os cientistas políticos Thomas Ferdinand Heye e Mônica Kornis dizem que "a TFP caracterizou-se como a mais radical organização católica de oposição ao governo João Goulart".

Nas marchas, membros da organização portavam bandeiras com a imagem de um leão e vestiam capas vermelhas, evocando cavaleiros cristãos medievais nas Cruzadas. Oliveira também difundia suas ideias em livros e artigos de jornais (ele foi colunista da Folha de S Paulo por quase 30 anos).

Com a queda da União Soviética, em 1991, e a morte de Oliveira, em 1995, a TFP perdeu visibilidade. Divergências entre os membros causaram uma cisão no grupo. Em 2006, os membros mais antigos fundaram o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, que voltou a organizar marchas e retomou o ativismo político.

Além das pautas antigas, a organização passou a encampar causas populares entre grupos conservadores atuais, como o combate à chamada "ideologia de gênero" nos colégios; "a eliminação do ambíguo conceito de 'trabalho escravo'", "a interrupção de qualquer ajuda financeira às ditaduras 'bolivarianas'"; e "a eliminação de todas as leis socialistas que perseguem os brasileiros com impostos abusivos".

Hoje, segundo Bertrand, o grupo mobiliza "centenas" de pessoas, entre sócios e colaboradores voluntários.

Propriedade privada
Após passar algumas décadas nas sombras, o pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira e os ideais monarquistas voltaram a despertar interesse em meio ao crescimento da onda conservadora no Brasil nos últimos anos. Nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, pequenos grupos de manifestantes empunhavam cartezes pedindo a volta da monarquia.

Para o historiador Luis Foresti, que analisou a trajetória de Oliveira em sua dissertação de mestrado, as ideias do fundador da TFP estão presentes hoje nos discursos de vários pensadores conservadores e ativistas religiosos. Um exemplo, segundo Foresti, é o uso do termo "contrarrevolução" para definir o golpe de 1964. "A ideia de revolução como algo intrinsicamente ruim é típica do pensamento pliniano", afirma.

Bertrand reconhece o momento favorável. "Ficou bonito ser de direita e conservador, e a esquerda está inibida", avalia.

Para ele, Jair Bolsonaro "soube encarnar um mal-estar dos brasileiros com o politicamente correto" e "interpretar a aspiração dos brasileiros de se virem livres de amarras, de uma mentalidade intervencionista e estatizante, influenciada por socialistas e marxistas, que iam dominando o Brasil e saquearam a nação".

Ele diz que o novo governo tem promovido avanços, entre os quais a paralisação da reforma agrária. "A propriedade privada é a garantia da liberdade. Se não há respeito à propriedade, a pessoa fica escrava do Estado", diz Bertrand.

A oposição à reforma agrária fez com que a organização se aproximasse do agronegócio nas últimas décadas. Um dos principais interlocutores da organização no governo é o agrônomo Evaristo de Miranda, pesquisador da Embrapa que faz visitas frequentes ao instituto e é visto por ruralistas como um aliado.

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vCasarão que abriga o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em Higienópolis, foi tombado como patrimônio arquitetônico
Foto: BBC News Brasil

'Psicose ambientalista'
Bertrand também elogia as mudanças na postura no governo em relação ao meio ambiente, como as restrições a punições por infrações ambientais.

Em 2012, ele lançou o livro "Psicose Ambientalista", onde diz revelar "os bastidores do ecoterrorismo para implantar uma religião ecológica, igualitária e anticristã". Contrapondo-se à imensa maioria dos cientistas que pesquisam o tema, a obra contesta os estudos que associam a ação humana às mudanças climáticas.

Segundo Bertrand, a esquerda usa o ambientalismo para promover suas causas. "Os vermelhos ficaram verdes. Qual a bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) atualmente? É a ecologia."

Outra causa comum a esquerdistas e ambientalistas, segundo ele, é a demarcação de terras indígenas. Bertrand critica a extensão dessas áreas, que ocupam 12% do território nacional - embora, segundo ele, "os índios que moram na taba (aldeia) no Brasil não cheguem a 100 mil" (de acordo com o IBGE, 57,7% dos cerca de 900 mil índios brasileiros vivem em terras indígenas).

Para os que defendem novas demarcações, diz Bertrand, "você, que é branco, eu, que sou branco, deveríamos voltar para a Europa". Ele então pergunta qual a ascendência do jovem auxiliar Allysson Vidal, que responde ser "tipicamente brasileiro".

"Ele vai ficar na taba", intervém o assessor Oilsson Guglielmin, para risos dos colegas.

A expatriação de descendentes de europeus, porém, não é uma bandeira do movimento indígena brasileiro, que diz buscar a demarcação de terras historicamente ocupadas e necessárias à sobreviência física e cultural dos grupos.

'Tribalismo indígena'
Ao se posicionar sobre as demarcações, Bertrand se alinha a Plinio Corrêa de Oliveira. No livro "Tribalismo Indígena", de 1977, o fundador da TFP criticou conceitos que acabariam incorporados pela Constituição de 1988 - e que, segundo Oliveira, favoreceram os índios em prejuízo da soberania nacional.

Contrariando historiadores, Bertrand diz que "praticamente não houve" indígenas escravizados durante a colonização portuguesa. Afirma ainda que o Império não pode ser responsabilizado pela escravidão de negros - embora 5 milhões de africanos tenham sido trazidos para o Brasil como escravos durante o regime - e que a monarquia enfrentou forte oposição ao abolir a prática.

Para ele, "a solução para o problema dos índios" foi dada pelo imperador Dom João 3º a Tomé de Souza, governador-geral do Brasil entre 1549 e 1553: "Tem que catequizar, dar civilização e cultura - fazer o que a igreja fez ao longo de cinco séculos", diz Bertrand.

Para Sonia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a afirmação revela ignorância. "Falar que precisamos de civilização é absurdamente retrógrado. Temos nossas formas de organização social, nossos costumes e modos de vida, que precisam ser respeitados", afirma Guajajara.

Até mesmo a Igreja Católica reviu sua posição e deixou de defender a conversão de indígenas. Em 2015, o Papa Francisco pediu desculpas em nome do Vaticano pelos "graves pecados cometidos contra os povos nativos da América em nome de Deus".

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Escultura em mármore de Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela, no jardim do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Foto: BBC News Brasil

Críticas ao papa Francisco
Assim como Oliveira, Bertrand critica os rumos que a Igreja Católica vêm tomando nas útimas décadas. Nesse período, correntes progressistas, como a Teologia da Libertação, avançaram por paróquias latino-americanas. Ele diz que esse movimento é responsável pela paulatina redução no percentual de brasileiros católicos.

"As pessoas iam à igreja para ouvir a palavra de Deus, e o padre estava lá dizendo que os ricos são bandidos, que os pobres são explorados, que é preciso fazer reformas de base. Resultado: eles foram fugindo das igrejas que tinham essa tendência."

No atual pontificado, do papa Francisco, Bertrand diz que várias outras mudanças indesejáveis têm ocorrido."Não pregamos uma rebelião, ele (Francisco) é o sucessor de Pedro. Mas, nos pontos em que ele rompe com a tradição católica, nós resistimos."

Um dos atos que mobilizaram a organização foram as reformas de Francisco para facilitar a anulação de casamentos religiosos, em 2015. Segundo Bertrand, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e organizações estrangeiras associadas colheram mais de 900 mil assinaturas contra a medida.

A ação se soma a vários atritos entre seguidores de Plinio Corrêa de Oliveira e a Igreja Católica. Nos anos 1960, o grupo se insurgiu contra uma série de reformas iniciadas pelo papa João 23 (1958-1963) para modernizar a igreja, como a substituição do latim pelo português nas missas no Brasil.

Restauração da cristandade
Para Bertrand, a Igreja Católica viveu um grande momento na Idade Média, quando se confundia com o Estado e fundou os primeiros hospitais, universidades e leprosários da Europa.

Questionado se defendia a reunificação entre igreja e Estado, ele disse que "a única solução é a restauração da cristandade". "A esfera espiritual não se confunde com a esfera temporal, mas deve haver uma troca de bons oficios entre uma e outra, o que havia antigamente."

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Dom Pedro 2º foi o último imperador do Brasil e perdeu o trono com a Proclamação da República, em 1889
Foto: Museu Nacional de Belas Artes / BBC News Brasil

Para Bertrand, a Revolução Francesa (1789) foi um triste marco para o Ocidente. O movimento - inspirado no lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade - pôs fim à monarquia absolutista na França e resultou na execução do rei Luís 16.

Apesar do lema, Bertand diz que "nunca houve menos liberdade, igualdade e fraternidade do que na Revolução Francesa". "Bastava ser suspeito para ser guilhotinado. Qualquer pessoa que se opusesse ia à guilhotina."

Bertrand diz que o ideal de igualdade dos revolucionários franceses, que acabou incorporado por socialistas e comunistas, causou grande mal ao mundo.

"A beleza da sociedade não está na igualdade, mas nas diferenças, que devem ser proporcionais, hierarquizadas, harmônicas e complementares. Exatamente como uma sinfonia."

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasi ... tjd23.html




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
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Re: Monarquia, República ou...?

#45 Mensagem por Frederico Vitor » Qui Abr 04, 2019 5:17 pm

Esse velhote nada mais é do que uma versão carola do Chiquinho Scarpa. Quando se não há nada para fazer e o recalque "sangue azul" sobe à cabeça o resultado são esses arroubos ridículos.

Nunca mais me esqueço das patadas que este beato tomou do Jô Soares. Vale a pena ver e rir:





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