Monarquia, República ou...?

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Túlio
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Re: Monarquia, República ou...?

#61 Mensagem por Túlio » Qua Set 30, 2020 4:45 pm

Rurst escreveu: Qua Set 30, 2020 4:14 pm
Quando ocorreu a elevação do Imperador Pedro II a maioridade em 1840, a Marinha Imperial possuía mais de 90 navios de guerra: seis fragatas, sete corvetas, seis brigues, oito brigues-escunas, 16 canhoneiras, 12 escunas, sete patachos, seis barcas diversas a vapor, três navios de transporte (charruas), 12 dois lugres armados, dois cúteres e treze barcos maiores (lanchões armados).

Maia, Prado (1975). A Marinha do Brasil na colônia e no Império. " http://www.revistanavigator.com.br/navi ... ossie1.pdf
Perdoes a impertinência, cupincha, mas conheces a origem do termo "para Inglês ver"? Se prende exatamente à Questão Christie e ao papel da Esquadra nela...




"The two most powerful warriors are patience and time." - Leon Tolstoy
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Re: Monarquia, República ou...?

#62 Mensagem por Rurst » Qua Set 30, 2020 4:54 pm

Túlio escreveu: Ter Set 22, 2020 1:13 pm
Marcelo Ponciano escreveu: Ter Set 22, 2020 12:09 pm
A punição divina por ter tirado esse homem do poder na base do golpe foi nunca mais ter um governante com o quilate intelectual dele.
Xavê: estamos falando do mesmo cara que deixou as FFAA tão DESarmadas e DESpreparadas que fomos pegos de calças na mão pelo minúsculo Paraguay? Ou do que, a cada aparição (ou insinuação disso) da Inglaterra se enfiava embaixo da cama, tremendo de medo, fazendo com que até o superdisciplinado Caxias (Questão Christie) ficasse tão enfurecido a ponto de expressar o desejo de quebrar sua Espada Invencível, pois acreditava que o único adversário digno de si era o Red Coat? Ou talvez do que, para assinar a Abolição da Escravatura, tratou de "fazer uma viagem cultural" e deixou para a filha Abolicionista o pepino?

Pois eu prefiro ATÉ O LULA, que pelo menos montou mais Programas de Estado em Defesa bem amarrados do que todos os seus antecessores (e até sucessores, incluindo o atual PR até agora) juntos.

Sempre que começam com essa charla de "restauração" eu penso naquela música do Renato Russo "...essa saudade que eu sinto/de tudo que eu ainda não vi..." :lol: :lol: :lol: :lol:
Túlio escreveu: Qua Set 30, 2020 4:45 pm
Rurst escreveu: Qua Set 30, 2020 4:14 pm
Quando ocorreu a elevação do Imperador Pedro II a maioridade em 1840, a Marinha Imperial possuía mais de 90 navios de guerra: seis fragatas, sete corvetas, seis brigues, oito brigues-escunas, 16 canhoneiras, 12 escunas, sete patachos, seis barcas diversas a vapor, três navios de transporte (charruas), 12 dois lugres armados, dois cúteres e treze barcos maiores (lanchões armados).

Maia, Prado (1975). A Marinha do Brasil na colônia e no Império. " http://www.revistanavigator.com.br/navi ... ossie1.pdf
Perdoes a impertinência, cupincha, mas conheces a origem do termo "para Inglês ver"? Se prende exatamente à Questão Christie e ao papel da Esquadra nela...
De acordo com o historiador e biógrafo Paulo Rezzutti

Christie era maluco, e não representava de fato a posição dos britânicos na época
O Imperador estava doente, fraco e magro na época do golpe, a a família imperial nunca quis que houvesse conflito para voltar ou manter o IMPERIO, queriam que a vontade viesse do povo e não de conflitos sangrentos





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Re: Monarquia, República ou...?

#63 Mensagem por delmar » Qua Set 30, 2020 7:08 pm

Uma das bases de sustentação do império brasileiro, talvez a mais importante, foi a união total com a igreja católica, Até a proclamação da república não havia o Registro Civil no Brasil. Todos dados, nascimento, casamento e óbito eram feitos na paróquia católica a qual pertenciam os requerentes. O casamento, para ter válidade, deveria ser feito somente na igreja Católica que era a religião oficial do Brasil. Minha família vem de imigrantes luteranos que, no império eram profundamente discriminados.
No Brasil havia o chamado "padroado", herança de Portugal que foi mantida após a independência. O imperador é que tinha a autoridade para nomear os párocos das paróquias e indicar o nome dos bispos para o papa, em Roma, consagrar. O estado também pagava os salários dos padres e as despesas da paróquia. O Brasil não era um estado laico e não havia liberdade religiosa.
Império nunca mais.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: Monarquia, República ou...?

#64 Mensagem por Rurst » Qua Set 30, 2020 11:17 pm

delmar escreveu: Qua Set 30, 2020 7:08 pm Uma das bases de sustentação do império brasileiro, talvez a mais importante, foi a união total com a igreja católica, Até a proclamação da república não havia o Registro Civil no Brasil. Todos dados, nascimento, casamento e óbito eram feitos na paróquia católica a qual pertenciam os requerentes. O casamento, para ter válidade, deveria ser feito somente na igreja Católica que era a religião oficial do Brasil. Minha família vem de imigrantes luteranos que, no império eram profundamente discriminados.
No Brasil havia o chamado "padroado", herança de Portugal que foi mantida após a independência. O imperador é que tinha a autoridade para nomear os párocos das paróquias e indicar o nome dos bispos para o papa, em Roma, consagrar. O estado também pagava os salários dos padres e as despesas da paróquia. O Brasil não era um estado laico e não havia liberdade religiosa.
Império nunca mais.
Ainda de acordo com o Paulo Rezzutti, a igreja não fez qualquer diferença durante o golpe, não tinha poder para tal, seja para bancar ou impedir

O Decreto 9.886 de 7 de março de 1888 assinado pela Regente Isabel, que retirou todas as prerrogativas da Igreja sobre registro de nascimentos, casamentos e óbitos.

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/de ... 66-pe.html

Sobre liberdade de culto durante a época



Vale relembrar o Decreto 9.886 de 7 de março de 1888 assinado pela Regente Isabel, que retirou todas as prerrogativas da Igreja sobre registro de nascimentos, casamentos e óbitos. A partir que entrou em vigor, os cidadãos brasileiros, estrangeiros, católicos e acatólicos, começaram a fazer registros exclusivamente em ofícios do Estado.

Na Dinamarca por exemplo, até hoje esses registros são prerrogativa da igreja estatal. Até estrangeiros e não filiados a Igreja da Dinamarca devem fazer o registro na paróquia mais próxima de sua residência. Na Suécia também era assim até o ano 2000, e na Noruega até 2017.

Acho que o Terceiro Reinado seguiria esse rumo reformista, desatando os laços com a Igreja aos poucos. Diferente dos países que possuem igrejas nacionais estatais ou até da Alemanha, que até hj tem laços com a religião, repassa verbas de imposto de renda do cidadão para a entidade religiosa ao qual ele é filiado.


Aliás, essa mesma República também perseguiu de forma assistemática os cultos brasileiros de matriz africana...

Paulo, faltou citar a Lei Saraiva, de 1881. Apesar de conhecida como a reforma que introduziu o voto direto no Brasil e excluiu os analfabetos do processo, ela também garantiu o direito de voto e de elegibilidade para alguns setores da sociedade, incluindo os não-católicos. Na época, foi considerada quase que uma separação efetiva entre o Estado e a Igreja. Em 1889, no programa de reformas do Visconde de Ouro Preto constava a liberdade de culto e o casamento civil.
delmar escreveu: Qua Set 30, 2020 7:08 pm Minha família vem de imigrantes luteranos que, no império eram profundamente discriminados.
Século XVIII, a origem da imigração se deu por causa da Imperatriz Leopoldina, interessante

Nos comentários do vídeo tem relatos sobre esse assunto, seja sobre de relatos perseguição ou acolhimento

Pelos relatos, é um problema na sociedade do que de fato pelo sistema de governo (Império / República)



Foram os próprios Imperadores Dom Pedro I e II que convidaram os Protestantes a vir ao Brasil. Dom Pedro II era a favor do Estado Laico, mas o Brasil era uma Monarquia Parlamentarista e assim como a abolição e outros temas não dependiam da vontade do Imperador e sim dos deputados mudarem a Constituição.

D. Pedro II até brigou com o papa Pio IX, porque o papa Pio IX proibiu o casamento de católicos com outros grupos religiosos, mas D. Pedro II achou isso ridículo, e não permitiu isso no Brasil / não aceitou colocar isso como lei no império

Sou professor, jornalista e ministro religioso (pastor) na Igreja Metodista. Cumprimento-os pela iniciativa de tratar desse assunto que, obviamente, vai muito além da forma de organização do Estado e o seu relacionamento com as diversas confissões religiosas. Pontuo, porém, que, sendo o assunto mais extenso do que caberia num vídeo de curta duração, que o canal oferecesse links em sua apresentação escrita para outras consultas. O que, penso, faltou ao vídeo foi demonstrar, com citações literárias, que nossos imperadores tiveram atitudes positivas e inclusivas muito acima da mesquinhez de alguns preconceituosos, de baixa ou de alta estirpe, e que a fidalguia do monarca, principalmente no 2o. Reinado, animava famílias protestantes a seguirem escolhendo o Império do Brasil como seu destino de vida e de missão. Exemplo disso, é que o medico escocês Robert Kalley, da Igreja Fluminense (Congregacional), iniciou sua Escola Dominical em Petrópolis, com participação de alguns membros da aristocracia local. E os metodistas antes disso, realizaram algo semelhante, no Rio, com participação até de escravos. A educação e a fé estavam de mãos dadas. Ademais, a alfabetização e a leitura da Bíblia eram vistas com bons olhos por D. Pedro II.
Agradeço a atenção. Desejo êxito nessa empreitada.


No livro "A Biblia no Brasil Império", de Luiz Antônio Giraldi, mostra como foram as atuações das Sociedades Biblicas britânica e americana no Brasil na segunda metade do século XIX. Apesar da resistência da Igreja Católica, essas sociedades atuaram de forma livre no Brasil, inclusive presenteando D. Pedro II com uma Biblia, e também o Imperador recebeu pessoalmente vários missionários das SSBB. Além disso, D. Pedro II chegou a autorizar a construção do templo da Igreja evangélica Fluminense, no Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX, apesar da Constituição não permitir templos além dos católicos. Já na Republica, nos anos 30 aos 60, vários missionários e igrejas evangélicas sofreram perseguição da Igreja Católica, então não se pode acusar o então governo imperial pelas eventuais perseguições que ocorreram aos protestante.

Os presbiterianos em Salvador chegaram no século XVIII. Fundaram o colégio 2 de Julho existente até hoje. Também foi fundado o cemitério inglês , já que os protestantes não poderiam ser sepultados dentro das igrejas católicas.
O candomblé não veio da África, teve influência de lá e adquiriu uma nova roupagem aqui no Brasil, uma espécie de politeísmo dos Orixás. Já a Umbanda sim é uma religião tipicamente brasileira.


Até a primeira metade do século XX era frequente o apedrejamento de igrejas evangélicas por católicos. Minha mãe, que têm 70 anos conta muito estas histórias de sua infância de igrejas que eram apedrejadas no momento do culto.

A Constituição Imperial impunha a religião católica como oficial. O Imperador Pedro Í, católico como era, consagrou a Nsa. Sra. Aparecida o Estado Brasileiro. É também O estado Brasil, tinha, pela sua constituição na época A prerrogativa de nomear clérigos. O que foi questionado por algumas correntes da Igreja. Isso só pra gente saber como era a relação do Império com a igreja.
Na década de 50 do Século XIX chegou por aqui duas missões protestantes, além claro do que nossa colega do vídeo descreve. Em 1850 Asbel Creem Simonton, Presbiteriano. É Robert Kalley, Congregacional. Ambos de correntes Calvinistas.

Os presbiterianos e congregacionais chegaram. É implementaram uma evangelização baseada na educação: alfabetizar a população. Pra ler a bíblia, o povo tinha que aprender ler. Do lado Do Estado, o Império começou um processo também lento, a longo prazo de erradicação do analfabetismo. Havia problemas religiosos sim. Não pela parte do Estado, mas assim como a sociedade era culturamente escravocrata, também era bem religioso. As perseguições que houveram eram causa dessa cultura antiprotestante gerada na população. Mas não era uma política de Estado. Até por que havia interesses comuns entre o Estado e a religião protestante. Manoel da Conceição, ex-padre, abraçou o calvinismo e se tornou presbiteriana, em meados se 1885. Por fim, embora a família Imperial tenha suas raízes no catolicismo romano, ela reconhece a importância da liberdade religiosa. Há evangélicos hj que apoiam a restauração da monarquia, e até defendem o retorno dos descendentes de Pedro II à chefia de estado. Mesmo sabendo que são catolicos. Há pessoas de cultos afrobrasileiros que apoiam a restauração da monarquia. Por entenderem que essa forma de governar está em suas raízes. Lembrando que a escravatura foi extinta no Império e não na República, aí diga-se de passagem, não fez nada pelos descendentes dos ex-escravos como o fez o Império.


Constituição Politica do Império do Brazil de 25/03/1824 - Art. 5º: A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular, em casas para isso destinadas, SEM FORMA ALGUMA EXTERIOR DO TEMPLO.

Porém, no artigo 5 da Constituição de 1824, consta "as demais religiões serão permitidas em seu culto doméstico, em casas para isso destinadas, sem nenhuma forma exterior do templo". Noutras palavras: os cultos de confissões alternativas eram praticados em casas comuns, de portas fechadas sem trancas (para permitir entrada de seguidores), mas não podia ter nenhum adorno externo que caracterizasse o templo pelo lado de fora, sob pena de demolição da fachada externa, por ser uma profanação. Era até um crime previsto no Código Criminal de 1830. Nessas casas, permitia-se, no máximo, uma plaquinha discreta que identificasse o templo no endereço, para quem quisesse encontrá-la.




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Re: Monarquia, República ou...?

#65 Mensagem por Rurst » Sex Out 02, 2020 2:09 am

A visão do D. Pedro II sobre o Federalismo na época do Império

Muito interessante







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Re: Monarquia, República ou...?

#66 Mensagem por Rurst » Dom Out 04, 2020 5:44 pm

Sobre o Laudêmio

Laudêmio era bastante comum na época, existem casos da igreja ser dona do terreno de toda cidade ou mesmo de uma pessoa particular

Isso não foi exclusivo da família imperial

Laudêmio é o valor pago pelo proprietário do domínio útil ao proprietário do domínio direto (ou pleno) sempre que se realizar uma transação do imóvel.

Nesses vídeos é explicado a origem de Petrópolis e sobre o Laudêmio na época do Império




Bourne escreveu: Ter Set 18, 2018 9:03 pm O jovem Túlio, o Jorge Caldeira sustenta algo parecido em dados e literatura recente. O Império reproduz uma estrutura autoritária baseada no antigo regime. É muito, mais muito diferente das monarquias que tinham na Europa continental do século XIX. E no Brasil o Imperador se metia em tudo. Na política regional, nomeava e derrubava autoridades das províncias, intervia no parlamento e justiça. Além de criar entraves de todos os tipos para formalização de empresas, bancos privados, investimentos privados em infraestrutura (ferrovias, por exemplo), gastos públicos regional em infraestrutura e educação.
J.Ricardo escreveu: Qui Set 20, 2018 10:42 am Quanto ao poder moderador, já teria caído em desuso a muito tempo com o amadurecimento do país e sua política.
Do jeito que que é ensinado nas escolas, parece que a gente vivia em um sistema absolutista na época

Nesse vídeo é explicado quais eram os poderes de fato do D. Pedro II no Império

Ele tinha pouco poder





Do meu ponto de vista, tudo indicava que no Reinado da Princesa Isabel as províncias teriam mais autonomia

D. Pedro II já pensava sobre isso na época do Império, o vídeo em questão aborda sobre isso



O Gabinete Ouro Preto foi o ministério formado pelo Partido Liberal em 7 de junho de 1889 e dissolvido em 15 de novembro do mesmo ano, eles estavam com reformas liberais para o Império, dentre elas

Reformar o Conselho de Estado, para constitui-lo meramente administrativo, tirando-lhe todo o caráter político.

Mas o Marechal Deodoro da Fonseca liderou o exército e derrubou o Ministério, e basicamente prendeu Ouro preto, o resto da história todo mundo conhece.

Os militares positivistas sequer deram tempo para formar o novo Gabinete, foram lá e deram o golpe.

Fonte:

https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/220525

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabinete_Ouro_Preto
Bourne escreveu: Ter Set 18, 2018 9:03 pm A República em 1889 teve condições de emergir com desgaste do Império. Aliás, o movimento forte positivista de eleger um ditador.
Ainda de acordo com o Paulo Rezzutti, a igreja não fez e nem faria qualquer diferença durante o golpe, não tinha poder para tal

A Monarquia no Brasil não acabou de podre, de ruim ou muito menos por zumbi

Foi uma minoria do exército (insubordinados + minoria positivistas) que deu fim ao Império

A marinha era leal ao Império
80% do exército era leal ao Império
20% do exército apoiava o golpe
A aprovação popular era unânime, cerca de 96%

Se D. Pedro II tivesse fugido na oportunidade que teve, ele teria apoio desses 80% do exército + marinha + apoio popular, mas ele recusou pois não queria derramar sangue (conflito), e também porque na visão dele seria covarde se fugisse
Se D. Pedro II tivesse ido para outro local, ele não teria sido capturado, e a história seria outra

Mas a história não é feita dos SE, mas do que aconteceu

Uma ala minoritária do exército deu o golpe, e por muitos fatores tiveram sucesso

Na minha opinião é a insistência de D. Pedro II e a Princesa Isabel de se recusarem a resistir, pois não queriam derramamento de sangue (conflito), e a falta de informação na época, pois eles não sabiam que o golpe era algo local e que foi realizado por uma minoria que sequer tinha apoio popular

Na visão de D. Pedro II e a Princesa Isabel, o sistema de governo não pode se manter na base do derramamento de sangue (conflito), essa é a razão dessa insistência deles de não reagirem ao golpe, mas por outro lado eles não sabiam da real dimensão do negócio (golpe), a comunicação na época não permitiu essa informação

Segundo José Murilo de Carvalho, é possível afirmar que a proclamação foi obra quase totalmente dos militares, assim como conta o jornalista Laurentino Gomes em seu livro 1889.
"Só poucos dias antes do golpe é que líderes civis foram envolvidos", explica Murilo. Para o professor Marcos Napolitano


Conforme a atual liderança do exército que era leal ao Império iam falecendo, os novos oficias positivistas iam assumindo

A nova base das forcas armadas eram graduados na guerra do Paraguai e muito mais afeita as ideias positivistas gestadas na Escola Militar da Praia Vermelha. Daí que surgiu a República

Alunos ou oficiais recém-formados pela Escola Militar da Praia Vermelha foram os elementos dinâmicos na radicalização do Clube Militar (fundado em 1887) e na atração de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, professor de matemática da escola e vicepresidente do clube, para a liderança da conspiração republicana. Foi para Benjamin Constant que essa “mocidade militar”, na expressão da época, ofereceu, poucos dias antes da proclamação da República, um conjunto de “pactos de sangue” – nome pelo qual ficaram conhecidos abaixo-assinados que hipotecavam a seu líder solidariedade incondicional até a morte, no enfrentamento com o governo imperial. Associados a um pequeno grupo de oficiais superiores liderados pelo general Deodoro da Fonseca, eles foram bem-sucedidos no golpe de Estado de 15 de novembro de 1889, que instaurou a República no Brasil.

Nos 15 anos seguintes, a Escola Militar da Praia Vermelha tornou-se um bastião de defesa dos ideais republicanos no interior do Exército, apoiando as posições políticas de Benjamin Constant, nomeado primeiro ministro da Guerra da República e, após a morte deste, o governo de Floriano Peixoto.
Com a morte de Floriano em 1895, uma parte do que fora a “mocidade militar” do final do Império ligou-se ao jacobinismo. A Escola Militar da Praia Vermelha revoltou-se em março de 1895, em maio de 1897 e, por fim, em 14 de novembro de 1904, durante a Revolta da Vacina. Esta teve como líderes militares os ex-alunos “científicos” da escola Lauro Sodré e Barbosa Lima, que pregavam o retorno à República ideal com a qual os conspiradores de 1889 haviam sonhado. Com a derrota da Revolta da Vacina, os alunos, que em sua quase totalidade aderiram à tentativa de golpe de Estado contra o presidente Rodrigues Alves (1902-1906), foram presos e expulsos do Exército, e a Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada.


Fonte:

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/ESCOLA%20MILITAR%20DA%20PRAIA%20VERMELHA.pdf

O artigo aborda a primeira etapa do processo de formação profissional de oficiais do Exército Brasileiro que iniciaram suas carreiras no decorrer da década de 1920. Abordando fundamentalmente a Escola Militar do Realengo, instituição que pretendia formar oficiais 'apolíticos', investiga-se, a partir de depoimentos e relatos biográficos, aspectos organizacionais e experiências que teriam marcado mais profundamente as primeiras articulações entre a formação profissional e as inclinações para agir politicamente dessa geração. Constata-se que a Escola constituía um espaço politizado no qual os alunos cultivavam disposições para ação política em nome de uma 'tradição' oriunda da Escola Militar da Praia Vermelha e de uma missão regeneradora do país.

Da mesma forma, Werneck Sodré aponta, em suas memórias, a continuidade de um 'espírito científico' descolado do emprego militar no Realengo do início dos anos 1930 (Motta, 1976, p.312; Sodré, 1986, p.88). Em suas memórias, José Campos Aragão comenta que o positivismo ainda se fazia sentir tanto entre alguns professores quanto entre os alunos no Realengo. Segundo o memorialista, as aulas de geometria do primeiro ano magnetizavam os alunos com suas citações de Augusto Comte, fazendo-os incorporar ao seu vocabulário chavões da filosofia positivista.

A continuidade de referências ao positivismo, ao florianismo e a Benjamin Constant entre os cadetes operava como um vetor do desejo de intervenção política dessa geração. Associando a criação da República ao Exército e 'o descalabro que por aí vai' aos 'políticos profissionais', essa geração reativava a memória do ativismo político de seus predecessores da Praia Vermelha e construía uma autoimagem na qual posavam como moralmente superiores às oligarquias que governavam o país e que, como tais, eram a 'sentinela do regime republicano'.
Nenhum dos depoentes e memorialistas declarou-se positivista e, no período aqui abordado, o comtismo era declinante. Todavia, partes do discurso positivista ainda se faziam presentes no Realengo, e o seu emprego instrumental e mesclado com outros elementos contemporâneos fazia sentido quando cadetes e jovens oficiais começavam a produzir representações a respeito do papel político que eles deveriam ocupar enquanto militares.


Fonte:

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882012000100013




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Re: Monarquia, República ou...?

#67 Mensagem por Rurst » Qua Out 21, 2020 8:22 am

Fato interessante:

A República concedeu para Dom Pedro II cinco mil contos de réis, (Dom Pedro II e a família imperial foram expulsos na calada da noite para não ter revoltas, as pressas e escondidos em um Navio) no Navio Dom Pedro II fica sabendo disso, ele recusa pois na visão dele não faria sentindo algum receber esse dinheiro, ele entendia que não estava mais trabalhando para o Brasil então porque vai receber esse valor, e ele critica a República e pergunta quem são eles para pegar o dinheiro público e dar para ele dessa maneira.

Quando os Republicanos ficam sabendo dessa recusa de Dom Pedro II, eles lançam um decreto banindo Dom Pedro II e a família imperial do Brasil, e todos seus bens e imóveis no Brasil vão acabar em 2 anos.

A Lei do Banimento foi um decreto do governo provisório que baniu a família imperial do Brasil.[1] Inicialmente, foi editado o decreto nº 2, de 16 de novembro de 1889, no qual o governo provisório concedia à família imperial, de uma vez, a quantia de cinco mil contos de réis, para prover a decência da família imperial e para que o ex-imperador se instalasse no estrangeiro.[2] Dom Pedro II rejeitou os cinco mil contos de réis, o que contrariou o governo provisório, que estabeleceu então o decreto nº 78-A, de 21 de dezembro de 1889, revogando o decreto anterior e banindo Dom Pedro II e a família imperial do território brasileiro, proibindo Dom Pedro II e a família imperial de possuir imóveis no Brasil e estabelecendo o prazo de dois anos para que os imóveis que possuíssem fossem liquidados, extinguindo as dotações de D. Pedro II e da família imperial a partir do dia 15 daquele mês.[1]

https://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9is

No livro 1808, Laurentino Gomes faz uma conversão de réis em Real, baseando-se em outros autores [carece de fontes] que se empenharam para torná-la o mais próxima do valor atual, levando em consideração os valores da inflação. Cabe lembrar que a conversão, mesmo próxima, não é exata. O valor aproximado é o seguinte:

900 Contos de Réis - R$ 110.700.000,00

Portanto, 5000 conto de Réis seria equivalente a mais de R$ 500.000.000,00, vulgo mais de meio bilhão de reais ou mais de 500 milhões de reais.

Dom Pedro II morreu pobre, endividado e vivendo de favores.

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstre ... sAllowed=y

Em novembro de 1889, por um acidente, aconteceu a República. Os clubes republicanos, àquele tempo, estavam mergulhados na frustração por não ter encontrado eco na opinião pública sua pregação para a mudança do regime. As últimas eleições para o Parlamento do Império mostraram o inexpressivo desempenho da idéia republicana. Elegeram-se poucos representantes, sem qualquer peso no Legislativo. O debate da República não figurava na pauta política.

No Exército, a situação era diferente. Ele não era republicano, mas alguns oficiais, discípulos de Benjamim Constant, formador, pela cátedra que exercia na Escola Militar, de muitos militares, detinham pequenos nichos republicanos, muito bem colocados, principalmente na guarnição da Corte, e ativos mais pelo ressentimento do Exército contra o tratamento que a Monarquia lhes dispensava do que pelas idéias.

A República, para estes, era a libertação do Exército da tutela dos gabinetes, tidos e havidos como inimigos da corporação, à qual perseguiam, discriminavam e humilhavam. Os militares julgavam-se dignos do respeito nacional pela sua atuação na defesa da unidade nacional, na guerra do Paraguai, na sustentação da ordem.

Esse ressentimento e essa revolta tornaram-se mais consistentes depois que eles conheceram o gosto da popularidade com a sua participação na Abolição. Some-se a este estado de espírito a chamada Questão Militar não resolvida, fermentando a elite dos quartéis




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Re: Monarquia, República ou...?

#68 Mensagem por Marcelo Ponciano » Sex Out 23, 2020 7:55 pm

Dom Pedro II tinha muitos defeitos. Ter procrastinado até onde pôde o fim da escravidão foi um deles. Outro defeito foi não ter se instruído melhor em assuntos militares, como era bem instruído Dom Pedro I. A República nunca teria acontecido caso Dom Pedro II tivesse 20% da capacidade de liderança militar do seu pai.

Mas, entre os defeitos de Dom Pedro II, não me consta a falta de honestidade com a coisa pública. Ter negado essa pensão é um exemplo disso.




Tudo estaria perdido se o mesmo homem, ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar. (MONTESQUIEU. O Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI)
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Re: Monarquia, República ou...?

#69 Mensagem por Rurst » Sáb Out 24, 2020 3:28 pm

Marcelo Ponciano escreveu: Sex Out 23, 2020 7:55 pm Dom Pedro II tinha muitos defeitos. Ter procrastinado até onde pôde o fim da escravidão foi um deles.
Dom Pedro II e Princesa Isabel nunca procrastinaram em relação a isso.

Todo ano no discurso do parlamento, Dom Pedro II pressionava os parlamentares e senadores para o fim da escravidão, isso ao longo de décadas e décadas.
Princesa Isabel acolhia os escravos que tinha fugido das fazendas no próprio palácio imperial, ela mesmo a alimentava e cuidava deles, além de arrecadar dinheiro para comprar a liberdade dos escravos.
E etc.

Simplesmente a gente não vivia em um sistema absolutista.

Por exemplo:

Os escravos da Casa Imperial, eram escravos de propriedade do ESTADO, Dom Pedro II só conseguiu convencer o parlamento a libertar esses escravos através de uma lei, ao longo de 20 anos de insistência.
Como os escravos eram propriedades do ESTADO, Dom Pedro II não tinha poder para libertar eles.
Duas décadas foram necessárias para convencer a sociedade (parlamento / congresso nacional) a libertar esses escravos que eram propriedades do ESTADO.

A realidade nua e crua é o seguinte:

A sociedade brasileira era escravocrata.
A sociedade brasileira viam os escravos como propriedade privada.
A sociedade brasileira vivia nesse sistema escravocrata ao longo de 300 anos (3 séculos).
A sociedade brasileira demorou muito para aceitar o fim da escravidão.
Foram décadas para mudar a mentalidade dessa sociedade brasileira escravocrata.

Sem a pressão de Dom Pedro II e a Princesa Isabel, a escravidão teria durado muito mais tempo.

Na época que foi abolida a escravidão, os fazendeiros já tinha aceitado o fim dela, porém ainda queriam que o governo indenizasse a perda de desses escravos, pois viam neles como propriedade privada.

Na visão de Dom Pedro II e a Princesa Isabel isso era um absurdo, além do próprio trabalho dos escravos terem rendidos lucros enormes a esses fazendeiros (ou seja, não teriam prejuízo algum com o fim da escravidão), a sociedade brasileira precisaria trabalhar durante muito tempo (anos ou década) para pagar essa indenização a esses fazendeiros.

O apoio dos fazendeiros para os Republicanos era referente a isso, acreditando que na República eles receberiam essa indenização, que no fim não receberam nada também.

O historiador Rezzutti faz até uma comparação para contextualizar aquela época:

Da mesma forma que qualquer presidente fosse eleito hoje não acabaria com a fome no país, o mesmo valeria para a escravidão naquele tempo.

O governo central tinha muito medo de acabar com a escravidão do dia para a noite na base da força e acontecer uma guerra civil (igual nos Estados Unidos), então a escravidão foi planejada para acabar de forma gradual para evitar uma guerra interna.
Marcelo Ponciano escreveu: Sex Out 23, 2020 7:55 pm Outro defeito foi não ter se instruído melhor em assuntos militares, como era bem instruído Dom Pedro I. A República nunca teria acontecido caso Dom Pedro II tivesse 20% da capacidade de liderança militar do seu pai.

Mas, entre os defeitos de Dom Pedro II, não me consta a falta de honestidade com a coisa pública. Ter negado essa pensão é um exemplo disso.
Nem tem como culpar Dom Pedro II

Cresceu sem a figura materna (a mãe morreu)
Cresceu sem a figura paterna (o pai foi embora, porém mandou várias cartas ao Dom Pedro II ensinando como governar, dando conselhos e etc.)

De acordo com o historiador Paulo Rezzutti, Dom Pedro II recorria as cartas do pai dele ao longo de toda a vida, até em momentos de crise, além do que, Dom Pedro II sempre foi atrás desse pai que nunca conheceu para saber mais dele.

Se Dom Pedro II tivesse crescido com a figura paterna, talvez a República não teria acontecido.

Mas ao tempo a educação que ele (Dom Pedro II) recebeu dos tutores, permitiu que ele mantivesse o Império unido.




Editado pela última vez por Rurst em Dom Nov 15, 2020 8:46 pm, em um total de 2 vezes.
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Re: Monarquia, República ou...?

#70 Mensagem por Rurst » Dom Nov 15, 2020 7:39 pm

A verdadeira História da República no Brasil, que jamais será ensinada às novas gerações

http://www.tribunadainternet.com.br/a-v ... /#comments

Celso Serra
A proclamação da República precisa ser ensinada às novas gerações de uma forma veraz, sem romantismos e ficções históricas. O personagem principal foi D. Pedro II. Diabético, com 64 anos de idade, naquele tempo era um idoso que sobressaía como um perfeito democrata. Lutava contra a escravidão e mantinha a iimprensa era totalmente livre, inclusive para escrever contra ele e a monarquia.

Um erudito, falava 23 idiomas e escrevia em português, latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito, chinês, provençal e tupi.

Grande incentivador do conhecimento, da cultura e das ciências. Respeitado e admirado por estudiosos como Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo, Friedrich Nietzsche, Louis Pasteur, Camilo Castelo Branco e outros. Nenhum chefe de Estado no Brasil possuiu a metade da cultura de D. Pedro II.

MARECHAL E VISCONDE – O segundo personagem foi Deodoro da Fonseca, que em 1989 tinha 62 anos. Militar de carreira e combate. Herói da Guerra do Paraguai. Ainda possuía grande poder de comando no Exército brasileiro. Idoso, doente, por vezes, sem condições plenas de raciocínio.

Outro personagem de destaque foi o visconde de Ouro Preto, que em 1989 tinha 53 anos. Professor de Direito, deputado e senador por Minas Gerais, ministro da Marinha e da Fazenda. Presidia o Conselho de Ministros do Império. Pessoa de precário humor, vivia em constante conflito com o Exército brasileiro.
Os demais personagens formavam um pequeno grupo de golpistas republicanos autodidatas, com intensa atuação dos militares, o tenente-coronel Benjamin Constant, o major Solon Ribeiro, o tenente Mena Barreto e alguns civis, dentre estes, os jornalistas Aristides Lobo, Quintino Bocaiuva e o jornalista e advogado Ruy Barbosa.

DEODORO ERA MONARQUISTA – Os republicanos tinham muita mobilidade e conversa, mas nenhum poder de comando. Por isso, tentavam envolver Deodoro da Fonseca , que se recusava a participar de qualquer ato objetivando a deposição de D. Pedro II e o máximo que toleraria seria a substituição do primeiro-ministro Ouro Preto.
E o povo estava satisfeito com o Império, o imperador e sua família. Não queria a mudança de regime. Prova disso é que na eleição de 1884, ganharam mandatos na Câmara dos Deputados apenas três republicanos. Na seguinte, apenas um foi eleito. E na eleição realizada três meses antes do golpe, em agosto de 1889, o Partido Republicano só elegeu dois deputados (1,6% do total, menos de 2%).

A OPÇÃO PELO GOLPE – Esses resultados eleitorais fizeram os teóricos republicanos crer que jamais chegariam ao poder pelo voto do povo. Optaram pelo golpe militar. E estavam dispostos a “fazer o diabo”. Todo e qualquer ato, por mais imoral que fosse, seria consumado para atingir o objetivo.

Os neófitos republicanos passaram a ação com torrencial sucessão de mentiras propagadas verbalmente e por meio da imprensa. Hoje, na nossa república, as mentiras seriam chamadas pelo anglicismo “fake news” e poderiam até ser apuradas em processo no STF.

ATÉ RUY MENTIU – Cumprindo sua parte no golpe, Rui Barbosa no dia 9 de novembro de 1989 publica no “Diário de Notícias” artigo intitulado “Plano Contra a Pátria”, no qual insinuava que o governo estava prestes a dissolver o Exército. Era mentira.

No mesmo dia, dando sequência a notícia falsa plantada por Ruy Barbosa, o tenente-cooronel Benjamin Constant realiza, sob sua presidência, uma reunião no Clube Militar, para falar “dos maus intuitos de Ouro Preto com relação ao Exército”. A reunião foi um verdadeiro teatro de patranhas e discursos agressivos.

Dois dias depois, 11 de novembo, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Rui Barbosa e Quintino Bocaiuva vão à casa de Deodoro da Fonseca, que se encontrava adoentado, para tentar envolvê-lo no golpe. Repetem nos ouvidos do marechal a mentira da “intenção” de Ouro Preto de extinguir o Exército. Dizem que os oficiais querem fazer a revolução, mas falta o comandante. Deodoro se recusa a tomar atitude contra D. Pedro II. O grupo de golpistas republicanos sai da reunião desapontado mas continua a agir, a contagiar mais militares.

MAIS FAKE NEWS – Três dias depois, dia 14, as tropas sediadas no bairro de São Cristóvão já estão sob tensão. Benjamin Constant agita o Clube Militar e o Clube Naval. Chega a hora de alastrar as mentiras. Cada golpista tem que cumprir sua parte. Todos.

Nesse mesmo dia, parte da tarde, o major Solon Ribeiro atua na trama: invade as redações dos jornais trombeteando a notícia falsa de ter sido decretada a prisão de Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant.
De noite essa notícia falsa chega ao conhecimento do visconde de Ouro Preto, que convoca os membros do gabinete para uma reunião de emergência no prédio do Ministério da Guerra, vizinho ao campo de Santana, onde já havia tropas e alguns canhões. Sentindo a gravidade da situação Ouro Preto telegrafa ao imperador pedindo sua presença no Rio de Janeiro.

FALTAVA O COMANDANTE – Os golpistas ainda não tinham um comandante de prestígio para forçar a demissão de Ouro Preto. Já tinham tentado Deodoro da Fonseca, sem êxito. Inclusive, em uma das vezes que foram incomodar o marechal adoentado, tinham sido expulsos da casa pela esposa dele, “armada” com uma vassoura.

Os golpistas propagadores das patranhas então resolvem ir, mais uma vez, à casa de Deodoro. O marechal está com forte crise respiratória e febre alta. Mentem para Deodoro que era iminente a dissolução do Exército por Ouro Preto. O marechal, enfermo e sem perfeitas condições de raciocínio, acredita na mentira.

Deodoro, cambaleante, veste a farda, mas não consegue montar no cavalo. É colocado em uma carruagem, levado para junto dos demais rebelados, assume o comando e dirige a tropa para o prédio do Comando Militar. A tropa é posicionada em frente ao prédio.

UM DOENTE A CAVALO – O marechal doente e febril é colocado em cima de um cavalo baio (dócil) e ele, à frente da tropa, ruma lentamente para o prédio do Comando Militar e exige que abram os portões. Oficiais e praças gritam “Viva Deodoro, viva Deodoro!”. Deodoro tira o quepe, agita-o e, com esforço, grita: “Viva o imperador, viva o imperador, viva o imperador!”.

Deodoro entra no prédio e vai ao local onde está o ministério reunido. De pé e ardendo em febre discute asperamente com Ouro Preto, depõe todo o ministério, dá voz de prisão a Ouro Preto e ao ministro da Justiça, Cândido de Oliveira. E diz que nomes serão levados ao imperador para a formação de um novo ministério. Era o fim apenas do Gabinete Ouro Preto.

Junto com Deodoro estavam Quintino Bocaiúva, Benjamin Constant, Aristides Lobo e outros gatos pingados teóricos republicanos. Benjamin Constant, oportunista, ciente de que o imperador não se encontrava no Rio de Janeiro, sente que é o momento de tentar o golpe contra o regime para implantar a República.

FAKE NEWS DE PATROCÍNIO – Na sala, mentiras inundam os ouvidos do enfermo Deodoro naqueles minutos em que se decidia o futuro do Brasil. José do Patrocínio penetra na sala e diz que o povo, representado por enorme número de pessoas, estava lá fora, cercando o prédio e exigindo a proclamação da República. Patranha deslavada, intencional e consciente. Não havia ninguém nas ruas. Era alta madrugada. As ruas estavam desertas. O povo dormia e nada sabia do que estava acontecendo.

Benjamin Constant tenta convencer Deodoro a dar o golpe republicano. Embora febril e sem condições de raciocínio, Deodoro diz que não tomaria essa atitude. Benjamin resolve então plantar outra notícia falsa nos ouvidos do marechal, dessa vez, atingindo seu amor próprio como homem, a de que Silveira Martins seria nomeado primeiro-ministro pelo imperador.

POR CAUSA DA BARONESA – Silveira Martins era figadal inimigo de Deodoro e essa mentira foi pregada para atingir, além do lado militar do marechal também seu lado afetivo, pois Benjamin Constant sabia que Silveira Marins e Deodoro eram inimigos por haverem disputado, no Rio Grande do Sul, os afetos de uma mulher, Maria Adelaide Meirelles, a baronesa de Triunfo. E Deodoro sido derrotado nessa batalha amorosa. Benjamin conseguiu abalar Deodoro.

A precária situação de saúde do marechal, atormentado pela febre, foi dolosamente aproveitada pelos golpistas republicanos que o cercavam e que repetiam as palavras de Benjamin Constant nos seus ouvidos:
“Marechal, se a República for proclamada, terá que ser governada por um ditador. E esse ditador é o senhor.” Deodoro não percebeu que a proposta dos golpistas era substituir um imperador democrata por um ditador.

INUSITADA PROCLAMAÇÃO – Já era alta madrugada do dia 15. Exausto pela enxurrada de fake news a que fora submetido – inclusive a patranha de José do Patrocínio do “povo nas ruas” apoiando a proclamação da República quando as ruas estavam desertas, Deodoro admitiu a República e foi para casa dormir. Dizem que ao acordar, Deodoro caiu na realidade e tentou voltar atrás. Foi convencido por Benjamin Constant de que seu ato era irrevogável.

José do Patrocínio foi correndo festejar a extinção da monarquia em reunião do Conselho Municipal do Rio de Janeiro. Estranha essa faceta do caráter de José do Patrocínio pois menos de dois anos atrás, em 13 de maio de 1888, havia se ajoelhado e beijado a mão da princesa Isabel após a assinatura da Lei Áurea, que extinguia a escravidão no Brasil. Agora, agia para expulsar imediatamente do Brasil a princesa Isabel, a quem tinha beijado a mão e toda a sua família.

O POVO – No mesmo dia, mais tarde, foi colocada uma banda de música e tocando e passeando pelo centro da cidade. O povo nada entendia, mas estava montado o circo. Aristides Lobo assim registrou o momento:
“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”. Para evitar uma revolta, a população – que apoiava a monarquia e o imperador – foi colocada à margem do que acontecia; só tomou conhecimento dos fatos após consumados, com a família imperial já colocada em um navio e levada para alto mar, rumo a Europa.

DECRETO FAKE NEWS – No primeiro ato do novo regime – Decreto nº 1 de 15 de novembro de 1889 – estava escrito que a República tinha sido proclamada provisoriamente e que se aguardaria “o pronunciamento definitivo da Nação, livremente expressado pelo sufrágio popular”, ou seja que seria realizado um plebiscito em curto espaço de tempo. Era mentira.
O plebiscito só seria realizado quatro gerações mais tarde, após decorridos 104 anos, em 1993, quando não haviam mais sobreviventes do regime monárquico no Brasil.

Os fatos mostram que as colunas de sustentação da república no Brasil não foram a liberdade, a igualdade e a fraternidade e, sim, a mentira, o golpismo e a traição ao regime monárquico constitucional e ao Chefe de Estado mais culto, democrático e honesto que o país já teve. Por isso, não havia o menor risco de dar certo.

LONGE DO POVO – Aos trancos e barrancos, chegamos aos 131 anos de suposto regime republicano, com uma capital construída com recursos suspeitos e até hoje não apurados, longe do povo, na qual – segundo a mídia – os Poderes apodreceram e predomina a corrupção com a garantia de impunidade para os maiores, mais eficientes e bem relacionados ladrões do dinheiro público. “Evoluímos” de um chefe de Estado honesto que falava 23 idiomas para chefes de Estado desonestos que nem o português falam corretamente.

E assim vai navegando a piroga tabajara, com seu casco avariado e fazendo água …




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Re: Monarquia, República ou...?

#71 Mensagem por Rurst » Seg Nov 16, 2020 11:20 am







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Re: Monarquia, República ou...?

#72 Mensagem por Rurst » Ter Nov 24, 2020 6:18 pm

Vídeo explicativo de como era a imprensa na época do Império do Brasil



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Re: Monarquia, República ou...?

#73 Mensagem por Rurst » Seg Mai 03, 2021 1:34 pm

A origem histórica de alguns problemas atuais

Matéria completa no link:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/202 ... icos.shtml

Há uma questão de fundo colocada: desde o golpe que instaurou a República, em 1889, os militares são personagens centrais de momentos de inflexão da vida política no Brasil.

“Na configuração das Forças Armadas, subjaz um papel político.

Eles acabaram com o Império (1889),
houve o tenentismo,
a derrubada de Getúlio Vargas,
as crises militares dos anos JK,
1964”
,

afirma Vinicius Mariano de Carvalho, diretor do Brazil Institute do King's College de Londres.




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Re: Monarquia, República ou...?

#74 Mensagem por NaScImEnTToBR » Qua Jun 02, 2021 9:29 pm

Rurst escreveu: Dom Out 04, 2020 5:44 pm Sobre o Laudêmio

Laudêmio era bastante comum na época, existem casos da igreja ser dona do terreno de toda cidade ou mesmo de uma pessoa particular

Isso não foi exclusivo da família imperial

Laudêmio é o valor pago pelo proprietário do domínio útil ao proprietário do domínio direto (ou pleno) sempre que se realizar uma transação do imóvel.

Nesses vídeos é explicado a origem de Petrópolis e sobre o Laudêmio na época do Império




Bourne escreveu: Ter Set 18, 2018 9:03 pm O jovem Túlio, o Jorge Caldeira sustenta algo parecido em dados e literatura recente. O Império reproduz uma estrutura autoritária baseada no antigo regime. É muito, mais muito diferente das monarquias que tinham na Europa continental do século XIX. E no Brasil o Imperador se metia em tudo. Na política regional, nomeava e derrubava autoridades das províncias, intervia no parlamento e justiça. Além de criar entraves de todos os tipos para formalização de empresas, bancos privados, investimentos privados em infraestrutura (ferrovias, por exemplo), gastos públicos regional em infraestrutura e educação.
J.Ricardo escreveu: Qui Set 20, 2018 10:42 am Quanto ao poder moderador, já teria caído em desuso a muito tempo com o amadurecimento do país e sua política.
Do jeito que que é ensinado nas escolas, parece que a gente vivia em um sistema absolutista na época

Nesse vídeo é explicado quais eram os poderes de fato do D. Pedro II no Império

Ele tinha pouco poder





Do meu ponto de vista, tudo indicava que no Reinado da Princesa Isabel as províncias teriam mais autonomia

D. Pedro II já pensava sobre isso na época do Império, o vídeo em questão aborda sobre isso



O Gabinete Ouro Preto foi o ministério formado pelo Partido Liberal em 7 de junho de 1889 e dissolvido em 15 de novembro do mesmo ano, eles estavam com reformas liberais para o Império, dentre elas

Reformar o Conselho de Estado, para constitui-lo meramente administrativo, tirando-lhe todo o caráter político.

Mas o Marechal Deodoro da Fonseca liderou o exército e derrubou o Ministério, e basicamente prendeu Ouro preto, o resto da história todo mundo conhece.

Os militares positivistas sequer deram tempo para formar o novo Gabinete, foram lá e deram o golpe.

Fonte:

https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/220525

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabinete_Ouro_Preto
Bourne escreveu: Ter Set 18, 2018 9:03 pm A República em 1889 teve condições de emergir com desgaste do Império. Aliás, o movimento forte positivista de eleger um ditador.
Ainda de acordo com o Paulo Rezzutti, a igreja não fez e nem faria qualquer diferença durante o golpe, não tinha poder para tal

A Monarquia no Brasil não acabou de podre, de ruim ou muito menos por zumbi

Foi uma minoria do exército (insubordinados + minoria positivistas) que deu fim ao Império

A marinha era leal ao Império
80% do exército era leal ao Império
20% do exército apoiava o golpe
A aprovação popular era unânime, cerca de 96%

Se D. Pedro II tivesse fugido na oportunidade que teve, ele teria apoio desses 80% do exército + marinha + apoio popular, mas ele recusou pois não queria derramar sangue (conflito), e também porque na visão dele seria covarde se fugisse
Se D. Pedro II tivesse ido para outro local, ele não teria sido capturado, e a história seria outra

Mas a história não é feita dos SE, mas do que aconteceu

Uma ala minoritária do exército deu o golpe, e por muitos fatores tiveram sucesso

Na minha opinião é a insistência de D. Pedro II e a Princesa Isabel de se recusarem a resistir, pois não queriam derramamento de sangue (conflito), e a falta de informação na época, pois eles não sabiam que o golpe era algo local e que foi realizado por uma minoria que sequer tinha apoio popular

Na visão de D. Pedro II e a Princesa Isabel, o sistema de governo não pode se manter na base do derramamento de sangue (conflito), essa é a razão dessa insistência deles de não reagirem ao golpe, mas por outro lado eles não sabiam da real dimensão do negócio (golpe), a comunicação na época não permitiu essa informação

Segundo José Murilo de Carvalho, é possível afirmar que a proclamação foi obra quase totalmente dos militares, assim como conta o jornalista Laurentino Gomes em seu livro 1889.
"Só poucos dias antes do golpe é que líderes civis foram envolvidos", explica Murilo. Para o professor Marcos Napolitano


Conforme a atual liderança do exército que era leal ao Império iam falecendo, os novos oficias positivistas iam assumindo

A nova base das forcas armadas eram graduados na guerra do Paraguai e muito mais afeita as ideias positivistas gestadas na Escola Militar da Praia Vermelha. Daí que surgiu a República

Alunos ou oficiais recém-formados pela Escola Militar da Praia Vermelha foram os elementos dinâmicos na radicalização do Clube Militar (fundado em 1887) e na atração de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, professor de matemática da escola e vicepresidente do clube, para a liderança da conspiração republicana. Foi para Benjamin Constant que essa “mocidade militar”, na expressão da época, ofereceu, poucos dias antes da proclamação da República, um conjunto de “pactos de sangue” – nome pelo qual ficaram conhecidos abaixo-assinados que hipotecavam a seu líder solidariedade incondicional até a morte, no enfrentamento com o governo imperial. Associados a um pequeno grupo de oficiais superiores liderados pelo general Deodoro da Fonseca, eles foram bem-sucedidos no golpe de Estado de 15 de novembro de 1889, que instaurou a República no Brasil.

Nos 15 anos seguintes, a Escola Militar da Praia Vermelha tornou-se um bastião de defesa dos ideais republicanos no interior do Exército, apoiando as posições políticas de Benjamin Constant, nomeado primeiro ministro da Guerra da República e, após a morte deste, o governo de Floriano Peixoto.
Com a morte de Floriano em 1895, uma parte do que fora a “mocidade militar” do final do Império ligou-se ao jacobinismo. A Escola Militar da Praia Vermelha revoltou-se em março de 1895, em maio de 1897 e, por fim, em 14 de novembro de 1904, durante a Revolta da Vacina. Esta teve como líderes militares os ex-alunos “científicos” da escola Lauro Sodré e Barbosa Lima, que pregavam o retorno à República ideal com a qual os conspiradores de 1889 haviam sonhado. Com a derrota da Revolta da Vacina, os alunos, que em sua quase totalidade aderiram à tentativa de golpe de Estado contra o presidente Rodrigues Alves (1902-1906), foram presos e expulsos do Exército, e a Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada.


Fonte:

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/ESCOLA%20MILITAR%20DA%20PRAIA%20VERMELHA.pdf

O artigo aborda a primeira etapa do processo de formação profissional de oficiais do Exército Brasileiro que iniciaram suas carreiras no decorrer da década de 1920. Abordando fundamentalmente a Escola Militar do Realengo, instituição que pretendia formar oficiais 'apolíticos', investiga-se, a partir de depoimentos e relatos biográficos, aspectos organizacionais e experiências que teriam marcado mais profundamente as primeiras articulações entre a formação profissional e as inclinações para agir politicamente dessa geração. Constata-se que a Escola constituía um espaço politizado no qual os alunos cultivavam disposições para ação política em nome de uma 'tradição' oriunda da Escola Militar da Praia Vermelha e de uma missão regeneradora do país.

Da mesma forma, Werneck Sodré aponta, em suas memórias, a continuidade de um 'espírito científico' descolado do emprego militar no Realengo do início dos anos 1930 (Motta, 1976, p.312; Sodré, 1986, p.88). Em suas memórias, José Campos Aragão comenta que o positivismo ainda se fazia sentir tanto entre alguns professores quanto entre os alunos no Realengo. Segundo o memorialista, as aulas de geometria do primeiro ano magnetizavam os alunos com suas citações de Augusto Comte, fazendo-os incorporar ao seu vocabulário chavões da filosofia positivista.

A continuidade de referências ao positivismo, ao florianismo e a Benjamin Constant entre os cadetes operava como um vetor do desejo de intervenção política dessa geração. Associando a criação da República ao Exército e 'o descalabro que por aí vai' aos 'políticos profissionais', essa geração reativava a memória do ativismo político de seus predecessores da Praia Vermelha e construía uma autoimagem na qual posavam como moralmente superiores às oligarquias que governavam o país e que, como tais, eram a 'sentinela do regime republicano'.
Nenhum dos depoentes e memorialistas declarou-se positivista e, no período aqui abordado, o comtismo era declinante. Todavia, partes do discurso positivista ainda se faziam presentes no Realengo, e o seu emprego instrumental e mesclado com outros elementos contemporâneos fazia sentido quando cadetes e jovens oficiais começavam a produzir representações a respeito do papel político que eles deveriam ocupar enquanto militares.


Fonte:

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882012000100013
Triste verdade senhor.

No Império a Marinha era vista como um instrumento necessário para a manutenção da integridade do Brasil e para dar voz ao País no exterior, essa visão se perdeu um tempo depois da proclamação da república, principalmente pela Revolta da Armada de 1893, que vai marcar a marinha como uma instituição não confiável e ainda vai dividir a marinha internamente por muito tempo. Depois do golpe que tirou o governante legítimo do poder ,tudo só piorou.
Ainda tem alguns que afirmam que a monarquia ''não mudava'' ou era ''anacrônica''
Resposta: Como a monarquia não mudava? O que vimos no decorrer dos quase 70 anos de Império foi reformas e mais reformas, tentamos a descentralização (1832 a 1840) e não deu certo, fomos pela centralização, tivemos 3 grandes reformas eleitorais nas décadas de 1840, 1850 e 1880, em 1881 o Brasil tinha uma participação eleitoral de 13% da população, só para comparação, na Inglaterra esse valor era de 7% e de 2% na Itália, ficávamos atrás dos Estados Unidos com uma participação de 18% da população nas eleições, essa qualidade eleitoral do final do Império só seria alcançada pela republica a partir de 1945, no final do Império o Brasil ja caminhava para o federalismo de forma orgânica, exemplo disso foi a liberdade que o estado do Ceara e do Amazonas tiveram para abolir a escravidão 5 anos antes do resto do país, na década de 1880 o país da inicio (de forma tardia) a industrialização, além disso, tivemos importantes mudanças no meio social, abolição da escravidão, surgimento da identidade nacional, etc.. realmente não consigo ver o Brasil Império como um país que não mudava, parado no tempo, como a historia “oficial” gosta de pintar.
A sociedade estava mudando e um novo cenário estava surgindo no Brasil, mas a estrutura que sustentava a Monarquia não mudou, o que levou que ela fosse ficando cada vez mais frágil, os últimos presidentes de conselho de ministros perceberam isso e buscaram formas de salvar a Monarquia. A própria constituição de 1824 já não refletia a realidade do próprio governo, ela precisava de uma revisão(o curioso é que D. Pedro I já havia imaginado isso e criou formas de permitir essas revisões se a situação pedi-se, como ocorreu com os atos adicionais e interpretativos durante a regência).
Lê-se o comentário dos republicanos e a impressão q fiquei foi q D. Pedro II mandava e desmandava no Brasil! Eu não sei se eles leram a constituição imperial, mas lá esta muito claro q o único poder q o imperador possuía era o 4 poder (moderador): dissolver o parlamento ou demitir o primeiro-ministro (presidente do conselho de ministros) e convocar novas eleições em seguida, e após ele ser coroado como imperador e se passar alguns anos, acho q 5 ou 7 anos, a primeira medida foi uma reforma na constituição onde ele tirou poder dele próprio (quem diria hein!) onde se criava uma especie de parlamento britânico só q com um viés a lá abrasileirado do tal parlamentarismo as avessas ou parlamentarismo de ponta cabeça (tremenda aberração, um dos pontos q eu acredito q tenha pesado no golpe de 15 de novembro de 1889). Mas esse negocio da monarquia não mudar ou não acompanhar o progresso, seja lá em q área for, não tem muito fundamento. As mudanças ou o progresso vieram através do parlamento, políticos, como em qualquer país seja uma monarquia ou republica. Reis não governam, tirando as monarquias absolutistas, as mudanças veem com as aspirações e demandas da sociedade, os reis e rainhas de hj tem pouco poder e não governam, então essa da monarquia não mudar meio q ficou meio sem sentido e também essa do monarca fazer q as mudanças aconteçam também não tem sentido. Pedro II era um verdadeiro tarado por ciência e tecnologia, as ações dele e modo como agia em relação a estas áreas corroboram para esta afirmação. O q se tenta impor a ele como um cara da idade da pedra devido a ele se indispor com o Barão de Mauá, outro tarado por tecnologia e ciência, por causo daquele filme bosta q fizeram e do Pedro Calmon não ir muito com o imperador por causa de preferencias pessoais, no caso o Barão de Mauá, esta totalmente distorcido e fora do contexto, pois como salientei anteriormente, as ações e o modo dele (imperador) de agir em relação a ciência e tecnologia não bate com o q o Pedro Calmon diz. Se fosse mesmo como vc diz e o Plínio também disse, o Brasil seria outro Brasil se dependesse única e exclusivamente do D. Pedro II
Inclusive amigo, foi justamente por mudar a base de sustentação da monarquia em busca da modernidade que a sociedade queria que ela caiu. Lembrar que a base da monarquia era o agronegócio escravocrata que se viu contrariado pelo fim da escravidão que ou tirou apoio ao império ou passou a apoiar os republicanos. Sem um generalato rebelde e um monarca pacifista que não quis punir os desvios e resistir ao golpe, o Brasil seria monarquista ainda.
Em nenhum momento a sociedade queria o fim da Monarquia. O que temos é um exemplo entre vários na história da indiferença do povo brasileiro em relação a mudanças desse tipo, se o povo tivesse mostrado um enorme descontentamento logo no início da República, a mesma não teria vingado, mas essa indiferença por parte do povo e a inação do Imperador deu segurança para os republicanos de então. A tal “Proclamação ” (que nome bonito, né) não passou de um punhado de oportunistas vendidos aos latifundiários da época, o qual estava fazendo todo o possível para oprimindo os escravos. Mas quando o próprio império também era capanga dos latifundiários, aliás o Brasil permanece refém dos mesmos coronéis até hoje, é só ver os barões do boi e da soja comandando o governo até hoje.
O Império caiu por causa de meia dúzia de, nas palavras de monteiro lobato, idealistas ininteligentes. O Império estava em constante reforma na década de 1880, desde reforma eleitoral, politica, social e ate econômica com o surgimento de um industrialismo inicial (bem inicial), obvio que havia muitos problemas mas era muito melhor ter reformado do que ter destruído a casa toda, se não fosse essa meia dúzia de oficiais revoltosos com ideias revolucionarias, o Império não tinha caído em 1889. O movimento republicano não tinha forças para mudar o regime pelo voto, a maioria dos jornais da época eram monarquistas, Dom Pedro II estava no auge de sua popularidade (devido ao fim da escravidão), os adeptos do republicanismo em 1889 era a elite e alguns grupos de intelectuais, do mesmo jeito que os republicanos não tinham força para derrubar a monarquia, nem um outro grupo tinha. Se a monarquia estivesse em paz com os militares em 1889 a monarquia não tinha caído. Então não tem nada de “monarquia podre”, o que houve foi meia dúzia de sonhadores, agindo de forma autoritária, na calada da noite, jogando por terra toda a maturidade que o Brasil vinha ganhando em prol de um Brasil idealizado que ate hoje ainda não chegou.
Até os dias de hoje o segundo reinado, principalmente o período entre 1845-1870 é marcado como a época de ouro do Brasil, nunca em toda a história republicana houve um período com tal estabilidade política e crescimento econômico como ocorreu nesse período. E com tudo que eu já pesquisei sobre o assunto, eu afirmo que a Monarquia não caiu de podre, a atual república é muito mais podre e afastada do povo do que a Monarquia jamais sonharia, mesmo com todos os seus defeitos.




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delmar
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Re: Monarquia, República ou...?

#75 Mensagem por delmar » Qua Jun 02, 2021 11:08 pm

Até os dias de hoje o segundo reinado, principalmente o período entre 1845-1870 é marcado como a época de ouro do Brasil, nunca em toda a história republicana houve um período com tal estabilidade política e crescimento econômico como ocorreu nesse período.
Em 1872 foi realizado o primeiro censo demográfico do Brasil. A população de homens livres era de 8.419.672 pessoas e a de escravos era de 1.516.806, dando uma população total para o país de 9.930.478 habitantes.
A imensa maioria da população livre era analfabeta, dos 8.419.672 apenas 1.563.078 sabiam ler e escrever, ou seja mais de 80% dos brasileiros eram analfabetos. Os escravos eram 99% analfabetos. A população de 6 a 15 anos não tinha escola, de um total de 1.902.451 jovens nesta idade apenas 320.746 estavam na escola, ou seja 18% o que explica o número de analfabetos na sociedade.
Como curiosidade o município de Porto Alegre, que incluía as paróquias de Viamão, Guaíba (Pedras Brancas) e Gravataí (Aldeia dos Anjos) tinha 35.943 habitantes livres. Conceição do Arroio (atual Osório) tinha 8.172 habitantes e incluía a paróquia de Torres.
A grande maioria da população masculina era de lavradores ou sem profissão definida. As mulheres era de lides domésticas. Qualquer crescimento que tenha havido na época não alcançou a população que continuava miserável nas províncias. Se houve algo ficou restrito ao Rio de Janeiro e aos burocratas da corte. Se 1845 -1870 foi a época de ouro do Brasil estamos todos fod****os.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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