Direita ou Esquerda: por quê?

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Direita ou Esquerda: por quê?

#1 Mensagem por Túlio » Dom Jun 03, 2018 2:43 pm

Cavalheiros, decidi criar este tópico para ver se consigo entender o que é ser "de direita" ou "de esquerda" nos dias atuais. Assim, pediria que cada um definisse - supondo-se que faça parte de um dos "lados" - por que é "de direita" ou "de esquerda". A razão de eu fazer esta pergunta é que começo a criar estereótipos com base no que leio e não gosto disso na minha cabeça, prefiro mil vezes saber (ou quase) do que apenas achar. Para verem o mal que faz, mostro alguns dos estereótipos que começo a ver como Verdades:

:arrow: (visão "direitista") Ser "de esquerda" é apenas ser fóbico em relação aos EUA; acreditar que tudo o que é bom para eles é ruim para nós & quetales. Pior, crer que eles têm seus "quintas-colunas" brazucas, que promovem a agenda ianque entre nós.

:arrow: (visão "esquerdista") Ser "de direita" não é apenas não ser "de esquerda" mas ser "contra o Povo". Crer que se um "esquerda" diz que a chuva é boa porque molha a plantação, então a chuva é ruim porque molha a gente, precisa ligar o limpador de para-brisa da Ferrari & xaropadas afins.

Quem se julga deste ou daquele "lado", poderia fazer a gentileza de explicar o porquê? Não é "caça às bruxas" nem nada, apenas gostaria de entender.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#2 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 03, 2018 2:47 pm

Tranferindo meu post:
gabriel219 escreveu: Dom Jun 03, 2018 2:02 pm Esquerda e Direita, hoje em dia, estão muito mais divididas em políticas econômicas do que em filosofia política liberal de Smith ou proletária de Marx.

A questão é que o próprio método de planificação da economia gera fracasso econômico e sem economia, esbarramos em todas as demais políticas públicas. As medidas econômicas defendidas já seria o suficiente para lhe definir em qual espectro político está.

Veja as medidas tomadas no país desde sempre e em qual dessas são pautas defendendidas por quem defende uma economia mais aberta e com um estado menor, ou seja, um direitista? No máximo você acha privatizações.

O problema é que entram no poder na base da lorota populista, congelando preços, confiscando poupança quando a situação azeda, aumentando gastos públicos sem fazer o dever de casa dos demais "pés" do tripé macroenconômico (fiscal e inflação), não saber utilizar taxa de juros para controlar inflação no país, estado altamente intervencionista na economia e, principalmente, no Banco Central pra depois, quando tudo virar uma bomba, dizer "ain, é cupa da dereita" não é apenas burrice, mas uma canalhice.

O mesmo fazem com a situação da Venezuela. A culpa é do mundo inteiro, dos Arabes, do preço do barril de petróleo que caiu, do EUA, da minha avó, menos do Maduro e políticas com mais de 100 anos de fracasso.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#3 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 03, 2018 2:50 pm

Sobre essa visão direitista de esquerda, está mais pra quem finge realmente defender tais ideias. Poderia muito bem citar quaisquer outros países.

Hoje em dia, na minha opinião, Direita e Esquerda são basicamente classificadas baseado em seu ponto de vista econômico.

Políticas públicas são muito discutidas até mesmo dentro dos próprios espectros, como conservador e liberal da Direita, progressistas, globalistas e radicais na esquerda, seja a paupa armamentista (até movimentos de Esquerda são favoráveis, basicamente todos os de Direita são favoráveis), aborto, legalização da maconha e etc.

Com pautas assim, hoje em dia fica difícil se basear NISSO para definir quem defende ideais de Esquerda ou de Direita, mas quando vamos para políticas econômicas que vemos uma diferença BRUTAL, praticamentr antagônica.




Editado pela última vez por gabriel219 em Dom Jun 03, 2018 2:53 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Direita e/ou Esquerda

#4 Mensagem por Túlio » Dom Jun 03, 2018 2:52 pm

Sim, mas és "direita" ou "esquerda"? Por quê?




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Re: Direita e/ou Esquerda

#5 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 03, 2018 2:59 pm

Eu me considero um Direitista Conservador, ou seja, defendo uma pauta econômica liberal clássica com a
livre iniciativa, estado mínimo abrangendo somente serviços vitais (saúde, segurança, defesa, infraestrutura e justiça, com pouco ou quase nenhuma intervenção na economia), política de independência do Banco Central, diminuição de alícotas, desburocratização e simplificação da carga tributária, junto com o controle de gastos públicos, privatizações, sendo algumas estatais mantendo-se Golden Share mas com independência administrativa...

Essa é a pauta que qualquer Direitista que encontrar por ai - claro, um que seja VERDADEIRO - irá defender, que são pautas econômicas.

Já pauta de políticas públicas, como aborto, legalização de drogas, leis e assim por diante, são objetos de discussão e acaba dividindo a direita em dois grupos, Liberais e Conservadores, eu já me considero como Conservador nessa pauta.

Você eu sei que é um COMUNAZZZ DEFENSOR DE FLANKER BEBEDOR DE VODKA.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#6 Mensagem por Algus » Dom Jun 03, 2018 3:11 pm

Boa tarde.

Me baseio na definição de Norberto Bobbio sobre os conceitos de direita e esquerda.

A política de esquerda é aquela que visa combater a desigualdade social. Bolsa-família, cotas raciais/sociais e impostos progressivos são políticas de esquerda.
A política de direita é aquela que não se importa com a desigualde social, considerando-a natural ou até mesmo desejável para um bom funcionamento da sociedade (a desigualdade supostamente impele as pessoas a se esforçarem mais). Em resumo, defende uma sociedade hierarquizada.

Esquerda contemporânea normalmente defende Estado grande e políticas desenvolvimentistas, pois é através disso que podem combater a desigualdade, mas esta não é a característica principal, até porque existem ideologias de esquerda que defendem a abolição do Estado (ex: anarquismo, comunismo).
A direita contemporãnea normalmente defende Estado mínimo e mais "liberdade" à iniciativa privada para agir sem pressões que forcem a redução da margem de lucro das empresas (salários compensadores, impostos para custear programas sociais, preocupação ambiental etc), mas também não é uma regra. Singapura tem um Estado bastante interventor e é considerado de direita. Quase todas as ditaduras da América do Sul no século passado eram de direita.

A questão da desigualdade x hierarquização social é a única que parece explicar direita e esquerda contemporâneas e ainda fazer sentido com estes conceitos durante a Revolução Francesa. Na Revolução Francesa aqueles que se sentavam à esquerda no parlamento defendiam a redução dos benefícios que tinham o clero e a nobreza, tais como isenções ou reduções fiscais, tribunais específicos e maior representatividade no parlamento. A direita (clero e nobreza), justificava a manutenção dos seus privilégios por questões históricas/tradicionais e religiosas (a nobreza foi a fundadora e defensora da nação, o clero justificava seus privilégios por executarem a obra de deus). O que muda em relação à direita atual é a justificativa para a obtenção dos privilégios. Se antes a tradição e a religião imperavam, hoje é a tradição e a meritocracia. Sim, a tradição se mantém através do direito à herança. Para nós parece óbvio que nossos filhos fiquem com tudo que acumulamos e faz tanto sentido quanto fazia à nobreza que seus filhos detivessem os privilégios que sua família mereceu por terem salvado a nação e auxiliado o rei incontáveis vezes. Falo de privilégios porque, sendo de esquerda, é exatamente desta forma que vejo as coisas. Por exemplo, nossa constituição garante a todos o direito à ampla defesa, o direito de não sermos condenados sem julgamento, o direito de termos um advogado que nos defenda. Mas quem tem dinheiro pode ter vários e os melhores advogados. Embora a lei seja para todos, ela tende a favorecer aquele que tem mais dinheiro. Se a pessoa tem dinheiro porque é competente ou se teve a sorte de ter nascido em berço de ouro não me interessa. Não me interessa o mérito, do meu ponto de vista se trata de um privilégio não muito diferente do que a nobreza tinha há 200 anos.

Se a combate à desigualdade caracteriza a esquerda, a extrema esquerda vai além e almeja a erradicação da desigualdade. Este é o ponto em comum que une anarquismo, socialismo e comunismo.
A direita justifica a desigualdade pelo esforço/competência das pessoas. Os mais competentes ou, na visão de Mises, os que se conseguem atender melhor as necessidades do mercado devem ascender socialmente, ou seja, a hierarquização é sobretudo fruto do esforço individual. Já para a extrema direita, a hierarquização social - apesar de também ter relação com o esforço pessoal - é sobretudo inerente à própria natureza do indivíduo. Existem aqueles que são naturalmente competentes, naturalmente superiores, e aqueles que são naturalmente inferiores. É por isso que o nazismo é caracterizado como de extrema direita.

Tem um exemplo que demonstra bem isso:
Temos o anarquismo e o anarcocapitalismo. Ambos defendem o fim do Estado, mas o anarquismo defende também o fim da propriedade privada dos meios de produção e do capitalismo, pois acredita que estes três pilares possibilitam a desigualdade social. Já o anarcocapitalismo defende apenas o fim do Estado e por um motivo totalmente diferente: O Estado intervere negativamente nas relações entre os indivíduos, ele impede o livre comércio e suas intervenções, mesmo com bons propósitos, geram distorções que supostamente só pioram as relações entre os indivíduos. O anarcocapitalismo não vê problema na desigualdade social, muito pelo contrário, ela é antes de tudo uma forma de incentivo às pessoas de sempre tentarem o seu melhor. Inclusive acredita que nada realmente precisa ser feito para salvar aqueles que mais necessitam. Se determinados grupos sociais estiverem literalmente morrendo de fome, cada cidadão deve se organizar voluntariamente para ajudá-los, se ninguém quiser ajudar fica por isso mesmo e eles morrem de fome.

Apesar de ambos defenderem o fim do Estado, anarquismo é uma ideologia de esquerda e anarcocapitalismo é uma ideologia de direita.

EDIT: Me considero de esquerda, social democrata.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#7 Mensagem por zapata » Dom Jun 03, 2018 3:30 pm

Algus escreveu: Dom Jun 03, 2018 3:11 pm Boa tarde.

Me baseio na definição de Norberto Bobbio sobre os conceitos de direita e esquerda.

A política de esquerda é aquela que visa combater a desigualdade social. Bolsa-família, cotas raciais/sociais e impostos progressivos são políticas de esquerda.
A política de direita é aquela que não se importa com a desigualde social, considerando-a natural ou até mesmo desejável para um bom funcionamento da sociedade (a desigualdade supostamente impele as pessoas a se esforçarem mais). Em resumo, defende uma sociedade hierarquizada.

Esquerda contemporânea normalmente defende Estado grande e políticas desenvolvimentistas, pois é através disso que podem combater a desigualdade, mas esta não é a característica principal, até porque existem ideologias de esquerda que defendem a abolição do Estado (ex: anarquismo, comunismo).
A direita contemporãnea normalmente defende Estado mínimo e mais "liberdade" à iniciativa privada para agir sem pressões que forcem a redução da margem de lucro das empresas (salários compensadores, impostos para custear programas sociais, preocupação ambiental etc), mas também não é uma regra. Singapura tem um Estado bastante interventor e é considerado de direita. Quase todas as ditaduras da América do Sul no século passado eram de direita.

A questão da desigualdade x hierarquização social é a única que parece explicar direita e esquerda contemporâneas e ainda fazer sentido com estes conceitos durante a Revolução Francesa. Na Revolução Francesa aqueles que se sentavam à esquerda no parlamento defendiam a redução dos benefícios que tinham o clero e a nobreza, tais como isenções ou reduções fiscais, tribunais específicos e maior representatividade no parlamento. A direita (clero e nobreza), justificava a manutenção dos seus privilégios por questões históricas/tradicionais e religiosas (a nobreza foi a fundadora e defensora da nação, o clero justificava seus privilégios por executarem a obra de deus). O que muda em relação à direita atual é a justificativa para a obtenção dos privilégios. Se antes a tradição e a religião imperavam, hoje é a tradição e a meritocracia. Sim, a tradição se mantém através do direito à herança. Para nós parece óbvio que nossos filhos fiquem com tudo que acumulamos e faz tanto sentido quanto fazia à nobreza que seus filhos detivessem os privilégios que sua família mereceu por terem salvado a nação e auxiliado o rei incontáveis vezes. Falo de privilégios porque, sendo de esquerda, é exatamente desta forma que vejo as coisas. Por exemplo, nossa constituição garante a todos o direito à ampla defesa, o direito de não sermos condenados sem julgamento, o direito de termos um advogado que nos defenda. Mas quem tem dinheiro pode ter vários e os melhores advogados. Embora a lei seja para todos, ela tende a favorecer aquele que tem mais dinheiro. Se a pessoa tem dinheiro porque é competente ou se teve a sorte de ter nascido em berço de ouro não me interessa. Não me interessa o mérito, do meu ponto de vista se trata de um privilégio não muito diferente do que a nobreza tinha há 200 anos.

Se a combate à desigualdade caracteriza a esquerda, a extrema esquerda vai além e almeja a erradicação da desigualdade. Este é o ponto em comum que une anarquismo, socialismo e comunismo.
A direita justifica a desigualdade pelo esforço/competência das pessoas. Os mais competentes ou, na visão de Mises, os que se conseguem atender melhor as necessidades do mercado devem ascender socialmente, ou seja, a hierarquização é sobretudo fruto do esforço individual. Já para a extrema direita, a hierarquização social - apesar de também ter relação com o esforço pessoal - é sobretudo inerente à própria natureza do indivíduo. Existem aqueles que são naturalmente competentes, naturalmente superiores, e aqueles que são naturalmente inferiores. É por isso que o nazismo é caracterizado como de extrema direita.

Tem um exemplo que demonstra bem isso:
Temos o anarquismo e o anarcocapitalismo. Ambos defendem o fim do Estado, mas o anarquismo defende também o fim da propriedade privada dos meios de produção e do capitalismo, pois acredita que estes três pilares possibilitam a desigualdade social. Já o anarcocapitalismo defende apenas o fim do Estado e por um motivo totalmente diferente: O Estado intervere negativamente nas relações entre os indivíduos, ele impede o livre comércio e suas intervenções, mesmo com bons propósitos, geram distorções que supostamente só pioram as relações entre os indivíduos. O anarcocapitalismo não vê problema na desigualdade social, muito pelo contrário, ela é antes de tudo uma forma de incentivo às pessoas de sempre tentarem o seu melhor. Inclusive acredita que nada realmente precisa ser feito para salvar aqueles que mais necessitam. Se determinados grupos sociais estiverem literalmente morrendo de fome, cada cidadão deve se organizar voluntariamente para ajudá-los, se ninguém quiser ajudar fica por isso mesmo e eles morrem de fome.

Apesar de ambos defenderem o fim do Estado, anarquismo é uma ideologia de esquerda e anarcocapitalismo é uma ideologia de direita.

EDIT: Me considero de esquerda, social democrata.
Perfeito. Também sou social democrata, tal como os partidos de esquerda do Brasil, exceto o pco e o MST.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#8 Mensagem por gabriel219 » Dom Jun 03, 2018 4:05 pm

Cingapura é um caso totalmente a parte, ela é o que é hoje não pelo grande intervencionismo econômico, mas sim pelo uso do Currency Board, com sua moeda na mesma quantidade de uma moeda internacional, primeiro, no caso, a Libra Esterlina, tornando sua moeda muito forte estável. Isso não é medida de intervencionismo, já que é uma ferramenta de "âncora monetária".

Você depende do mercado externo para se manter, no caso, como é um país pequeno, preferiram controlar internamente enquanto colocavam o Currency Board em prática.

Possuindo moeda forte e estável, você consegue industrializar seu país e após isso nem precisa dizer o resto, é só fazer o dever de casa.

Foi justamente o que não fizemos após o Regime Militar. Foram Desenvolvimentistas, criaram estatais para construir uma base industrial e energética sólida ao país, sendo muito bem nisso, apesar da escorregada na economia, entregando uma dívida externa de USD 90 Bi e inflação de 200%, era fazer o simples: desestatizar o país que sanava a dívida externa e interna, aumentava a independência do banco central e controlava a inflação pela taxa de juros.

O que aconteceu? Tome estatais pra lá, mensalinhos pra cá, aumento dos gastos públicos...




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Re: Direita e/ou Esquerda

#9 Mensagem por Túlio » Dom Jun 03, 2018 4:15 pm

Apenas para esclarecer de vez: estejam à vontade para dizer "ei, eu sou COMUNISTA" ou "ei, eu sou FASCISTA" sem problemas, reitero que não há "caça às bruxas" aqui, minha intenção é claramente SABER quem é o que e por que acha isso. Aliás, se me permitem, o Regulamento do DB para mim deveria ter apenas UMA cláusula (porque o resume):

"Educação e Civilidade são obrigatórias; mantenha sua posição mas respeite não a do Colega, mas o próprio, que tem o mesmo direito que você tem de expor o que pensa; fora isso, lembrar que Apologia ao Crime tem consequências e não são nada boas. Quem agir diferente pode aguardar as sanções, virão e não vai ter choro."




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Re: Direita e/ou Esquerda

#10 Mensagem por Bolovo » Dom Jun 03, 2018 7:22 pm

Perfeito o post do Algus. Concordo plenamente, nada a acrescentar. Me considero um social democrata ou socialista democrático, algo por essa linhagem.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#11 Mensagem por zapata » Dom Jun 03, 2018 10:42 pm

gabriel219 escreveu: Dom Jun 03, 2018 4:05 pm Cingapura é um caso totalmente a parte, ela é o que é hoje não pelo grande intervencionismo econômico, mas sim pelo uso do Currency Board, com sua moeda na mesma quantidade de uma moeda internacional, primeiro, no caso, a Libra Esterlina, tornando sua moeda muito forte estável. Isso não é medida de intervencionismo, já que é uma ferramenta de "âncora monetária".

Você depende do mercado externo para se manter, no caso, como é um país pequeno, preferiram controlar internamente enquanto colocavam o Currency Board em prática.

Possuindo moeda forte e estável, você consegue industrializar seu país e após isso nem precisa dizer o resto, é só fazer o dever de casa.

Foi justamente o que não fizemos após o Regime Militar. Foram Desenvolvimentistas, criaram estatais para construir uma base industrial e energética sólida ao país, sendo muito bem nisso, apesar da escorregada na economia, entregando uma dívida externa de USD 90 Bi e inflação de 200%, era fazer o simples: desestatizar o país que sanava a dívida externa e interna, aumentava a independência do banco central e controlava a inflação pela taxa de juros.

O que aconteceu? Tome estatais pra lá, mensalinhos pra cá, aumento dos gastos públicos...
Me diga qual estatal foi criada após os militares?




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Re: Direita e/ou Esquerda

#12 Mensagem por Frederico Vitor » Dom Jun 03, 2018 11:06 pm

Me defino social democrata (centro-esquerda liberal). Acredito, defendo e aprecio as liberdades individuais, o Estado laico, a propriedade privada e a livre iniciativa. Além disso enxergo que, para o Brasil, levando em consideração sua história e seus inúmeros passivos sociais, especialmente a extrema desigualdade social existente atualmente, o melhor modelo seria o de Estado do Bem-Estar Social (Welfare State). Ou seja, um Estado que garanta tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, habitação, educação, assegurados a todo o cidadão, não como caridade mas como direito político.

Diante disso não tenho nenhuma dificuldade em declarar que acredito no Estado intervencionista, com um programa econômico de controle do Estado sobre o mercado e um programa social que assegurasse direitos sociais básicos, como saúde, educação, previdência social, proteção contra o desemprego, entre outros.

Em relação à doutrina político-econômica sou adepto do Keynesianismo, também chamado de Escola ou Teoria Keynesiana. Noutras palavras, acredito que o Estado tem um papel preponderante na organização de um país (intervenção estatal na economia, protecionismo de setores estratégicos da economia, investimentos de capital governamental, redução de taxas de juros, equilíbrio entre a demanda e a produção, benefícios sociais, imposto de renda progressivo, taxação dos lucros de grandes empresas, especialmente instituições financeiras, imposto sobre heranças com taxa superior a 40% e política voltada à macroeconomia).

Ademais também me considero nacionalista numa ótica esquerdista moderada. Minhas ideias a este respeito ainda são difusas, entretanto, arrisco declarar que acredito que o Brasil necessita, a todo custo, perseguir autonomia e emancipação econômica, tecnológica e cultural, contrapondo ao que se convencionou chamar de "imperialismo americano", por meio do execício natural de sua liderança no Hemisfério Sul (Atlântico Sul).

Para tal é imprescindível investimentos pesados, estatais e em parceria com a iniciativa privada, na educação básica (pública, currículo universalizado e federalizada), nas universidades (federais e estaduais), em pólos tecnológicos e na Defesa (complexo industrial bélico nativo, semelhante ao que existe na França, Espanha, China, Rússia, Itália, Alemanha e Coreia do Sul).

Queria agradecer ao moderador e idealizador deste tópico pela oportunidade democrática e respeitosa em nos expressarmos e declararmos abertamente nossas inclinações e preferências ideológicas e políticas. Espero que tenhamos debates de alto nível.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#13 Mensagem por Viktor Reznov » Dom Jun 03, 2018 11:20 pm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Direita_(política)

O artigo acima me define bem.

Exceto a parte da economia, na qual eu penso que o Estado tem que parar de sufocar o pequeno empreendedor, tem que se desburocratizar, mas porém tem de manter a capacidade de interferir pesadamente na economia em situações emergenciais, afinal, a "mão invisível do mercado" dá uns socos devastadores em quem é pego de surpresa.

Acerca da desigualdade social, é impossível erradicar a desigualdade, desigualdade é parte natural da existência humana e se manifesta em quaisquer aglomerados populacionais com mais de duas ou três dezenas de pessoas e os governos têm apenas a obrigação de erradicar a miséria absoluta e a pobreza. Nem em sociedades comunistas com a URSS havia igualdade social, pois ao invés de classes mantidas desiguais pela economia, haviam classes mantidas desiguais pelo grau de influência política que tinham nos assuntos de governo do Estado.

Acerca dos direitos de minorias, governos absolutamente não podem em hipótese alguma ceder à pressões de minorias por maiores direitos no exato momento em que estas os exigem, pois isso as empodera gerando um caos social causado por mudanças repentinas e as coloca na posição de chantagear o Estado ainda mais a procura de privilégios que as coloquem acima da maioria da população, sempre usando o discurso vitimista de serem historicamente perseguidas. Quaisquer mudanças tem de serem introduzidas de modo homeopático e bem lento, pra permitir à população tempo mais que suficiente pra se preparar para receber tais mmudanças.

Acerca do combate ao crime, ao contrário da esquerda nós sabemos melhor e entendemos que o conto-de-fadas de que todo criminoso-potencial pode ser salvo com apenas o melhoramento de condições sociais simplesmente não é verdade, a principal causa do crime não é a pobreza ou miséria (essa é uma causa indireta), a principal causa do crime é a ausência de uma unidade familiar estável que transmita à prole valores como respeito à integridade do próximo, respeito à propriedade privada e posses, respeito às leis da sociedade e desapego da cultura de acumulação obsessiva que é pregada pela mídia. Perguntem pro Túlio, a maioria esmagadora de criminosos violentos vêm de lares fraturados onde possuíam pais abusivos ou pais ausentes, ou ambos. A proporção dos criminosos violentos advindos de lares estáveis e acolhedores é minúscula.
Também somos muito mais inclementes para com o crime do que a esquerda moderna, nossa filosofia é de que todo crime deve ser punido e toda punição deve ser na proporção do crime, e sentenças não devem ser afrouxadas a não ser com exceções raras, a prisão existe em primeiro lugar pra punir com privação de liberdade e em segundo lugar pra reabilitar.
Aqui no Brasil temos leis e um judiciário obcecados com um direito penal garantista enquanto que o Estado finge que o sistema carcerário não existe e não toma providências pra melhorar as condições dos calabouços medievais de internação coletiva.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#14 Mensagem por gabriel219 » Seg Jun 04, 2018 10:59 am

zapata escreveu: Dom Jun 03, 2018 10:42 pm Me diga qual estatal foi criada após os militares?
Ue, só entre 2003 e 2015 foram 41, incluindo subsidiárias.

Mesmo se não tivessem criado uma se quer, ainda sim estariam errados, isso desde Tancredo Neves até Michel Temer. O que deveria ter sido feito era a privatização, mesmo que gradual, de quase todas aa estatais, algumas mantendo Golden Share até não sobrar uma que sirva como cabide de emprego pra esse tipo de gente.

Estatais servem pra isso no Brasil, conseguir votos, desviar verba e conseguir vantagens.

Teríamos sanado a dívida interna e externa, sobrando o dinhero dos juros que pagaríamos pela dívida, hoje quase 400 Bi por ano. Imagine isso sendo aplicado no que deve ser aplicado.




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Re: Direita e/ou Esquerda

#15 Mensagem por gabriel219 » Seg Jun 04, 2018 11:04 am

Viktor, só discordo de você em dois pontos:

Até mesmo no estado mais liberal, continua havendo intervenção econômica por parte do estado, mas caso seja necessário, como o controle macroeconômico (fiscal, inflação e gastos públicos) e a taxa de juros, ambos os fatores influenciam na receita e na expectativa de investimentos e do empresariado, também influenciando a política monetária.

Essa são as intervenções que o estado deve fazer na economia e se limitar a isso, além de manter Golden Share em empresas de cunho estratégico, seja do setor de minerais, defesa, tecnologia, alimentação e energia, principalmente esses dois últimos.

E discordo quanto a governos socialistas/comunistas serem desiguais. Na verdade sempre foram igualitários, todos morrem de fome.




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