Fórum Defesa Brasil

Dado o spread das discussões em torno das possíveis negociações em andamento entre a EMBRAER e a Boeing (e cujos detalhes desconhecemos), crio este tópico para que todos saibamos a posição de cada um (que tiver a coragem de dizer, claro). Argumentos contra ou a favor são naturalmente bem-vindos.

Ademais, como ficariam os nomes dos aviões? Mudariam ou permaneceriam os mesmos?

Sou contra, e por um motivo simples. Por que deveríamos entregar a nossa galinha dos ovos de outro de bandeja para os yankees, apenas para eles lucrarem em cima de um esforço nosso de quase meio século?

O que ganhamos de verdade vendendo a Embraer para eles, sem que com isso não venhamos depois a ter de pedir favores a eles com o pires na mão para a BID e para a nossa P&D - defesa no meio - como costumeiramente se faz por aqui?

Vender a Embraer não é apenas vender uma empresa, é dar as costas para tudo o que ela significa para o desenvolvimento da industria nacional e consequentemente, para qualquer iniciativa e planejamento de uma industria nacional mais independente e capaz de suportar nossos interesses.

Se é para vender a Embraer, então vamos vender também a Petrobrás, a Eletrobrás, Nucleobrás, as poucas Siderúrgicas que ainda temos, as mineradoras, as grandes empresas de engenharia, vamos vender a ECT, todos os aeroportos e portos do pais, vender as estradas, as ferrovias, etc, etc.

Que tal também privatizar e vender o ITA e o CTA, todas as IFES públicas, as empresas de defesa estratégicas...

Aliás, porque ainda não vendemos o Brasil também. Melhor, porque não alugamos?

Aí a gente não vai pagar mais nada, e ainda recebemos os "royaltes".

abs.

Usamericanos são bonzinhos, eu apoio a venda, ainda mais depois da propina.

Nosso destino traçados nas estrelas é sermos exportadores de soja,e talvez, milho. O resto a gente compra pronto

Votei "tanto faz" - e posso mudar - por causa de umas ideiazinhas que cá tenho (por enquanto, duas ou três) se fosse o principal acionista, mas que vou expor à medida que o debate evoluir...ou não.

Eu sou contra. Votei nessa opção.

É uma empresa estratégica brasileira, ademais, apesar de ser privada, foi construída a base de muito esforço nacional durante os anos 60, 70 e 80. Todo mundo fala que a "Embraer deu certo porque foi privatizada", mas pra algo dar certo, primeiro tem que existir. Quem imaginaria um fabricante de aviões num país, na época, agrário? Não há empresário nenhum no país que tenha a coragem que as pessoas que naquela época tiveram de comprar essa briga. E vende-la, pelo preço que for, a uma empresa estrangeira é, para mim, uma traição. E pra isso, a lei brasileira já dá a letra: fuzilamento.

Por outro lado, eu sou a favor.

Estou adorando ver muita gente que bateu palmas pro desmonte nacional agora choramingando sobre essa suposta venda da Embraer. Mas é choramingando mesmo, estou falando de militar que vê o comunismo até debaixo da cama e agora tá desesperado e puto com isso. Como disse, eu estou adorando. Espero que venda mesmo e transfira absolutamente tudo para os EUA (alguns aviões já fabricam somente por lá) e contrate um monte de mexicano pra apertar os parafusos.

Hmmm, se for fuzilar gente por traição, muita gente por aí seria fuzilada, especialmente defensores de bandidos condenados que assaltaram a República por mais de década.




Mas enfim, eu vetaria a compra por tratar de uma empresa que está envolvida com vários programas militares do Brasil. Acho que é o único caso em que eu defendo esse tipo de intervenção estatal, ainda que deveria existir uma compensação à empresa cujo investimento foi negado, afinal, ao mesmo tempo que o governo veta investimentos na empresa, quanto ele investe nela, por meio de encomendas e afins ? Deveria existir um mecanismo assim, estabelecido numa legislação específica para proteção da capacidade tecnológico-industrial do país em áreas sensíveis.

Fora isso, se a Embraer só trabalhasse no mercado civil, não teria nenhuma restrição à compra.

Assim como não tenho restrição nenhuma a privatizações de empresas como Petrobras, Eletrobras, Caixa e afins. Tem gente que não gosta da ideia porque aí os amigos perdem o playground, mas aí nem vale a pena discutir...

Eu fico imaginando qual seria a reação do governo americano se fosse o contrário, a Embraer ou qualquer outra empresa estrangeira demonstrasse a intenção de adquirir a Boeing. Ou mesmo a mesma história, só que com o governo francês e a Dassault. Acredito que isso seria considerado até uma ameaça de guerra, sequer cogitariam aprovar uma venda dessas. Seria considerado totalmente loucura. Mas aqui no Brasil eu estou vendo muita gente feliz com essa história da Embraer "porque as ações subiram". Esse país nunca vai dar certo.

Bueno, aí vai uma das minhas citadas ideiazinhas, desde que eu fosse acionista majoritário (tipo "big money", e quem me conhece sabe que sou "litlle money" até dizer chega):

Vendo minha parte para fazer coisa melhor, para mim e para o Brasil.

"Tá doido? Quer dizer o quê?"

Bueno, serei eu o único a estranhar que tenhamos a terceira maior e melhor Indústria Aeronáutica do mundo e nenhuma Automobilística? Sim, porque qualquer carro ou moto que qualquer um de nós comprar foi desenhado (Ásia ou Europa) para rodar em Autobahn, não no inferno esburacado que chamamos de estradas e ruas.

Pois eu atrelaria a venda das minhas ações a uma imposição do USG (o daqui não apita nada, na verdade apóia os estrangeiros) para que me tivessem a bondade de me permitir projetar, fabricar e vender carros, motos, jipes, SUVs e caminhões projetados para rodar aqui sem embargos de fornecedores (maioria do Brasil, é, são bem sacanas, que o digam a Gurgel e a Troller).

Feito isso, só aí botaria a carroça realmente atrás dos bois (só eu que estranho que sempre esteve à frente?), ou seja, começaria a me preocupar com Indústria Aeronáutica. E iria retomar o caminho do véio Pignatari, ou seja, encher o Brasil e o mundo de todo tipo de teco-teco, planador e até heli pequeno a pistão, seja pronto ou kit. Atacaria a Cessna e a Piper.

Aí sim, teríamos um começo decente. A meu ver, claro.

Túlio, você não teria sucesso a não ser que você fosse selecionado como um dos amigos do rei, os únicos que conseguem empreender nessa joça.

Aí você teria amplos subsídios de governo federal, estadual e municipal, uma reserva de mercado (um bom e velho protecionismo) pra você garantir sua vida e de umas três ou quatro gerações às custas do resto da sociedade, enfim...

Aí você conseguiria fazer alguma coisa a nível de mercado interno.

Agora, querer empreender usufruindo da livre iniciativa, que a Constituição diz proteger, nope.

Infraestrutura porca, legislação trabalhista tola, justiça do trabalho soviética, sistema tributário doentio, amor selvagem das instituições por burocracia desenfreada, segurança jurídica inexistente... Só por masoquismo e ainda inevitavelmente fracassaria.

Boss escreveu:Túlio, você não teria sucesso a não ser que você fosse selecionado como um dos amigos do rei, os únicos que conseguem empreender nessa joça.

Aí você teria amplos subsídios de governo federal, estadual e municipal, uma reserva de mercado (um bom e velho protecionismo) pra você garantir sua vida e de umas três ou quatro gerações às custas do resto da sociedade, enfim...

Aí você conseguiria fazer alguma coisa a nível de mercado interno. Externo ? Difícil.

Agora, querer empreender usufruindo da livre iniciativa, que a Constituição diz proteger, nope.

Infraestrutura porca, legislação trabalhista tola, justiça do trabalho soviética, sistema tributário doentio, amor selvagem das instituições por burocracia desenfreada, segurança jurídica inexistente... Só por masoquismo e ainda inevitavelmente fracassaria.

Cupincha véio, falei que ia dar a prensa no USG, não nos sem-espinha daqui...

Tá ruim? NÃO VENDO!

Votei "tanto faz" - Até porque, pensando pragmaticamente, em especial na área de aviação comercial, era caminho natural a Boeing e Embraer unirem forças para contrapor a parceria Airbus/Bombardier. Acho que vender, literalmente, não vai ocorrer pelo fato da grande possibilidade do governo brasileiro vetar tal operação por pressão da FAB. O que pode ocorrer é uma parceria. Algo que não conhecemos ainda em que nível será tal parceria.

E se, de fato, for uma parceria, em relação à aviação militar, acho muito salutar. Em especial para o KC-390, que poderia ser vendido internacionalmente com o suporte da Boeing com o rótulo informal de "mini-C-17".

Lembrando que, ainda dentro do campo da aviação militar, a Boeing já tem uma parceria firmada com a Saab para disputar o T-X Trainer Aircraft da USAF que, por sua vez, a Saab tem parceria com a Embraer para o Gripen E da FAB. Isto é, está se revelando aí uma tríade de três empresas muito bem-sucedidas em áreas específicas da aviação militar/comercial/executiva.

Dentro do espectro parceria, vejo com bons olhos. Porém, vender por vender... Daí já não vejo vantagem.

joao fernando escreveu:Usamericanos são bonzinhos, eu apoio a venda, ainda mais depois da propina.

Nosso destino traçados nas estrelas é sermos exportadores de soja,e talvez, milho. O resto a gente compra pronto

Soja e milho, ou seja, Monsanto, Dow e Cargill na área...

Wingate

Frederico Vitor escreveu:Dentro do espectro parceria, vejo com bons olhos. Porém, vender por vender... Daí já não vejo vantagem.

O que a Embraer mais tem hoje com a Boeing são parcerias. E muito boas para ambas as empresas. E que devem aumentar no futuro.
Ademais, fica ainda a pergunta: com tantas parcerias benéficas para ambas empresas, quem realmente ganharia com essa conversa de comprar a Embraer?
Nós com certeza é que não.
Querem investir mais na empresa, compra ações. Querem por mais dinheiro, invistam nos projetos da empresa. Querem sacanear a Airbus, faz propaganda para o KC-390. Querem uma mãozinha junto ao governo americano? Ajudem a vender os ST para a USAF, USN e USMC.
Enfim, tem muitas formas diferentes de ajudar a Embraer e ainda ganhar dinheiro com isso sem ter de comprar a empresa.
Mas há, claro, sempre há aqueles que preferem o caminho "mais fácil" para arrumar um green card ou passaporte estadunidense dos seus sonhos.

abs.

A princípio sou contra, mas ainda não sabemos os termos dessa eventual compra, ou fusão, etc... Lembrar que na década passada um grupo francês (Dassault, Snecma, Sagem) adquiriram 20% da Embraer, na parece que na prática pouca coisa mudou....

Por outro lado, isso me faz lembrar a compra da FMA pela Lockheed Martin, e isso chega me trazer calafrios quando vejo o que sobrou da empresa argentina.

Lógico que sou contra, até pq não me consta que a empresa esteja em dificuldade e tem boas perspectivas com seus produtos e o pelo aporte técnico que receberá com o FX-II. Em tempo, o Temer disse que veta, o que equivale a acreditar que a Xuxa era virgem quando deu pro Pelé. Todos sabemos o que isso significa: Quero mais grana para liberar essa merda. Até pq ele já se adiantou e está costeando o alambrado, querendo mexer na legislação das Goldens Shares.
Em tempo 2, não sou contra uma parceria (desde que não seja Caracu), ainda mais se envolvesse a Saab na jogada, e quem sabe, a Bell, seria ótimo termos mais campo na área de aeronaves rotativas, somos um dos mais importantes operadores de helicópteros do mundo.
Uma troca de ações (obviamente ficaríamos com muito menos ações que iríamos oferecer) me agrada.