SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL

[Túlio]

Caí duro com a declaração abaixo:

O ministro também rebateu as afirmações de que as contas da Previdência têm superávit, porque esse julgamento inclui apenas os gastos com aposentadoria, mas, segundo ele, quando se inclui os demais gastos da Previdência se passa a um déficit de R$ 180,5 bilhões.

http://www.msn.com/pt-br/dinheiro/econo ... ailsignout

Pensei que Previdência fosse para pagar aposentadoria e, eventualmente, salário-desemprego. No que diabos eles torram mais de BRL 180 bi?????????

[Marechal-do-ar]

A previdência também paga pensões por acidente, e salário (não sei exatamente o nome) de quem está afastado por motivos médicos ou licença maternidade.

Mas não é nisso que torram 180 bi e duvido que o ministro tenha dito isso, me parece que o jornalista se enbananou todo ao escrever a matéria.

[Túlio]

A previdência também paga pensões por acidente, e salário (não sei exatamente o nome) de quem está afastado por motivos médicos ou licença maternidade.

Mas não é nisso que torram 180 bi e duvido que o ministro tenha dito isso, me parece que o jornalista se enbananou todo ao escrever a matéria.

Sei não, comecei pagando 11% que cobriam Previdência e Saúde (que não uso). Depois passou a ser 11% só para a Previdência e mais uns 4% para Saúde (mais um plano complementar que já tenho há décadas). Ano passado (jan/16) a parte de saúde virou Plano de Saúde e, neste exato momento, tramita na ALERS projeto que aumenta minha contribuição previdenciária para 14% mais um percentual extra ainda indeterminado mas que pode chegar a 30%. Se passar como querem, dois meses depois estarei no SPC. Claro, tenho meu "plano B" masss...

Quem esburacou tudo???

[Marechal-do-ar]

Túlio, não sei...

Sobre o suposto superávit da previdência, a tese é da ANFIP, eles reinterpretaram a constituição e chegaram no superávit através de um cálculo diferente, adicionando mais alguns tributos e removendo os funcionários públicos da conta, só não disseram de onde vem o dinheiro para pagar as aposentadorias de funcionários públicos, no fim, pela tese deles, não muda nada, o país continua quebrado, é só mais um truque contábil.

[Túlio]

Túlio, não sei...

Sobre o suposto superávit da previdência, a tese é da ANFIP, eles reinterpretaram a constituição e chegaram no superávit através de um cálculo diferente, adicionando mais alguns tributos e removendo os funcionários públicos da conta, só não disseram de onde vem o dinheiro para pagar as aposentadorias de funcionários públicos, no fim, pela tese deles, não muda nada, o país continua quebrado, é só mais um truque contábil.

Marechal véio, não vou clamar uma expertise que não tenho: tanto em política como economia (e previdência) boa parte do que hoje acho que sei eu aprendi com VOSMEÇÊS! Assim, para mim eu desconto previdência desde os anos 70, isso vai para algum fundo que por sua vez aplica - por exemplo, emprestando ao governo a juros cavalares, que é como emprestam dinheiro a ele - e faz render. Assim, se boto mil por mês em previdência ao longo de décadas, não é o mesmo que fazer o mesmo na poupança, em tese é BEM melhor.

E como se estraga isso? Como, desde que comecei a contribuir, leio que a Previdência é deficitária? O que diabos fazem lá, POWS???

Como já sou aposentado nem posso falar muito mas, SE estivesse de novo em começo de carreira e me oferecessem (opcionalmente) descontar Previdência do governo ou obrigatoriamente escolher entre outras aplicações para aposentadoria, garanto que teria escolhido a segunda opção.

[Marechal-do-ar]

Não é assim que a previdência pública funciona... Mas há previdências privadas que funcionam assim.

Vou exemplificar, digamos que fosse assim para todo mundo, você contribui, esse dinheiro é aplicado em títulos do governo que paga juros cavalares por eles e, quando você se aposenta, recebe de volta, bem, como o governo paga esses juros cavalares? Com o dinheiro dos impostos, você paga imposto e o governo usa esse dinheiro para pagar juros, é de onde vem o dinheiro para bancar as previdências privadas por ai, e funciona porque quase ninguém tem, se o governo fosse pagar esses juros cavalares para todo mundo ele estaria ainda mais quebrado do que hoje.

A previdência pública funciona de uma forma mais simples, as contribuições de quem trabalha paga quem já se aposentou, a diferença básica é que ao invés do dinheiro dos impostos pagar juros o dinheiro dos impostos dos jovens paga os velhos.

[Túlio]

Tá, mas e fica tudo parado, sem render nada? CREDO!!!

[Bourne]

A tese mágica da ANFIP e dos opositores da reforma (de qualquer reforma) que não existe déficit da previdência, as regras são perfeitas para o trabalhador em geral, e não há nenhum problema um país jovem como Brasil gastar 10% do PIB com aposentadorias, pensões e outros benefícios.

Só que desconsideram:

O déficit existe e vem, na grande parte, do funcionalismo público da elite e dos trabalhadores civis de maior renda. Uns 60% dos beneficiários recebem um salário mínimo e, hoje, se aposentam depois dos 65 por que eram informais e não tem tempo de contribuição para aposentar antes.

Dos que sobram ganham bem mais que salário minimo e tinham condições de se aposentar antes e ter um salário maior. No funcionalismo público tinha e tem aposentado com 50 e poucos anos, todo bonitão, que se aposenta com salário integral. Nesse grupo estão da ANFIP e outras do funcionalismo. Isso não é assim na maior parte do mundo. Na OCDE , o aposentado ganha uns 60% do salário de um ativo. Se quiser mais, se vira com fundos de investimento ou faz o próprio patrimônio. Aliás, até de 1980, alguém com curso superior se aposentava com 40 anos de idade, uma aberração. Ainda a previdência para uma gorda aposentadoria para os que estão vivos e famílias. Ou seja, a previdência no modelo atual concentra renda.

Logo terá a discussão dos militares. Também vão se adequar ao resto do mundo É questão de alguns anos.

O sistema de previdência no Brasil é uma confusão. Cheia de furos que fazem o dinheiro sumir. Em que alguns beneficiários mais bem assessorados conseguem vantagens que outro não. Vai do auxílio doença até aposentadoria de fato.

O Brasil gasta uns 10% PIB com previdência. Isso significa que tem as contribuições previdenciárias que são complementadas por impostos sobre empresa. Um sistema condizente com o resto do mundo. No entanto, é que os gastos com previdência estão comendo o resto do orçamento em que cada vez precisa de maior parcela dos impostos para manter os pagamentos. Para um país jovem, ainda, que precisa de investimento em educação, saúde, infraestrutura não é uma boa notícia. No limite, daqui uns 10 - 15, vai ter que ter novos aumentos de impostos e corte de gasto que são investimentos e vai começar comer outras áreas.

Não é terrorismo. É a realidade. As projeções lá da década de 2000 indicavam a situação e foram a motivação para as reformas na previdência do Lula, da Dilma e outras medidas administrativas e marginais na legislação. Esse ou o próximo governo vai tocar novas reformas. Por que se não o governo e vira um grande agência de RH. Tanto que a Dilma falava isso em 2015. Por que precisa estabilizar a trajetória de crescimento em relação ao PIB. Nem que seja Lula 2018.

Hoje tem a PEC dos gastos. Se não aprovar a reforma da previdência e enfrentar os grupos de interesses, vai faltar dinheiro para outras coisas. Virou questão de sobrevivência para governo e políticos. Na verdade seria mesmo sem a PEC por que a conta não fecha, mas ficou mais evidente.

[Bourne]

Marechal véio, não vou clamar uma expertise que não tenho: tanto em política como economia (e previdência) boa parte do que hoje acho que sei eu aprendi com VOSMEÇÊS! Assim, para mim eu desconto previdência desde os anos 70, isso vai para algum fundo que por sua vez aplica - por exemplo, emprestando ao governo a juros cavalares, que é como emprestam dinheiro a ele - e faz render. Assim, se boto mil por mês em previdência ao longo de décadas, não é o mesmo que fazer o mesmo na poupança, em tese é BEM melhor.

E como se estraga isso? Como, desde que comecei a contribuir, leio que a Previdência é deficitária? O que diabos fazem lá, POWS???

Como já sou aposentado nem posso falar muito mas, SE estivesse de novo em começo de carreira e me oferecessem (opcionalmente) descontar Previdência do governo ou obrigatoriamente escolher entre outras aplicações para aposentadoria, garanto que teria escolhido a segunda opção.

Jovem, a Previdência sempre é deficitária. Por que é um programa social para a maior parte dos trabalhadores de baixa renda terem renda quando ficarem idosos. A renda mínima para não passar necessidades. Por isso é paga pela contribuição dos trabalhadores e complementada com impostos. O problema é o quanto come do orçamento e do PIB.

A aberração é aposentar gente com 50 anos, alguns grupos ganharem aposentadoria integral depois de década como elite do funcionalismo e sindicalizado.

Esse grupo que quer mais renda tem que se acostumar com "se vira negão, aprende a fazer investimentos ou faz tua classe montar um fundo de previdência privada". A previdência só pode dar o básico.

[Marechal-do-ar]

Tá, mas e fica tudo parado, sem render nada? CREDO!!!

Não! Não é esse modelo adotado aqui pelo INSS, aqui o dinheiro de quem contribui vai diretamente para quem já se aposentou, não fica dinheiro parado.

[Viktor Reznov]

E as alegações de que sucessivos governos têm metido a mão na previdência pra tampar buracos de outras áreas, tem base isso?

[Marechal-do-ar]

Uma lei relativamente recente permite isso.

Mas, para tirar dinheiro da previdência e colocar em outras áreas precisa, primeiro, sobrar dinheiro na previdência, e não sobra, a realidade é que dinheiro de outras áreas que vão para a previdência.

[Juniorbombeiro]

A DRU tira recursos que deveriam ir para a previdência desde 1989. O que é DRU? É a Desvinculação de Receitas dá União. A Constituição de 1988 criou impostos que ajudam a financiar o caixa da seguridade social, do qual faz parte a previdência, um desses impostos é o COFINS. Esses recursos foram criados como impostos carimbados, ou seja, só deveriam ser utilizados para aquela finalidade. Aí o governo cria, um ano depois, uma emenda na constituição ou uma medida provisória, sei lá, dizendo que temporariamente 20% (hoje 30%) daquele recurso o governo pode gastar em outras coisas, e esse temporário já dura até hoje. Aí fica difícil. Tudo bem que o dinheiro é um só, mas precisa colocar tudo no rabo da previdência??? Tem que fazer a reforma tributária também, mas essa eles querem fazer tirando o rabo dos empresários dá reta. O negócio tem que ser balanceado, gasto controlado e todos contribuindo equilibradamente, tem que ter reforma sim, mas não desse jeito, sem discutir com a sociedade e tentando impor um modelo na base do acreditem em mim.

[Juniorbombeiro]

Acho que essa é uma discussão muito importante, devemos cultiva-la, já que o governo não faz. Vou postar informações do lado que eu defendo ( o meu), quem for do contra que conteste.

[Clermont]

Critiquem Temer à vontade, menos pela reforma da Previdência.

Raquel Landim - Folha de São Paulo, 17.03.17.

Circulam na Internet dois vídeos sobre a reforma da Previdência que se transformaram num bate-boca público.

No primeiro, o ator Wagner Moura diz que o governo Temer "vai acabar" com a Previdência, porque "quer que você morra sem se aposentar".

No segundo, o Planalto responde que o ator inventou uma "ficção" e garante que "os brasileiros vão ter muitos anos para aproveitar a aposentadoria".

Nesses tempos de "pós-verdade", as pessoas compartilham o vídeo que combina com sua posição política, sem se preocupar com os fatos. Mas, afinal, quem está com a razão?

https://www.youtube.com/watch?v=qJ3LFxG ... e=youtu.be

https://www.youtube.com/watch?v=oV4GSdknEdY

A principal divergência entre os dois é o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos (após 25 anos de contribuição) para a aposentadoria.

Contrário à reforma, Moura diz que "muitas regiões do Norte, Nordeste e da periferia das grandes cidades tem expectativa de vida abaixo dos 65 anos" e que "a reforma vai transformar o INSS numa funerária".

Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,5 anos, mas esse tempo muda conforme o gênero e as regiões do país. Em Alagoas, Maranhão e Piauí, que possuem os piores indicadores, os homens vivem, em média, 66 anos.

O argumento, no entanto, não resiste a uma análise mais profunda. Hoje, infelizmente, os brasileiros mais pobres já se aposentam praticamente na hora da morte. E não é a reforma que vai mudar isso.

As regras atuais são cheias de exceção, mas, em geral, as pessoas se aposentam por tempo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres), ou por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres, após 15 anos de contribuição).

No Brasil, mais de 60% da população se aposenta com um salário mínimo aos 65 anos de idade, porque trabalha na informalidade durante a maior parte da vida.

Algumas vezes não chegam a atingir os 15 anos de contribuição exigidos e não conseguem se aposentar, recebendo apenas um benefício social, cujo limite o governo também quer subir para 70 anos - isso, sim, um erro que precisa ser corrigido.

Os mais prejudicados pela reforma da Previdência, portanto, não serão os mais pobres, mas as pessoas que conseguem trabalhar com carteira assinada e se aposentam, em média, aos 57 anos.

A reforma também corrige uma injustiça do sistema previdenciário, que é o benefício integral para o funcionalismo público. Com as mudanças, vão acabar as aposentadorias que passam de R$ 30 mil.

No vídeo de resposta, o governo explica alguns desses pontos, mas escorrega ao "dourar a pílula" para garantir que os brasileiros "terão muito tempo para aproveitar".

O argumento do Planalto é que não se deve utilizar a expectativa de vida para o cálculo da Previdência, porque esse indicador inclui a mortalidade infantil, mas, sim, a taxa de sobrevida a partir dos 65 anos.

Segundo o IBGE, os brasileiros que chegam aos 65 anos vivem, em média, até os 83 anos —ou seja, receberiam aposentadoria por 18 anos. Tecnicamente é isso que importa para o sistema, mas obviamente não é o que interessa às pessoas.

O que a população quer saber é porque quanto tempo deve receber seu benefício depois de contribuir por vários anos. É isso que define se vale a pena ou não pagar o INSS como qualquer outro investimento.

Hoje um jovem de 20 anos que termina o ensino médio e começa a trabalhar e contribuir para a Previdência tem expectativa de viver até os 77 anos. Pelas novas regras, receberia sua aposentadoria por 12 anos. Para homens, a média cai para 9 anos.

Resumindo: em média, os brasileiros não vão morrer antes de se aposentar, mas tampouco terão esse tempo todo para aproveitar.

Não adianta, portanto, governo e oposição "torturarem" os números. Isso só atrapalha um debate que é árido, impopular, mas infelizmente inadiável. A Previdência já é deficitária em R$ 151 bilhões e o problema só vai piorar a medida que os brasileiros viverem mais.

A reforma é dura e requer reflexão no Congresso, mas é necessária. E Temer merece críticas de Wagner Moura ou de qualquer outro cidadão por ser cercado de auxiliares corruptos, por ser machista, por entregar saúde e educação a políticos despreparados, etc, etc, etc.

Critiquem Temer à vontade, mas não pela reforma da Previdência, que, se aprovada, será um legado importante para o país.