Bruno Falcão escreveu:Mais de 95% das cidades da região são ribeirinhas, ficam nas beiradas dos rios. Então o mercado desses dirigíveis ficariam restritas a obras situadas longe dos rios e obras como essas aparecem aparecem apenas de 10 em 10 anos e mesmo assim são bastante raras.
As vazantes dos rios ocorrem por um período de no máximo uns 3 meses durante e não são todas as regiões que ficam totalmente isoladas com a seca... é uma situação que aviões pequenos podem atender a população e a FAB sempre atua quando um município fica em estado crítico.
Enfim, acredito que uma empresa teria prejuízos com esses dirigíveis por aqui. A única exceção seria no caso de uma obra de grande porte como a de um gasoduto que uma petrolífera russa vai iniciar agora em 2015 no alto Solimões, ai sim esses dirigíveis seriam bem interessantes por lá.
A concentração das cidades nas margens dos rios na Amazônia é justamente um reflexo da deficiência dos meios de transporte na região, que poderia ser diminuída como uso de dirigíveis. Inclusive muitas áreas do interior que poderiam se interessantes (por seus recursos minerais, biológicos, etc...) mas que ficam longe dos rios poderiam passar a ser exploradas. Mas claro, isso não quer dizer que os dirigíveis seriam uma panacéia universal que resolveriam tudo, eles apenas permitiriam alargar o leque de opções de transporte na região.
Justin Case escreveu:mmatuso escreveu:Dirigível não tem problema de voar com mal tempo?Chuva, tempestades e etc...
Amigos,
Um grande problema do dirigível é exatamente o meteorológico.
A velocidade de cruzeiro é muito baixa, o que praticamente inviabiliza o deslocamento caso o vento esteja desfavorável.
Mesmo com o vento favorável, as condições podem mudar quando ele está em voo, exigindo pouso o mais breve possível, em área apropriada.
Normalmente o voo é acompanhado por uma equipe que se desloca por terra.
Com essas restrições, já é difícil deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo. Imagino como seria complicado operar na Amazônia.
Abraços,
Justin
Os dirigíveis já foram operados em condições de tempo muito ruins por diversos anos e com bastante sucesso, e isso entre as décadas de 1910 e 1940, quando a tecnologia disponível era muito inferior ao que existe hoje. Eles podem voar normalmente a velocidades entre 50 e 70 Km/h, e atingir máximas entre 120 e 140 (o recorde registrado está em trono de 120 Km/h com um blimp, mas os dirigíveis rígidos da década de 30 voavam corriqueiramente a 140 Km/h). Não é todo dia e toda hora que acontecem ventos mais velozes do que isso. E nestes casos os dirigíveis podem "surfar" o vento até escapar da frente, pois tem autonomia suficiente e são bem menos castigados pelas turbulências do que outras aeronaves. Isso pode atrasar a viagem (bastante, eventualmente), mas os riscos reais de acidente são pequenos.
Na Primeira Guerra Mundial os dirigíveis alemães eram usados em patrulhas sobre o Mar do Norte e em ataques à Inglaterra, muitas vezes enfrentando mal tempo que impedia os aviões da época de voar, e praticamente todas as perdas se deram para fogo inimigo e não para acidentes. Na década de 1930 eles levavam milhares de passageiros cruzando milhares de km sobre os oceanos, sem nenhum acidente digno de nota fora o do Hindemburg (embora dirigíveis de outras nações que não a Alemanha tenham enfrentado problemas sérios e mesmo acidentes fatais, mas não em missões de transporte de passageiros). E durante a Segunda Guerra Mundial os blimps americanos voaram milhares e milhares de horas sobre o atlântico caçando submarinos em todo tipo de condições atmosféricas sem uma perda sequer. Mesmo com os acidentes registrados o histórico de acidentes/hora voada dos dirigíveis ainda é melhor que o de todas as demais categorias de aeronaves.
Então também não é assim de dizer que eles só podem operar cercados de restrições, isso se aplica a um ou outro caso de dirigíveis mais simples voados basicamente para propaganda mas está longe de ser uma regra geral.
Leandro G. Card