Epidemia de Ebola

Área para discussão de Assuntos Gerais e off-topics.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 5682
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceram: 261 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#31 Mensagem por akivrx78 » Seg Ago 11, 2014 12:37 am

Sistema de saúde da Libéria está 'desmoronando' devido o ebola, diz MSF
Atualizado em 10 de agosto, 2014 - 13:27 (Brasília) 16:27 GMT

Ebola (Reuters)
Imagem
Funcionários desinfetam corpo de vítima do ebola na Libéria: governo tem sido criticado por resposta a surto

O sistema de saúde da Libéria está completamente saturado e "desmoronando" devido o surto do ebola no país, disse a coordenadora do grupo Médicos Sem Fronteiras.

Lindis Hurum disse à BBC que cinco dos maiores hospitais na capital, Monróvia, estão fechados há mais de uma semana.

"Alguns deles começaram a reabrir mas há outros hospitais em outros países que estão sendo abandonados pela equipe", disse ela.

Imagem
"Definitivamente, estamos vendo que o sistema de saúde está desmoronando".

Cerca de 1.000 pessoas morreram e 1.800 estão infectadas pelo ebola na África Ocidental.

Libéria, Serra Leoa e Guiné - países que são o foco da epidemia - e a Nigéria já declararam estado de emergência por causa da propagação do vírus.

Nas últimas semanas, vários países aconselharam seus cidadãos a não viajarem para as regiões afetadas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na sexta-feira que o surto do vírus era uma emergência médica global.
Ebola (AP)

OMS declarou que o surto do ebola é uma emergência médica global

No sábado, a polícia da Libéria dispersou um protesto contra as ações do governo à epidemia. Manifestantes bloquearam uma estrada, dizendo que autoridades não estariam recolhendo o corpo de algumas das vítimas.

O Exército agiu para restringir o movimento de pessoas, especialmente das regiões mais afetadas pela doença à capital.

Na vizinha Guiné, o ministro da Saúde disse no sábado que o país tinha fechado suas fronteiras com a Libéria e Serra Leoa para evitar a entrada de pessoas contaminadas pelo vírus.

No entanto, a televisão estatal negou a informação, dizendo que medidas foram, na verdade, reforçadas nos postos de controle.

O Ebola é transmitido entre seres humanos por meio de fluidos corporais.

Animais como morcegos são portadores do vírus, que pode ser transmitido às pessoas através do contato com sangue ou do consumo de carne de animais silvestres.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... a_hb.shtml




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 5682
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceram: 261 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#32 Mensagem por akivrx78 » Seg Ago 11, 2014 12:39 am

Atualizado em 10/08/2014 11h13
Romeno com sintomas de Ebola é colocado em quarentena
Homem de 51 anos voltou da Nigéria em 25 de julho.
Ele está em quarentena em hospital da capital Bucareste.

Da France Presse

Um romeno que esteve na Nigéria e apresenta sintomas do vírus do Ebola foi colocado em quarentena neste domingo (10) em um hospital de doenças infecciosas de Bucareste, informaram fontes médicas.

O homem de 51 anos, que voltou da Nigéria em 25 de julho passado, chegou pela manhã ao um hospital de Ploiesti apresentando um quadro clínico de febre, diarreia com sangue e desidratação, informou o diretor do estabelecimento, Alexandru Baloi.

Ele foi transferido rapidamente para o principal hospital de doenças infecciosas de Bucareste, Matei Bals, designado pelas autoridades para tratar de qualquer caso suspeito de Ebola.

Com 13 casos (confirmados, prováveis ou suspeitos), sendo que dois fatais, a Nigéria é o quarto país afetado pela epidemia, além de Serra Leoa, Libéria e Guiné.

Em oito meses, o Ebola matou quase mil pessoas, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar estado de emergência de saúde pública mundial.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/ ... ntena.html




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 5682
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceram: 261 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#33 Mensagem por akivrx78 » Seg Ago 11, 2014 12:41 am

10/08/2014 12h22
Teste do Pentágono faz diagnóstico de Ebola em 4 horas

Com a escalada dos casos de Ebola na África, a FDA, agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, autorizou, na quarta-feira (6), o uso de um exame desenvolvido pelo Pentágono para diagnosticar a contaminação. O novo teste será o meio mais rápido e confiável disponível para detectar o vírus, totalizando quatro horas desde a coleta do sangue até o diagnóstico, de acordo com o geneticista Eduardo Castan, cientista da Thermo Fisher Scientific, empresa que forneceu os reagentes e equipamentos utilizados no teste.

Segundo Castan, o exame utiliza a técnica conhecida como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR, em inglês). "O teste utiliza uma máquina de PCR em Tempo Real, que é um equipamento bastante comum e um kit já pronto com os reagentes", disse. "O novo teste é capaz de diagnosticar o Ebola mesmo quando o vírus está incubado, ou a carga viral é muito baixa." Uma pequena amostra de sangue do paciente é colocada em um tubo com os reagentes e a máquina, por sucessivas variações de temperatura, opera várias reações.

No início, as células presentes no sangue têm suas membranas rompidas e as moléculas de DNA e RNA ficam expostas. A partir daí, são sintetizadas moléculas de DNA complementares ao RNA do vírus, quando ele está presente.

Depois, entra em ação outro elemento do kit: cópias sintéticas de pequenos trechos do genoma do vírus - os "primers" -, que se ligam aos trechos complementares das moléculas de DNA sintetizadas. "As enzimas presentes no kit, então, começam a copiar exponencialmente esse material. Em 40 minutos, temos alguns bilhões dessas moléculas idênticas a um trecho do genoma do vírus", explicou Castan.

Um outro componente é então ativado: um agente fluorescente conhecido como sonda TaqMan. "Quando a enzima que copia o RNA encontra o agente fluorescente, ele emite luz, que é detectada pela máquina. O resultado é um gráfico que nos mostra de forma inequívoca a presença do vírus."

Segundo a FDA, o teste foi aprovado em caráter emergencial e será usado só em comunidades sob risco de exposição ao vírus nas zonas endêmicas e em militares, equipes humanitários e de emergência.

O diagnóstico precoce do Ebola é considerado fundamental para impedir que a epidemia se alastre, pois possibilita o isolamento dos infectados. Mas a tarefa é difícil: os sintomas podem ser confundidos com os de gripe, malária, ou dengue hemorrágica. Além disso, podem levar três semanas para aparecer. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

http://info.abril.com.br/noticias/cienc ... oras.shtml




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 5682
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceram: 261 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#34 Mensagem por akivrx78 » Seg Ago 11, 2014 12:43 am

Governo tem plano para conter vírus do Ebola Chances de surto no Brasil são muito pequenas

Publicação: 10/08/2014 08:31 Atualização:
Autoridades sanitárias são unânimes em afirmar que, se existe risco da chegada do Ebola ao País, as chances de um surto são muito pequenas - principalmente em virtude de a contaminação pressupor contato com fluidos corporais do doente.

Mas cuidados já vêm sendo tomados. Na quarta-feira, via teleconferência, o médico epidemiologista Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, conversou com representantes das secretarias estaduais e diretores de hospitais de referência.

“Nós, do ministério, participamos de um grupo da Organização Mundial de Saúde e recebemos, diariamente, relatórios com casos no mundo. São alertas, de fontes oficiais, que nos ajudam a compreender o problema”, explica Barbosa. Semanalmente, um comitê formado por 15 pessoas se reúne em uma sala do bloco G da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para discutir o conteúdo desses alertas e avaliar riscos no País.

Em outra sala do ministério, um centro de informações funciona sete dias por semana, consolidando dados relevantes de saúde pública de todo o País. Ali chegam, por exemplo, todos os casos de doenças de notificação compulsória - como dengue, hanseníase, tétano e outras, que constam de uma lista elaborada pelo próprio ministério.

Portas

Há duas possibilidades de chegada do Ebola. A primeira seria um viajante internacional portador do vírus que adoeça no percurso - a doença costuma se manifestar de 2 a 21 dias após a contaminação. “Em caso de paciente com febre, vômitos ou quaisquer problemas do tipo no trajeto, a companhia aérea comunica as autoridades”, lembra Barbosa. “O doente é removido para um hospital de referência - no caso de São Paulo, o Emílio Ribas -, e um grupo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) entrevista os passageiros. Como o Ebola não é transmitido pelo ar, neste caso não é necessário deixar todos em quarentena.”

Uma segunda possibilidade é de a pessoa viajar durante o período de incubação e só adoecer no Brasil. “Como o Ebola sempre produz casos graves, o doente inevitavelmente vai chegar a um médico”, acredita Barbosa. Em ambas as situações, o Ministério da Saúde deverá ser comunicado imediatamente.

O transporte do paciente para o hospital também foi normatizado. Deve ser feito por meio das equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Para tanto, além dos equipamentos que já têm, os serviços começaram a receber, na última semana, kits com macacões especiais, impermeáveis, para serem usados como segunda proteção, além de aventais.

Emílio Ribas

Esses macacões já estão disponíveis no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Mas não é a única precaução tomada pelos diretores do hospital. “Obviamente, os treinamentos são constantes”, afirma o médico infectologista Luiz Carlos Pereira Júnior, diretor da instituição.

No surto da gripe A H1N1, em 2009, o Emílio Ribas dividiu o acesso ao pronto-socorro em duas partes: as pessoas com suspeita da gripe não tinham como contaminar outros pacientes. Uma estratégia semelhante pode ser adotada agora.

O corpo clínico do hospital tem 120 médicos infectologistas - 50 no pronto-socorro. “Temos uma área isolada para já fazer uma primeira avaliação de qualquer paciente que chegar com suspeita de contaminação”, conta o médico. Se os sintomas se manifestarem de modo agudo, o doente poderá ser removido para uma das 34 salas do hospital com pressão negativa. “Nelas, o ar que sai da sala passa por filtros, antes de ser devolvido ao meio ambiente.”

Sem nenhum caso registrado, por enquanto a preocupação maior é com o controle da informação - seja para organizar as equipes ou para evitar a propagação de outra epidemia: os boatos. Para tanto, o supervisor do pronto-socorro do Emílio Ribas criou, dias atrás, um grupo no serviço de mensagens no WhatsApp. Batizado de “GP vírus hemorrágico”, dele participam 15 pessoas, entre diretores do hospital, chefes do pronto-socorro e responsáveis pelo Departamento de Comunicação. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

http://www.diariodepernambuco.com.br/ap ... bola.shtml




Avatar do usuário
akivrx78
Sênior
Sênior
Mensagens: 5682
Registrado em: Dom Fev 08, 2009 8:16 am
Agradeceram: 261 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#35 Mensagem por akivrx78 » Seg Ago 11, 2014 12:53 am

“Digam à Europa que precisam nos ajudar, que o ebola é real”
43 pacientes lutam para sobreviver em um centro de isolamento em Serra Leoa

ESPECIAL O Brasil põe seus portos e fronteiras em alerta contra o ebola

José Naranjo Kailahum 10 AGO 2014 - 20:35 BRT

Infectados no centro de isolamento do Médicos sem Fronteiras. / José Naranjo

“Estou querendo sair daqui para ver minha filha, quero sair para abraçá-la”. Hawa Idressa tem 19 anos e há três semanas foi transferida da aldeia de Shabewemo, na província de Kailahun em Serra Leoa, para um centro isolamento nas proximidades, com um quadro de febre e vômitos que pressagiava o pior. Não era a única da família. Seu cunhado também estava doente. “Tinha ebola, mas mas minha filha Tamo estava bem, ela não pegou, graças a Deus”, contava Hawa ontem. “Agora me sinto bem, estou forte, estou presa aqui”, diz ela com um sorriso para a doutora Hilda de Klerk, dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). Mas enquanto o vírus não desaparecer completamente de seu organismo, não podem deixá-la ir. Às vezes há recaídas. “Tragam sardinhas para mim”, pede.

O centro foi construído em 10 dias em meio a uma paisagem agreste. Foi necessário cortar 150 árvores. Mas o desmatamento era justificado. Kailahun tornou-se a porta de entrada do vírus ebola em Serra Leoa depois de uma mulher ir a um enterro no final de maio em Gueckedou, na vizinha Guiné, onde o vírus já fazia estragos. Retornando da viagem, ela adoeceu e morreu, trazendo a doença consigo. As pessoas que cuidaram dela também foram infectadas e a cadeia de contágio foi se ramificando de uma pessoa para outra.

Abdulaye Barry, da cidade vizinha de Pendebu, foi uma dessas pessoas. Também está internado no centro e parece se recuperar lentamente. “Se vão sobreviver ou não, depende de muitas coisas”, afirma De Klerk, coordenadora da emergência, “fatores genéticos, se sofrem ou não de outras doenças, se chegam até nós em tempo. Não há cura, mas tratamos seus sintomas, reidratamos, baixamos a febre e aliviamos as dores, e deixamos o seu sistema imunológico fazer o resto. Por este centro já passaram 185 pessoas com ebola e 46 sobreviveram”.
mais informações

O pânico com o ebola esvazia o hospital da área mais afetada de Serra Leoa
A OMS declara emergência internacional de saúde pública por causa do ebola
O padre espanhol infectado pelo ebola se encontra estável
Serra Leoa coloca mais duas províncias em quarentena

Nlalo Moiba, um jovem de 22 anos que estudava para ser professor até que o vírus entrou em sua vida, é um de seus pacientes. “Digam à Europa que precisam nos ajudar, que o ebola é real e está aqui, por toda parte”, diz ele. Parece estar em boa forma. “Eu me sinto melhor, passei muito mal aqui dentro, mas sei que vou sair logo”, explica, enquanto saboreia um refresco que lhe jogaram de fora da zona de isolamento.

Barry, que estudava na Escola Metodista, também tem esperança. “Entrei há cinco dias, estava muito mal. Mas agora estou melhor. Minha irmã Nenen também está aqui, mas vamos seguir adiante”. Surpreende ver a sua vitalidade, sua vontade de viver, em meio a tanta morte.

O técnico de água e saneamento Sa Koroma, contratado pela MSF, demora 10 minutos para tirar a roupa de proteção especial depois de ir à área de alto risco. Cada vez que retira um item, botas, óculos de proteção, máscara, deve lavar as mãos com água clorada. Estava montando macas no necrotério. “Há muitos cadáveres hoje, temos oito, montamos umas macas para evitar que fiquem no chão”, diz ele. Sua naturalidade surpreende. “Não tenho medo, faço este trabalho há muito tempo e, se seguir as medidas de segurança, nada vai acontecer, sinto-me seguro”, acrescenta.

Quando os pacientes chegam a este centro com algum sintoma da doença, que pode ser febre alta, vômitos, diarreia, irritação nos olhos, dores musculares ou de cabeça, passam primeiro pela zona de triagem, onde medem sua temperatura e fazem uma primeira avaliação. Evidentemente, com todas as precauções. Os médicos não entram em contato com os pacientes, ficam a um metro de distância, separados um sistema de cercas de plástico. Se constararem que pode ser ebola, passam a uma segunda zona para casos suspeitos e prováveis, onde são realizados os testes. O laboratório do centro leva cerca de três horas para obter os resultados e, em caso positivo, os pacientes são levados a uma das oito barracas de lona onde estão os casos confirmados.

Das 47 pessoas internadas ontem, 43 tinham contágio por ebola confirmado em laboratório. Aqui as medidas de segurança são escrupulosamente respeitadas. Nenhum dos 300 trabalhadores locais contratados ou dos 25 médicos e enfermeiros internacionais do MSF contraíram a doença, apesar de estarem tão perto. Os protocolos são rígidos. Há funcionários específicos para colocar e retirar os trajes dos médicos cada vez que entram ou saem, desinfecção por todo lado, e as partes reutilizáveis do traje de proteção, como luvas ou botas, são lavadas com especial cuidado e secam ao sol .

Siri Baye é uma médica norueguesa de uma equipe da Cruz Vermelha que está recebendo treinamento em Kailahun. É a primeira vez que vê o ebola de perto. “[A organização] Médicos Sem Fronteiras está fazendo um trabalho incrível”, diz ela, enquanto retira o traje conhecido como roupa de astronauta, “ali dentro tudo é mais devagar, mas é seguro para nós. Não dá para agir com os pacientes da maneira usual, mas você sabe que está fazendo todo o possível por eles”.

http://brasil.elpais.com/brasil/2014/08 ... 84112.html




Avatar do usuário
Viktor Reznov
Sênior
Sênior
Mensagens: 6749
Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
Agradeceram: 766 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#36 Mensagem por Viktor Reznov » Seg Ago 11, 2014 1:38 pm

Os Ganeses ilegais que entram aqui no Brasil estão passando tudo por Guiné, um dos focos principais de Ebola e essa é a reação da governo:

Imagem




I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceram: 812 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#37 Mensagem por LeandroGCard » Ter Ago 12, 2014 6:47 pm

É, parece que o tal soro americano não é tão "porreta" assim.
Padre espanhol com Ebola morre em hospital de Madri

Teresa Larraz - REUTERS 12 Agosto 2014

Miguel Pajares estava desde o dia 7 internado no Hospital Carlos III, onde recebeu tratamento com o medicamento experimental

MADRI - O padre espanhol Miguel Pajares, de 75 anos, o primeiro europeu infectato pelo surto do vírus Ebola que já matou 1.013 na África Ocidental, morreu num hospital de Madri, informou nesta terça-feira, 12, uma porta-voz das autoridades municipais de saúde. O porta-voz não disse quando morreu Pajares, que tinha sido transportado da Libéria para a Espanha em 7 de agosto depois de contrair a doença enquanto trabalhava para uma organização não governamental no país africano.

O padre estava recebendo tratamento no Hospital Carlos III, onde estava em quarentena desde seu retorno da África. O Ministério da Saúde disse que ele estava sendo tratado com o medicamento experimental ZMapp, fabricado pela companhia norte-americana Mapp Biopharmaceutical. Dois trabalhadores humanitários norte-americanos infectados pela doença têm mostrado alguns sinais de melhora desde que receberam o medicamento.

Pajares foi repatriado com a freira Juliana Bohi, que teve resultado negativo em exames para verificar se estava com o Ebola.
Leandro G. Card




Avatar do usuário
Viktor Reznov
Sênior
Sênior
Mensagens: 6749
Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
Agradeceram: 766 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#38 Mensagem por Viktor Reznov » Ter Ago 12, 2014 8:50 pm

Esse soro era a tal vacina que estava esperando por aprovação da FDA?




I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
Marechal-do-ar
Sênior
Sênior
Mensagens: 8789
Registrado em: Qua Set 10, 2003 8:28 pm
Agradeceram: 419 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#39 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Ago 12, 2014 9:11 pm

A princípio soro serve para tratar quem já está doente, a vacina para quem ainda não está...




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
Avatar do usuário
Bourne
Sênior
Sênior
Mensagens: 21087
Registrado em: Dom Nov 04, 2007 11:23 pm
Localização: Campina Grande do Sul
Agradeceram: 21 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#40 Mensagem por Bourne » Sex Ago 15, 2014 5:49 pm

Quando a epidemia da Aids começou nos EUA, ninguém sabia nada e nem como combater, o uso do AZT matava mais do que a Aids. Além de custar uma fortuna e os laboratórios colocavam pressão na FDA para não liberar qualquer outra opção. Enquanto outros países ignoravam a FDA e questionavam a forma do AZT ter sido ministrada e a droga em si.

Pela velocidade em que o ebola mata, não se desesperem. A tendencia é ficar restrito à pequenos grupos de pessoas e regiões. Se o vírus ficasse incubado por dois-três anos e/ou meses seria um enorme problema.

Esse surto do ebola não é o primeiro e não será o último.




Avatar do usuário
delmar
Sênior
Sênior
Mensagens: 5240
Registrado em: Qui Jun 16, 2005 10:24 pm
Localização: porto alegre
Agradeceram: 501 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#41 Mensagem por delmar » Seg Ago 18, 2014 7:39 pm

Homens armados atacaram um centro onde chegaram a estar em isolamento 29 pacientes infectados com o vírus do ébola na capital da Libéria. Os atacantes levaram colchões, lençóis e equipamento médico, enquanto 17 pacientes fugiam.
O centro tinha sido aberto para observar casos suspeitos, mas todos os internados já tinham “testado positivo”, disse à AFP George Williams, líder do sindicato dos trabalhadores da saúde no país. Situado num bairro descrito como uma favela, West Point, com 50 mil habitantes, um dos epicentros da epidemia em Monróvia, o centro tinha sido aberto recentemente num liceu.
Os atacantes gritavam que "não há ébola na Libéria" e levaram colchões e lençóis. “Isto é uma das coisas mais estúpidas que eu já vi na vida”, diz um polícia.
Vai ser difícil acabar com o surto de Ebola na África.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
Avatar do usuário
Viktor Reznov
Sênior
Sênior
Mensagens: 6749
Registrado em: Sex Jan 15, 2010 2:02 pm
Agradeceram: 766 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#42 Mensagem por Viktor Reznov » Ter Ago 19, 2014 2:02 pm

Só o fogo pode acabar com uma epidemia de Ebola na África, o fogo ou o próprio Ebola em si. A população Africana desses países afetados é culturalmente atrasada demais pra conseguir lutar eficientemente contra uma epidemia de qualquer doença que seja, eles desconhecem completamente noções básicas de higiene médica, coisas como lavar alimentos antes do consumo, não consumir carne de macaco ou morceço, nada disso passa pela cabeça deles e não adianta tentar ensiná-los, eles simplesmente se recusam à acreditar e se agarram em suas tradições equivocadas como um homem se afogando se agarra numa bóia.




I know the weakness, I know the pain. I know the fear you do not name. And the one who comes to find me when my time is through. I know you, yeah I know you.
Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceram: 812 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#43 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Ago 23, 2014 3:08 pm

OMS admite que surto de Ebola foi subestimado

Francamente, ninguém sabe quando acabará, diz porta-voz. Mortos chegam a 1.427; doença atinge mais áreas e órgão prevê de 6 a 9 meses de ações.

MONRÓVIA - O Estado de S.Paulo - 23 Agosto 2014

A Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que o surto de Ebola na África Ocidental é bem maior e prosseguirá por "vários meses". Para a OMS, não foi possível identificar todos os casos de infecção, por causa de uma série de fatores, incluindo colapso do sistema de saúde dos países atingidos, subnotificação, mortes sem identificação e famílias que mantêm pacientes em casa

Ontem, o número de mortes causadas pelo vírus aumentou para 1.427 e há 2.615 infectados. São quatro os países atingidos: Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria. A OMS disse estar trabalhando com organizações como Médicos sem Fronteiras e centros de controle de doenças americanos para produzir estatísticas mais realistas. "Ebola não tem cura e alguns acreditam que os entes queridos estarão mais confortáveis morrendo em casa", observou a OMS. "Outros negam ter Ebola e acreditam que o tratamento em isolamento levará à infecção e à morte certa

Quando há tratamento disponível, as clínicas ficam rapidamente superlotadas, sugerindo que há casos "invisíveis", fora do radar oficial, conforme informou o órgão em Monróvia, capital da Libéria. Sete razões principais foram listadas como causadoras do avanço (mais informações nesta página

A OMS disse ter um plano estratégico para combater o vírus ao longo dos próximos seis a nove meses, dando a entender que não espera o fim da epidemia neste ano. "Francamente, ninguém sabe quando o surto acabará", disse o porta-voz da OMS, Fadela Chaib.

As dificuldades incluem a expansão clara da doença. Pela primeira vez, foram registrados casos de Ebola no sudeste da Libéria, próximo da fronteira com a Costa do Marfim. Tratava-se até então de uma região livre da epidemia.

O sistema de saúde do país é considerado o pior dentre os que registram casos da doença. "Os sistemas de saúde dos países afetados tinham problemas antes. Agora, estão afundados", afirmou a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Karin Landgren. Ontem, a Libéria admitiu que um adolescente morreu após ser baleado por forças de segurança em West Point - bairro com 75 mil pessoas sob isolamento onde houve confronto nesta semana, após o início do cordão sanitário

Nigéria. Já o governo da Nigéria confirmou dois novos de casos de infecção pelo vírus Ebola ontem. Os infectados são companheiros de pessoas que participaram do tratamento de Patrick Sawyer, cidadão da Libéria que voou para a Nigéria em junho. Só ele causou a contaminação de 11 pessoas antes de morrer, em julho. São os dois primeiros casos da doença que não envolvem quem teve contato direto com Sawyer. Os companheiros dos infectados haviam morrido após contato com o liberiano.
Leandro G. Card




Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceram: 812 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#44 Mensagem por LeandroGCard » Seg Ago 25, 2014 12:47 pm

É, parece que não é assim tão simples:
A cura do ebola; e a diferença entre medicina e curandeirismo.

Médico responsável pelo tratamento de dois americanos infectados com vírus nos EUA foi extremamente íntegro ao reconhecer que não sabia explicar o motivo da cura.

Herton Escobar - O Estado de São Paulo - domingo 24/08/14

A equipe médica do Emory University Hospital, em Atlanta, deu um show de responsabilidade e integridade científica nesta semana, ao anunciar a liberação de dois pacientes americanos que haviam contraído o vírus ebola na África.

Perguntado sobre a eficácia da droga experimental que os pacientes haviam recebido ainda na África, o chefe da equipe, Bruce Ribner, disse: “Francamente, não sabemos se ela ajudou, se não fez diferença, ou mesmo se, teoricamente, retardou sua recuperação”.

Palmas para o Dr. Ribner! Imagine quão fácil teria sido dizer “Tudo indica que a droga teve um efeito positivo e que estamos a caminho de uma cura para o ebola”, ou algo desse tipo. Afinal, os pacientes contraíram o vírus, tomaram o remédio, e sobreviveram. Relação de causa e efeito, certo? Não. Na ciência, essa relação, infelizmente, poucas vezes é tão óbvia quanto gostaríamos; e o Dr. Ribner foi extremamente ético e correto ao admitir isso. Não deu crédito indevido para a droga nem conclamou para si mesmo o mérito de ter salvo os pacientes. O fato é que eles melhoraram, ponto. Porquê exatamente? Ninguém sabe ainda.

Pode-se imaginar que o fato de eles terem sido tratados num hospital de ponta, com alta tecnologia e sob os cuidados de médicos altamente qualificados, tenha influenciado positivamente na recuperação. Provavelmente. Mas talvez nem isso. Afinal, muitas das pessoas infectadas com o ebola na África também “se curam sozinhas”, mesmo quando tratadas em hospitais precários ou simplesmente ficando de repouso em casa, esperando a morte chegar.

Com o vírus da gripe acontece a mesma coisa: cada pessoa reage de uma forma diferente; algumas ficam extremamente doentes e debilitadas (podendo até morrer), outras sofrem apenas com sintomas leves, espirrando por alguns dias. E quando tomamos um remédio contra a gripe, o que ele faz é aliviar os sintomas, apenas. Ele não ataca o vírus diretamente; não “cura” a doença – quem faz isso é o nosso próprio organismo, e alguns são mais eficientes do que outros nessa tarefa, por diversos motivos. Para quem não sabe disso, porém, parece muito lógico deduzir que foi o remédio que curou a gripe. Causa e efeito, certo? Errado.

Infelizmente, muitos médicos e curandeiros oportunistas de aproveitam dessa falsa lógica e do efeito placebo associado a ela para vender tratamentos milagrosos ou isentos de comprovação científica. Está cheio de médico por aí dizendo que cura desde paralisia até autismo com injeções de células-tronco, por exemplo. A pessoa vai lá, paga uma fortuna para receber a injeção, e volta para casa se sentindo melhor. Ou faz um tratamento “espírita”, ou toma umas bolinhas de água com açúcar contra alguma virose, fica melhor depois de alguns dias, e acha que foi isso que a curou.

Imagine só o seguinte: Se em vez de serem tratados no Emory University Hospital, esses dois pacientes tivessem sido enviados para um curandeiro tribal no meio da floresta, para serem tratados com rezas e banho de fumaça sagrada, e tivessem sobrevivido da mesma forma; qual seria o critério para dizer que a fumaça sagrada é melhor ou pior do que a droga experimental do ocidente? Se um africano infectado pelo ebola vai a um curandeiro na floresta e sobrevive, enquanto que a maioria das pessoas ao seu redor morre com sangue escorrendo pelos olhos, ele tem toda razão em concluir que a fumaça do curandeiro funciona, não é mesmo? Mas a verdade é que ele foi um dos sortudos imunológicos cujo organismo conseguiu eliminar o vírus por conta própria.

É por isso que precisamos da ciência na medicina: para separar os falsos curandeiros dos verdadeiros médicos.

Comparação: A droga experimental que foi administrada aos dois pacientes (Nancy Writebol e Kent Brantly) foi a ZMapp. O site do CDC dos Estados Unidos traz informações muito claras e responsáveis sobre ele também: “É muito cedo para saber se o ZMapp é eficiente, já que a droga está num estágio experimental e ainda não teve sua segurança ou eficácia testada em seres humanos. Alguns pacientes infectados com o vírus ebola de fato melhoram espontaneamente ou com terapia de suporte. No entanto, a melhor maneira de saber se o tratamento com o produto é eficaz é conduzir um teste clínico controlado e randomizado, para comparar os resultados em pacientes que receberam o tratamento versus aqueles que não o receberam (chamado grupo controle, ou placebo). Nenhum estudo desse tipo foi conduzido até agora”.

Em outras palavras: Não adianta comparar o Zmapp com a fumaça sagrada, nem avaliar os resultados de um ou dois casos isoladamente. A única maneira cientificamente válida de saber se um tratamento funciona é comparar os resultados de pessoas que tomaram a droga com os resultados de pessoas que achavam que estavam tomando a droga, mas na verdade estavam tomando um placebo. E isso não foi feito ainda. O fato de alguém ter melhorado depois de tomar uma injeção não significa que a injeção funcionou (para mais informações sobre o efeito placebo, clique aqui: http://blogs.estadao.com.br/herton-esco ... enganacao/).

Isso significa que devemos simplesmente assistir passivamente à epidemia do ebola e esperar para ver quem morre e quem sobrevive? Claro que não. Se for possível levar melhor assistência médica aos infectados na África, certamente o sofrimento será reduzido e suas chances de sobrevivência aumentarão. De qualquer forma, a honestidade do Dr. Ribner ao relatar o que aconteceu no caso desses dois americanos foi realmente exemplar.
Leandro G. Card




Avatar do usuário
LeandroGCard
Sênior
Sênior
Mensagens: 8754
Registrado em: Qui Ago 03, 2006 9:50 am
Localização: S.B. do Campo
Agradeceram: 812 vezes

Re: Epidemia de Ebola

#45 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Ago 30, 2014 7:53 pm

Surto atual de Ebola começou em funeral, aponta estudo

Em pesquisa publicada na Science, cientistas concluíram que o vírus tem mais de 300 mutações genéticas em relação a surtos anteriores

Fábio de Castro - O Estado de S. Paulo 28 Agosto 2014

Como resposta ao maior surto de Ebola da história, um grupo internacional de cientistas sequenciou e analisou 99 genomas do vírus. Com o estudo, publicado nesta quinta-feira, 28, na revista Science, foi possível rastrear a origem e transmissão do vírus no surto atual - informações que são essenciais para o desenvolvimento de vacinas, diagnósticos e tratamentos. A pesquisa mostrou que o genoma do vírus atual tem mais de 300 modificações genéticas em relação às linhagens responsáveis por surtos anteriores da doença.

O estudo foi realizado pelo Broad Institute do MIT e Harvard, em colaboração com o Ministério da Saúde de Serra Leoa. Cinco dos 58 autores do artigo da Science contraíram o vírus do Ebola e morreram antes da publicação. Um dos coautores do estudo, Augustine Goba, diretor do Laboratório Lassa, em Kenema (Serra Leoa), foi o cientista que identificou o primeiro caso de Ebola no país.

Segundo os cientistas, as linhagens de Ebola responsáveis pelo surto atual provavelmente têm um ancestral comum com o primeiro surto da história, ocorrido em 1976. No estudo, os pesquisadores traçaram o caminho de transmissão e as relações evolutivas das amostras, revelando que a linhagem responsável pelo surto atual divergiu da versão do vírus nos últimos 10 anos. Segundo eles, o surto de 2014 teve origem na Guiné e se espalhou por Serra Leoa, Libéria e Nigéria.

De acordo com o artigo, nos surtos anteriores, a exposição contínua a reservatórios virais, como morcegos infectados, contribuíram para a difusão da doença. Mas, a partir das variações genéticas encontradas nos sequenciamentos do vírus atual, os cientistas concluíram que o surto de 2014 começou a partir de uma única troca entre humanos, espalhando-se depois de pessoa para pessoa por vários meses - provavelmente indo para Serra Leoa a partir de duas linhagens do vírus originários da Guiné. Os pesquisadores acreditam que a possível fonte dessas linhagens foram 12 pessoas que participaram do funeral de um curandeiro na Guiné, na fronteira com Serra Leoa, em maio, e levaram a doença para Serra Leoa.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores estudaram amostras do vírus coletadas de 78 pacientes que foram diagnosticados com a doença em Serra Leoa nos primeiros 24 dias do surto. Alguns pacientes contribuíram com mais de uma amostra - o que permitiu estudar a mudança do vírus em cada indivíduo no decurso da infecção. Para caracterizar as cepas atuais do vírus, os cientistas utilizaram a tecnologia conhecida como "sequenciamento profundo": o sequenciamento é repetido inúmeras vezes para gerar resultados de alta confiabilidade. No caso, cada genoma foi sequenciado em média 2 mil vezes.

De acordo com um dos autores, Kristian Andersen, da Universidade de Harvard (Estados Unidos), ao analisar as amostras obtidas no início da epidemia em Serra Leoa e compará-las às de surtos anteriores, a equipe conseguiu dados para estudar a taxa de evolução e entender o padrão de difusão da epidemia. "Essa informação é muito importante para nos dar uma ideia de como o vírus está mudando no decorrer de uma epidemia quando é introduzido a partir de uma fonte única", disse Andersen.

As mutações encontradas no vírus de 2014 eram esperadas, segundo Andersen. "A linhagem de 2007 também era diferente daquela de 2002. É muito cedo para concluir se isso torna o vírus diferente em termos biológicos ou clínicos. Vamos ter que estudar mais, fazendo experimentos e investigações epidemiológicas", afirmou. Os cientistas também não sabem ainda se as mutações no vírus têm relação com o tamanho sem precedentes do surto atual. "É possível que o tamanho do surto se explique por uma melhora do acesso ao transporte, na infraestrutura de estradas e maior urbanização, nos últimos anos, na África ocidental", afirmou.

De um total de 395 mutações encontradas no vírus, mais de 340 distinguiam o surto atual dos anteriores. Embora os cientistas não saibam se essas diferenças têm relação com a severidade do surto atual, a descoberta poderá servir como ponto de partida para outros grupos de pesquisa. A fim de acelerar os esforços contra a doença, os cientistas divulgaram as sequências genômicas completas na base de dados do Centro Nacional de Informação Biotecnológica dos Estados Unidos, deixando-as disponíveis para a comunidade científica internacional.
Segundo Andersen, entender de onde vem o vírus é importante para tentar compreender por que novas áreas são infectadas por novas linhagens virais. "Para fins de contenção da epidemia, é fundamental entender como um evento isolado de infecção em um funeral pode se espalhar por todo o país. Nós conseguimos rastrear a data e local desse evento e conseguimos evidências sobre como o vírus muda ao se espalhar de pessoa para pessoa", explicou.

Entender como o vírus muda, de acordo com Andersen, é fundamental para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos. "O alvo para as vacinas e terapias podem ser partes específicas do genoma viral, que podem mudar durante os surtos, ou entre um surto e outro", declarou o cientista.

Mortos. Os cinco coautores do estudo que morreram ao longo do trabalho de pesquisa eram colaboradores de Serra Leoa. Segundo Andersen, todos eles morreram em decorrência do surto de Ebola. "Alguns deles tinham familiares que haviam contraído a doença e provavelmente foram infectados a partir deles. Outros foram infectados enquanto tratavam de pacientes em Kenema", afirmou.
Morto no fim de julho, o médico Sheik Humarr Khan foi diretor do Programa Nacional de Febre de Lassa, do Ministério da Saúde de Serra Leoa. Khan completou sua residência em Medicina no Hospital Escola de Korle Bu, em Gana. Ele estava envolvido com o Centro Africano de Genômica de Doenças Infecciosas, Saúde Humana e Hereditariedade. "Ele era um dos membros fundadores do Consórcio de Febre Hemorrágica Viral e tinha 10 anos de experiência no tratamento de pacientes com a febre de Lassa - uma febre hemorrágica viral aguda, descrita em 1969 na cidade de Lassa, na Nigéria", disse Andersen.

Mbalu Fonnie, enfermeira no Hospital Governamental de Kenema, havia se aposentado como supervisora do ambulatório de febre de Lassa da instituição. "Ela tinha mais de 30 anos de experiência no tratamento da febre de Lassa e se especializou no gerenciamento de casos severos da doença em mulheres grávidas", disse Andersen. Segundo ele, Fonnie iniciou a carreira no Hospital Metodista Nixon, em Segbwema (Serra Leoa) e participou de testes clínicos conduzidos pelo Centro de Controle de Doenças do governo dos Estados Unidos.

Mohamed Fullah era instrutor no Instituto Politécnico Oriental de Serra Leoa, onde serviu por mais de 10 anos. "Ele era extremamente popular entre seus alunos. O professsor Fullah também teve vasta experiência em trabalhos técnicos de laboratório e trabalhou por seis anos, em meio período, no Laboratório de Febre de Lassa", disse Andersen. Alex Moigboi era enfermeiro em Serra Leoa e tinha mais de 10 anos de experiência com o tratamento de pacientes de febre de Lassa. Alice Kovoma também era enfermeira e tinha seis anos de intensa experiência no tratamento de vítimas da febre de Lassa.
Leandro G. Card




Responder