CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#1 Mensagem por FCarvalho » Qui Out 10, 2013 10:55 am

http://www.ccopab.eb.mil.br/index.php/pt/

É um passo na frente de muita gente por aí. E mostra que no Brasil, em termos acadêmicos, nossas ffaa's estão entre as melhores, e que não devemos nada a ninguém.

ADUMUS! [009]




Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#2 Mensagem por Wingate » Qui Out 10, 2013 12:07 pm

FCarvalho escreveu:http://www.ccopab.eb.mil.br/index.php/pt/

É um passo na frente de muita gente por aí. E mostra que no Brasil, em termos acadêmicos, nossas ffaa's estão entre as melhores, e que não devemos nada a ninguém.

ADUMUS! [009]
Interessante...Não seria essa então a vocação principal de nossas FAs, mundialmente falando? Se outras potências mais bem armadas têm o poder de intervir com a força total, acredito termos adquirido know-how para pacificar e reconstruir, o que, convenhamos, é uma tarefa difícil e perigosa.

Isso não quer dizer que devemos abdicar de termos FAs devidamente equipadas com o melhor material possível para nossa defesa e projeção de poder (se necessário) porém, não seria essa expertise (pacificar) "nosso algo mais" perante o mundo? 8-]

Wingate




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#3 Mensagem por FCarvalho » Qui Out 10, 2013 11:22 pm

Wingate, eu penso que as duas coisas se complementam. As missões da ONU num certo sentido caíram como que do céu com vista a possibilidade de motivar a renovação doutrinária e material do EB, já que sem isso, a meu ver, estaríamos certamente fadados a ter ffaa's mais 'enxutas e burocráticas' do que temos hoje.

Somos bons em 'pacificar'? Sim, com certeza. E a natureza humana da formação histórico-cultural do brasileiro ajuda e muito nisso. Mas isto por si só não basta. É preciso mais. É preciso saber e entender que ffaa's não são um objeto de luxo do qual dispomos nos momentos de crise e/ou arritimia econômico-social.

Mas em um país pouco acostumado com crises que não sejam as suas próprias de identidade, compreender e preparar-nos para isso pode acabar por se tornar um exercício por demais oneroso e impeditivo.

Assim, gosto de pensar que já que Deus abençoou tanto e de tal forma este país, que a desgraça de tantos e quantos acaba sendo de alguma forma a nossa salvaguarda, que podemos imaginar que este 'dom' de 'pacificar' seja também para nós uma via de mão dupla ao nos prepara, também, para dias em que venhamos a ter sermos nós os nossos próprios pacificadores.

abs.




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#4 Mensagem por FCarvalho » Seg Out 14, 2013 12:05 am

12 de Outubro, 2013 - 14:36 ( Brasília )
Naval
CCOPAB PARTICIPA DO III CURSO INTERNACIONAL DE PERITOS EM MISSÕES DAS NAÇÕES UNIDAS NO EQUADOR

No período de 26 de agosto a 6 de setembro, o Chefe da Divisão de Doutrina do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), Capitão-de-Fragata (FN) Marcelo da Costa Reis participou como instrutor do III Curso Internacional de Peritos em Missões das Nações Unidas (III United Nations Military Experts on Mission - III UNMEM, sigla em inglês), realizado nas instalações da Unidad Escuela Misiones de Paz Del Ecuador (UEMPE, sigla em Espanhol), na cidade de Quito, no Equador.

O curso, que tem duração de cinco semanas, visa formar Oficiais das Forças Armadas do Equador e de Nações Amigas para o exercício de funções de Observador Militar, Oficial de Ligação e Oficiais de Estado-Maior das Missões de Paz das Nações Unidas.

Na primeira semana do III UNMEM, o CF (FN) Costa Reis ministrou instruções de Conduta e Disciplina, Respeito a Diversidade e Proteção e Segurança nas Operações de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), disciplinas do Core Pre-deployment Training Materials (CPTM, sigla em inglês) que representa o conhecimento essencial exigido para todo pessoal (civil, militar ou policial) empregado em Missões de Paz da ONU.

Durante a segunda semana, o Comandante Costa Reis conduziu as unidades de Técnicas de Entrevistas; Técnicas Básicas de Verificação e Investigação; e processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) de combatentes e ex-combatentes, disciplinas do Specialized Training Modules (STM, sigla em inglês), destinado ao treinamento específico dos Militares Peritos em Missões de Paz (United Nations Military Experts on Mission - UNMEM, sigla em inglês).

http://www.defesanet.com.br/naval/notic ... o-Equador/




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#5 Mensagem por mbetter95 » Sáb Nov 23, 2013 9:31 am

"O problema que pode haver (na Bolívia) é a falta de diálogo", declarou o ministro, que está em Washington para participar, na terça-feira, da conferência internacional sobre Oriente Médio em Annapolis.



Em um diálogo, disse Amorim à imprensa, "nem sempre todos ganham. Em certas situações, a opinião de alguns prevalece sobre a opinião de outros. O que é importante é que isso tenha lugar em um clima de diálogo e paz".




"<M Better>"
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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#6 Mensagem por FCarvalho » Qui Dez 25, 2014 2:45 pm

COBERTURA ESPECIAL - PANORAMA HAITI - DEFESA

23 de Dezembro, 2014 - 11:00 ( Brasília )
MISSÃO NO HAITI TORNA BRASIL REFERÊNCIA EM TREINAMENTO DE FORÇAS DE PAZ
País é conhecido por atuar em ambiente urbano. Cooperação internacional cresceu após a pacificação de bairros violentos no Haiti. Centro no Rio de Janeiro treina dezenas de comandantes estrangeiros por ano.

http://www.defesanet.com.br/site/upload/news_image/2014/12/23866_resize_620_380_true_false_null.jpg

http://www.defesanet.com.br/ph/noticia/ ... as-de-paz/

abs




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#7 Mensagem por FCarvalho » Qua Jul 19, 2017 10:59 pm

CCOPAB prepara militares para missao humanitaria

http://www.defesaaereanaval.com.br/ccop ... manitaria/

Alguém já notou aí aqui que de uns 30 anos para cá missão humanitária tá cada vez mais tornando-se sinônimo de missão militar no Brasil, ou sou apenas eu imaginando coisas? :roll:

abs.




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#8 Mensagem por FCarvalho » Qua Jul 17, 2019 12:03 pm

Militares brasileiros que foram observadores na antiga Iugoslávia falam do conflito
Por Anderson Gabino - 2 de junho de 2019

https://www.defesa.tv.br/militares-bras ... BsM9xafIYw

Na minha opinião, uma das maiores omissões do Brasil na década de 1990 em termos de missão da ONU.
O processo de modernização da força poderia ter sido ajustado muito antes se tivéssemos conseguido enviar tropas aqueles conflitos na ex-Iuguslávia.
Mas como tudo aqui sempre pode ficar para depois...

abs




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#9 Mensagem por FCarvalho » Qui Ago 08, 2019 8:08 pm

8 de agosto de 2019
Observador Militar e os desafios da competência comunicacional em missões da ONU: um relato de experiência
Antonio Aécio Silva Sousa

https://www.portalr3.com.br/wp-content/uploads/2019/08/20190808-kpeba.jpg

https://www.portalr3.com.br/2019/08/obs ... periencia/




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#10 Mensagem por jambockrs » Dom Mar 22, 2020 6:58 pm

Meus prezados
Brazilian Way of Peacekeeping: o Jeito Brasileiro nas Operações de Manutenção da Paz
Imagem
Por Cel Wagner Alves de Oliveira*

Ademais de sua reconhecida situação como ator regional de destaque, assim considerados a América do Sul e parte da África Ocidental, a condição de proeminência do Estado Brasileiro como um ator global passa a ser vislumbrada, à medida que se almeje uma posição de maior relevância do País junto à comunidade internacional. Neste mister, a despeito de seu envolvimento junto a diversos organismos internacionais da mais alta relevância, tais como a ONU, a OMC, os BRICS, a ZOPACAS, a CPLP e outros, em se tratando de questões ligadas às contribuições para a estabilidade e segurança internacionais, a demonstração mais significativa do envolvimento do Brasil estará provavelmente ligada ao seu engajamento nas Operações de Manutenção da Paz (OMP) da ONU.
A esse respeito, o marco inicial da participação brasileira nas OMP foi estabelecido em 1957, quando, durante os dez anos seguintes, cerca de vinte Batalhões de Infantaria foram sucessivamente integrados à Primeira Força Emergencial das Nações Unidas (UNEF I), encarregada de monitorar o cessar-fogo do conflito árabe- israelense. Depois de ter enviado contingentes para Moçambique, Angola e Timor Leste (entre o final dos 1990 e início do século atual), no ano de 2004, o Brasil assumiu a liderança do componente militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).
Imagem
A missão foi criada em 30 de abril daquele ano, com o objetivo de restaurar o estado de direito, a segurança e a normalidade daquele país caribenho, após episódios de turbulência política e violência, os quais culminaram no exílio do presidente haitiano Jean Bertrand Aristide. Mais tarde, ainda durante a vigência da MINUSTAH, um terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter que devastou o país em 2010, além do furacão Matthew, que afetou severamente a vida dos haitianos em 2016, representariam significativos desafios adicionais para as habilidades e capacidades dos mantenedores da paz.
Portanto, com relação à participação do Brasil naquela que se tornou a maior contribuição do País para a Manutenção da Paz, pode-se destacar que, ao longo de 13 anos, cerca de 37.500 militares das Forças Armadas brasileiras integraram as tropas do Batalhão de Infantaria e da Companhia de Engenharia de Força de Paz no Haiti. Além disso, a liderança do componente militar, durante todo aquele período, coube a um Oficial General do Exército Brasileiro, evidenciando o prestígio obtido perante a comunidade internacional. Como um todo, o País já contribuiu com efetivos para mais de 40 missões de paz da ONU, tendo destacado aproximadamente 51.000 “capacetes azuis”, cujos esforços tem sido tradicional e amplamente reconhecidos pela qualidade proporcionada e pelos resultados atingidos.
Diante de tal êxito obtido pelos militares brasileiros servindo sob a égide das Nações Unidas emergem, eventualmente, os seguintes questionamentos: quais características ou recursos poderiam representar o real diferencial a esse respeito, evidenciados pela elevada reputação construída pelos peacekeepers brasileiros? Haveria aspectos relacionados a uma certa “personalidade coletiva brasileira” que poderiam ter contribuído de alguma forma para os resultados que se tem alcançado nas Operações de Paz? Em suma, como as forças de paz brasileiras poderiam ter influenciado positivamente – e como poderão influenciar no futuro – o aprimoramento da eficiência das Operações de Manutenção da Paz?
Talvez, certas atitudes demonstradas por nossos capacetes azuis em distintos episódios possam estar respaldadas em fontes literárias de raízes as mais ancestrais, relativas à concepção do preparo e do emprego de agrupamentos militares. Vale aqui referenciar a obra “A Arte da Guerra”, onde Sun Tzu ensina que “ao reunir um exército e concentrar suas forças, deve-se misturar e harmonizar seus diversos elementos antes de instalar seu acampamento”. Corroborando tal conceito, a epopeia e o êxito em Guararapes atestam de forma mais que fidedigna a mistura e a harmonia citadas pelo general e sábio chinês, naquele episódio em que não somente nasceu o Exército Brasileiro, mas também surgiria pela primeira vez a noção de Pátria em terras brasileiras.
Imagem
Inevitável seria, então, inferir a respeito da gênese da sociedade brasileira. Em seu “Tratado da terra e gente do Brasil”, o padre português Fernão Cardim realça o espírito de solidariedade por ele observado no povo brasileiro de finais do século XVI, quando escreve que “logo comem tudo o que têm e repartem com todos (…)”. Já Marcos Góes em sua obra “Dom João: o Trópico coroado”, destaca outras características do brasileiro com o qual o imperador teria contato a partir de 1808 como “de menor rigor que o europeu, mais generoso e de fácil trato, ligado à família, mais trabalhador que aventureiro.” Da mesma obra se pode extrair o comentário de que “o Rio de Janeiro, espelho do Brasil e capital do Vice-Reino, (…) era uma mistura de povos, de raças e de intenções. Tudo nele ostentava a marca da improvisação, do fortuito, da adaptação, do arranjo, do eventual.”
Examinar Gilberto Freyre permitiria entender a ligação entre as atitudes cotidianas e as características intrínsecas ao povo brasileiro, como resultado da “miscigenação que largamente se praticou aqui”, quando se infere sobre todo o ganho do qual se beneficiaram os entes da sociedade brasileira, a partir de atributos advindos de suas raças formadoras. Do indígena, nos teria vindo o gosto pelos jogos como parte do processo de socialização; do negro, e da negra em particular, o aporte sentimental, representado tanto pela ternura maternal das amas-de-leite quanto pela amizade fiel dispensada pelas mucamas às sinhazinhas; e do português, Freyre destaca o aspecto contemporizador, dotado que era de “plasticidade social suficiente para se misturar aos índios e aos escravos negros”.
Certamente, o exame de literatura concernente à formação da sociedade brasileira não compatibilizaria perfeitamente todo um comportamento social e os atributos desejáveis de serem evidenciados nas Operações de Manutenção da Paz. Da mesma forma, o estudo de incontáveis episódios protagonizados por peacekeepers brasileiros não responderia à totalidade das perguntas e não traria as soluções perfeitas para os duros desafios enfrentados pelos mantenedores da paz nos dias atuais. No entanto, da análise em pauta podem-se destacar alguns aspectos, a título de conceitos atitudinais, tais como a liderança, a confiança mútua, a inventividade, a tenacidade, o preparo técnico-profissional e a conquista dos corações e mentes. Tais aspectos encontram seus homólogos na literatura citada anteriormente, a qual descreve as características da brasilidade, do jeito brasileiro de ser. Mais que isso, tais características são encontradas no dia a dia de nossos homens e mulheres, de Norte a Sul, entre os que vestem as fardas verde-oliva, cinza ou azul, e entre seus co-irmãos civis.
Imagem
Estudos de caso possibilitariam, eventualmente, inferir uma eventual correlação entre os aspectos comentados anteriormente e um possível “Brazilian Way of Peacekeeping – Jeito Brasileiro de Manter a Paz”. À abordagem como um todo pode-se associar o fato de que o binômio “cordialidade e firmeza” tem sido colocado em prática pelas forças de paz brasileiras ao longo da história de seu envolvimento nas Operações de Paz da ONU, o que também tem aportado substantiva contribuição para o êxito obtido desde Suez, nos anos 1950-60, até os dias atuais. Por fim, observa-se que a hospitalidade, a solidariedade e a bondade genuína, enquanto características do povo brasileiro, sua serenidade e boa-vontade na relação com os demais seres humanos – independentemente de questões políticas, étnicas ou religiosas – são transferidos, em certa medida, para o emprego das tropas brasileiras nas Operações de Manutenção da Paz da Organização das Nações Unidas.
(*): O autor é Coronel de Infantaria do Exército, Doutor N.S. em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e Mestre em Defesa e Estudos Estratégicos pela Universidade de Defesa Nacional da República Popular da China.
Fonte: Observatório Militar da Praia Vermelha via Guilherme Wiltgen – site Defesa Aérea & Naval 20 jan 2020




Um abraço e até mais...
Cláudio Severino da Silva
claudioseverinodasilva41@gmail.com
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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#11 Mensagem por FCarvalho » Dom Mar 22, 2020 7:17 pm

Falta o principal, equipar decentemente as tropas. Feito isso, a coisa anda mais fácil.

abs




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#12 Mensagem por FCarvalho » Seg Jun 15, 2020 10:44 pm

O Brasil e as operações de manutenção da paz da ONU

Para um membro fundador das Nações Unidas, historicamente

comprometido com a solução pacífica de controvérsias, participar de operações de manutenção de paz é uma consequência natural de suas responsabilidades internacionais. Conforme o artigo 4º da Constituição Federal, dentre os princípios que regem as relações internacionais do Brasil estão a defesa da paz, a solução pacífica de conflitos e a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

O Brasil já participou de mais de 50 operações de paz e missões similares, tendo contribuído com mais de 55 mil militares, policiais e civis. O país prioriza a participação em operações em países com os quais mantemos laços históricos e culturais mais próximos, como nas missões realizadas em Angola, Moçambique e Timor-Leste, e, mais recentemente, no Haiti e no Líbano.

Atualmente, o Brasil participa com 258 efetivos em nove missões das Nações Unidas (dados de março de 2020):

UNIFIL (Líbano)
UNMISS (Sudão do Sul)
MINURSO (Saara Ocidental)
MINUSCA (República Centro-Africana)
MONUSCO (República Democrática do Congo)
UNAMID (Darfur)
UNFICYP (Chipre)
UNISFA (Abyei)
UNMHA (Iêmen)

A participação do Brasil em operações de manutenção da paz é condicionada à observância dos princípios que regem tais missões: consentimento das partes em conflito, imparcialidade e não uso da força (exceto em autodefesa ou defesa do mandato).

O governo brasileiro defende que os mandatos das operações de manutenção de paz contemplem a interdependência entre segurança e desenvolvimento como elemento indispensável à paz duradoura , atribuam particular ênfase à prevenção de conflitos e à solução pacífica de controvérsias e reconheçam a necessidade de proteção de populações sob ameaça de violência.

O Brasil orgulha-se de sua participação histórica e consistente nas operações de paz da ONU, sempre em consonância com a Constituição Federal, com os princípios da política externa brasileira e com o direito internacional, princípios e regras nacionais e internacionais. Coerência e prudência têm balizado a definição das missões nas quais o Brasil se engaja. Aliada ao exemplar desempenho dos militares, policiais e civis brasileiros, essa orientação tem permitido ao Brasil contribuir para um sistema internacional mais próximo dos ideais de paz, justiça e cooperação.

http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/polit ... oes-de-paz




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#13 Mensagem por FCarvalho » Seg Jun 15, 2020 11:18 pm

Retrospecto rápido:

Todas essas missões contam com observadores militares, a exceção da UNIFIL que a MB lidera com um navio mais pessoal destacado no comando da força terrestre da ONU no Líbano.

1. UNIFIL (Líbano) - estamos saindo da missão. última comissão será esse ano segundo notificação da MB;

2. UNMISS (Sudão do Sul) - observadores militares. O que falta para um engajamento maior do país na missão? Um genocídio?

3. MINURSO (Saara Ocidental) - observadores militares. Essa missão só cabe isso até o momento. O Marrocos não aceita tropas de paz. O plebiscito para a emancipação da região ocupada é apenas um engodo de tentativa de resolução. Mas caso fosse aprovado o envio de tropas, o Brasil pode ser um sério candidato a liderar a mesma. Boas relações com os dois lado e um ambiente totalmente inóspito e relativamente novo para nós, dado que a última missão em ambiente desértico foi a mais de 60 anos atrás no Sinai.

4. MINUSCA (República Centro-Africana) - observadores militares. fomos convidados mas o GF rejeitou o convite "por falta de recursos". A missão preenche todos os requisitos para participação de tropas de paz.

5. MONUSCO (República Democrática do Congo) - observadores militares. tropas de paz brasileiras seriam muito bem vidas, ainda mais se contarem com engenharia, logística e saúde.

6. UNAMID (Darfur) - observadores militares. novamente, tropas de paz brasileiras seriam muito bem vindas. mas a instabilidade política no Sudão tem obliterado a pacificação da região. Oportunidade para lidar com cenário de média a alta complexidade.

7. UNFICYP (Chipre) - observadores militares. bom para enviar tropas para estarmos perto da Europa e de contingentes bem melhor e mais equipados que nós. é uma boa escola de aprendizagem. nível baixo a médio de complexidade do conflito.

8. UNISFA (Abyei) - observadores militares. é o que cabe no momento. fronteira entre Sudão e Sudão do Sul. Pode receber tropas de paz caso o cenário mude.

9. UNMHA (Iêmen) - observadores militares. ambiente de alta complexidade e grande risco. assim que houver uma decisão sobre o envio de tropas de paz, é uma ótima oportunidade para aproveitar. liderança viável pois temos boas relações com as partes envolvidas.

Existem missões da ONU ainda no Chade, Mali, Niger e Burkina Fasso. Tais missões seriam de interesse do Brasil caso se queira exercer um papel mais do que coadjuvante para o futuro da África.

Na maioria das missões da África, principalmente aquelas ligadas à RCA e seus países de entorno, o envio não somente de infantaria como de contingentes expressivos de pessoal como PE, logística, saúde, engenharia e outros setores necessários ao atendimento das demandas é não só necessário como muito bem vindo.

Enviar tropas à Africa não pode ser um mero exercício burocrático com vistas ao cumprimento de determinadas questões legais, diplomáticas, políticas e econômicas, ou até mesmo militares. Tem a ver-se se realmente estamos interessados em fazer diferença de verdade.

Se for para cumprir tabela, ficamos por aqui mesmo e esperamos pela próxima GLO, que sempre vai haver, já que virou mais um modismo político de uso das forças militares. Caso não, temos grandes oportunidades de fazer com que o adágio de "anão diplomático" no mínimo possa ser contestado de forma assertiva no contexto internacional.

O EB em 2017 realizou um exercício na tríplice fronteira Colômbia e Peru, como forma de experimentação doutrinária e operacional sob o comando e supervisão do COLOG. Foi um exercício visando a organização e operacionalidade de tropas logísticas. Depois disso não vi mais nada sobre o assunto.

Se aquilo valeu de algum aprendizado, pode ser que ao falarmos em novas missões da ONU, o envio de tropas possa ser tratado não mais como o simples envio de um batalhão de infantaria reforçado, mas falar em Forças Tarefas, com todos os recursos humanos e materiais necessários ao cumprimento de cada tipo de missão. Isso inclui todas as armas, quadros e serviços, além da Avex.

Somos capazes de fazer isso hoje? Eu tendo a crer que sim. Como exercício teórico. E se sabemos fazer no papel, talvez levar isso à prática seja só questão de unir a oportunidade com a vontade de fazer.

O CFN tem uma experiência interessante na organização do que chama de Unidades Anfíbias, nas quais são enquadradas diversos elementos com as mais variadas origens a fim de atender à missão. Pode ser um bom ponto de partida para análise e estudo de como enviar tropas para as missões da ONU.

abs




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#14 Mensagem por FCarvalho » Ter Dez 15, 2020 12:12 pm

http://repositorio.ipea.gov.br/bitstrea ... d_2442.pdf

A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NAS OPERAÇÕES DE PAZ DAS NAÇÕES UNIDAS: EVOLUÇÃO, DESAFIOS E OPORTUNIDADES




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Re: CCOPAB - Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

#15 Mensagem por FCarvalho » Seg Fev 26, 2024 12:32 pm

Leitura interessante e indispensável para se entender melhor as operações de paz da ONU.





Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
A. Sapkowski
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