Relações Sino-Brasileiras

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Relações Sino-Brasileiras

#1 Mensagem por Enlil » Qua Mar 09, 2011 6:50 am

08/03/2011
Governo cria Grupo China para definir estratégia de longo prazo com chineses

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A relação econômica com o mercado chinês, maior parceiro comercial do país, motivou o governo brasileiro a criar o Grupo China, reunindo técnicos do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A informação é do secretário executivo do MDIC, Alessandro Teixeira.

É a primeira vez, segundo ele, que o governo cria um grupo interministerial com a função de estudar a relação comercial com um determinado país. “Isso foi comandado pelo ministro Fernando Pimentel [MDIC] e pelo ministro [Antonio] Patriota [MRE], por ordem direta da presidenta [Dilma Rousseff], para que se tenha um trabalho específico de buscar cooperação com a China”, afirmou.

Teixeira destacou que o mercado chinês representa um desafio em termos de parceria e na busca de nichos para exportação.“Estamos consolidando a formação do Grupo China dentro do governo, para termos uma estratégia especial, definida e de longo prazo. O Brasil se prepara, nos próximos anos, para ser uma das cinco maiores economias do mundo.”

Para ele, a situação chinesa demanda estratégias inovadoras de inserção comercial. “A China hoje é um fator diferente. Porque ela produz qualquer produto com a metade do custo da média mundial. Então isso é um problema para o Brasil e também para os outros países. Haverá setores que vão perder competitividade e podem ter problemas. É o caso de brinquedos, têxtil e vestuário. Só vamos conseguir ganhar mercado se nos especializarmos em nichos.”

O secretário participou do Projeto Carnaval da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), que transformou um camarote no Sambódromo do Rio em um verdadeiro ambiente de negócios, trazendo 150 empresários de diversos países para conversarem, de forma informal e descontraída, com empresários brasileiros do comércio exterior.

A corrente de comércio Brasil-China fechou 2010 em US$ 56,3 bilhões, um crescimento de US$ 20 bilhões sobre o resultado alcançado em 2009. No ano passado, o Brasil foi superavitário em US$ 5,1 bilhões, mas cerca de 68% das exportações brasileiras estão concentradas em minério de ferro e soja. Já os chineses exportam para o Brasil principalmente produtos de alta tecnologia, sendo 30% eletroeletrônicos, especialmente componentes de informática e telefonia.

Edição: Aécio Amado

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;js ... Id=3205958




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#2 Mensagem por Enlil » Qua Mar 09, 2011 7:01 am

Dando uma pesquisada no assunto, a partir da notícia da criação do Grupo China pelo Governo Federal, descobri q a Embaixada chinesa no Brasil possui um site em português:

http://br.china-embassy.org/por/

Não sei se outros governos tiveram a mesma iniciativa. De qualquer forma é uma fonte interessante para acompanhar as notícias oficiais do Governo chinês e o nível da relação entre os dois países.




[]'s.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#3 Mensagem por akivrx78 » Qua Mar 09, 2011 7:43 am

Fonte de informação de confiança da China.....
O governo que paga 10 yuan por nota escrita na net para falar bem do governo? :)

Se reparar triplicou notas do governo chines escritas em português de 2010 para 2011.
Não existe nenhuma critica ao governo nas noticias :twisted:

Para analisar noticias da China se deve fazer uma busca em todos os países asiáticos, para ver se a noticia bate com a realidade.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#4 Mensagem por Enlil » Qua Mar 09, 2011 8:21 am

Pois então, são notícias oficiais do governo chinês :wink:.



[].




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#5 Mensagem por DDNN » Qua Mar 09, 2011 6:17 pm

Vale lembrar que em China SO existe noticias oficiais.....




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#6 Mensagem por akivrx78 » Qui Mar 10, 2011 1:10 am

Comunistas chineses usam microblogs para ganharem aprovação

09 de março de 2011 • 12h05 • atualizado às 14h31

http://tecnologia.terra.com.br/noticias ... vacao.html




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#7 Mensagem por akivrx78 » Qui Mar 10, 2011 1:11 am

China já é o 2º maior fornecedor de equipamentos para a indústria brasileira

Publicada em 09/03/2011 às 23h55m
Vivian Oswald

BRASÍLIA - A ameaça que vem da China já não se resume a produtos de baixa qualidade ou valor agregado. Os chineses já são o segundo maior fornecedor de bens de capital do país, com máquinas cada vez mais sofisticadas, perdendo apenas para os americanos. Equipamentos com componentes de alta tecnologia produzidos na própria China ou no exterior vêm engordando a pauta de exportações dos chineses e acirrando a disputa com os equivalentes nacionais.

Se em 2004 a China fornecia 2,1% das máquinas e equipamentos importados pela indústria brasileira, o país fechou 2010 com uma fatia de 12,9%, desbancando os alemães, que caíram para o terceiro lugar. Em janeiro deste ano, os chineses já detinham 14,7% do mercado nacional. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

- A preocupação com a China das bugigangas acabou. O país começou com bens intensivos em trabalho, assim como o Japão no pós-guerra. Agora, eles estão queimando etapas. O setor de telecomunicações, por exemplo, teve mais patentes registradas do que a soma de todos os concorrentes pelo mundo - afirma o diretor de Economia e Estatística da Abimaq, Mario Bernardini.

Leia também: Governo quer fixar valor mínimo para tributar importados que chegam com preço muito baixo

A diversificada pauta de exportações da China e o aumento da qualidade de seus produtos estão no topo da lista de preocupações do governo. Segundo o secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Alessandro Teixeira, o governo subestimou o potencial de crescimento da China e agora vai mudar seu enfoque. A Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP2) vai se adequar à nova configuração internacional da China.

As exportações da China para o Brasil fecharam 2010 com o recorde de US$ 25,59 bilhões, 60,85% a mais que no ano anterior. Também cresceu de maneira expressiva o volume de mercadorias vendidas ao Brasil por países considerados como substitutos dos chineses. As exportações da Índia passaram de US$ 2,19 bilhões em 2009 para US$ 4,24 bilhões no ano passado, um salto de 93,02%. As da Indonésia saíram de US$ 987 milhões para US$ 1,51 bilhão no mesmo período (alta de 53,74%), e as do Vietnã, de US$ 219 milhões para US$ 473 milhões (aumento de 115,46%).

Leia a íntegra da reportagem na edição do Globo Digital (conteúdo exclusivo para assinantes)

http://oglobo.globo.com/economia/mat/20 ... 982927.asp




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#8 Mensagem por akivrx78 » Qui Mar 10, 2011 11:20 am

Chinesa anuncia compra de fábrica de fibra de vidro no Brasil
por Folha Online

(09/03/2011 13:05)

A estatal chinesa CPIC (Chongqing Polycomp International Corporation) confirmou ontem um acordo para a compra da fábrica Capivari Fibras de Vidro, pertencente à empresa norte-americana Owens Corning.

O negócio, de US$ 59,5 milhões, ainda precisa ser aprovado por autoridades chinesas e brasileiras.

Localizada em Capivari (interior de SP), a fábrica é parte de um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Em 2008, o órgão, ligado ao Ministério da Justiça, avaliou que a aquisição da fábrica levaria a Owens a ter o quase monopólio da fibra de vidro no Brasil, o que é proibido.

A empresa tem outra unidade em Rio Claro (SP). Somadas, as duas fábricas representam 92% da produção de fibra de vidro no Brasil.

A CPIC tem um patrimônio de US$ 1,14 bilhão.

http://www.primeiraedicao.com.br/?pag=negocios&cod=7736




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#9 Mensagem por Enlil » Ter Abr 05, 2011 7:48 pm

Brasil, China e CBERS

O governo brasileiro aproveitará a visita da presidente Dilma Rousseff à China para discutir com os chineses a ampliação do programa de cooperação em matéria de satélites. O programa sofreu atrasos e o próximo lançamento, do satélite conhecido como CBERS-3, programado originalmente para 2009, deverá ser adiado, mais uma vez, para 2012. Ainda assim, é apontado como o mais bem sucedido programa de cooperação científica e tecnológica entre países emergentes e tem incentivado o desenvolvimento de equipamentos sofisticados em empresas brasileiras.

“Queremos diversificar, ver possibilidades de trabalho conjunto com a China”, disse o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), Thyrso Villela. O programa CBERS, hoje, é voltado à construção de satélites para captação de imagens da superfície da Terra, com aplicações na agricultura, no controle de desmatamento, na atuação contra catástrofes naturais e em outras atividades sujeitas a sensoriamento remoto.

A AEB acredita que pode aumentar a cooperação com os chineses em técnicas de sensoriamento remoto, interpretação de dados e estudos científicos como os realizados sobre o clima espacial. “Queremos intercâmbio de técnicos, simpósios, cursos mais extensos, de onde podem surgir outras ideias importantes para a diversificação”, acrescenta o chefe da assessoria de Cooperação Internacional da AEB, Carlos Campelo. A cooperação em ciência e tecnologia será objeto de um seminário, com a presença da presidente.

O programa de cooperação entre chineses e brasileiros teve de enfrentar bloqueio de componentes sensíveis por parte dos Estados Unidos, onde a lei de controle no tráfico de armas (Itar) proíbe a venda de produtos americanos com determinadas tecnologias passíveis de uso militar. É forte a sensibilidade no Congresso e no Executivo americanos contra a venda de componentes e artefatos eletrônicos sofisticados à China e subsistemas criados no Brasil para o satélite binacional sofreram atrasos e remodelações provocadas pelo veto ao embarque de componentes comprados e faturados de firmas americanas.

“Não é simples, há uma lista de produtos sujeitos ao Itar, mas ela é constantemente atualizada”, diz Vilella. A proibição de compra de um componente pode exigir o redesenho de todo um equipamento, como ocorreu com a Opto, firma brasileira de artefatos ópticos para uso médico que, após trabalhar com o Centro Tecnológico da Aeronáutica para desenvolvimento de mísseis teleguiados, foi escolhida, em concorrência, para fabricar câmeras para os satélites sino-brasileiros. “Houve componentes que compramos, pagamos e, quando iam ser embarcados, o fornecedor nos telefonou avisando que não poderia nos enviar a encomenda”, diz o diretor-comercial da Opto, Antônio Fontana.

O veto americano acabou servindo de estímulo para desenvolvimento de tecnologia nacional, “Itar free”, ou livre de risco de embargo, como foi classificada a câmera apresentada no ano passado pela Opto, para o CBERS-3. Obrigados a trocar componentes eletrônicos por circuitos, maiores, os técnicos da empresa usaram o conhecimento em óptica para reduzir o tamanho das lentes da câmera.

O programa espacial hoje responde por 30% a 50% do faturamento da empresa, que chegou a pouco mais de US$ 70 milhões em 2010. A tecnologia desenvolvida para o satélite já foi usada em artefatos para uso médico, como o laser de uso oftalmológico.

Os atrasos no programa espacial levaram a AEB a aproveitar equipamentos criados para o CBERS-2 para enviar ao espaço, em 2007 o CBERS-2B, em lugar do CBERS-3, que se pensou em lançar ainda em 2009. O CBERS-3, primeiro a ter 50% de componentes feitos no Brasil, nos testes recentes, mostrou problemas em um de seus subsistemas, chamado pelos técnicos de “atitude”, que permite ao satélite controlar a direção em que são apontados seus instrumentos. Foi um dos motivos para se decidir pelo adiamento de sua colocação em órbita, para 2012.

Fonte: Panorama Espacial

http://planobrasil.com/2011/04/05/brasil-china-e-cbers/




P. K. Liulba

Re: Relações Sino-Brasileiras

#10 Mensagem por P. K. Liulba » Ter Abr 05, 2011 7:54 pm

Enlil escreveu:Brasil, China e CBERS

O governo brasileiro aproveitará a visita da presidente Dilma Rousseff à China para discutir com os chineses a ampliação do programa de cooperação em matéria de satélites. O programa sofreu atrasos e o próximo lançamento, do satélite conhecido como CBERS-3, programado originalmente para 2009, deverá ser adiado, mais uma vez, para 2012. Ainda assim, é apontado como o mais bem sucedido programa de cooperação científica e tecnológica entre países emergentes e tem incentivado o desenvolvimento de equipamentos sofisticados em empresas brasileiras.

“Queremos diversificar, ver possibilidades de trabalho conjunto com a China”, disse o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), Thyrso Villela. O programa CBERS, hoje, é voltado à construção de satélites para captação de imagens da superfície da Terra, com aplicações na agricultura, no controle de desmatamento, na atuação contra catástrofes naturais e em outras atividades sujeitas a sensoriamento remoto.

A AEB acredita que pode aumentar a cooperação com os chineses em técnicas de sensoriamento remoto, interpretação de dados e estudos científicos como os realizados sobre o clima espacial. “Queremos intercâmbio de técnicos, simpósios, cursos mais extensos, de onde podem surgir outras ideias importantes para a diversificação”, acrescenta o chefe da assessoria de Cooperação Internacional da AEB, Carlos Campelo. A cooperação em ciência e tecnologia será objeto de um seminário, com a presença da presidente.

O programa de cooperação entre chineses e brasileiros teve de enfrentar bloqueio de componentes sensíveis por parte dos Estados Unidos, onde a lei de controle no tráfico de armas (Itar) proíbe a venda de produtos americanos com determinadas tecnologias passíveis de uso militar. É forte a sensibilidade no Congresso e no Executivo americanos contra a venda de componentes e artefatos eletrônicos sofisticados à China e subsistemas criados no Brasil para o satélite binacional sofreram atrasos e remodelações provocadas pelo veto ao embarque de componentes comprados e faturados de firmas americanas.

“Não é simples, há uma lista de produtos sujeitos ao Itar, mas ela é constantemente atualizada”, diz Vilella. A proibição de compra de um componente pode exigir o redesenho de todo um equipamento, como ocorreu com a Opto, firma brasileira de artefatos ópticos para uso médico que, após trabalhar com o Centro Tecnológico da Aeronáutica para desenvolvimento de mísseis teleguiados, foi escolhida, em concorrência, para fabricar câmeras para os satélites sino-brasileiros. “Houve componentes que compramos, pagamos e, quando iam ser embarcados, o fornecedor nos telefonou avisando que não poderia nos enviar a encomenda”, diz o diretor-comercial da Opto, Antônio Fontana.

O veto americano acabou servindo de estímulo para desenvolvimento de tecnologia nacional, “Itar free”, ou livre de risco de embargo, como foi classificada a câmera apresentada no ano passado pela Opto, para o CBERS-3. Obrigados a trocar componentes eletrônicos por circuitos, maiores, os técnicos da empresa usaram o conhecimento em óptica para reduzir o tamanho das lentes da câmera.

O programa espacial hoje responde por 30% a 50% do faturamento da empresa, que chegou a pouco mais de US$ 70 milhões em 2010. A tecnologia desenvolvida para o satélite já foi usada em artefatos para uso médico, como o laser de uso oftalmológico.

Os atrasos no programa espacial levaram a AEB a aproveitar equipamentos criados para o CBERS-2 para enviar ao espaço, em 2007 o CBERS-2B, em lugar do CBERS-3, que se pensou em lançar ainda em 2009. O CBERS-3, primeiro a ter 50% de componentes feitos no Brasil, nos testes recentes, mostrou problemas em um de seus subsistemas, chamado pelos técnicos de “atitude”, que permite ao satélite controlar a direção em que são apontados seus instrumentos. Foi um dos motivos para se decidir pelo adiamento de sua colocação em órbita, para 2012.

Fonte: Panorama Espacial

http://planobrasil.com/2011/04/05/brasil-china-e-cbers/
EUA + ITAR. E ainda há quem defenda compra dos F-18E.
Triste.




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#11 Mensagem por Enlil » Dom Abr 10, 2011 4:28 pm

Atualizado em 10 de abril, 2011 - 11:30 (Brasília) 14:30 GMT

Dilma se prepara para pedir na China 'reciprocidade em relação entre iguais'

Silvia Salek
Enviada especial da BBC Brasil à China

A presidente Dilma Roussef desembarcará em Pequim nesta segunda-feira com o desafio de criar bases para uma relação na área comercial e de investimentos baseada na "reciprocidade ".

Foi esse o tom do primeiro recado da presidente aos chineses em entrevista à agência estatal Xinhua antes de sua primeira visita oficial como presidente à segunda maior economia do mundo.

Segundo a Xinhua, Dilma Rousseff afirmou que "poderia haver mais cooperação entre os dois países em áreas estratégicas como inovação, uma vez que o Brasil está determinado a agregar valor a seus recursos naturais".

A presidente, ainda de acordo com a nota da ag ência, disse que a futura cooperação ente os dois países deve ser baseada na "reciprocidade".

"Esta é uma relação que, eu acredito, será muito bem desenvolvida entre os dois países porque há algumas áreas em que a China pode ser crucial para o Brasil e outras em que o Brasil pode ser crucial para a China (…) baseada em um conceito que eu considero muito importante em uma relação entre iguais: a reciprocidade", disse.

O conceito de reciprocidade vem sendo usado frequentemente em uma análise crítica das relações bilaterais que defende mais acesso ao mercado chinês para produtos brasileiros de maior valor agregado, melhor tratamento a empresas brasileiras na China, como a Embraer, e também investimentos no Brasil que agreguem valor à cadeia produtiva e não sirvam apenas para saciar a sede chinesa por matérias-primas.

Os números que embasam a defesa do discurso da reciprocidade são bem claros. A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009. Mas as características dessa pauta comercial deixam o Brasil, na opinião de muitos setores, em posição de desvantagem.

Cerca de 95% das exportações brasileiras para a China são de matérias-primas. A via contrária, da China para o Brasil, é dominada quase em sua totalidade por produtos industrializados.

Além de principal parceiro comercial, o país se tornou também o principal investidor estrangeiro no Brasil em 2010. E também a área de investimentos diretos reflete a sede chinesa por commodities que sustentem seu crescimento.

Segundo o Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, 85% dos investimentos no Brasil estão nos ramos de mineração e petróleo. Além disso, empresas brasileiras como a Embraer enfrentam grandes dificuldades em suas operações na China.

Impacto negativo

Em entrevista já em Pequim, neste domingo, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, insistiu na importância da busca de uma relação com a China que não dependa do tradicional papel brasileiro de exportador de produtos básicos.

"O Brasil precisa definir suas prioridades e um olhar mais aproximado para a China talvez ajude a gente a n ão se acomodar em ser uma economia produtora de commodities. Se não, corremos o risco de ficar prisioneiros da doença holandesa", referindo-se ao impacto negativo sobre o setor industrial da forte exportação de recursos naturais.

Mercadante defendeu que o país aproveite a valorização das commodities e os recursos que isso gera ao país para criar um projeto de desenvolvimento futuro baseado na produção de alta tecnologia.

A avaliação de Mercadante encontra eco entre chineses. Em entrevista à BBC Brasil, o diretor do Centro de Pesquisa Econômica da Universidade de Pequim, Yang Yao, disse que o Brasil deveria buscar mais cooperação da China em busca de competitividade.

"O que o Brasil realmente precisa é de investir o que ganha com recursos naturais em ampliar sua capacidade industrial", disse Yang Yao.

"E a China pode oferecer algum tipo de ajuda nesta área aumentando seus investimentos no país. O Brasil deveria encorajar mais investimentos da China para incentivar sua manufatura e infraestrutura", recomendou.

Brics

Além da visita oficial à China, sua terceira viagem ao exterior desde que tomou posse, Dilma Rousseff participa, na cidade de Sanya, da cúpula dos países que integram o grupo dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e que passa agora a incluir a África do Sul).

De lá, vai para a cidade de Boao para participar do Fórum de Boao para a Ásia, um encontro de empresários da região.

O roteiro prevê ainda uma visita à cidade de Xi'an, na província de Shanxi, onde a presidente visitará o centro de pesquisa de uma empresa chinesa, ZTE, com interesses no Brasil.

Dilma Rousseff embarca de volta à Brasília no sábado.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... o_ss.shtml




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#12 Mensagem por Boss » Seg Abr 11, 2011 3:59 pm

Brasil começará a exportar suínos para China após visita de Dilma

Presidente chegou ao país no final da noite deste domingo, 10
Gabriela Mello, da Agência Estado

PEQUIM - A presidente Dilma Rousseff mal desembarcou na China e um acordo já foi anunciado. O Brasil começará a exportar carne suína para China neste ano após a visita da presidente Dilma, informou nesta segunda-feira Marco Tulio Cabral, primeiro-secretário da embaixada brasileira na China. Cabral, que discursava em um fórum, não forneceu um prazo específico.

Dilma chegou ao país no final da noite deste domingo, 10, no horário de Brasília. A perspectiva é de que a a visita seja fundamental para definir o rumo das relações econômicas entre o Brasil e China nos próximos anos, já que cerca de 20 acordos comerciais devem ser negociados na viagem.

Ele também afirmou que o Brasil negociou com o governo chinês por um longo tempo sobre a questão dos embarques de carne suína, mas não entrou em detalhes. A China é o maior consumidor do produto no mundo, sendo responsável por metade da demanda. No entanto, quase todo o consumo de 50 milhões de toneladas é suprido pela produção local.

Ainda assim, o país asiático deverá importar cerca de 480 mil toneladas em 2011, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que estima alta de quase 15% frente ao ano passado. As informações são da Dow Jones.

Congresso ficará vazio [100]




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#13 Mensagem por DELTA22 » Seg Abr 11, 2011 4:14 pm

Segunda-feira, 11 de abril de 2011 às 15:16
Chinesa Huawei anuncia investimento de US$ 300 milhões em centro tecnológico

A visita da presidenta Dilma Rousseff à China teve como primeiro resultado, nesta segunda-feira (11/4), o anúncio de investimento de US$ 300 milhões na construção de um centro de pesquisa e tecnologia, no município de Campinas, estado de São Paulo. Durante audiência concedida ao presidente da Huawei, Ren Zhengfei, a presidenta recebeu oficialmente o comunicado da decisão de construir o centro de pesquisa. Além disso, a companhia de telefonia chinesa vai doar US$ 50 milhões para compra de equipamentos de computação para universidades brasileiras.

(...)

http://blog.planalto.gov.br/chinesa-hua ... cnologico/




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#14 Mensagem por Enlil » Seg Abr 11, 2011 6:45 pm

Atualizado em 11 de abril, 2011 - 05:26 (Brasília) 08:26 GMT

Brasil deve tentar aproveitar melhor investimentos da China, diz acadêmico
Silvia Salek
Enviada especial da BBC Brasil à China

O pesquisador e secretário-geral do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhou Zhiwei, disse em entrevista à BBC Brasil, em Pequim, que o Brasil deve buscar desenvolver sua competitividade e tentar aproveitar melhor os investimentos chineses.

“Falta um plano organizado, falta um papel para direcionar estes investimentos para os setores que precisam de mais investimentos”, disse.

Segundo Zhou Zhiwei, as relações do Brasil com a China devem se intensificar e, com isso, mais tensões devem surgir como em um namoro que evolui para um casamento.

Leia abaixo a entrevista da BBC Brasil com o pesquisador chinês.

BBC Brasil - A importância da China para o Brasil é clara. É o principal parceiro comercial e principal investidor do Brasil. E qual a importância do Brasil para a China?

Zhou - A importância do Brasil para a China é cada vez maior. Em termos econômicos, o Brasil é agora um dos maiores parceiros comerciais da China, o nono maior parceiro. Isso é importante para os dois lados. Eu acho também que a relação entre o Brasil e a China já superou a esfera bilateral como disse o vice-presidente Xi Jinping, quando visitou o Brasil em 2009. Essa relação tem agora um significado estratégico mundial.

BBC Brasil -A relação entre os dois países já tem um grau de tensão e alguns analistas acreditam que essa tensão vá aumentar. Você compartilha dessa opinião?


Zhou - Concordo. Na verdade, eu acho que as tensões vão crescer à medida que a relação entre os países se intensifica. É como a relação entre namorados. Para eles, o mundo é bonito, sem conflitos. Quando se casam, começam a surgir mais problemas e dificuldades para resolverem. O comércio entre Brasil e China cresceu muito nos últimos anos, então, claramente, vai existir competição, concorrência. Mas acho que é um processo natural.

BBC Brasil - Mas as exportações brasileiras não incomodam a China, o problema é a via oposta? Só um lado parece se incomodar.

Zhou -Eu acho que existe uma diferença entre setores. O setor agrícola brasileiro tem uma situação muito favorável. Por outro lado, existe claramente concorrência entre os setores industriais no mercado brasileiro e em terceiros mercados. Esse problema é muito natural, mas o mais importante é que o setor industrial brasileiro deve promover a sua competitividade.

BBC Brasil - Como?

Zhou - Tributos, infraestrutura e também desenvolvimento tecnológico para maior eficiência.

BBC Brasil - E o que o senhor acha de medidas como anti-dumping e salvaguardas contra produtos chineses industrializados? É a ferramenta correta?

Zhou - Para o Brasil, pode ser a ferramenta correta. Se você acha que isso não é bom, pode aplicar medidas para defender seu setor de acordo com as regras da OMC. Mas eu acho que medidas anti-dumping não resolvem este problema. O mais importante para o Brasil é aumentar a competitividade. É o ponto-chave.

BBC Brasil - E o reconhecimetno da China na OMC, prometido no governo Lula, mas não ratificado? Como os chineses veem a postura do governo brasileiro?

Zhou - O primeiro-ministro chinês, Web Jiabao, disse que é lamentável que o Brasil ainda não tenha aprovado o status da China na OMC. Então, acho que, durante a visita da presidente Dilma Rousseff, os dois governos vão discutir esse assunto. Eu acho que o governo brasileiro tem suas próprias condições, por exemplo, a questão da licença para a produção de um novo modelo pela Embraer. Eu acho que essa questão da Embraer será resolvida. Se isso for resolvido, eu acho que a atitude do governo brasileiro vai mudar.

BBC Brasil - Mas com o reconhecimento do status da OMC, o Brasil perde uma arma que alguns setores consideram fundamental, que é a possibilidade de aplicar medidas anti-dumping, usando no cálculo o preço de terceiros mercados.

Zhou - Fechar a porta para os produtos chineses não é uma boa solução. Na minha opinião, o mais importante para outros países é aumentar a competitividade. O status da China não é uma questão muito difícil, é apenas um processo.

BBC Brasil -Pelo cálculo de uma entidade americana, o Brasil foi o principal destino dos investimentos chineses em 2010. Qual a perspectiva nessa área para o Brasil?

Zhou - O investimento da China em 2010 é só o início desta tendência porque o Brasil tem muitas oportunidades e vantagens em termos de recursos naturais e é receptivo ao investimento chinês. As empresas chinesas estão traçando uma estratégia de internacionalização e o Brasil é um país emergente com muitas oportunidades para as empresas chinesas aproveitarem. Como a maior economia da região, o Brasil deve desempenhar também um papel de ponte entre a China e a América do Sul. O Brasil representa claramente uma oportunidade imensa para ser aproveitada.

Já recebi e-mails de empresas chinesas perguntando sobre como fazer negócio no Brasil. Algumas fabricam, por exemplo, material para estádios. Sabem que haverá a Copa do Mundo, Olimpíadas.

BBC Brasil - E o que dificulta que isso se concretize?

Zhou - Existem alguns obstáculos para trazer mais investimentos. Por exemplo, deficiência de infraestrutura, mas essa também é uma boa oportunidade para os chineses.

BBC Brasil - Apesar de haver oportunidades em algumas áreas, o investimento chinês tem sido criticado por se concentrar demais na busca por matérias-primas. Como o senhor vê essas críticas?

Zhou - É engraçado. Antes, lembravam que durante a visita de Hu Jintao, em 2004, os chineses prometeram investimentos e não os concretizaram. Em 2010, chega um monte de investimento, mas muitas pessoas se preocupam porque cresceu demais. Claramente, o investimento chinês representa um certo choque para alguns setores e empresas brasileiras, mas, para aproveitar melhor estes investimentos chineses, o governo brasileiro deve redirecionar os investimentos para os setores que precisam de mais investimentos.

BBC Brasil - O senhor acha, então, que o Brasil não deve aceitar investimento em qualquer área?

Zhou - Falta um plano organizado, falta um papel para direcionar estes investimentos para os setores que precisam de mais investimentos.

BBC Brasil - Mas que poder o governo pode ter sobre isso? Se uma empresa privada quer vender suas operações para a China, o que o governo pode fazer?

Zhou - Sim, mas a relação também tem de ser entre dois governos, entre dois países. O governo tem de desempenhar um papel importante para promover esta relação.

BBC Brasil - O interesse chinês é por commodities, algo que preocupa alguns setores. O senhor vê motivo para preocupação?

Zhou - Os recursos naturais correspondem a 85% de todos os investimentos da China no Brasil. A China precisa desses recursos. Isso representa um desafio para o Brasil. Para resolver esse problema, o governo brasileiro tem de fazer seu dever. Claro que os recursos naturais são as vantagens do Brasil. É o que a China quer para sustentar o crescimento. É uma relação complementar. O Brasil deve se planejar para aproveitar melhor os investimentos chineses. É uma relação que envolve os governos.

Se conseguir apoio dos governos, fica mais fácil para as empresas chinesas investirem em outros países.

BBC Brasil - Então o senhor acha que existe potencial para o Brasil usar os recursos naturais na barganha por investimentos de mais valor agregado?

Zhou - Eu acho que o apetite da China claramente é recurso natural. Se o Brasil quiser mais investimento em outros setores, o que vai oferece para atrair as empresas chinesas? É nisso que o Brasil tem de pensar. O que vai fazer? Muitos países também querem investimentos da China. No Brasil, existem obstáculos para fazer negócios: altos tributos, o custo para as empresas é alto, as regras trabalhistas são rígidas, a segurança pública não é boa. Então, esses são desafios se o Brasil quer mais investimento em infraestrutura e outros setores.

BBC Brasil - Como o senhor vê a reação no mundo à ascensão da China?

Zhou - A China virou a segunda economia do mundo, mas o PIB per capita é muito baixo. Ainda é a metade do PIB per capita no Brasil. O status da China ainda é de um país em desenvolvimento. A China também quer desempenhar um maior papel nos assuntos internacionais, mas o maior desafio agora é o desenvolvimento sustentável. Existem questões sociais, como uma disparidade de renda muito grande. A tarefa para os governos chineses é promover um equilíbrio entre crescimento e desenvolvimento social.

BBC Brasil - Então, a China vai continuar olhando mais para dentro?

Zhou - Há um pensamento corrente que diz que a política externa da China é fazer seu próprio dever da melhor maneira possível, pensando o mínimo nas questões internacionais. Essa é uma diferença entre Brasil e China. A atitude do Brasil na área de política interna é mais ativa e altiva, como diz Celso Amorim. Mas, para o governo chinês, a humildade é mais importante. O Brasil está sempre pensando em ser uma potência mundial. Durante a Segunda Guerra, surgiu uma oportunidade de ser memebro permanente da ONU. E, nas últimas décadas, o Brasil tenta fazer o possível para realizar o sonho de potência mundial. São características dos povos. Os brasileiros são mais otimistas, os chineses, mais reservados.

BBC Brasil - O senhor falou em humildade, mas há um grande número de observadores que têm visto uma maior assertividade ou até agressividade por parte da China principalmente após a crise, quando o país saiu quase ileso e enxergou as rachaduras no modelo americano.

Zhou - De fato, existe uma mudança nos assuntos internacionais no que diz respeito a atitude do governo chinês. O governo começa a pensar que pode desempenhar um papel correspondente ao status econômico. Claramente, a economia chinesa cresceu e a China está desempenhando um papel mais importante. Por isso, veem uma maior agressividade. Mas, considerando a importância que a China ganhou, ainda acho que a postura do governo continua sendo de humildade.

BBC Brasil - Mas com a ampliação dos interesses chineses do mundo, será que a China não vai ser forçada, no futuro, a assumir um papel de liderança, para defender seus crescentes interesses econômicos de forma mais ativa? Será que a política da não-interferência sobrevive por muito tempo?

Zhou - Acho que é uma tendência possível. As empresas chinesas estão elaborando estratégias de internacionalização não só na América do Sul, mas também na África, nos Estados Unidos, na Austrália. Com isso, o governo chinês tem de pensar mais do que antes no resto do mundo para aproveitar a oportunidade de transformação mundial de agora e não só proteger seus interesses, mas também proteger os interesses dos países em desenvolvimento. Acho que esse é um ponto de cooperação entre Brasil e China.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... s_ss.shtml




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Re: Relações Sino-Brasileiras

#15 Mensagem por DELTA22 » Ter Abr 12, 2011 10:59 am

Dilma deve usar discurso "direto" para ajustar relação com China

sexta-feira, 8 de abril de 2011 18:23

Por Jeferson Ribeiro

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff desembarca em Pequim na segunda-feira, seu maior desafio até agora no terreno internacional, onde deve usar um discurso "direto" para tentar equilibrar as relações bilaterais entre China e Brasil, com maior foco na questão comercial.

Disposta a fazer ajustes relevantes na parceria estratégica entre os dois países, que data da década de 1970, ela usará um discurso "direto e franco" nos encontros bilaterais que manterá com o presidente chinês, Hu Jintao, e com o primeiro-ministro Wen Jiabao --nas palavras de um assessor do Palácio do Planalto que pediu anonimato,.

Assim como fez diante do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a presidente vai citar topicamente as áreas estratégicas que interessam ao Brasil e, com isso, tentar direcionar os volumosos investimentos chineses que aportam no país.

Esse tom mais franco e uma diplomacia "de resultados" diferente do "personalismo", que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva imprimia nos encontros com chefes de Estado, pode ter mais efeito com os chineses, na avaliação do professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Argemiro Procópio.

"Com a Dilma não acho que o Brasil vai ser uma onça que mia como um gato. Vai ser uma onça que vai rugir como uma onça", afirmou o professor, autor de três livros sobre as relações comerciais Brasil-China.

Mas não bastará o estilo de Dilma para dobrar os chineses, porque o país vive numa conjuntura em que precisa fazer poucas concessões para seguir seu projeto de desenvolvimento.

Contudo, na avaliação do Itamaraty, esse é um momento oportuno para abrir o diálogo e pressionar a China a direcionar parte dos investimentos dos asiáticos no Brasil.

A embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, responsável pela preparação da viagem no Ministério de Relações Exteriores, argumenta que as diferenças que existem entre os dois países decorrem de um crescimento muito rápido e desordenado na área comercial e "quando isso acontece é natural que surjam divergências".

Agora, segundo ela, o momento é de encaminhar as soluções. Engana-se, no entanto, quem pensa que Dilma dará algum tipo de ultimato aos chineses para equilibrar a pauta da corrente de comércio, segundo a embaixadora.

Ela deve usar a mesma franqueza que adotou ao lado de Obama para contestar a política monetária chinesa. O Brasil discorda da política cambial da China, acusando-a de manipular o câmbio para favorecer os seus exportadores e Dilma abordará o tema na reunião privada com Hu Jintao.

CONSELHO DE SEGURANçA

Apesar dos negócios serem o foco principal da viagem de Dilma à China, ela pretende conversar com o presidente chinês e com premiê Wen Jiabao sobre a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

A diplomacia brasileira não espera receber um apoio formal à sua intenção. Diferente dos Estados Unidos, que resistem a apoiar abertamente a mudança para não criar novas resistências à sua política externa, a China não quer a reforma porque um dos beneficiados seria o Japão.

Os japoneses, ao lado do Brasil, da Alemanha e da Índia são os principais defensores de uma reforma no Conselho na ONU que amplie o número de países com assento permanente.

Se não estão na mesma trincheira nesse aspecto da política multilateral, Brasil e China falam a mesma língua quando a negociação envolve a coordenação de posições conjuntas dentro do Brics.

Aliás, o grupo que também reúnem Índia e Rússia será ampliado na reunião de cúpula em Sanya. Será o terceiro encontro dos chefes de Estado desses países e nele será formalizado o ingresso da África do Sul no time.

A embaixadora contou que o grupo pretende consolidar sua agenda comum nas discussões do G20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Após a cúpula, estão previstas reuniões bilaterais de Dilma com os chefes de Estado da Rússia e da Índia.




"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
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