Governo Dilma Rousseff
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- Bourne
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Governo Dilma Rousseff
Passada as eleições nada mais natural e acatando sugestões criar um tópico especifica para a nova presidente do Brasil: Dilma Vana Rousseff.
Segundo alguns uma perigosa esquerdista radical
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- xatoux
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Re: Governo Dilma Rousseff
Podiam criar também uma pasta pra falar dos derrotados na eleição (PSDB, DEM)
Ia ser mais divertido
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- marcelo bahia
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Re: Governo Dilma Rousseff
Cuidado com seu vice, Dilma!! É um opositor!!
Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"
Floriano Peixoto: "- Com balas!!!"
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- delmar
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Re: Governo Dilma Rousseff
Pode-se falar a vontade, especialmente que o estado de São Paulo foi o grande derrotado. O que não pode, nunca, é querer justificar no futuro qualquer burrada que houver (se houver) no governo Dilma com a frase: "Imagine se o Serra tivesse ganho, seria muito pior".xatoux escreveu:Podiam criar também uma pasta pra falar dos derrotados na eleição (PSDB, DEM)
Ia ser mais divertido
De resto vamos aguardar, normalmente os primeiros 100 dias são de tolerância, só depois iniciam as cobranças.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
- Guerra
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Re: Governo Dilma Rousseff
Como assim? Vamos ficar 4 anos na base da baixaria da eleição 2010? É demais para qualquer cirstão!!xatoux escreveu:Podiam criar também uma pasta pra falar dos derrotados na eleição (PSDB, DEM)
Ia ser mais divertido
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Guerra
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Re: Governo Dilma Rousseff
marcelo bahia escreveu:Cuidado com seu vice, Dilma!! É um opositor!!
É isso ai!! Tem que acabar logo com essa aliança e voltar para os 20% de intenção de votos
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- marcelo l.
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Re: Governo Dilma Rousseff
100 dias! Eu quero lei lobby, lavagem de dinheiro para ontem...um ministro do STF que entenda de Direito Penal e arrumar o PAC para que funcione a contento...E uma abin forte como deveria se não fosse o inominável.delmar escreveu:Pode-se falar a vontade, especialmente que o estado de São Paulo foi o grande derrotado. O que não pode, nunca, é querer justificar no futuro qualquer burrada que houver (se houver) no governo Dilma com a frase: "Imagine se o Serra tivesse ganho, seria muito pior".xatoux escreveu:Podiam criar também uma pasta pra falar dos derrotados na eleição (PSDB, DEM)
Ia ser mais divertido
De resto vamos aguardar, normalmente os primeiros 100 dias são de tolerância, só depois iniciam as cobranças.
"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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- marcelo bahia
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Re: Governo Dilma Rousseff
Eu não disse isso, cumpadi!!Guerra escreveu:marcelo bahia escreveu:Cuidado com seu vice, Dilma!! É um opositor!!
É isso ai!! Tem que acabar logo com essa aliança e voltar para os 20% de intenção de votos
Me referia à pessoa de Temer, de quem o presidente Lula confia tanto quanto uma ovelha confia num lobo.
Que saco!
Diplomata Alemão: "- Como o senhor receberá as tropas estrangeiras que apoiam os federalistas se elas desembarcarem no Brasil??"
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Re: Governo Dilma Rousseff
Li a frase de assinatura do Marcelo Bahia, e lembrei de frase semelhante do Bento Gonçalves, em resposta à uma oferta de ajuda militar do Governo Argentino:
"Assinaremos a Paz com o Império usando o sangue do primeiro argentino que cruzar nossas fronteiras".
"Assinaremos a Paz com o Império usando o sangue do primeiro argentino que cruzar nossas fronteiras".
Se não houver campo aberto
lá em cima, quando me for
um galpão acolhedor
de santa fé bem coberto
um pingo pastando perto
só de pensar me comovo
eu juro pelo meu povo,
nem todo o céu me segura
retorno à velha planura
pra ser gaúcho de novo
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- Boss
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Re: Governo Dilma Rousseff
E tem gente que ainda defende os argentinos contra os britânicos com unhas e dentes, como se estes fossem amigões do peito, gente finíssima (o povo em sua maioria o é, porém, os "cabeças de" lá... )
Enfim, espero que a Dilma faça um bom governo, obviamente. Eu votei nela, e mesmo que não votasse, é patético alguém torcer contra seu país só para ter razão em ser oposição.
Mas, a não ser que ela faça algo DIVINO nesses 4 anos (boa parte da avaliação vem dos investimentos nas FA's, claro ), em 2014 votarei em outra opção que não seja a situação, pois dar poder para um grupo só por muito tempo quase nunca é benéfico ainda mais sabendo como são os políticos daqui.
Enfim, espero que a Dilma faça um bom governo, obviamente. Eu votei nela, e mesmo que não votasse, é patético alguém torcer contra seu país só para ter razão em ser oposição.
Mas, a não ser que ela faça algo DIVINO nesses 4 anos (boa parte da avaliação vem dos investimentos nas FA's, claro ), em 2014 votarei em outra opção que não seja a situação, pois dar poder para um grupo só por muito tempo quase nunca é benéfico ainda mais sabendo como são os políticos daqui.
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Re: Governo Dilma Rousseff
Um brasileiro entra na polícia em plena Caxias do Sul e dirige-se ao xerife:
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Meu senhor, as leis aqui são muito severas e são cumpridas e se o senhor é mesmo culpado não haverá apelação nem dor de consciência que o livre da cadeia.
- Atropelei um argentino na estrada ao sul de Caxias.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no acostamento.
- Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer.
- Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, sou um crápula!
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, passeata, repressão, pancadaria e acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.
- Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada.
- O senhor é um grande humanista, enterrar um argentino, é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubús e outros animais, provavelmente até hienas.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: Estoy vivo, estoy vivo!
- Tudo mentira, esses argentinos mentem muito.
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Meu senhor, as leis aqui são muito severas e são cumpridas e se o senhor é mesmo culpado não haverá apelação nem dor de consciência que o livre da cadeia.
- Atropelei um argentino na estrada ao sul de Caxias.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no acostamento.
- Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer.
- Mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, sou um crápula!
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, passeata, repressão, pancadaria e acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.
- Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada.
- O senhor é um grande humanista, enterrar um argentino, é um benfeitor, outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubús e outros animais, provavelmente até hienas.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: Estoy vivo, estoy vivo!
- Tudo mentira, esses argentinos mentem muito.
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Re: Governo Dilma Rousseff
Dilma vai desonerar a folha de pagamento, diz ministro
15 de novembro de 2010 • 08h25
A presidente eleita Dilma Rousseff vai desonerar a folha de pagamento para reduzir o famoso "custo Brasil", segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A medida deve funcionar como uma arma do Brasil na guerra cambial, porque reduz os custos das empresas. Bernardo garante que Dilma vai retomar as reformas microeconômicas, para elevar a produtividade da economia, encabeçadas pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas abandonadas no segundo mandato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Promessa de campanha, a desoneração da folha de pagamento é central na agenda micro de Dilma e já está em estudo no Ministério da Fazenda. A base da discussão será a proposta inicial de Lula, que previa queda de 8,5 pontos porcentuais da contribuição descontada dos salários para a Previdência e para educação. Para a equipe de Dilma, medidas de desoneração tributária são compatíveis com o esforço fiscal necessário em 2011 porque geram mais arrecadação ao estimular a economia. A presidente vai investir em grandes reformas, mas pretende olhar com atenção para a microeconomia.
Redação Terra
15 de novembro de 2010 • 08h25
A presidente eleita Dilma Rousseff vai desonerar a folha de pagamento para reduzir o famoso "custo Brasil", segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. A medida deve funcionar como uma arma do Brasil na guerra cambial, porque reduz os custos das empresas. Bernardo garante que Dilma vai retomar as reformas microeconômicas, para elevar a produtividade da economia, encabeçadas pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, mas abandonadas no segundo mandato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Promessa de campanha, a desoneração da folha de pagamento é central na agenda micro de Dilma e já está em estudo no Ministério da Fazenda. A base da discussão será a proposta inicial de Lula, que previa queda de 8,5 pontos porcentuais da contribuição descontada dos salários para a Previdência e para educação. Para a equipe de Dilma, medidas de desoneração tributária são compatíveis com o esforço fiscal necessário em 2011 porque geram mais arrecadação ao estimular a economia. A presidente vai investir em grandes reformas, mas pretende olhar com atenção para a microeconomia.
Redação Terra
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Governo Dilma Rousseff
PERIGO DE RETROCESSO NO BRASIL EXISTE, DIZ ALAIN TOURAINE - O sociólogo francês Alain Touraine diz que o governo Dilma Rousseff é uma incógnita e critica o autoristarismo do PT.
Por Márcia Abos - O GLOBO, 15.11.10.
Um dos mais respeitados intelectuais franceses, o sociólogo Alain Touraine, de 85 anos, diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, apresenta na terça-feira, em São Paulo, o seminário "Queda e renascimento das sociedades ocidentais".
Touraine chegou no domingo à capital paulista e, em entrevista ao GLOBO, falou sobre o temor de um retrocesso no Brasil, após a eleição de Dilma Rousseff. Apesar de elogiar os governos Fernando Henrique e Lula, frisou que o país tem um passado marcado pelo populismo e alertou para o autoritarismo de "segmentos do PT":
- A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente.
O intelectual também acredita que o tucano José Serra é peça fundamental para a oposição.
O GLOBO: Como o senhor vê as transformações da sociedade brasileira nos últimos 16 anos? Como avalia a vitória de Dilma Rousseff?
Uma coisa é clara. O Brasil tem um sistema político horrível, corrupto. Fernando Henrique Cardoso, em seus oito anos de governo, construiu as instituições. Fez uma transição perfeita para entregar a Presidência a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, por sua vez, realizou transformações sociais, tirando dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da exclusão. Graças aos dois, em igual importância, o Brasil tem os elementos básicos para desenvolver um novo tipo de sociedade. Mas não sou necessariamente otimista. Não sabemos o que acontecerá daqui para a frente. A nova presidente (Dilma) foi inventada por Lula.
O Brasil tem um longo passado de populismo e a ameaça persiste devido ao nível de desigualdade social extremamente elevado. Após 16 anos dos governos FHC e Lula, é impossível questionar o potencial do Brasil.
Mas o perigo de um retrocesso existe, até porque o passado do PT está longe de ser perfeito. Lula não foi autoritário, mas segmentos do PT o são. A ideia de Dilma esquentar a cadeira por quatro anos para Lula também me desagrada.
Em uma democracia, não pode haver presidente interino. A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente, porque ela não tem experiência política.
Mas eu acredito que o Brasil tem tudo para ser o lugar em que uma nova sociedade surgirá. Não vejo muitos outros países no mundo que tenham chances tão boas quanto o Brasil.
José Serra, candidato derrotado do PSDB, deu a entender que fará com seu partido uma oposição mais dura ao governo Dilma, diferente da postura de seu partido frente a Lula. Como o senhor vê a polarização entre os dois maiores partidos brasileiros?
Neste momento, Dilma é Lula. Ninguém sabe nada sobre ela. Ela pode ter tendências populistas ou fazer um fantástico governo, não sabemos. O fato é que, depois de Lula, era impossível para José Serra vencer. Ele é extremamente competente, honesto e sério. Na oposição, é um ativo valioso para o Brasil frente aos riscos de irresponsabilidade e populismo.
Para o senhor, como a globalização transformou a sociedade pós-moderna?
Globalização significa muito mais que internacionalização. Significa que nenhuma instituição política, social ou religiosa é capaz de controlar um sistema econômico globalizado. Portanto, minha principal ideia é que a globalização significa o fim da sociedade. A diversidade dos atores é mais importante do que o sistema.
O que restou é o mercado puro. Vivemos agora em uma não sociedade, na qual as pessoas estão interessadas em coisas sem significado. Eliminar significados tem sido a aventura da Europa nos últimos 20 anos. Por exemplo, o desenvolvimento industrial sendo eliminado para dar lugar ao mercado financeiro: dinheiro pelo dinheiro.
Na vida privada, teorias românticas do século XIX deram lugar ao erotismo, à pornografia, ao sexo sem comunicação, emoção ou intenção. Interesse e desejo são a mesma coisa.
Minha pergunta é se é possível reconstruir uma vida social a partir de nenhum elemento social, pois eles despareceram ao longo do caminho.
E é possível? Há esperança para a vida em sociedade?
O único movimento político realmente forte hoje é a ecologia. Pela primeira vez na História abandonamos a velha filosofia de Descartes ou Bacon de que a cultura domina a natureza. Pela primeira vez estamos preocupados em salvar a natureza sem destruir a civilização e vice-versa.
Outra força antropológica pela qual tenho grande interesse é o movimento feminista. Mulheres em geral têm uma visão de sociedade que é o contrário do modelo masculino de tensão extrema, polarização. Mulheres buscam a conciliação em vez da oposição.
No entanto, o feminismo ainda não existe como força política. O sexismo domina. Já avançamos, mas as mulheres continuam tratadas como vítimas.
Ninguém as menciona como alguém que faz coisas. São mais criativas que os homens, mas, por enquanto, aparecem como vítimas, principalmente da violência doméstica.
A terceira força do que seria esta nova sociedade está no indivíduo, no direito a ter direitos, como dizia Hannah Arendt.
Ninguém sabe o que democracia significa hoje, cada um tem sua definição. Para mim, democracia é ampliar o acesso de todos a serviços e bens básicos, como educação e saúde, entre outras coisas.
É possível reconstruir uma sociedade baseada em termos não sociais universais, tais como a ecologia e os direitos individuais. Sou um grande defensor da ideia de universalização.
É fundamental reconhecer e garantir valores universais como, por exemplo, a liberdade religiosa. Recriar formas de vida coletiva e privada baseadas em princípios universais.
Se viver mais um ano, penso em escrever um livro com minhas ideias a respeito dessa nova sociedade possível.
Por Márcia Abos - O GLOBO, 15.11.10.
Um dos mais respeitados intelectuais franceses, o sociólogo Alain Touraine, de 85 anos, diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, apresenta na terça-feira, em São Paulo, o seminário "Queda e renascimento das sociedades ocidentais".
Touraine chegou no domingo à capital paulista e, em entrevista ao GLOBO, falou sobre o temor de um retrocesso no Brasil, após a eleição de Dilma Rousseff. Apesar de elogiar os governos Fernando Henrique e Lula, frisou que o país tem um passado marcado pelo populismo e alertou para o autoritarismo de "segmentos do PT":
- A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente.
O intelectual também acredita que o tucano José Serra é peça fundamental para a oposição.
O GLOBO: Como o senhor vê as transformações da sociedade brasileira nos últimos 16 anos? Como avalia a vitória de Dilma Rousseff?
Uma coisa é clara. O Brasil tem um sistema político horrível, corrupto. Fernando Henrique Cardoso, em seus oito anos de governo, construiu as instituições. Fez uma transição perfeita para entregar a Presidência a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, por sua vez, realizou transformações sociais, tirando dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da exclusão. Graças aos dois, em igual importância, o Brasil tem os elementos básicos para desenvolver um novo tipo de sociedade. Mas não sou necessariamente otimista. Não sabemos o que acontecerá daqui para a frente. A nova presidente (Dilma) foi inventada por Lula.
O Brasil tem um longo passado de populismo e a ameaça persiste devido ao nível de desigualdade social extremamente elevado. Após 16 anos dos governos FHC e Lula, é impossível questionar o potencial do Brasil.
Mas o perigo de um retrocesso existe, até porque o passado do PT está longe de ser perfeito. Lula não foi autoritário, mas segmentos do PT o são. A ideia de Dilma esquentar a cadeira por quatro anos para Lula também me desagrada.
Em uma democracia, não pode haver presidente interino. A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente, porque ela não tem experiência política.
Mas eu acredito que o Brasil tem tudo para ser o lugar em que uma nova sociedade surgirá. Não vejo muitos outros países no mundo que tenham chances tão boas quanto o Brasil.
José Serra, candidato derrotado do PSDB, deu a entender que fará com seu partido uma oposição mais dura ao governo Dilma, diferente da postura de seu partido frente a Lula. Como o senhor vê a polarização entre os dois maiores partidos brasileiros?
Neste momento, Dilma é Lula. Ninguém sabe nada sobre ela. Ela pode ter tendências populistas ou fazer um fantástico governo, não sabemos. O fato é que, depois de Lula, era impossível para José Serra vencer. Ele é extremamente competente, honesto e sério. Na oposição, é um ativo valioso para o Brasil frente aos riscos de irresponsabilidade e populismo.
Para o senhor, como a globalização transformou a sociedade pós-moderna?
Globalização significa muito mais que internacionalização. Significa que nenhuma instituição política, social ou religiosa é capaz de controlar um sistema econômico globalizado. Portanto, minha principal ideia é que a globalização significa o fim da sociedade. A diversidade dos atores é mais importante do que o sistema.
O que restou é o mercado puro. Vivemos agora em uma não sociedade, na qual as pessoas estão interessadas em coisas sem significado. Eliminar significados tem sido a aventura da Europa nos últimos 20 anos. Por exemplo, o desenvolvimento industrial sendo eliminado para dar lugar ao mercado financeiro: dinheiro pelo dinheiro.
Na vida privada, teorias românticas do século XIX deram lugar ao erotismo, à pornografia, ao sexo sem comunicação, emoção ou intenção. Interesse e desejo são a mesma coisa.
Minha pergunta é se é possível reconstruir uma vida social a partir de nenhum elemento social, pois eles despareceram ao longo do caminho.
E é possível? Há esperança para a vida em sociedade?
O único movimento político realmente forte hoje é a ecologia. Pela primeira vez na História abandonamos a velha filosofia de Descartes ou Bacon de que a cultura domina a natureza. Pela primeira vez estamos preocupados em salvar a natureza sem destruir a civilização e vice-versa.
Outra força antropológica pela qual tenho grande interesse é o movimento feminista. Mulheres em geral têm uma visão de sociedade que é o contrário do modelo masculino de tensão extrema, polarização. Mulheres buscam a conciliação em vez da oposição.
No entanto, o feminismo ainda não existe como força política. O sexismo domina. Já avançamos, mas as mulheres continuam tratadas como vítimas.
Ninguém as menciona como alguém que faz coisas. São mais criativas que os homens, mas, por enquanto, aparecem como vítimas, principalmente da violência doméstica.
A terceira força do que seria esta nova sociedade está no indivíduo, no direito a ter direitos, como dizia Hannah Arendt.
Ninguém sabe o que democracia significa hoje, cada um tem sua definição. Para mim, democracia é ampliar o acesso de todos a serviços e bens básicos, como educação e saúde, entre outras coisas.
É possível reconstruir uma sociedade baseada em termos não sociais universais, tais como a ecologia e os direitos individuais. Sou um grande defensor da ideia de universalização.
É fundamental reconhecer e garantir valores universais como, por exemplo, a liberdade religiosa. Recriar formas de vida coletiva e privada baseadas em princípios universais.
Se viver mais um ano, penso em escrever um livro com minhas ideias a respeito dessa nova sociedade possível.