04 de Janeiro de 2010, 13:39
O arranha-céu mais alto do mundo foi inaugurado esta segunda-feira no Dubai com o objectivo de superar os limites da arquitetura e também fazer um resgate da imagem do emirado, ofuscada pela recente crise devido à sua dívida financeira.
Fogo de artifício, fontes musicais, espectáculos de luz e som: o emirado não poupou esforços para surpreender os 6.000 convidados durante a cerimónia de inauguração da torre, que coincide com o quarto aniversário da chegada ao poder do soberano de Dubai, o xeque Mohammad ben Rached Al-Maktum.
Os organizadores instalaram ecrans gigantes perto da torre para permitir que os curiosos pudessem acompanhar a cerimónia, transmitida ao vivo.
Burj Dubai é uma torre de vidro de 160 andares e mais de 800 metros de altura. para a sua construção foram necessários 330.000 m3 de cimento e 31.400 toneladas de barras de ferro. O arranha-céus ergue-se entre o deserto e o mar como um ícone arquitetónico visível a 95 km de distância.
Para o arquiteto Bill Bajer, engenheiro civil e sócio da Skidmor, Owing and Merrill (SOM, com sede em Chicago), Burj Dubai converter-se-á num novo referencial.
"Aprendemos muito com o Burj Dubai. Acho que agora poderíamos construir com facilidade uma torre de um quilómetro. Somos optimistas sobre a possibilidade de ir mais alto. É, sem dúvida, um novo ponto de referência", afirmou à AFP.
"Ao conseguir o contrato, achávamos que bateríamos por pouco o recorde da Torre de Taipé (508 metros). Mas o nosso cliente (a Emaar Properties) pedia-nos para ser mais alto, sem nos dar um limite. Conseguimos adaptar a estrutura, como se afinássemos um instrumento musical", explicou.
A Emaar Properties, proprietária do Burj Dubai, é um grupo controlado em parte pelo governo, e não comunicou a altura exacta do seu deslumbrante arranha-céu.
O edifício com base em forma de Y estreita-se à medida que ganha altura. É prolongado por uma estrutura de aço que termina numa enorme flecha.
George Efstathiou, da SOM e principal director do projecto, afirma que a base em Y, que tem em consideração o efeito do vento, assegura a estabilidade da estrutura.
"Haverá muitas tempestades passarão despercebidas. A torre é mais estável do que outros arranha-céus muito menos altos", acrescentou.
As obras, iniciadas em 2004, foram realizadas pela companhia sul-coreana Samsung Engineering & Construction, o grupo belga BESIX e a sociedade dos Emirados Arabtec.
Burj Dubai, que dispõe de mais de 1.000 apartamentos, escritórios e um luxuoso hotel Armani, é o elemento central de um gigantesco projecto de 20 mil milhões de dólares, o novo bairro "Downtown Burj Dubai", que inclui 30.000 apartamentos e o maior centro comercial do mundo.
Pouco antes da inauguração, agentes imobiliários registaram um aumento da procura das unidades residenciais do Burj.
Em 2009, os preços das moradias caíram mais de 50% no emirado, mas, segundo os agentes, a queda revelou ser menor no Burj Dubai, onde o metro quadrado na zona comercial alcançou até 5.500 dólares em 2008, no pico da bolha imobiliária.
"Comprei um pequeno apartamento no 80º andar por 3 milhões de dólares. Com a queda dos preços, a minha perda seria enorme no caso de venda", declarou um empresário palestino à AFP.
O Burj Dubai pode ser, segundo alguns observadores, o último dos faraónicos projectos pelos quais o Dubai ganhou fama mundial, incluindo uma ilha artificial em forma de palmeira construída pelo gigante da construção Nakheel, em função das dificuldades financeiras do emirado.
Mas, segundo Efstathiou, Burj Dubai manterá o seu recorde mundial durante uma década, dado que os outros projectos provavelmente deverão ser adiados por causa da crise económica mundial. "Quando se concebeu o Burj Dubai, a situação era totalmente diferente: a principal força motriz desta torre é a economia", afirmou.
"Noventa por cento da torre já está vendida (...) Os ciclos económicos vão e vêm. A crise durou muito tempo, mais de 20 meses. Chegámos ao fim", afirmou o presidente da Emaar, Mohammed Alabbar, para quem a inauguração da torre repercutirá de forma positiva no sector imobiliário de Dubai.
AFP/SAPO
