Guerra do Vietnã (1956-1975)

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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#16 Mensagem por Enlil » Qua Dez 02, 2009 8:43 pm

Curtiss C-46 Commando (Air Viet Nam, Qui Nhon_Vietnam, November 1970)

http://img31.imageshack.us/img31/3282/47766790.jpg

http://img196.imageshack.us/img196/6813/91975664.jpg

B-1543 Crashed north of Qui Nhon a few days earlier. I heard it ran out of fuel. It was mostly covered by sand within a month.

* Ron Ingemunson

>

Acidente de uma aeronave C-46 da companhia aérea sul-vietnamita Air Viet Nam em plena Guerra. Notem os soldados americanos.




Editado pela última vez por Enlil em Qua Dez 02, 2009 8:51 pm, em um total de 1 vez.
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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#17 Mensagem por guilhermecn » Qua Dez 02, 2009 8:51 pm



Video de um ataque de napalm, que por "erro" foi parar em uma vila vietnamita
Crianças e mulheres foram atingidas e feridas

Esse é o lado mais chocante de qualquer guerra, ver gente inocente sofrendo e morrendo

Napalm can kill or wound by immolation and by asphyxiation. Immolation produces rapid loss of blood pressure, unconsciousness and death in a short time. Third-degree burns are typically not painful at the time, because only the skin nerves respond to heat and third-degree burns kill the nerves. Burn victims do not experience first-degree burns due to the adhesive properties of napalm that stick to the skin. Severe second-degree burns, likely to be suffered by someone hit with a small splash of napalm are severely painful and produce hideous scars called keloids, which can also bring about motor disturbances.

"Napalm is the most terrible pain you can imagine," said Kim Phúc, a napalm bombing survivor known from a famous Vietnam War photograph. "Water boils at 100 degrees Celsius. Napalm generates temperatures of 800 to 1,200 degrees Celsius."




"You have enemies? Good. That means you've stood up for something, sometime in your life."
Winston Churchill


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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#18 Mensagem por Enlil » Qua Dez 02, 2009 9:32 pm

Esse vídeo foi gravado em Trang Bang, Vietnã do Sul, em 08 junho de 1972.
Um registro clássico do genocídio da população civil cometido pelo americanos no Vietnã.

Kim Phúc ficou conhecida como a "menina da Guerra do Vietnã". Ela ficou 14 meses internada e passou por 17 cirurgias de enxerto de pele. A foto clássica desse episódio foi feita por Nic Ut.




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#19 Mensagem por zela » Qua Dez 02, 2009 9:35 pm

Ótimo documentário:


o resto tá no youtube. Vale a pena




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#20 Mensagem por Enlil » Qua Dez 02, 2009 9:49 pm

Interessante, vou procurar em torrent. Também recomendo o documentário:

Battlefield - Vietnam (1998)

War Documentary hosted by Gavin MacFadyen and published by Discovery Channel in 1998 - English narration.

Narrator: Gavin MacFadyen

Technical Specs:

Video Codec: XviD MPEG-4 codec
Video Bitrate: ~1500 KB/s
Video Resolution: 720x544
Audio Codec: FAST Multimedia AG DVM (Dolby AC3)
Audio BitRate: 192 KB/s
Audio Channels: 2 Ch
RunTime: 01:00
Framerate: 25 FPS
Number Of Parts: 12

01-12 - Dien Bien Phu_The Legacy

02-12 - The Undeclared War

03-12 - Search And Destroy

04-12 - Showdown In The Iron Triangle

05-12 - Countdown To Tet

06-12 - The Tet Offensive

07-12 - War On The DMZ

08-12 - Siege At Khe Sahn

09-12 - Air War Vietnam

10-12 - Rolling Thunder

11-12 - Peace With Honor

12-12 - The Fall Of Saigon

Part Size: 700 MB
Ripped by eazbak

Information:

Features twelve episodes exploring the events of the Vietnam conflict from a military perspective. Twelve Classic One-Hour Episodes From The Acclaimed TV Series Devoted To Vietnam's Key Battles. Judgement of the Vietnam war has been clouded by issues which occurred away from Vietnam: the campus protests, the controversial presidencies of Johnson and Nixon, the agonised arguments over MIAs and POWs and the tormented veterans of that war. For so many people, the Vietnam War brings to mind events in America, not in Vietnam. When thoughts turn to Vietnam, attention focuses on a young girl burned by the napalm, piles of bodies at My Lai and the summary execution of a Viet Cong insurgent on the streets of Saigon. Those events are important, but they do not shed a great deal of light on the military realities of the conflict. Battlefield Series Three: Vietnam was the first definitive documentary of the Vietnam War as a war. It will intentionally avoid the subsidiary issues which cloud judgement of the war, so that a clearer picture of what actually happened on the ground and in the air will emerge.

>

Uma verdadeira aula sobre a guerra (quase 12 horas, de Dien Bien Phu a queda de Saigon), é bem detalhista, com muitos mapas e maquetes digitais.

Como sempre: torrent :wink:. Ainda não achei legendas em português, mas em inglês há, já ajuda muito.




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#21 Mensagem por zela » Qua Dez 02, 2009 11:46 pm

Esse daí é o que passava no GNT? que tem até uma cena de um G.I sem o braço (acabara de perder na batalha de Hue) orando e depois ele morre?
Vou tentar baixar esse daí tb.
Também recomendo o "Dear America: Letters home from Vietnam". Nem sei se tem no Youtube, mas é interessante. Esse "Dear America.." e o "The Anderson Platoon" focaliza mais o lado humano da guerra, em especial os soldados. Pelo lado histórico, esse que passava no GNT era muito bom, com esquemas e tudo; era uma série mesmo. tomara que seja esse daí que vc indicou, vou tentar baixar.




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#22 Mensagem por Enlil » Qui Dez 03, 2009 1:50 am

Não sei lhe dizer se é o mesmo. No entanto, recomendo muito. Está disponível em:

http://torrentz.com/search?q=Battlefiel ... %281998%29

No legendas.TV há legendas em inglês.

Aliás, logo após o meu post olhei o 10º episódio, sobre a Operação Rolling Thunder. É terrível a dimensão do desastre humano dessa guerra, sem dúvida foi um dos maiores crimes da história da humanidade. De qualquer maneira obrigado pelas indicações, o Dear America: Letters home from Vietnam já conheço de nome há vários anos mas nunca assisti. Vou procurá-los. [ ], até mais.




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#23 Mensagem por Enlil » Qui Dez 03, 2009 2:17 am

Uma palhinha do primeiro episódio do Battlefield Vietnam:

01-12 - Dien Bien Phu_The Legacy (1-6)





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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#24 Mensagem por zela » Qui Dez 03, 2009 12:32 pm

Acho que num era esse não...vou vê-lo. Valeu pela indicação.




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#25 Mensagem por marcelo l. » Seg Jun 25, 2012 1:44 pm

Vietnam in HD





"If the people who marched actually voted, we wouldn’t have to march in the first place".
"(Poor) countries are poor because those who have power make choices that create poverty".
ubi solitudinem faciunt pacem appellant
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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#26 Mensagem por binfa » Sáb Jul 21, 2012 2:51 pm

Feridas da guerra ainda abertas.

Após 43 anos, família recebe cartas de sargento americano morto no Vietnã

Família recebe cartas de sargento morto no Vietnã há 43 anos

Imagem
Steve Flaherty escreveu para parentes e amigos aos 22 anos; cartas estavam com autoridades do Vietnã Foto: AFP

Há 43 anos, o sargento do Exército dos EUA Steve Flaherty escreveu quatro cartas para familiares e amigos das selvas do Vietnã. No último sábado, essas cartas chegaram aos seus destinatários. Flaherty morreu no Vale de A Shau em 25 de março de 1969, aos 22 anos.

Antes que ele fosse encontrado por americanos, soldados vietnamitas confiscaram quatro cartas que ele levava junto ao corpo, segundo Robert Destatte, funcionário aposentado do Departamento de Defesa dos EUA, especialista em prisioneiros de guerra e soldados desaparecidos em ação.

As cartas foram enviadas para o coronel vietnamita Nguyen Phu Dat para que fossem usadas em propaganda política na Rádio Hanoi.

"Acredita-se que Dat lia parte das cartas de Flaherty no ar para tentar persuadir soldados americanos a se recusarem a ir para a guerra", diz Destatte.

Em 2011, Destatte viu uma menção sobre a existência dessas cartas no website Bo Dat Viet ("A Nação Vietnamita") e deu início à busca por elas. Com a ajuda da polícia americana, ele encontrou Marta Gibbons, cunhada do sargento Flaherty e o resto de sua família.

Troca oficial

As cartas foram entregues ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, durante uma reunião com seu colega vietnamita, Phuong Quang Thanh, em Hanói, em junho.

Em troca, Panetta entregou a Thanh o diário do soldado Vu Dinh Doan, que havia sido tomado por um marine americano em 1966. Foi a primeira troca oficial de objetos de guerra entre os dois países.

Também foram incluídas na troca cartas escritas por outros soldados americanos mortos no Vietnã, mas suas identidades só serão reveladas depois que as famílias forem encontradas. Em uma de suas cartas, Flaherty escreveu o seguinte: "Tivemos de arrastar muitos corpos de mortos e feridos (...) não creio que seja nunca capaz de esquecer essa guerra sangrenta. Sinto as balas passarem por mim a todo momento. Nunca tive tanto medo em toda minha vida."

Em outras passagens, ele conta à família sobre as armadilhas dos inimigos e os colegas mortos. "Se o papai ligar, diga a ele que cheguei muito perto da morte, mas estou bem, eu tive muita sorte", escreveu ele. "Escreverei de novo em breve."

Biografia

Imagem
Steve Flaherty

O sargento nasceu em Oiso, no Japão, filho de um americano e uma japonesa. Após ser deixado em um orfanato, terminou sendo adotado pelos Flaherty quando tinha nove anos e foi viver com a família nos EUA.

Ele cresceu em Columbia, na Carolina do Sul, e era conhecido em sua escola por suas habilidades no beisebol. Em 1966, foi para o Bryan College, no Tennessee, onde recebeu uma bolsa por ser bom nesse esporte.

Segundo seu tio, Kenneth Cannon, olheiros entraram em contato com ele logo em seguida, propondo que jogasse profissionalmente, mas Flaherty preferiu entrar para o Exército em outubro de 1967. Ele juntou-se à 101 ª Divisão Aerotransportada e foi enviado para o Vietnã no ano seguinte.

Imagem
O obituário de Steve Flaherty de Columbia, S.C. publicado no Jornal do estado em 30 de março de 1969.

Destinatários

A família de Flaherty recebeu as quatro cartas do soldado no sábado. Elas estavam dirigidas para a sua mãe, uma família vizinha aos Flaherty, a família de um colega de escola do soldado e Betty Buchanan, irmã menor de Coleen, uma moça com a qual ele teve um relacionamento pouco antes de ir para o Vietnã.

A família Flaherty pretende doar as cartas para um museu da Carolina do Sul. "É um milagre que essas cartas tenham aparecido após todo esse tempo", disse Cannon à agência de notícias Associated Press no domingo.

"Elas estão em condição muito boa para terem 40 anos e sei que Steve ficaria feliz em saber que elas chegaram em casa."

BBC, via Terra/montedo.com




att, binfa
DOE VIDA, DOE MEDULA!
REgistro Nacional de DOadores de MEdula nº 1.256.762
UMA VIDA SEM DESAFIOS NÃO VALE A PENA SER VIVIDA. Sócrates
Depoimento ABRALE :arrow: http://www.abrale.org.br/apoio_paciente ... php?id=771
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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#27 Mensagem por Clermont » Sáb Jul 21, 2012 3:10 pm

E quarenta e três anos depois da morte do sargento, o Vietnam ainda não tentou exportar sua revolução comunista para os Estados Unidos, como era a justificativa oficial dos defensores da guerra pela defesa do Mundo Livre:

"Temos de lutar com eles lá, nas selvas do Vietnam, caso contrário, teremos que lutar com eles aqui nas praias da Califórnia!"

Muito pelo contrário: o Vietnam comunista atualmente é um bom parceiro comercial dos Estados Unidos. E ambos, estão de olhos abertos contra a China. Um resultado que muita gente tinha imaginado ser o mais provável no longo prazo.

E essas pessoas pensaram isso, não agora, em 2012, mas antes da guerra e durante ela. Só que não foram ouvidas: ao contrário, foram taxadas de "isolacionistas" e de serem "moles com os comunistas".

Afinal de contas: para que serviu o sacrifício da vida do sargento e de dezenas de milhares de seus compatriotas e milhões de vietnamitas?

Tudo foi um desperdício de sangue, de tempo e de dinheiro...




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#28 Mensagem por FoxHound » Ter Ago 14, 2012 10:08 pm

EUA fazem operação para limpar áreas contaminadas no Vietnã.
http://1.bp.blogspot.com/-g8Q_yin9nZk/U ... l+land.jpg
Acima um helicóptero Huey do Exército Americano despeja o "Agente Laranja" em terras de plantio vietnamitas.

Há 51 anos o exército americano começou a pulverizar os verdejantes vales e planícies do centro e do sul do Vietnã com 75 milhões de litros de um herbicida pouco conhecido até então, com a intenção de arrasar os campos que poderiam oferecer refúgio à guerrilha vietcongue durante o conflito que se prolongou de 1964 até 1975. O chamado “agente laranja”, fabricado por indústrias químicas como Monsanto e Dow Chemical, continha uma dioxina extremamente prejudicial, que provocou cânceres, diabetes, linfomas e malformações nas pessoas. Só agora, milhões de doenças e mortes depois, os EUA começaram a limpeza de áreas que ainda são tóxicas.

As operações de limpeza começaram na semana passada na cidade de Danang. Vão demorar quatro anos e custarão US$ 43 milhões, segundo o Departamento de Estado dos EUA. Nos dez anos em que foi empregado, o “agente laranja” do Pentágono arrasou 2 milhões de hectares e também afetou Camboja e Laos. Os americanos empregaram concentrações de dioxina até 55 vezes acima do normal, daí seus efeitos devastadores para a saúde.

Até os anos 1990, porém, o governo dos EUA não reconhecia formalmente os efeitos nocivos da substância. Naquela época os estragos entre os vietnamitas já eram evidentes: cânceres, doenças respiratórias, queimaduras, abortos, fetos disformes e malformações.

Mas foram os soldados americanos que prestaram serviço no Vietnã que obrigaram Washington a reagir. Primeiro,15 mil soldados processaram os fabricantes do produto e conseguiram em 1984 um acordo extrajudicial de US$ 180 milhões. Posteriormente, o Congresso autorizou o Departamento de Veteranos do governo a indenizar os 4,2 milhões de soldados que serviram em áreas onde se empregou a substância, se apresentassem sequelas.

Segundo disse em 1983 em uma investigação judicial Henry Kissinger, assessor de Segurança Nacional de Richard Nixon, foi esse presidente quem deu a ordem final de deixar de empregar o herbicida, em 1971, e desautorizou desse modo a cúpula militar que queria continuar com seu uso. O general William Westmoreland, comandante das tropas dos EUA no Vietnã até 1968, também indicou nessa investigação que o “agente laranja” fosse empregado com profusão "porque o inimigo acreditava no mito de que poderia ser nocivo para sua saúde e se mantinha afastado dele". Essa foi a posição oficial das autoridades americanas durante muitos anos: o “agente laranja” era para eles um herbicida inócuo até que se demonstrasse o contrário.

A Cruz Vermelha estima que um milhão de vietnamitas vivam com as sequelas dessa dioxina e que 100 mil deles são filhos com malformações. Na última década, essa organização tratou mais de 660 mil pessoas com sequelas causadas pelo “agente laranja”. Muitas áreas foram limpas pelo governo vietnamita de Hanói, mas ainda restam cerca de 20 bases e postos americanos hoje abandonados, que continuam altamente contaminados pelos tópicos.

Nos próximos quatro anos, os grupos de limpeza vão retirar sedimentos das áreas contaminadas para submetê-los a um tratamento de dessorção térmica, expondo-os a temperaturas extremas para provocar a evaporação das substâncias químicas, segundo a embaixada dos EUA em Hanói. Danang, com 800 mil habitantes, é uma das maiores cidades da costa do Vietnã. Calcula-se que existam nela 11 mil pessoas com deficiências, muitas relacionadas ao “agente laranja”.
http://codinomeinformante.blogspot.com. ... areas.html




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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#29 Mensagem por Paisano » Qui Mar 07, 2013 11:55 am

Lucas Mendes: Se mexer, mate

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... s_dt.shtml
Lucas Mendes

De Nova York para a BBC Brasil

No meio da entrevista, o veterano do Vietnã foi atrás do enorme alto-falante, tirou um maço de Marlboro, abriu e nos ofereceu. Meu colega, da revista Stern, e eu acendemos os cigarros e levamos um susto. Pelo maço ou pelo cigarro, era impossível distinguir. Maconha vietnamita. Para um primário como eu, parecia da melhor qualidade e potência. Isto foi em 71 ou 72.


A entrevista foi inútil e não por culpa da maconha. Os depoimentos do veterano que mais tarde se tornou amigo íntimo e professor de vinho - era um provador profissional - não tinham sido testemunhados por ele. Não estava envolvido em combate. As histórias pavorosas foram contadas a ele por outros soldados que participaram e viram chacinas no chão ou dos helicópteros: "fuzilavam tudo que mexia", conforme ordens dos comandantes.

Um dos massacres mais chocantes foi o de My Lai, onde entre 347 e 504 vietnamitas, na maioria crianças, mulhers e velhos, foram fuzilados por soldados do Exército americano comandados por um tenente, William Calley. O jornalista que levantou a história, Seymour Hersh, bateu de porta em porta na grande imprensa. Rejeição em massa. Quem teve coragem de publicar a matéria foi uma nova e ainda obscura agência de notícias, Dispatch News Service - 32 jornais publicaram. Uma bomba.

Houve até punições, mas a máquina de propaganda do Exército era poderosa. O massacre, na versão oficial, foi uma atrocidade isolada: "Infelizmente, acontecem".

Nick Turse, escritor e jornalista, quase por acaso, tropeçou em uma coleção de documentos no porão do Arquivo Nacional. Eram casos encerrados. Na época, ele era um estudante escrevendo uma tese de pós-graduação sobre o Vietnã e já estava na página 200 quando encontrou as pastas. Todo dinheiro que tinha, mais o que o professor deu a ele, gastou copiando páginas às pressas. Dormia no carro no estacionamento, era o primeiro a entrar e o último a sair, com medo que fossem recolhidas. E sumiram das estantes quando publicou o primeiro artigo.

O resultado é o livro Kill Anything That Moves: The Real American War in Vietnam. Enquanto o país ainda está chocado com as cenas de tortura do filme Zero Dark Thirty (no Brasil, A Hora Mais Escura) e debate se os Estados Unidos perderam a liderança moral no mundo, a história da desumana crueldade americana no Vietnã é uma leitura repugnante que Hollywood jamais vai colocar nas telas.

A estratégia, ditada pelo secretário (de Defesa, Robert) McNamara, era a "contagem de corpos".

Pela lógica empresarial dele, se os vietnamitas vissem diariamente os números de mortos comparados com os americanos, perceberiam que estavam perdidos.

Para o secretário americano, quanto maior o número, melhor. Um comandante no Delta do Mekong era o campeão da contagem. Seus comandados saíam de helicópteros e sobrevoavam as plantações de arroz cheias de camponeses nas colheitas. Os helicópteros baixavam até apavorar os vietnamitas que corriam em busca de abrigos. Eram metralhados com a justificativa: "guerrilheiro tentou ação evasiva". Mexia, morria.

No final do dia, centenas de vietnamitas mortos. Armas capturadas: uma dúzia.

A matança de civis deixou mais de 2 milhões de mortos, 5,3 milhões de feridos, 11 milhões de refugiados e mais de 4 milhões expostos ao agente tóxico desfolhador laranja.

Dezenas de americanos denunciariam a violência e centenas foram investigados pelo Exército, mas arquivados. Foram as pastas que Nick Turse encontrou no porão.

Quase na mesma semana do lançamento do livro sobre a violência e o fracasso americano no Vietnã, foi lançado The Insurgents: David Petraeus and the Plot to Change the American Way of War, do escritor e jornalista Fred Kaplan, que escreve a coluna War Stories para o site Slate.

O foco é no general hoje em desgraça por conduta imoral quando dirigia a CIA e teve um affair com uma biógrafa. Kaplan acompanha o general da guerra na Bósnia, as guerras do Iraque e Afeganistão. Enquanto os americanos enfrentavam insurreições diárias em quase todo país, o território comandado por Petraeus, um dos mais perigosos, estava pacificado e próspero. Ele reabriu as escolas, a universidade e a fronteira com a Síria. A população apoiava o Exército e apontava os terroristas.

Mais tarde, no comando de toda a operação no Iraque, teve resultados excepcionais que permitiram a saída dos americanos, mas a situação já voltou à instabilidade. Petraeus estava conseguindo resultados parecidos no Afeganistão quando foi chamado de volta para dirigir a CIA.

A fórmula dele, ao contrário dos americanos no Vietnã e nos primeiros anos no Iraque, não era capturar e/ou matar insurgentes. O importante era mudar as condições sociais, o que agora se chama "nation building", construir nação, que exige sensibilidade cultural, convivência com as pessoas no território ocupado, proteção e conquista da confiança da população. Os comandantes que sucederam Petraeus não tiveram o mesmo talento de liderança e administração. O futuro é incerto e perigoso nos dois países.

Como em todas situações de conflitos, há oportunistas e empreendedores do bem e do mal como o fabricante do Marlboro com maconha que pode voltar a qualquer momento. Pouco depois daquele encontro com o veterano do Vietnã, levei um maço de Marlboro para o Brasil com um cigarro vietnamita que dei, sem prevenir, para meu pai. Estávamos num restaurante e depois da primeira tragada, ele olhou o cigarro, cheirou a fumaça: "Marlboro diferente este, tem um cheirinho gostoso de mato". Algumas pessoas na mesa sacaram e começaram a rir. A querida velha, muito esperta, percebeu algo errado e jogou o cigarro fora. Pena.

Anos depois, ele ainda perguntava se ainda existia aquele Marlboro especial.




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Guilherme
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Re: Guerra do Vietnã (1956-1975)

#30 Mensagem por Guilherme » Seg Out 08, 2018 1:38 pm





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