Desativação da Base de Alcântara - Será?

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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#16 Mensagem por REGATEANO » Qui Jul 09, 2009 9:42 am

É uma vergonha essa situação.

O MPF está levando a defesa dos quilombolas a partir de uma interpretação literal.

A Constituição garante a aréa a essa população, mas como tal, não impende a desapropriação e o remanejamento para outro lugar onde possam continuar sua subsistência.

Só lembrando que a população deveria ser a maior beneficiada com o programa. Até o momento, é beneficiada, mas poderiam ser mais.

Sem o programa lá. As famílias não tem nada a ganhar. Só a perder. Os que trabalham lá ou prestam serviços vão perder sua fonte de renda.

Sinceramente, é um absurdo sem precedentes. Falta maior força política do MinDef.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#17 Mensagem por Brasileiro » Qui Jul 09, 2009 8:46 pm

Imagem

Esta é uma foto aérea dos sítios de lançamento da base aérea do Cabo Canaveral, dos EUA.

A AEB declara que, com a diminuação da área do Centro de Lançamento de Alcântara, o número de sítios de lançamentos ficaria restrito a 3, sendo um da ACS.

Olhando esta foto, eu me pergunto se é necessário uma área tão gigante para se instalar um grande número de sítios de lançamento.

Nosso programa espacial (o programa brasileiro mesmo, não foguetes estrangeiros) não precisaria mais do que três plataformas de lançamento. Uma que é a atual do VLS-1, uma próxima para um foguete médio, e uma maior para foguetes de grande porte, capazes de lançar toneladas em órbitas geoestacionárias. Ou seja, precisamos só de mais dois pontos, já que os nossos satélites podem ser preparados em uma sala única, bem como os foguetes, que precisariam no máximo de mais um prédio de grande porte, para preparação de grandes foguetes, nada que precise de uma área monstruosa.

Outros pontos, a idéia parece que seria "alugá-los", como no caso da ACS, nesse caso seriam necessários, além dos pontos de lançamento, toda a infra-estrutura independente, já que cada empresa quer preparar seus satélites e foguetes em suas próprias salas. Mas isso não é interesse nosso. Nosso interesse é lançar nossos foguetes e nossos satélites.



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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#18 Mensagem por thicogo » Qui Jul 09, 2009 11:16 pm

Brasileiro escreveu:Imagem

Esta é uma foto aérea dos sítios de lançamento da base aérea do Cabo Canaveral, dos EUA.

A AEB declara que, com a diminuação da área do Centro de Lançamento de Alcântara, o número de sítios de lançamentos ficaria restrito a 3, sendo um da ACS.

Olhando esta foto, eu me pergunto se é necessário uma área tão gigante para se instalar um grande número de sítios de lançamento.

Nosso programa espacial (o programa brasileiro mesmo, não foguetes estrangeiros) não precisaria mais do que três plataformas de lançamento. Uma que é a atual do VLS-1, uma próxima para um foguete médio, e uma maior para foguetes de grande porte, capazes de lançar toneladas em órbitas geoestacionárias. Ou seja, precisamos só de mais dois pontos, já que os nossos satélites podem ser preparados em uma sala única, bem como os foguetes, que precisariam no máximo de mais um prédio de grande porte, para preparação de grandes foguetes, nada que precise de uma área monstruosa.

Outros pontos, a idéia parece que seria "alugá-los", como no caso da ACS, nesse caso seriam necessários, além dos pontos de lançamento, toda a infra-estrutura independente, já que cada empresa quer preparar seus satélites e foguetes em suas próprias salas. Mas isso não é interesse nosso. Nosso interesse é lançar nossos foguetes e nossos satélites.



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Brasileiro, pelos dados da wikipedia o Kennedy Space Center tem 567Km2, coisa para cacete, para um Programa espacial extremamente ativo, como é o Programa americano.
Alcântara tem 87Km2, com a ampliação ficaria com 200 Km2, isso é coisa pra caramba para um programa minguados como o nosso,mesmo com a ACS ainda ia ter espaço abeça.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#19 Mensagem por LeandroGCard » Sex Jul 10, 2009 8:08 am

Devo confessar que para mim todo este "affair" dos quilombolas em Alcântara não faz o menor sentido.

Ainda não lançamos nenhum foguete, nem brasileiro e nem ucraniano, das duas áreas já disponíveis para a construção das bases de lançamento atuais, e nem existe previsão para quando teríamos necessidade de uma terceira base, e já estão falando em falta de espaço para múltiplas bases?

Devíamos nos concentrar em finalmente lançar alguma coisa para depois nos preocupar em quanto seria a idenização dos quilombolas pelo uso da sua área em uma futura expansão do sítio. Até lá isso parece pura cortina de fumaça para esconder interesses outros.

Leandro G. Card




brisa

Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#20 Mensagem por brisa » Sex Jul 10, 2009 8:58 am

Concordo plenamente com o Leandro.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#21 Mensagem por Brazilian Space » Sex Jul 10, 2009 9:06 am

Olá amigos!

Pelo que se fala aqui parece que os amigos foristas ainda não leram o que saiu a nota da revista ISTOé de 08/07, apesar de eu tê-la postado em meu blog. Segue abaixo a nota:

A Semana

Por Octávio Costa

Paz em Alcântara

O presidente Lula prepara um decreto que transformará em zona de segurança nacional a área de 114 mil hectares, na qual está situada a base espacial de Alcântara, no Maranhão. O texto está pronto e vai pôr fim à disputa com a comunidade quilombola.


Se essa notícia for verdadeira esta resolvida toda essa questão. No entanto, a pergunta que fica é:

Porque não foi feito isso desde a implantação da Base?

Duda Falcão




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#22 Mensagem por Brazilian Space » Sex Jul 17, 2009 1:29 pm

Olá amigos!

Segue abaixo uma nota postada hoje 17/07 no “Jornal da Câmara” abordando mais uma vez o caso dos quilombolas com o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

Duda Falcão

Geral

DISCURSOS DA SEMANA - Quilombolas

Jornal da Câmara
17/07/2009


DOMINGOS DUTRA (PT-MA) pediu ao governo que titule as terras historicamente ocupadas pelas comunidades quilombolas da região de Alcântara, no Maranhão. Segundo Dutra, essa será a melhor forma de garantir o avanço, em clima de paz e tranqüilidade, do Programa Espacial Brasileiro, que tem em Alcântara sua base de lançamento de foguetes.

Nos últimos meses, disse, ressurgiram boatos de que regiões próximas à base de Alcântara poderiam ser declaradas áreas de segurança nacional, tendo em vista os interesses do programa espacial. Na opinião dele, recentes declarações do Ministro da Defesa, Nelson Jobim, no sentido de que os quilombolas já possuem vastas áreas de terra, estão servindo para estimular conflitos e anulando os esforços feitos pela recuperação da credibilidade do Estado.


Fonte: Jornal da Câmara de via NOTIMP: 198/2009 de 17/07/2009 (Site da FAB)

Comentário: Sinceramente essa história não vai acabar enquanto o presidente da república Luiz Inácio “Lula” da Silva não tomar uma posição oficial sobre esse tema. Até lá, vai ser sempre essa ladainha onde as partes envolvidas vão defender seus interesses usando todos os meios disponíveis, e um deles é claro será o político.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#23 Mensagem por Brasileiro » Sex Jul 17, 2009 2:02 pm

Concordo Brazilian Space,

E acrescento: Se o presidente não decidir logo, alguém vai decidir para ele. E provavelmente não será boa decisão. Aliás, um assunto em que a opinião dele seria fundamental para a definição do caso e até agora ele só ficou em cima do muro.



abraços]




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#24 Mensagem por Brazilian Space » Sex Jul 17, 2009 3:00 pm

Olá Brasileiro!

Eu endosso as suas palavras amigo, certamente essa indecisão do LULA é um grande risco que o CLA esta correndo. Afinal, pode acabar saindo uma decisão política como normalmente acontece.

Duda Falcão




HIGGINS

Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#25 Mensagem por HIGGINS » Seg Jul 20, 2009 11:20 pm

Pombas é tão fácil resolver isso!

1º O Governo Federal faz um cadastro de todos os Quilombolas da área.

2º O GF realiza uma delimitação ampla da base para necessidades atuais e futuras.

3º O GF constrói uma cidade nova, equipadíssima como escolas e um hospital. Professores e médicos por conta do GF. Que fique entendido: o governo do estado do Maranhão fica bem longe disso...

4º Bolsa família "padrão ouro" para todos os quilombolas.

5º Quilombolas que atingirem capacidade física e intelectual terão preferência para trabalhar como funcionário civil na Base.

Não é ruim ter os quilombolas como vizinhos, pois se você beneficiar esta população ela será uma ferrenha aliada. O problema é que venderam um mundo para eles e nada aconteceu. Alguém aqui já procurou enfrentar a frustração? Ela costuma ser antes, um belo instrumento nas mãos dos nossos inimigos...

Resumo da ópera: Os quilombolas não são problemáticos. A questão é facílima de ser resolvida, bastar ter vontade e competência para tanto.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#26 Mensagem por Brazilian Space » Ter Jul 21, 2009 9:54 am

Pois é Higgins, as soluções existem e são essas mesmas que você apontou. No entanto, não são tão faceis de ser aplicadas por uma simples razão. O Brasil não é um país sério, nunca foi e tenho dúvidas se algum dia será. O problema é cultural e por ser assim de difícil solução. Infelizmente existem outros interesses não tão nobres nesse caso que envolvem ambas as partes (o governo e as ongs), sendo que o mais necessitados (os quilombolas) serão no final os grandes prejudicados.

Forte abraço

Duda Falcão




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#27 Mensagem por ninjanki » Ter Jul 21, 2009 12:34 pm

O problema é claro e simples: Os Quilombolas não podem morar na mesma área aonde teremos nossa base de lançamento de foguetes. Ou eles saem, ou a base sai. Já que o governo oficializou o Quilombo, quem sai é a base...

Não sei porque cargas dágua o governo decidiu oficializar o Quilombo ao invés de oficializar a base. O preço de se fazer uma base nova dá e sobra para fazer indenizações multimilionárias para todos os 1800 quilombolas. Duvido e múito que eles resistiriam a idéia. E certamente acabariam, a maioria deles, com uma vida muito mais confortável e promissora doque qualquer realocação ou "reserva". São centenas, ou milhares de milhões de reais para fazer uma nova base e infra-estrutura.
Alguém sabe explicar a lógica do governo para optar por priorizar o quilombo ao invés da base, em termos de quem fica e de quem é relocado????

Allan




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#28 Mensagem por LeandroGCard » Ter Jul 21, 2009 3:34 pm

ninjanki escreveu:Não sei porque cargas dágua o governo decidiu oficializar o Quilombo ao invés de oficializar a base. O preço de se fazer uma base nova dá e sobra para fazer indenizações multimilionárias para todos os 1800 quilombolas. Duvido e múito que eles resistiriam a idéia. E certamente acabariam, a maioria deles, com uma vida muito mais confortável e promissora doque qualquer realocação ou "reserva". São centenas, ou milhares de milhões de reais para fazer uma nova base e infra-estrutura.
Alguém sabe explicar a lógica do governo para optar por priorizar o quilombo ao invés da base, em termos de quem fica e de quem é relocado????

Allan
Acho que o ponto é exatamente este.

Construir uma base nova e transferir toda a infra-estrutura para lá vai custar muito dinheiro, quase tudo em obras de infra-estrutura que o governo está careca de saber como tocar (e garantir a oportunidade para que uma parte deste dinheiro ivá parar em outros bolsos). Já montar a insfra-estrutura de lançamento complica a coisa, tem que ser contratadas empresas de fora dos "esquemas", os concorrentes ficam de marcação, o controle sobre o dinheiro tem que ser maior... .

Daí tanta pressão para inviabilizar Alcântara. Os pobres quilombolas são só uma desculpa, e dar o dinheiro diretamente para eles também não interessa aos "responsáveis".

Leandro G. Card




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#29 Mensagem por Brazilian Space » Qua Jul 29, 2009 3:47 pm

Olá amigos!

Segue abaixo uma nota postada hoje 29/07 no blog “Panorama Espacial” do companheiro jornalista André Mileski sobre uma pequena notícia que saiu no jornal “O Globo” sobre uma suposta decisão do governo federal de abrir um novo centro espacial no estado do Ceará, por causa do imbróglio com os quilombolas no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

Duda Falcão

Novo Centro Espacial no Ceará?

Na edição de hoje do jornal carioca O Globo, há uma pequena notícia sobre uma suposta decisão do governo federal de abrir um novo centro espacial no estado do Ceará, por causa do imbróglio com os quilombolas no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). De acordo com a notícia, o VLS continuaria no CLA. Há algumas semanas, Roberto Amaral, diretor da Alcântara Cyclone Space afirmou que a binacional ucraniano-brasileira permanecerá em Alcântara.

Por lógica, se o VLS (e provavelmente os foguetes de sondagem) e o Cyclone 4 ficam em Alcântara, é possível que a Agência Espacial Brasileira (AEB) trabalhe com a hipótese de construir um novo centro espacial para futuros projetos de lançadores, algo, diga-se de passagem, ainda muito preliminar e distante.

Vale a pergunta: realmente existe a necessidade de três centros espaciais para o Programa Espacial Brasileiro? Dizem que quem quer ter tudo, acaba não tendo nada...


Fonte: Blog Panorama Espacial - André Mileski

Comentário: Essa novela já se arrasta há talvez um mês ou mais, sem qualquer posição por parte da pessoa que dará a palavra final sobre esse assunto, ou seja, o presidente Luis Inácio Lula da Silva. Já se falou em aumentar o CLA (segundo o Ministro da Defesa Nelson Jobim), já se falou em construir um novo centro em algum lugar no Pará (segundo o presidente da AEB Carlos Ganem), já se falou em criação de área de segurança nacional visando à manutenção do CEA em Alcântara (segundo a revista VEJA), a ACS já se posicionou dizendo que não sai de Alcântara (segundo o diretor da parte brasileira da empresa, Roberto Amaral) e agora essa nota do jornal “O Globo” com a opção da construção de um novo centro no Ceará. Sinceramente o presidente da república precisa urgentemente se posicionar se será finalmente construído ou não um terceiro centro de lançamento. Fica a pergunta já feita pelo companheiro André Meliski em sua nota: Existe a necessidade de três centros espaciais para o Programa Espacial Brasileiro? Com a palavra o Presidente Lula.




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Re: Desativação da Base de Alcântara - Será?

#30 Mensagem por Izaias Maia » Qui Jul 30, 2009 11:02 am

Brasil terá outra base para lançar foguetes
Raymundo Costa, de Brasília


Antes concentrado em Alcântara, no Maranhão, um local privilegiado para o lançamento de foguetes devido a sua posição privilegiada em relação à linha do Equador, parte do programa espacial brasileiro será transferido para o litoral do Ceará, em região nas proximidades do porto de Pecém. O assunto será discutido na quarta-feira em reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministérios, empresas e agências responsáveis pelo programa espacial.



A divisão tornou-se inevitável depois que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) baixou uma portaria decretando como área quilombola 78 mil hectares dos 114 mil hectares que constituem a península de Alcântara. O município deveria abrigar o Complexo Espacial Brasileiro (CEB) - seriam quatro centros de lançamento de foguetes, três em convênios com outros países e um inteiramente nacional, o Veículo Lançador de Satélites (VLS), que é desenvolvido pela Aeronáutica. Também seriam construídos hotéis e clubes a fim de atrair para Alcântara extensões universitárias inteiramente voltadas para a tecnologia espacial.

Imagem

Devido à crise financeira mundial, o governo botou o pé no freio do complexo espacial (antes chamado de centro), mas seguiu adiante com o VLS e com o acordo firmado com a Ucrânia para o lançamento da quarta geração do foguete Cyclone a partir de Alcântara. Devido ao conflito com os quilombolas, a Alcântara Cyclone Space (ACS) teve de se transferir para dentro da área onde a Aeronáutica desenvolve o VLS. O programa não será afetado e o gestor brasileiro da empresa binacional, Roberto Amaral, diz que o lançamento teste ocorrerá entre outubro e novembro de 2010 - no início, a previsão era julho.

Sem área para ampliação, as autoridades brasileiras decidiram construir o CEB no litoral do Nordeste. Embora digam que ainda estudam sítios na região, o local escolhido fica no entorno do porto de Pecém, no Ceará.

Em relação a Alcântara, o local tem a vantagem de permitir uma redução nos investimentos necessários à implantação do complexo. Em Alcântara, por exemplo, será necessário construir um porto e uma estrada de 51 quilômetros, infraestrutura que já existe em Pecém. Além disso, a região é próxima de Fortaleza, tem um centro universitário em Sobral, ou seja, boa parte da infraestrutura que teria de ser feita no Maranhão.

Além disso, Pecém também dispõe de uma localização privilegiada para o lançamento de veículos com satélites: está a 3,2 graus em relação à linha do Equador, enquanto a base francesa de Kourou, na Guiana, o centro mais bem localizado do mundo para esses lançamentos, está a 5,2 graus da linha do Equador. Mas imbatível mesmo é Alcântara - está a 2,2 graus, o que significa enorme vantagem competitiva: cada lançamento feito a partir da ilha maranhense pode custar até 30% menos que de outras bases instaladas por todo o mundo, principalmente devido à economia de combustível.

A região de Pecém conta também com a vantagem de ser próxima ao mar, assim como Alcântara. Isso é importante porque permite a liberação de estágios - ou até destroços - do foguete com a segurança de que eles não cairão em áreas habitadas na terra. "Ainda mantemos a vantagem comparativa com relação a Kourou", disse ao Valor um dos dirigentes do programa espacial brasileiro.

Não é raro um país ter mais de um centro de lançamento de foguetes localizados em regiões diferentes. O programa com a Ucrânia, em Alcântara, deve custar US 400 milhões, até o lançamento do foguete de qualificação (o primeiro). Mas o CEB, no litoral nordestino, vai requerer um investimento muito maior, ainda guardado em segredo pelas autoridades, mesmo que boa parte das obras de infraestrutura previstas para Alcântara não sejam mais necessárias.

O conflito com os quilombolas deve entrar na pauta da reunião de quarta-feira. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve pedir uma extensão do sítio de 9,2 mil hectares no qual estão agora abrigados a ACS e o programa do VLS da Aeronáutica. Quem decretou a área quilombola foi o Incra, que conta com o apoio da Secretaria da Igualdade Racial para a decisão. Defesa e o Ministério da Ciência e Tecnologia foram contrários à extensão decretada.

Além da questão dos quilombolas, Lula ouvirá um relato das conversas que o presidente da ACS, Roberto Amaral, manteve em viagem recente à Ucrânia. A principal novidade a ser contada por Amaral é que a indústria brasileira, pelos entendimentos feitos com os ucranianos, também vai participar da fabricação do foguete Cyclone 4 - uma evolução do Cyclone 3, já em uso para colocar satélites em órbita. A industria brasileira deve participar da fabricação de equipamentos, inclusive componentes do motor do foguete.

Pecém, no entanto, deve ser obra para o próximo governo. No momento, a prioridade é lançar o foguete ucraniano Cyclone 4, nas proximidades da eleição de outubro do próximo ano.

http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... a_notimpol




A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender. (Albino Teixeira)
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