Página 1 de 1

VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Sex Jan 02, 2009 6:15 pm
por Clermont
FRANCESES DA VENDÉIA PEDEM PARA MASSACRE DA REVOLUÇÃO SER DENOMINADO “GENOCÍDIO” – Ele foi um dos mais infames episódios da sangrenta Revolução Francesa.

Por Henry Samuel – 26 de dezembro de 2008 - http://www.telegraph.co.uk

No início de 1794 – no auge do Reino do Terror – soldados franceses marcharam pela Vendéia atlântica, onde camponeses tinham se levantado contra o governo revolucionário em Paris.

Dozes “colunas infernais” comandadas pelo general Louis-Marie Turreau receberam ordens para matar qualquer um e qualquer coisa que vissem. Milhares de pessoas – incluindo mulheres e crianças – foram massacradas à sangue-frio, e fazendas e aldeias incendiadas.

Na cidade de Nantes, o comandante revolucionário Jean-Baptiste Carrier livrou-se de prisioneiros de guerra vendeianos numa, horrivelmente eficiente, forma de execução em massa. Nas chamadas “noyades” – afogamentos em massa – homens, mulheres e crianças, nus, foram amarrados juntos em botes especialmente construídos, que foram rebocados para o meio do rio Loire e, então, afundados.

A Vendéia de hoje, um departamento costeiro na França ocidental, está pedindo para o incidente ser relembrado como o primeiro genocídio na história moderna.

Residentes afirmam que o massacre foi diminuído para que não enodoasse a história da Revolução Francesa.

Os historiadores acreditam que, por volta de 170 mil vendeianos foram mortos na guerra camponesa e nos massacres subseqüentes – e por volta de 5 mil nas “noyades”.

Quanto tudo acabou, o general francês François Joseph Westermann, enviou uma carta para o Comitê de Salvação Pública declarando:

”Não há mais Vendéia... De acordo com vossas ordens, esmaguei as crianças debaixo das patas dos cavalos, massacrei as mulheres que nunca mais darão à luz bandidos. Eu não tenho um só prisioneiro que possa me recriminar. Eu exterminei todos.”


Dois séculos depois, crescentes apelos de políticos locais para declarar isto como “genocídio”, acenderam um debate intelectual.

“Havia na Revolução, uma programa, claramente exposto, para aniquilar a raça vendeiana,” disse Philippe de Villiers, deputado europeu e ex-candidato presidencial pelo partido de direita tradicionalista Movimento Pela França (MPF).

“Por quê isto ocorreu? Porque um povo foi selecionado para ser liquidado, por conta de sua fé religiosa. Hoje, nós exigimos uma lei, oficialmente, declarando isto como um genocídio; nós exigimos um pronunciamento do presidente; e o reconhecimento pelas Nações Unidas.”

Mr. De Villiers – que se opôs a entrada dos turcos na UE – esteve na Armênia, mês passado, onde comparou a Vendéia de 1794 aos massacres de armênios em 1915. Em nenhum dos casos, disse ele, “os perpetradores admitiram suas culpas ou pediram pelo perdão das vítimas.”

Os sangrentos eventos da Vendéia estavam, de há muito, ausentes dos livros de história franceses, devido à luz maligna lançada por eles sobre os revolucionários. No entanto, eles eram bem-conhecidos no bloco soviético. O próprio Lênin tinha estudado a guerra lá ocorrida e tirou inspiração dela, para suas políticas para com o campesinato.

De acordo com o historiador Alain Gerard, do Centro Vendeiano para Pesquisa Histórica. “Em outras partes da França, os revolucionários assassinaram nobres ou burgueses ricos. Mas, na Vendéia, eles assassinaram o povo.”

“Era a Revolução, voltando-se contra o mesmo povo de quem ela reclamava a legitimidade. Isso demonstrou a falsidade da Revolução para com seus próprios princípios. E é por causa disto, que o episódio foi riscado da memória histórica,” disse ele.

Enquanto ninguém nega que os massacres tiveram lugar, alguns historiadores argumentam que eles não podem ser chamados de “genocídio” já que ocorreram excessos, de ambos os lados, naquilo que foi uma guerra civil, e eles não se adequam ao critério da ONU de matanças baseadas em identidade étnica ou religiosa. “Os vendeianos não foram mais isentos de culpa do que os republicanos. O uso da palavara “genocídio” é, totalmente, inacurado e inapropriado,” disse Timothy Tackett da Universidade da Califórnia.

Para Mr. Gerard, os massacres foram, claramente, “uma política deliberada da parte das autoridades”.

Para Mr. De Villiers, um aristocrada cuja família mora na Vendéia, o genocído se aplica, sem dúvida, já que seus ancestrais foram assassinados por razões religiosas: eles haviam rebelado-se para proteger seus sacerdotes, que recusaram-se a prestar juramento à nova constituição.

“É o caso raro de um povo se levantando por razões religiosas. Eles não se rebelaram porque estavam famintos, mas porque seus padres estavam sendo assassinados,” ele disse.

“É minha carga – e minha grande honra – defender a Vendéia até o fim dos meus dias. A Vendéia não é, somente, uma província da França, ela é uma província do espírito. Se hoje nós gozamos da liberdade para cultuar aquilo que escolhermos, é, em grande parte, devido ao sacrifício daqueles que morreram aqui.”

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Sáb Jan 03, 2009 9:39 am
por cabeça de martelo
Vendeia? Não sabia disso. Podes dizer um pouco mais sobre eles?

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Sáb Jan 03, 2009 9:37 pm
por Kevin
Não creio que acontecera, a Rev. Francesa foi a fagulha da "democracia" moderna e além desse massacre foram feitos muitos outros para que a mesma pudesse ser estabelecida, este é o maior "ponto cego" da democracia moderna.

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Dom Jan 04, 2009 1:46 pm
por delmar
Para Mr. De Villiers, um aristocrada cuja família mora na Vendéia, o genocído se aplica, sem dúvida, já que seus ancestrais foram assassinados por razões religiosas: eles haviam rebelado-se para proteger seus sacerdotes, que recusaram-se a prestar juramento à nova constituição
.

O remanescente da aristocracia francesa é uma das classes mais conservadoras e retrogradas que existe. Esta da Vendéia é uma tentativa de reescrever a história em favor dos velhos aristocratas e mostrar, mais uma vez, o erro que foi a revolução francesa. No famoso caso Dreyfus, em que o verdadeior traidor era um aristocrata frances, o x da questão foi exatamente este. Admitir que um nobre fosse um canalha e traidor, mesmo com todas provas apontando o fato.

saudações

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Ter Jan 06, 2009 9:20 am
por Clermont
cabeça de martelo escreveu:Vendeia? Não sabia disso. Podes dizer um pouco mais sobre eles?
Não muito mais do que já está escrito no texto. Foi um levante civil anti-revolucionário, de fundo católico e monarquista. E, como de praxe, foi enfrentado com a mais brutal selvageria por parte do novo governo.
delmar escreveu:O remanescente da aristocracia francesa é uma das classes mais conservadoras e retrogradas que existe.
Provavelmente, é isto mesmo. Não tinha um dito famoso que se aplicava a eles: "Não aprenderam nada. E não esqueceram nada."?
Esta da Vendéia é uma tentativa de reescrever a história em favor dos velhos aristocratas e mostrar, mais uma vez, o erro que foi a revolução francesa.
Aí, já seria preciso analisar mais cuidadosamente. A Vendéia não precisa ser "reescrita". Ela foi escrita: tratou-se de um massacre em massa, por motivações ideológicas, do tipo que a Europa iria assistir, nos séculos vindouros, em outras revoluções, como a Bolchevista. O problema é que é um assunto do qual, ao que vemos, se falava pouco na França. Muito compreensível, afinal, a França atual se considera filha da Revolução, não da Monarquia.

Se o termo é, ou não, "genocídio", talvez seja mais uma questão de propaganda.

Quanto à Revolução Francesa, sempre gostei muito da avaliação dela, feita por Margareth Thatcher, quando foi à Paris, em 1989, participar dos duzentos anos da Queda da Bastilha. Por falar nisso, fizeram festa até na novela das oito, com o Sassá Mutema...
(citação de cabeça, depois de vinte anos...)

Repórter:

- Qual o grande sentido da Revolução Francesa, para a senhora?

Primeira-ministra:

- Bem, primeiro, veio a Guerra. Em seguida, o Terror. E, por fim, Napoleão Bonaparte. Realmente, não vejo sentido algum na Revolução Francesa.
Fala sério! Alguém conhece algum líder político que tivesse cojones pra dizer isto, em plena Paris, no meio das comemorações de Duzentos Anos da Revolução?

A "Maggie" era um barato (que me perdoem os argentinos)...

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Ter Jan 06, 2009 10:14 am
por cabeça de martelo
Espero ter uma bastante parecida com ela no poder em breve cá em Portugal:

Imagem

Mas vamos ver...

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Ter Jan 06, 2009 11:50 am
por delmar
A Vendéia não precisa ser "reescrita". Ela foi escrita: tratou-se de um massacre em massa, por motivações ideológicas,
O período da revolução francesa francesa conhecido como "terror" foi de uma matança continua. Os acusados de serem contrarrevolucionários, um termo vago que abrangia uma vasta gama de acusações, eram sumariamente guilhotinados. Representantes do governo de Robespierre percoriam o interior da França, com guilhotinas "portáteis", para cortarem cabeças. Os próprios líderes do movimento revolucionário acabaram todos perdendo a cabeça, acusados de traição e de serem contrarrevolucionários.
A tentativa de "reescrever" é no sentido de considerar que os massacres da Vendéia foram algo peculiar, dissociado dos demais massacres ocorridos. Teria assim um status especial. Na verdade ninguém, nenhuma classe, foi poupada.

saudações

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Seg Fev 09, 2009 1:27 pm
por cavaleiro.do.templo
Clermont escreveu:FRANCESES DA VENDÉIA PEDEM PARA MASSACRE DA REVOLUÇÃO SER DENOMINADO “GENOCÍDIO” – Ele foi um dos mais infames episódios da sangrenta Revolução Francesa.

Por Henry Samuel – 26 de dezembro de 2008 - http://www.telegraph.co.uk

No início de 1794 – no auge do Reino do Terror – soldados franceses marcharam pela Vendéia atlântica, onde camponeses tinham se levantado contra o governo revolucionário em Paris.

Dozes “colunas infernais” comandadas pelo general Louis-Marie Turreau receberam ordens para matar qualquer um e qualquer coisa que vissem. Milhares de pessoas – incluindo mulheres e crianças – foram massacradas à sangue-frio, e fazendas e aldeias incendiadas.

Na cidade de Nantes, o comandante revolucionário Jean-Baptiste Carrier livrou-se de prisioneiros de guerra vendeianos numa, horrivelmente eficiente, forma de execução em massa. Nas chamadas “noyades” – afogamentos em massa – homens, mulheres e crianças, nus, foram amarrados juntos em botes especialmente construídos, que foram rebocados para o meio do rio Loire e, então, afundados.

A Vendéia de hoje, um departamento costeiro na França ocidental, está pedindo para o incidente ser relembrado como o primeiro genocídio na história moderna.

Residentes afirmam que o massacre foi diminuído para que não enodoasse a história da Revolução Francesa.

Os historiadores acreditam que, por volta de 170 mil vendeianos foram mortos na guerra camponesa e nos massacres subseqüentes – e por volta de 5 mil nas “noyades”.

Quanto tudo acabou, o general francês François Joseph Westermann, enviou uma carta para o Comitê de Salvação Pública declarando:

”Não há mais Vendéia... De acordo com vossas ordens, esmaguei as crianças debaixo das patas dos cavalos, massacrei as mulheres que nunca mais darão à luz bandidos. Eu não tenho um só prisioneiro que possa me recriminar. Eu exterminei todos.”


Dois séculos depois, crescentes apelos de políticos locais para declarar isto como “genocídio”, acenderam um debate intelectual.

“Havia na Revolução, uma programa, claramente exposto, para aniquilar a raça vendeiana,” disse Philippe de Villiers, deputado europeu e ex-candidato presidencial pelo partido de direita tradicionalista Movimento Pela França (MPF).

“Por quê isto ocorreu? Porque um povo foi selecionado para ser liquidado, por conta de sua fé religiosa. Hoje, nós exigimos uma lei, oficialmente, declarando isto como um genocídio; nós exigimos um pronunciamento do presidente; e o reconhecimento pelas Nações Unidas.”

Mr. De Villiers – que se opôs a entrada dos turcos na UE – esteve na Armênia, mês passado, onde comparou a Vendéia de 1794 aos massacres de armênios em 1915. Em nenhum dos casos, disse ele, “os perpetradores admitiram suas culpas ou pediram pelo perdão das vítimas.”

Os sangrentos eventos da Vendéia estavam, de há muito, ausentes dos livros de história franceses, devido à luz maligna lançada por eles sobre os revolucionários. No entanto, eles eram bem-conhecidos no bloco soviético. O próprio Lênin tinha estudado a guerra lá ocorrida e tirou inspiração dela, para suas políticas para com o campesinato.

De acordo com o historiador Alain Gerard, do Centro Vendeiano para Pesquisa Histórica. “Em outras partes da França, os revolucionários assassinaram nobres ou burgueses ricos. Mas, na Vendéia, eles assassinaram o povo.”

“Era a Revolução, voltando-se contra o mesmo povo de quem ela reclamava a legitimidade. Isso demonstrou a falsidade da Revolução para com seus próprios princípios. E é por causa disto, que o episódio foi riscado da memória histórica,” disse ele.

Enquanto ninguém nega que os massacres tiveram lugar, alguns historiadores argumentam que eles não podem ser chamados de “genocídio” já que ocorreram excessos, de ambos os lados, naquilo que foi uma guerra civil, e eles não se adequam ao critério da ONU de matanças baseadas em identidade étnica ou religiosa. “Os vendeianos não foram mais isentos de culpa do que os republicanos. O uso da palavara “genocídio” é, totalmente, inacurado e inapropriado,” disse Timothy Tackett da Universidade da Califórnia.

Para Mr. Gerard, os massacres foram, claramente, “uma política deliberada da parte das autoridades”.

Para Mr. De Villiers, um aristocrada cuja família mora na Vendéia, o genocído se aplica, sem dúvida, já que seus ancestrais foram assassinados por razões religiosas: eles haviam rebelado-se para proteger seus sacerdotes, que recusaram-se a prestar juramento à nova constituição.

“É o caso raro de um povo se levantando por razões religiosas. Eles não se rebelaram porque estavam famintos, mas porque seus padres estavam sendo assassinados,” ele disse.

“É minha carga – e minha grande honra – defender a Vendéia até o fim dos meus dias. A Vendéia não é, somente, uma província da França, ela é uma província do espírito. Se hoje nós gozamos da liberdade para cultuar aquilo que escolhermos, é, em grande parte, devido ao sacrifício daqueles que morreram aqui.”
Olá

Posso publicar este artigo no meu blog, o Cavaleiro do Templo? http://cavaleirodotemplo.blogspot.com.

Abraços

Re: VENDÉIA, o horror da Revolução Francesa

Enviado: Seg Fev 09, 2009 6:38 pm
por Clermont
cavaleiro.do.templo escreveu:Olá

Posso publicar este artigo no meu blog, o Cavaleiro do Templo? http://cavaleirodotemplo.blogspot.com.

Abraços
À vontade, irmão cavaleiro.