FAB no Cinema
Enviado: Sex Ago 13, 2004 7:58 am
Rio Grande do Sul produz
"filme intimista" com a FAB
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Uma parceria inédita para a produção de um longa-metragem está sendo feita entre dois órgãos do governo que não têm tradição no ramo: a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Força Aérea Brasileira (FAB). O desejo do coordenador do projeto, o professor de jornalismo Rondon de Castro, diretor até agora de curtas, é estrear o filme em março de 2005.
Mas, antes que alguém ache que se trata de um "Top Gun" brasileiro, Rondon explica por que não será. "Não temos a menor intenção de fazer um filme de aventura aérea. Colocamos o cotidiano da FAB como pano de fundo para um filme intimista, de reconstrução humana."
O projeto chama-se "Hamartia - Ventos do Destino". Na tragédia grega, "hamartia" é um erro de julgamento do herói que leva a uma catástrofe, mas o título também pode ser interpretado como "uma missão dada pelos deuses aos homens para serem felizes", segundo Rondon.
O roteiro --feito por ele-- conta a história de um piloto, tenente Martin, que procura entender a morte da mulher e, para isso, tem a ajuda da oficial médica da base aérea, a tenente Cláudia. O cenário básico é a Base Aérea de Santa Maria, vizinha do campus da universidade. "Os aviões costumam acordar os alunos que vivem na moradia estudantil", diz Rondon.
O tenente é vivido por Emerson Peixoto, e a médica, por Candice Lorenzoni, atores conhecidos no Rio Grande do Sul. Rondon quer contratar dois atores conhecidos nacionalmente para os papéis do coronel que comanda o esquadrão e da mulher do piloto.
Um dos maiores "atores" será o caça-bombardeiro ítalo-brasileiro AMX, conhecido como A-1 na FAB. "Adoro esse avião, tem um design muito bonito", afirma o diretor. O tenente do filme pertence ao 3º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, um dos quatro baseados em Santa Maria.
As cenas aéreas serão filmadas tanto em Santa Maria como em outros pontos do país, durante exercícios da FAB --um deles ocorrerá no Nordeste em novembro. Um dos pontos altos do filme deverá ser o ataque dos AMX a uma pista clandestina do narcotráfico na Amazônia.
A equipe de produção calcula em R$ 1,3 milhão o custo do filme. "É um orçamento baixo, pela natureza do projeto", diz o coordenador. Há principalmente custos com viagens e com pessoal. O equipamento usado é o da universidade, e as cenas aéreas ficam por conta da programação normal da FAB. "Não temos fins lucrativos, o objetivo é acadêmico, a formação de pessoal", diz Rondon.
Dezenas de alunos de vários cursos estão engajados no projeto "Hamartia". Os cartazes do filme foram criados por um aluno de desenho industrial, Andrey Oliveira Lamberty; Gabriel Bortolucci fará cenas com computação gráfica; e a trilha sonora está sendo desenvolvida por um mestrando de música da UFSM, Gerson Rios Leme.
De acordo com Rondon, a área militar é um filão que tem sido pouco explorado pelo cinema, devido a um "ranço na cultura civil". "O regime militar é muito recente, seu impacto na comunidade artística foi grande."
O filme ajudaria a retirar alguns estereótipos, mostrando o cotidiano dos aviadores. "Os pilotos são uns loucos apaixonados pelo vôo. O avião é uma extensão da vida deles", diz o diretor.
"filme intimista" com a FAB
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Uma parceria inédita para a produção de um longa-metragem está sendo feita entre dois órgãos do governo que não têm tradição no ramo: a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Força Aérea Brasileira (FAB). O desejo do coordenador do projeto, o professor de jornalismo Rondon de Castro, diretor até agora de curtas, é estrear o filme em março de 2005.
Mas, antes que alguém ache que se trata de um "Top Gun" brasileiro, Rondon explica por que não será. "Não temos a menor intenção de fazer um filme de aventura aérea. Colocamos o cotidiano da FAB como pano de fundo para um filme intimista, de reconstrução humana."
O projeto chama-se "Hamartia - Ventos do Destino". Na tragédia grega, "hamartia" é um erro de julgamento do herói que leva a uma catástrofe, mas o título também pode ser interpretado como "uma missão dada pelos deuses aos homens para serem felizes", segundo Rondon.
O roteiro --feito por ele-- conta a história de um piloto, tenente Martin, que procura entender a morte da mulher e, para isso, tem a ajuda da oficial médica da base aérea, a tenente Cláudia. O cenário básico é a Base Aérea de Santa Maria, vizinha do campus da universidade. "Os aviões costumam acordar os alunos que vivem na moradia estudantil", diz Rondon.
O tenente é vivido por Emerson Peixoto, e a médica, por Candice Lorenzoni, atores conhecidos no Rio Grande do Sul. Rondon quer contratar dois atores conhecidos nacionalmente para os papéis do coronel que comanda o esquadrão e da mulher do piloto.
Um dos maiores "atores" será o caça-bombardeiro ítalo-brasileiro AMX, conhecido como A-1 na FAB. "Adoro esse avião, tem um design muito bonito", afirma o diretor. O tenente do filme pertence ao 3º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, um dos quatro baseados em Santa Maria.
As cenas aéreas serão filmadas tanto em Santa Maria como em outros pontos do país, durante exercícios da FAB --um deles ocorrerá no Nordeste em novembro. Um dos pontos altos do filme deverá ser o ataque dos AMX a uma pista clandestina do narcotráfico na Amazônia.
A equipe de produção calcula em R$ 1,3 milhão o custo do filme. "É um orçamento baixo, pela natureza do projeto", diz o coordenador. Há principalmente custos com viagens e com pessoal. O equipamento usado é o da universidade, e as cenas aéreas ficam por conta da programação normal da FAB. "Não temos fins lucrativos, o objetivo é acadêmico, a formação de pessoal", diz Rondon.
Dezenas de alunos de vários cursos estão engajados no projeto "Hamartia". Os cartazes do filme foram criados por um aluno de desenho industrial, Andrey Oliveira Lamberty; Gabriel Bortolucci fará cenas com computação gráfica; e a trilha sonora está sendo desenvolvida por um mestrando de música da UFSM, Gerson Rios Leme.
De acordo com Rondon, a área militar é um filão que tem sido pouco explorado pelo cinema, devido a um "ranço na cultura civil". "O regime militar é muito recente, seu impacto na comunidade artística foi grande."
O filme ajudaria a retirar alguns estereótipos, mostrando o cotidiano dos aviadores. "Os pilotos são uns loucos apaixonados pelo vôo. O avião é uma extensão da vida deles", diz o diretor.