VarigLog com novo sócio... melhor, sócia
Enviado: Dom Jul 06, 2008 9:20 pm
Meus prezados:
"Laranja é pessoa da esquina, desconhecida"
Irmã de Lap Chan diz que vai tirar dinheiro que tem aplicado em "renda fixa e variável" para adquirir o controle da VarigLog
Chan Lup afirma que entrará na empresa devido a sua experiência e reputação no mercado financeiro e vê "risco e oportunidade" no negócio
DA COLUNISTA DA FOLHA
Chan Lup Wai Ohira diz que vai tirar dinheiro que tem aplicado "em renda fixa e variável" para adquirir o controle da VarigLog. Na entrevista exclusiva que deu à Folha, disse que o irmão, Lap Chan, não mandará na empresa e afirmou que não é laranja dele. "Laranja é uma pessoa da esquina, desconhecida." A seguir, os principais trechos da entrevista.
FOLHA - Qual vai ser a sua participação na empresa?
CHAN LUP WAI OHIRA - Eu vou ter 51% dos 80% que pertenciam aos três sócios brasileiros [Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel]. Os outros 29% serão comprados pelo Peter Miller [economista]. Estou entrando na empresa devido a minha experiência no mercado financeiro, de 31 anos. Porque a VarigLog hoje não tem um problema técnico-operacional. Ela tem um problema de gestão. E isso eu sei fazer.
FOLHA - Como surgiu essa idéia?
CHAN LUP - Em razão da situação da VarigLog, estava se buscando uma pessoa com esse meu perfil e também que tivesse credibilidade no mercado. Com a minha experiência e reputação, tenho certeza de que vou conseguir renegociar, alongar dívidas, trazer novos investimentos, fazer parcerias.
FOLHA - Você vai ter que investir quase US$ 1 milhão na compra das ações. Tem esse dinheiro?
CHAN LUP - Esse é o valor que a Justiça definiu para os 80% de ações que pertenciam aos três sócios brasileiros [ao afastar os brasileiros da sociedade da Volo do Brasil, que controla a VarigLog, a Justiça determinou que o fundo Matlin Patterson pagasse US$ 428 mil a cada um deles, ou US$ 1,28 milhão]. Vou entrar com 51% desse valor, cerca de US$ 800 mil.
FOLHA - É um empréstimo de seu irmão para você?
CHAN LUP - Não, é dinheiro meu. Eu acho que, com 31 anos de mercado financeiro, tive condições de acumular certa reserva, né?
FOLHA - É um dinheiro que está investido e que você vai tirar da caderneta de poupança, vamos dizer assim, para integralizar na empresa?
CHAN LUP - Exatamente. Exatamente. O dinheiro não está em caderneta de poupança, e sim em renda fixa, em renda variável. E logicamente eu vou ter que desaplicar esse dinheiro para aplicar na empresa.
FOLHA - O seu irmão está te emprestando alguma coisa?
CHAN LUP - Não é necessário.
FOLHA - Você tem condição de comprovar que esse dinheiro é seu?
CHAN LUP - Absoluta.
FOLHA - E por que apostar fichas numa empresa envolvida em disputas judiciais, que tem dívidas e está no centro de um turbilhão político?
CHAN LUP - Primeiro é que, dentro da minha característica, gosto muito de projetos. No meu histórico de 31 anos de mercado financeiro, apareceram vários projetos de que participei, com sucesso. Em segundo lugar, o chinês diz: onde tem risco tem uma oportunidade.
FOLHA - Então não é só por amor ao seu irmão?
CHAN LUP - [rindo] Não. Também. Mas o mais importante é isso: onde tem risco tem oportunidade. Lógico, desde que você tenha capacidade, competência e interesse de fazer.
FOLHA - As pessoas vão perguntar a você o que perguntaram anteriormente aos três sócios brasileiros: você é laranja do seu irmão?
CHAN LUP - As pessoas que são inteligentes e entendem de negócios vão perceber que eu estou deixando 31 anos de mercado para entrar num outro segmento com o meu próprio dinheiro. Isso não pode ser caracterizado como laranja. Normalmente laranja é uma pessoa da esquina, desconhecida.
FOLHA - E os outros, eram laranjas?
CHAN LUP - É o que você vê, a Justiça fala, né?
FOLHA - Que eles são laranjas...
CHAN LUP - É o que todo mundo acha. Mas os três não são laranjas, não.
FOLHA - Vocês vão fazer algum acordo para que o Lap Chan tenha o real comando da empresa?
CHAN LUP - Não. O comando vai ser meu.
FOLHA - É que o natural é que as pessoas imaginem que você está entrando na empresa, mas que quem vai mandar, de fato, é seu irmão...
CHAN LUP - Com 51% das ações, eu vou mandar. Eu posso citar o Jeffrey Pfeffer, uma das autoridades de Stanford: para que a gente tenha sucesso, tem que ter vontade de fazer, capacidade de fazer e o poder de fazer.
FOLHA - Que tipo de influência o Lap Chan vai ter?
CHAN LUP - Na elaboração de "business plan", como um acionista de 20%.
FOLHA - Em 2007, o Lap Chan tentou comprar as ações dos três sócios brasileiros por meio da Voloex, empresa tida como de fachada e da qual você era sócia. Não é a mesma coisa agora?
CHAN LUP - Eu tinha a intenção de assumir a empresa, mas achei que não era ainda o momento. Agora, estou decidida a enfrentar o desafio.
FOLHA - Não é barato comprar a VarigLog por US$ 800 mil?
CHAN LUP - Como eu disse, foi um valor determinado pelo juiz. E não é pouco, de jeito nenhum. A empresa está com capital negativo.
FOLHA - Qual é a dívida?
CHAN LUP - Não tenho... só sei que está bem descapitalizada.
FOLHA - Vai ter demissão?
CHAN LUP - Enquanto não tivermos o real quadro da empresa, seria leviano da minha parte dizer que tem de demitir. FOLHA - A empresa tinha 19 aviões há um ano, hoje tem 7. Houve demissões, atrasos nos pagamentos a prestadores de serviços...
CHAN LUP - Tenho certeza de que vou conseguir administrar. É um pouco de mim dizer: se o propósito é para o bem, o universo conspira a favor.
FOLHA - Os advogados da VarigLog vão contestar na Justiça a obrigação de uma empresa aérea ser controlada por brasileiros. Se eles vencerem essa questão, e a empresa puder ser controlada por um estrangeiro, pretende devolver as ações para seu irmão?
CHAN LUP - Se estou entrando no negócio, não é para pensar em vender lá na frente. É para ter sucesso e continuar.
FOLHA - De acordo com Marco Antonio Audi, um dos sócios brasileiros afastados, o advogado Roberto Teixeira [compadre de Lula] "faz chover" no governo. Ele continuará advogando para a empresa?
CHAN LUP - Eu conheço o profissionalismo, a competência dele. É um advogado que administra 300 processos judiciais. Não tem o que questionar.
FOLHA - Você conhece o presidente Lula?
CHAN LUP - Não, mas gostaria muito de conhecê-lo um dia.
FOLHA - Onde está o Lap Chan?
CHAN LUP - Está viajando, para o aniversário da filha.
Obs.: Chan Lup é chinesa, naturalizada brasileira.
fonte: Folha de São Paulo 06/07/2008
Um abraço e até mais...
"Laranja é pessoa da esquina, desconhecida"
Irmã de Lap Chan diz que vai tirar dinheiro que tem aplicado em "renda fixa e variável" para adquirir o controle da VarigLog
Chan Lup afirma que entrará na empresa devido a sua experiência e reputação no mercado financeiro e vê "risco e oportunidade" no negócio
DA COLUNISTA DA FOLHA
Chan Lup Wai Ohira diz que vai tirar dinheiro que tem aplicado "em renda fixa e variável" para adquirir o controle da VarigLog. Na entrevista exclusiva que deu à Folha, disse que o irmão, Lap Chan, não mandará na empresa e afirmou que não é laranja dele. "Laranja é uma pessoa da esquina, desconhecida." A seguir, os principais trechos da entrevista.
FOLHA - Qual vai ser a sua participação na empresa?
CHAN LUP WAI OHIRA - Eu vou ter 51% dos 80% que pertenciam aos três sócios brasileiros [Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel]. Os outros 29% serão comprados pelo Peter Miller [economista]. Estou entrando na empresa devido a minha experiência no mercado financeiro, de 31 anos. Porque a VarigLog hoje não tem um problema técnico-operacional. Ela tem um problema de gestão. E isso eu sei fazer.
FOLHA - Como surgiu essa idéia?
CHAN LUP - Em razão da situação da VarigLog, estava se buscando uma pessoa com esse meu perfil e também que tivesse credibilidade no mercado. Com a minha experiência e reputação, tenho certeza de que vou conseguir renegociar, alongar dívidas, trazer novos investimentos, fazer parcerias.
FOLHA - Você vai ter que investir quase US$ 1 milhão na compra das ações. Tem esse dinheiro?
CHAN LUP - Esse é o valor que a Justiça definiu para os 80% de ações que pertenciam aos três sócios brasileiros [ao afastar os brasileiros da sociedade da Volo do Brasil, que controla a VarigLog, a Justiça determinou que o fundo Matlin Patterson pagasse US$ 428 mil a cada um deles, ou US$ 1,28 milhão]. Vou entrar com 51% desse valor, cerca de US$ 800 mil.
FOLHA - É um empréstimo de seu irmão para você?
CHAN LUP - Não, é dinheiro meu. Eu acho que, com 31 anos de mercado financeiro, tive condições de acumular certa reserva, né?
FOLHA - É um dinheiro que está investido e que você vai tirar da caderneta de poupança, vamos dizer assim, para integralizar na empresa?
CHAN LUP - Exatamente. Exatamente. O dinheiro não está em caderneta de poupança, e sim em renda fixa, em renda variável. E logicamente eu vou ter que desaplicar esse dinheiro para aplicar na empresa.
FOLHA - O seu irmão está te emprestando alguma coisa?
CHAN LUP - Não é necessário.
FOLHA - Você tem condição de comprovar que esse dinheiro é seu?
CHAN LUP - Absoluta.
FOLHA - E por que apostar fichas numa empresa envolvida em disputas judiciais, que tem dívidas e está no centro de um turbilhão político?
CHAN LUP - Primeiro é que, dentro da minha característica, gosto muito de projetos. No meu histórico de 31 anos de mercado financeiro, apareceram vários projetos de que participei, com sucesso. Em segundo lugar, o chinês diz: onde tem risco tem uma oportunidade.
FOLHA - Então não é só por amor ao seu irmão?
CHAN LUP - [rindo] Não. Também. Mas o mais importante é isso: onde tem risco tem oportunidade. Lógico, desde que você tenha capacidade, competência e interesse de fazer.
FOLHA - As pessoas vão perguntar a você o que perguntaram anteriormente aos três sócios brasileiros: você é laranja do seu irmão?
CHAN LUP - As pessoas que são inteligentes e entendem de negócios vão perceber que eu estou deixando 31 anos de mercado para entrar num outro segmento com o meu próprio dinheiro. Isso não pode ser caracterizado como laranja. Normalmente laranja é uma pessoa da esquina, desconhecida.
FOLHA - E os outros, eram laranjas?
CHAN LUP - É o que você vê, a Justiça fala, né?
FOLHA - Que eles são laranjas...
CHAN LUP - É o que todo mundo acha. Mas os três não são laranjas, não.
FOLHA - Vocês vão fazer algum acordo para que o Lap Chan tenha o real comando da empresa?
CHAN LUP - Não. O comando vai ser meu.
FOLHA - É que o natural é que as pessoas imaginem que você está entrando na empresa, mas que quem vai mandar, de fato, é seu irmão...
CHAN LUP - Com 51% das ações, eu vou mandar. Eu posso citar o Jeffrey Pfeffer, uma das autoridades de Stanford: para que a gente tenha sucesso, tem que ter vontade de fazer, capacidade de fazer e o poder de fazer.
FOLHA - Que tipo de influência o Lap Chan vai ter?
CHAN LUP - Na elaboração de "business plan", como um acionista de 20%.
FOLHA - Em 2007, o Lap Chan tentou comprar as ações dos três sócios brasileiros por meio da Voloex, empresa tida como de fachada e da qual você era sócia. Não é a mesma coisa agora?
CHAN LUP - Eu tinha a intenção de assumir a empresa, mas achei que não era ainda o momento. Agora, estou decidida a enfrentar o desafio.
FOLHA - Não é barato comprar a VarigLog por US$ 800 mil?
CHAN LUP - Como eu disse, foi um valor determinado pelo juiz. E não é pouco, de jeito nenhum. A empresa está com capital negativo.
FOLHA - Qual é a dívida?
CHAN LUP - Não tenho... só sei que está bem descapitalizada.
FOLHA - Vai ter demissão?
CHAN LUP - Enquanto não tivermos o real quadro da empresa, seria leviano da minha parte dizer que tem de demitir. FOLHA - A empresa tinha 19 aviões há um ano, hoje tem 7. Houve demissões, atrasos nos pagamentos a prestadores de serviços...
CHAN LUP - Tenho certeza de que vou conseguir administrar. É um pouco de mim dizer: se o propósito é para o bem, o universo conspira a favor.
FOLHA - Os advogados da VarigLog vão contestar na Justiça a obrigação de uma empresa aérea ser controlada por brasileiros. Se eles vencerem essa questão, e a empresa puder ser controlada por um estrangeiro, pretende devolver as ações para seu irmão?
CHAN LUP - Se estou entrando no negócio, não é para pensar em vender lá na frente. É para ter sucesso e continuar.
FOLHA - De acordo com Marco Antonio Audi, um dos sócios brasileiros afastados, o advogado Roberto Teixeira [compadre de Lula] "faz chover" no governo. Ele continuará advogando para a empresa?
CHAN LUP - Eu conheço o profissionalismo, a competência dele. É um advogado que administra 300 processos judiciais. Não tem o que questionar.
FOLHA - Você conhece o presidente Lula?
CHAN LUP - Não, mas gostaria muito de conhecê-lo um dia.
FOLHA - Onde está o Lap Chan?
CHAN LUP - Está viajando, para o aniversário da filha.
Obs.: Chan Lup é chinesa, naturalizada brasileira.
fonte: Folha de São Paulo 06/07/2008
Um abraço e até mais...