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Simulador para Tiro de Carro de Combate a Laser

Enviado: Ter Fev 26, 2008 4:32 pm
por Dandolo Bagetti
Fabriquei um desses no CPOR do Rio de Janeiro, juntamente com os Instrutores do Curso de Cavalaria. O Comandante do CPOR era maravilhoso, brilhante...Devia ter saído general. Ele veio dos EUA cheio de idéias e eu o ajudei a concretizar algumas delas. Perguntou-me: Você seria capaz de implantar a Instrução Militar no Computador? Desafios pra mim é uma grande distração. Tinha o curso de Analista de Sistemas, e porque não faria? E isso foi numa época em que o microcomputador PC só exibia 4 cores por vez, das 8 existentes. O MSX havia sido lançado no Brasil e tinha mais capacidade gráfica e sonora que o PC, além do preço ser 1/4 deste.
Na é época eu era capitão, Instrutor do CPOR/RJ do Curso de Material Bélico e vivia fazendo programinhas no MSX. Montamos logo esse projeto, sem perda de tempo e sem dinheiro. Selecionamos alguns jovens alunos do CPOR que gostavam de informática ou cursavam essa faculdade. Eram voluntários. Em 2 meses já tínhamos 3 softwares prontos: Tiro de CC (na tela), Regulação do Tiro de Artilharia (na tela) e ... acho que foi um de logística. Com isso, convencemos a Diretoria de Informática para nos dar recursos para montar uma sala com 15 micros MSX. Chegamos a produzir 18 programas militares em 1 ano. Jogos de guerra a nível Cmt de Pelotão. Os instrutores faziam os roteiros, o sargento-desenhista fazia a parte artística e os 6 jovens de informática (tenentes do CPOR) faziam o trabalho de programação gráfica. Era uma produção BB (boa e barata|). E não havia similar no mundo, pois os softwares dos americanos na época eram simplórios, como se fossem instrução programada e em P&B. O nome desse projeto era TECHNE (pronúncia téquine).
Paralelamente a esse projeto, implementamos o SITILAC.
Simulador de Tiro a Laser Assistido por Computador. Li numa revista que a Universidade de S Carlos havia desenvolvido o Raio Laser de Argônio (feixe vermelho). O coronel deu-me carta branca, liguei para a empresa, e eles nos emprestaram 2 lasers, com capacidades diferente. Caso desse certo a experiência, faríamos a aquisição. O preço do laser custava o equivalente a 1 tiro de carro de combate ( entre 650 a 1000 dólares, na época, dependendo do tipo de munição).
O micro MSX gerenciava o tiro: recebia o sinal do gatilho, ligava / desligava o laser, de acordo com a precessão (distância do alvo), gerava o ruído de tiro, tanto no canhão, do assovio da granada e explodindo no alvo. O alvo era um carrinho de combate que andava num trilho, num terreno reduzido, com foto-transistor em seu redor. Ao atingir o carrinho com o laser, ele parava automaticamente. Um botão rearmava o sistema.
No vídeo do computador aparecia o score: Tiros Dados, Tiros Acertados e o conceito do aluno, que poderia ser impresso na impressora. Havia amplificadores com caixas de som, pra dar realismo ao simulador. O laser era alinhado à luneta do Cascavel.
Segundo os oficiais de cavalaria, o tiro era bem próximo do real, pois se atirava de dentro do carro com a torre em movimento. Em vez dos alunos do CPOR sentirem apenas o cheiro da pólvora, pois a munição era muito cara e o tiro real restrito, poderiam dar centenas de tiros, sem nenhum custo para a nação. Força Armada é uma brincadeira cara. Eu imaginava fabricar simuladores para todos os tipos de armas, inclusive tiro de helicóptero, blindados em movimento, antiaéreos, pilotagem de aeronaves, armas portáteis, mísseis, etc. Noto que o pessoal de Marinha gosta mais da tecnologia.
Um general me enviou certa vez para bolar um simulador de vôo para os helicópteros do Batalhão de Aviação do Exército. Já tinha um em mente ... O problema maior não é fabricar o simulador em si, que poderia ser mais ou menos aperfeiçoado com o tempo.. O ser humano é o problema maior. Eles pensam ... esse cara está sonhando e abortam a iniciativa. Esses projetos que foram desenvolvidos acima, depois foram por água abaixo (abandonados), pois comandantes não gostam de projetos que foram desenvolvidos na época de outros comandantes. Cada comandante quer ter o seu projeto, caso contrário não sai general. O ser humano realmente é egoísta; pensam em si, e não na instituição.
Alguns acham que simuladores de tiro e softwares militares são videogames sem importância, só pode ser. É por isso que eu digo: Coloquem as pessoas certas nos lugares certos.
:( :? :!:

Enviado: Ter Fev 26, 2008 4:43 pm
por rodrigo
A Seção de Tiro da AMAN adquiriu um simulador de tiro(FAL e pistola 9mm), de fabricação norte-americana, que simula centenas de situações de tiro, desde os princípios até grandes operações. O cadete só passava ao tiro real após atingir um índice satisfatório no simulador. A economia de munição pagou o sistema em 1 ano (aprox. U$ 1 milhão).

Enviado: Ter Fev 26, 2008 5:42 pm
por joao fernando
Nessa epoca, faziamos simuladores com o TK 85...

Enviado: Ter Fev 26, 2008 5:43 pm
por Dandolo Bagetti
rodrigo escreveu:A Seção de Tiro da AMAN adquiriu um simulador de tiro(FAL e pistola 9mm), de fabricação norte-americana, que simula centenas de situações de tiro, desde os princípios até grandes operações. O cadete só passava ao tiro real após atingir um índice satisfatório no simulador. A economia de munição pagou o sistema em 1 ano (aprox. U$ 1 milhão).
Não o conheço pessoalmente. Não há Força Armada sem simulador. Ouvir dizer, que a formação de um piloto de combate israelense custa 1 milhão de dólares.
Eu tinha um simulador desses que você citou acima em mente. Custaria muito barato e serviria para todos os tipos de armas. Digamos que custassem 150 mil reais, desde que tivesse disponível um grande prédio, tipo Cinema. Poderia ser ao ar-livre, também, mas o cenário ficaria numa estrutura de telão.
O meu simulador é melhor do que dos americanos, pois as imagens das situações poderiam ser filmadas pelo instrutor, ou captadas em tempo real para um telão.
Tem uns segredinhos tecnológicos, mas muito simples.
O ideal seria o pessoal lutar o mais próximo do real, com sensores no corpo, como fazem os americanos; os olhos devem ser protegidos com óculos por causa do laser. Uma central teria todo controle da batalha: Terreno, posição homem a homem, das viaturas, coordenadas de tiro, etc. E via tel celular, iria eliminando as forças de ambos os lados. Teria que haver vários observadores no terreno, para informar a central quem seria eliminado, em alguns casos. Se o celular do guerreiro tocar ele morreu ou a viatura dele foi destruída.
Simulador de arma tem que funcionar com festim, recuo da arma, etc., sempre que possível.

Enviado: Ter Fev 26, 2008 5:51 pm
por Dandolo Bagetti
joao fernando escreveu:Nessa epoca, faziamos simuladores com o TK 85...
O MSX era usado pelas Universidades Federais, Japão e alguns países europeus.
Quando me formei na Universidade de Informática o micro não existia.
Ao surgiu a linha TK, acompanhei todo o seu desenvolvimento. Deve ter sido por volta de 1978, 79.