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ITAIPU

Enviado: Seg Fev 25, 2008 9:04 am
por PQD
Paraguai ameaça fazer com Itaipu o que Evo Morales fez com o gás

Candidatos defendem mudança na parceria; líder na corrida presidencial quer que o Brasil pague 8 vezes mais

Agnaldo Brito



Pela primeira vez, em 60 anos, a hegemonia do Partido Colorado no Paraguai pode cair por terra. Dom Fernando Lugo, um ex-membro do episcopado latino-americano, lidera a corrida eleitoral e pode tornar-se presidente nas eleições do próximo dia 20 de abril. Um cristão-novo na política paraguaia com idéias de mudanças, entre as quais a disposição, tal como o boliviano Evo Morales, de rever os termos de um negócio gigante e estratégico para o Brasil, a Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Não é o único. Há no Paraguai uma clara insatisfação com o destino de quase a totalidade dos 45 mil gigawatts/hora (GWh) por ano - metade da produção de Itaipu - que rumam para o Brasil e ajudam a mover a economia nacional. Itaipu atende 20% da demanda brasileira. Blanca Ovelar, candidata apoiada pelo atual presidente Nicanor Duarte e terceira colocada na última pesquisa publicada pelo diário ABC Color -, mantém planos de renegociar pontos do Tratado de Itaipu, a base contratual sobre a qual foi erguida a maior usina do mundo. O general Lino Oviedo, que esteve exilado no Brasil depois de ser acusado de articular um golpe contra o governo Wasmosy, afirma - embora em tom mais ameno - que também irá, se for eleito, discutir pontos da relação binacional em Itaipu.

Entretanto, nenhum candidato tem usado o assunto como estratégia de mobilização dos paraguaios como Lugo. A recuperação da “soberania energética” é repetida em todas as carreatas e discursos do líder da frente Aliança Patriótica para a Mudança, um aglomerado de sete partidos políticos (entre os quais membros do dividido Partido Colorado e do Partido Liberal) e 11 movimentos sociais. A campanha oficial iniciada na última quinta-feira promete esquentar ainda mais o tema.

Em cada púlpito em que aparece, o ex-bispo da Igreja Católica inflama os paraguaios ao dizer que, uma vez no governo, abrirá negociações para derrubar a exigência que faz o Paraguai entregar ao sócio brasileiro a energia excedente e, principalmente, a discussão de um “preço de mercado” por megawatt/hora vendido ao Brasil.

“Ele está certo em querer isso para os paraguaios”, revela o eleitor José Domingo Medina, de 94 anos, que na quarta-feira se juntou a cerca de 200 paraguaios que acompanhavam o candidato num corpo-a-corpo pelas ruas da periferia de Assunção. Cartazes de campanha com a frase “Itaipu, o justo para o Paraguai”, trazem a hidrelétrica para o centro da disputa.

Lugo alega que o Paraguai obtém um retorno anual de US$ 200 milhões pela venda da energia, exclusiva para o vizinho, e pretende transformar o país num exportador “livre”. O fato de isso ser impossível, por ora, já que o Paraguai não tem linhas de transmissão para tal, não parece ser um problema.

A meta de Lugo é elevar o valor da venda de energia ao Brasil a US$ 1,8 bilhão. “O mais importante é a recuperação da soberania de Itaipu e Yacyretá (usina binacional com os argentinos). Uma política energética que não permita mais a atual condição de entregar ao Brasil uma energia a preço de custo”, disse em entrevista ao Estado.

Lugo nega que tenha se inspirado em Evo Morales para implantar uma “política de mudanças”, mas o líder boliviano é personagem recorrente das lideranças políticas que compõem a frente. Todos ressaltam a decisão boliviana de mudar os contratos de exploração e produção de gás. Alegam que a medida promoveu “maiores entradas” de recursos à Bolívia após a nacionalização. Acham que é um exemplo a ser seguido.



Encontro com lula

A proposta de revisão da relação binacional Brasil e Paraguai poderá ser dita pessoalmente a Lula. Depois de ter recebido o general Lino Oviedo, o embaixador brasileiro em Assunção comunicou na semana passada ao candidato da Aliança Patriótica para a Mudança que Lula poderá recebê-lo em março.

Lugo promete informar o presidente brasileiro sobre a disposição de levar adiante o plano de renegociar o preço da energia cedida ao Brasil, caso tenha êxito na disputa. “Queremos apontar (ao presidente Lula), com clareza, nossas inquietudes ante o preço da energia que se fornece ao Brasil.”





Brasil reage com 'dez verdades'

Documento rebate alegações em relação ao destino e ao preço da energia da Usina de Itaipu

Agnaldo Brito



Em um documento não-oficial chamado “10 verdades sobre Itaipu”, obtido pela reportagem do Estado, o Brasil tenta rebater com argumentos a crescente insatisfação paraguaia em relação ao destino e ao preço da energia. O Itamaraty entregou a missão de explicar os termos do tratado ao embaixador brasileiro em Assunção, Valter Pecly Moreira.

O Brasil avalia que há uma “avalanche de desinformações, distorções e inverdades” sobre Itaipu que estão “criando um clima de animosidade, desconfiança e ressentimento entre paraguaios e brasileiros”.

O documento alega ter sido “vantagem” para o Paraguai a renegociação da dívida de Itaipu Binacional, hoje em US$ 19,4 bilhões, o que inclui os débitos antigos, tomados para a construção da hidrelétrica e, mais recentemente, os recursos necessários para a instalação das duas últimas turbinas, totalizando 20 unidades de geração, dez para cada País.

O texto tem a preocupação de mostrar a rentabilidade da usina para o país. Segundo informa, o Paraguai já teria recebido em royalties, encargos de administração e supervisão, rendimento de capital e remuneração pela cessão da energia um total de US$ 4,7 bilhões, entre os anos de 1985 e 2006. Até 2023, o governo paraguaio deverá receber outros US$ 5 bilhões. Em recurso relativo exclusivamente à remuneração por cessão de energia, o país recebeu no período US$ 1,7 bilhão, e é sobre essa conta que recai a principal polêmica.

O Brasil alega que não cabe preço de mercado sobre essa conta, já que o pagamento refere-se a uma compensação pela renúncia paraguaia ao “direito de aquisição” dessa energia, algo que não o faz por não ter consumidor para tanto. “A remuneração por cessão de energia não pode ser confundida com o pagamento efetivo do custo da energia, já que se trata de uma compensação ao país cedente pela renúncia ao direito de aquisição”, diz o documento.

Um preço de mercado só seria possível depois de quitadas todas as dívidas de Itaipu, o que vai ocorrer apenas em 2023. Hoje, uma mudança nessa regra implicaria, segundo apurou a reportagem, um preço dez vezes maior ao consumidor brasileiro, cerca de R$ 600 o MWh. Só para comparação, a concessão da Usina Jirau, no Rio Madeira, foi arrematada por um pouco mais de R$ 70 o MWh.



Exportação

A exportação de energia do Brasil para a Argentina ampliou as desconfianças do Paraguai. No documento, o Brasil nega que tenha exportado energia produzida em Itaipu para a Argentina, e reconhece que isso seria um claro descumprimento do tratado. O socorro brasileiro aos argentinos foi feito com a geração de térmicas a gás natural. “O auxílio brasileiro para mitigar a crise energética da Argentina não tem relação com a energia de Itaipu, inteiramente destinada ao mercado interno”, diz o texto.





Disputa eleitoral paraguaia preocupa empresas no Brasil

Dois candidatos questionam na campanha validade do acordo de Itaipu

Lu Aiko Otta e Denise Chrispim Marin



Em tempos de escassez de energia em toda a América Latina, um novo foco de preocupação surgiu no radar do empresariado brasileiro: o Paraguai. Com eleições presidenciais marcadas para 20 de abril e com dois candidatos colocando no centro de suas campanhas a promessa de pressionar o Brasil para uma renegociação do acordo da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, o país vizinho pode se converter em mais um ponto de insegurança energética na região, a exemplo do que já é a Bolívia.

“O processo é acompanhado com preocupação na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), porque dois candidatos fazem campanha falando contra o Brasil e colocam em discussão a validade do acordo de Itaipu”, disse ao Estado o diretor-adjunto de Relações Internacionais da entidade, Thomaz Zanotto. “Itaipu responde por 40% da eletricidade consumida no Sul e Sudeste.”

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, o assunto é delicado. “As autoridades precisam ficar alertas à evolução dessa questão”, afirmou. “Ficar alerta quer dizer estar sustentado por contratos e acordos sólidos.”

Embora preocupados, os empresários acham que não se deve interferir no processo eleitoral do Paraguai. “O melhor presidente é o que os paraguaios escolherem”, afirmou o dirigente da Fiesp.

Os dois candidatos mais incendiários quando o tema é a relação Brasil-Paraguai são Blanca Ovelar, do partido que domina o governo paraguaio há 66 anos, o Colorado, e Fernando Lugo, um ex-bispo católico com discurso de extrema-esquerda cuja principal legenda de sustentação é o Partido Liberal Autêntico, de direita.

Pesquisa encomendada na semana passada pelo Partido Colorado mostrou que Lugo lidera as intenção de voto, com 31%. Blanca e o candidato que menos problemas traria ao Brasil, o general Lino Oviedo, aparecem empatados tecnicamente, com 27% e 28%, respectivamente. Entretanto, à questão sobre quem deve vencer as eleições, 47,5% das pessoas consultadas apontaram o nome de Blanca.

A situação preocupa a ponto de um grupo de empresários brasileiros haver consultado o Ibope sobre a possibilidade de realizar uma pesquisa de intenção de votos no país vizinho. O trabalho não foi contratado. Além da indústria do Sul e do Sudeste, empresários de Estados que fazem limite com o Paraguai temem que os discursos de campanha inflamem as ações de grupos que vêem no Brasil um império obcecado em prejudicar o Paraguai.

O Itamaraty está ciente desse risco e preparado para uma nova onda de gritaria em favor da “soberania energética” do governo que vier a ser eleito no Paraguai. Fontes da diplomacia explicam que os ataques freqüentes de paraguaios ao Tratado de 1973, que permitiu a construção de Itaipu e definiu as regras do compartilhamento da energia elétrica, acontecem porque, nesse país, Itaipu é vista como uma “caixa preta”. “Nós, brasileiros, encaramos Itaipu como uma fonte de energia elétrica barata. Os paraguaios a vêem como fonte de dólares (dos royalties)”, completou.

Para Zanotto, são poucos os problemas concretos que o próximo presidente do Paraguai pode provocar ao Brasil. “Não dá para fazer praticamente nada, porque os contratos de Itaipu são bem feitos”, disse. “Mas vemos o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, questionando contratos com uma petrolífera americana; há problemas do Equador em relação à Petrobrás - enfim, governos que simplesmente alegam injustiças para tentar renunciar contratos, sem nenhuma base legal.” Nesse sentido, o Paraguai pode tornar-se um foco de dor de cabeça parecido com a Bolívia.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 9:08 am
por talharim
hahahahahahahhahahahaha :lol:

To dizendo ano que vem finalmente entraremos em guerra contra alguém.

Uma coisa boa é que as nossas FAs serão mais valorizadas pela sociedade.

Que o Paraguai sirva de exemplo para outras ações de países terroristas.Vamos impor respeito dessa vez.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 9:35 am
por delmar
Não é possível comparar a situação da Petrobras na Bolivia e Equador com a de Itaipu.
1. A usina está construida na fronteira, portanto metade no território brasileiro.
2. A propriedade da usina está dividida entre Brasil e Paraguai, assim a metade da energia produzida é nossa e a outra é paraguaia.
3. Parte do dinheiro arrecadado, com a venda da energia, é usado para pagamento da dívida contraida quando da construção da usina.
Em tese o Paraguai pode dispor da sua parte da energia como quiser, desde que continue amortizando a dívida que tem com o consórcio que construiu a usina. Se houver um aumento do consumo industrial muito grande de energia, dentro do Paraguai, ele poderá consumir toda a sua parte da produção, não sobrando nada para vender, de sua metade, para o Brasil.
Onde o Paraguai pode discutir, e criar problemas, é sobre a preferência do Brasil em comprar a energia produzida, o preço que é pago por sua parte, o preço dos juros cobrados, o valor das cotas de amortização. Isto sempre sobre a metade que é deles.
Ressalte-se, ainda, que para o Paraguai vender a energia a outro país deverá antes construir toda uma estrutura de transmissão, coisa de vários anos e alguns bilhões de dolares. É como a ameaça do Chavez de não vender mais Petróleo aos Estados Unidos, fácil de falar mas dificiil de fazer.
O Brasil deve, no entanto, trabalhar com a hipótese de que, num dia futuro, não poderá contar mais com a parte paraguaia da energia. A solução será, no meu entender, a implantação de usinas nucleares para substituir esta energia (metade de Itaipu).

saudações

Enviado: Seg Fev 25, 2008 9:48 am
por talharim
Delmar escreveu :
Não é possível comparar a situação da Petrobras na Bolivia e Paraguai com a de Itaipu.


Delmar para mim as 2 coisas estão totalmente relacionadas.

Se tratam de quebra de contrato unilateral.

Se tratam de invasão de propriedade nacional.

Se tratam de ameaça a integridade fisica de brasileiros.

Se tratam de ameaça aos interesses estrtégicos nacionais.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 10:27 am
por talharim
Outro problema com o radicalismo comunista do Paraguai caso venha a se instalar nesse país com a vitória desse padre terrorista............é que provavelmene o Paraguai se alinhe com a China.

Sendo assim teremos 2 estados satélite Chineses na região.Bolívia e Paraguai ambos com fronteira com o Brasil.

A China está comendo pelas beiradas já deu uma rasteira estratégica no Brasil no caso Bolívia.

Xeque Mate chinês.

Muito bom isso.Daqui a pouco teremos milhares de caças J-10 instalados em bases a nossa volta com divisões de mísseis balísticos.

E tem gente preocupado com os EUA.

Os EUA venderam a AS a preço de banana para a China.Acordo de cavalheiros claro.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 11:14 am
por Marino

Enviado: Seg Fev 25, 2008 1:01 pm
por Kratos
Não consigo pensar em palavras que expressem meu sentimento para com essa situação.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 3:16 pm
por WalterGaudério
Só para esclarecer aos colegas de forum(e eu vou fazer o mesmo para os Paraguaios no meio do ano qdo. fizer minha visita anual a Ciudad del Este)

A dívida do paraguai com o Brasil é decorrente do fato de que o Paraguai simplesmente não tinha(como Não tem) dinheiro para construir sua parte na usina.

Só isso, sem o Brasil Itaipu simplesmente não existiria, e quase por tabela o Paraguai tb não.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 3:28 pm
por talharim
Pois é..............mas agora que perceberam que nossa fraqueza é nossa bondade..............

Somos um país bom demais,amável demais,amistoso demais,diplomático demais.................e o pior de tudo.............nos vangloriamos disso !!!

Essa será nossa ruína ?

Enviado: Seg Fev 25, 2008 4:08 pm
por Glauber Prestes
É só fazer um exercício lá perto da fronteira, com uns 30 tucanos, uns amx e F-5... não precisa nem de exército...

Enviado: Seg Fev 25, 2008 4:15 pm
por Kratos
talharim escreveu:Pois é..............mas agora que perceberam que nossa fraqueza é nossa bondade..............

Somos um país bom demais,amável demais,amistoso demais,diplomático demais.................e o pior de tudo.............nos vangloriamos disso !!!

Essa será nossa ruína ?
Será.

Enviado: Seg Fev 25, 2008 4:24 pm
por delmar
cicloneprojekt escreveu:Só para esclarecer aos colegas de forum(e eu vou fazer o mesmo para os Paraguaios no meio do ano qdo. fizer minha visita anual a Ciudad del Este)

A dívida do paraguai com o Brasil é decorrente do fato de que o Paraguai simplesmente não tinha(como Não tem) dinheiro para construir sua parte na usina.

Só isso, sem o Brasil Itaipu simplesmente não existiria, e quase por tabela o Paraguai tb não.
Companheiro, a dívida é com a Itaipu bi Nacional, a empresa que construiu a Usina e é a proprietária dela. Quem está pagando esta dívida são os consumidores brasileiros que usam a energia. O Brasil também não tinha dinheiro e a maior parte da obra foi feita com dinheiro emprestado, vindo do exterior.
Também sou contra estes líderes populistas, como o bispo paraguaio, que enganam o povo com promessas mirabolantes. O Evo Morales dizia que bastava nacionalizar o gaz e todos bolivianos seriam ricos. Hoje está faltando comida na Bolivia. Aqui no Brasil também já tivemos muito deste tipo de político.
O que eu digo é que o Brasil deve planejar sua politica energética com a certeza que, num futuro próximo, não poderemos mais contar com a metade da energia produzida em Itaipu. Paulatinamente o Paraguai vai aumentar o seu consumo interno e vai acabar usando toda a parte que lhe pertence.

saudações

Enviado: Seg Fev 25, 2008 4:54 pm
por Kratos
Quem aqui aposta que a campanha do bispo está sendo financiada pelo Hogu Chavez?

Enviado: Seg Fev 25, 2008 6:52 pm
por RenaN
delmar escreveu:O que eu digo é que o Brasil deve planejar sua politica energética com a certeza que, num futuro próximo, não poderemos mais contar com a metade da energia produzida em Itaipu. Paulatinamente o Paraguai vai aumentar o seu consumo interno e vai acabar usando toda a parte que lhe pertence.
[009]

Isso tem que ser planejado desde agora. Usinas nucleares necessitam de tempo e principalmente dinheiro para serem construídas. Usinas termelétricas teriam um impacto ambiental assustador! Sem contar no aumento do custo da energia...

Acho que o governo deve olhar isso com uma atenção muito especial... :wink:

Enviado: Seg Fev 25, 2008 7:05 pm
por rodrigo
Pior não é o Paraguai querer levar, é o Brasil entregar e ainda aparecerem pessoas dizendo que foi melhor assim, que eles são pobres e nós devemos ajudá-los. Traição devia ser punida com morte.