Operações Psicológicas

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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rodrigo
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Operações Psicológicas

#1 Mensagem por rodrigo » Sáb Set 22, 2007 6:59 pm

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"Lutar e vencer em todas as batalhas não é a glória suprema. A glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar."

Sun Tzu*


*General chinês que viveu no Século V a.C., contemporâneo de Confúcio.

Desde que o homem aprendeu a se comunicar, vem utilizando a persuasão e outras formas de influência para modificar emoções, opiniões, atitudes e comportamentos de grupos ou pessoas. A guerra sempre foi o confronto entre vontades, mas o convencimento obtido por meio da persuasão provou ser tão eficaz quanto a dominação pela força.

As operações psicológicas são um conjunto de ações de qualquer natureza (políticas, econômicas, psicossociais e militares) destinadas a influir nas emoções, nas atitudes e nas opiniões de um grupo (inimigo, hostil, neutro ou amigo), com a finalidade de obter comportamentos predeterminados e favoráveis ao objetivo que se pretende atingir.

Em uma coletividade neutra ou amiga, procurar-se-á congregar um conjunto de recursos e técnicas para gerar emoções, atitudes, predisposições e comportamentos em indivíduos ou em todo o grupo, de modo a conquistar ou manter o seu apoio, contrapor-se à propaganda adversa e, assim, manter elevado o moral de nossas tropas. Já em um grupo inimigo ou hostil, procurar-se-á empregar, de modo planejado, a propaganda e explorar ações que influenciem as opiniões, emoções, atitudes e comportamentos de seus componentes, de modo a impedir ou desencorajar ações contrárias aos interesses nacionais e, diminuir a capacidade combativa do grupo.

É importante ressaltar que, para se atingir os objetivos acima propostos, há necessidade de se conhecer muito bem as características psicossociais (tradições, costumes, crenças, valores, etc.) do grupo ao qual serão dirigidas as ações de operações psicológicas (público-alvo). Fundamental, também, é verificar quais os principais veículos de difusão de mensagens que deverão ser utilizados para atingir o grupo que se pretende influenciar. As ações terão grande probabilidade de êxito quando conduzidas por pessoal especializado, apoiados por elementos de inteligência e por colaboradores, todos profundos conhecedores das características do público-alvo em questão.

Ao longo da história, chefes políticos e militares têm utilizado, quer na paz, quer na guerra, instrumentos de operações psicológicas como forma de persuasão. Atualmente, sua importância tem aumentado em função da evolução dos métodos científicos de atuação sobre a motivação humana e do desenvolvimento de meios de comunicação social de alta tecnologia, que tornaram desprezíveis as distâncias, os acidentes do terreno e as massas líquidas. Ou seja, as fronteiras físicas cederam lugar à fronteira psicológica.

Nesse contexto, a opinião pública – conjunto das opiniões individuais sobre um fato, em um determinado momento, que pode ser medido cientificamente por meio de pesquisa – assume papel relevante na tomada de decisão nos níveis político, governamental ou militar. A liberdade de ação que desfruta um estado para implementar um método estratégico indireto ou direto na solução de um conflito é, basicamente, decorrente de fatores como as atitudes que poderão ser adotadas por estados neutros ou aliados e as opiniões públicas nacional e internacional, constituindo-se em objetivo das operações psicológicas – em situações de paz, crise ou conflito armado – preservar ou aumentar tal liberdade.

Conduzidas por elementos especializados, essas operações são planejadas desde os tempos de paz, a partir de constantes avaliações dos públicos-alvos sobre os quais se pretende atuar, antecipando-se ao estado de beligerância formalmente declarado. Quando empregadas em proveito direto das unidades operacionais, incrementam seu poder de combate e podem reduzir-lhes perdas humanas e materiais.

Aos chefes militares convém, pois, entender os princípios básicos da doutrina de operações psicológicas e estar preparados para empregá-los, em todas as fases dos conflitos, a fim de alcançar seus objetivos mais rápida e eficazmente.

A propaganda é a grande ferramenta das operações psicológicas, mas não se deve confundi-la com a propaganda do tipo comercial. Enquanto esta visa, basicamente, a influir na opção de compra de um produto, aquela procura influir em convicções mais profundas, tal como a decisão de abandonar a luta e render-se.

Em caso de conflito, pode-se dizer que as operações psicológicas visam a obter vantagens militares sem a utilização da força. Naturalmente, nesse caso, a propaganda deve ser empregada em associação com outras medidas de caráter militar, econômico ou político.

Coerente com esta realidade, o Exército Brasileiro adotou várias medidas. Modificou sua estrutura, retirando as operações psicológicas do Sistema de Comunicação Social. Criou o Sistema de Operações Psicológicas, que passou a ter o Comando de Operações Terrestres como órgão central. Criou, também, uma unidade operacional, o Destacamento de Operações Psicológicas, unidade orgânica da recém criada Brigada de Operações Especiais, com sede em Goiânia (GO). Continua, ainda, investindo na formação de recursos humanos, com a especialização de militares no exterior e a realização, no ano de 2003, do primeiro Estágio de Operações Psicológicas. A disciplina Operações Psicológicas, já inserida nos Cursos de Comunicação Social e de Forças Especiais, passou a fazer parte dos currículos das escolas de formação do Exército.

Com tais medidas, o Exército Brasileiro busca dominar as técnicas dessa arte que assumiu características de ciência a partir de 1939, com a II Guerra Mundial, e que tem demonstrado sua eficácia ao longo da história. Chefes militares do passado e do presente nunca deixaram de se utilizar dos principais instrumentos de convencimento psicológico para alcançar seus objetivos.

http://www.exercito.gov.br/VO/181/opsico.htm




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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