Como a TAM foi "vitaminada" pelo Planalto

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Como a TAM foi "vitaminada" pelo Planalto

#1 Mensagem por jambockrs » Dom Ago 05, 2007 1:01 am

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04/08/2007 19h02min - Vôo 3054
TAM recebeu proteção de poderosos do Palácio do Planalto
Líder no mercado doméstico desde julho de 2003, a TAM contou com a proteção de dois poderosos ministros da Era Lula para ajudá-la a conquistar a confiança dos brasileiros e assumir o lugar que um dia foi da Varig. José Dirceu e Antonio Palocci estiveram entre os artífices políticos da ascensão da companhia que ganhou o centro das atenções ao protagonizar a maior tragédia da história da aviação brasileira. São relações tão delicadas que intrigam a CPI do Apagão Aéreo na Câmara.– A minha suspeita é sobre a relação entre a TAM e o PT. Temos que investigar se esses contatos não garantiram à empresa um relaxamento na fiscalização – especula o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). De Atlanta, nos Estados Unidos, José Dirceu nega qualquer influência no crescimento da TAM no mercado nacional. As relações da companhia com o PT, porém, são antigas. Até 2005, a legenda manteve um contrato com a TAM Companhia Aérea e a TAM Táxi Aéreo, o que levava todo petista a serviço do partido a voar obrigatoriamente com a companhia. O tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, informa que no ano passado o partido quitou uma dívida com a empresa. Depois de uma renegociação do débito, o total pago à companhia chegou a R$ 1,9 milhão. Fontes do setor dizem que esse acordo comercial de fidelidade foi incentivado pelo próprio comandante Rolim Amaro, fundador da empresa. Ele teria enxergado na aproximação com o PT um investimento a longo prazo.– Ele via potencial no PT. Ele já transportava os petistas desde o tempo em que o partido não tinha dinheiro – comenta um piloto ligado ao Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Fusão com Varig teve apoio de Dirceu e Palocci
Agora, Fruet questiona até que ponto essas relações não se refletem nas decisões da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), já que a presidência do órgão é comandada por um petista, o gaúcho Milton Zuanazzi, e a diretora Denise Abreu foi indicada pelo ex-ministro José Dirceu.
– Desde que a Anac foi criada, a TAM pagou apenas R$ 36 mil em multas aplicadas pela agência. Mesmo com todo o problema de overbooking do ano passado, das 146 multas aplicadas, 37 já foram canceladas – reclama o deputado.O que alimenta as desconfianças da oposição é um passado em que os interesses privados e a política nacional para o setor aéreo se cruzaram. O início da derrocada da Varig foi um marco para a operação que mobilizou aliados da empresa fundada pelo comandante Rolim. Era o começo do governo Lula, e a TAM aparecia como candidata natural a assumir a liderança da aviação no Brasil.
O que o setor precisava, na época, era de um novo desenho técnico, missão que foi parar dentro do gabinete do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Amigo do então presidente da TAM, Daniel Martin, Dirceu teria tomado para si o comando da operação que tinha o objetivo final de promover a fusão da Varig com a TAM. À época, ele próprio disparava telefonemas para os dirigentes das companhias e articulava para tirar do papel um antigo sonho de Rolim: absorver a Varig. Ao seu lado, trabalhava o então consultor Luciano Coutinho, nomeado para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) no início de 2007.
Na área econômica, o apoio era dado pelo ministro Palocci, também amigo de longa data do presidente da TAM. Ao mercado, porém, as empresas sempre fizeram questão de afirmar que a proposta partiu delas, encontrando apoio na cúpula do Planalto.
– Há muitos anos a TAM queria comprar a Varig, mas precisava do apoio político que encontrou nesta ocasião – reforça um consultor do setor de aviação.
Por desentendimentos nas direções das próprias empresas e pressão dos trabalhadores da Varig, a idéia da fusão foi abandonada. Já estava em curso, porém, uma estratégia de transição: o compartilhamento dos vôos. À época, o passageiro comprava uma passagem da Varig e, quando via, embarcava em uma aeronave da TAM. Em tese, as duas empresas fariam economia, otimizando rotas e aumentando o percentual de ocupação nos vôos. Na prática, a reclamação dos defensores da Varig é que a companhia paulista aproveitou a negociação para resolver o seu problema de baixo índice de ocupação em alguns vôos.
– Era parte do pacote da fusão. Na verdade, a Varig estava transferindo passagem. Foi uma transfusão de sangue para a TAM – afirma o diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Elnio Borges.
Transação reverteu rejeição TAM no Rio e no Nordeste
Quatro anos depois, analistas do setor concluem que a maior beneficiada naquela transação foi a companhia de Rolim. Ao mesmo tempo em que reconhecem que a empresa cresceu devido a méritos próprios - em especial, investimentos e bom gerenciamento - , não negam que o aspecto político também ajudou. À época, ainda rejeitada no Rio de Janeiro e no Nordeste, a TAM teria conseguido reverter esse quadro graças aos passageiros oriundos da Varig. Meses depois, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acabou implodindo o acordo, mas os seus efeitos já estavam cristalizados:
– A TAM entrou no negócio com menos passageiros e saiu com pelo menos 20% a mais. A idéia era apoiar a Varig, mas a TAM foi a principal beneficiada – diz o deputado Beto Albuquerque (PSB), que à época acompanhou as negociações de perto.
A companhia, no entanto, não concorda que tenha sido beneficiada dentro desse processo e vai além. Por e-mail, a assessoria da TAM afirma que o contato com o ex-ministro Dirceu "consistiu na relação de uma concessionária de serviços de transporte com uma autoridadade do governo". Nos dois anos seguintes, Dirceu e Palocci foram derrubados por escândalos que abalaram o governo, mas o trânsito das aéreas no Planalto já estava alicerçado junto ao segundo escalão.
Pouco antes de deixar o Planalto, Dirceu havia concluído com sua equipe o projeto da nova agência reguladora do setor aéreo brasileiro. A Anac nascia para fiscalizar as companhias. Na linha de frente da agência, porém, indicados pelo PT e Dirceu lideram o grupo, que ainda tem em sua formação o doutor em economia Jorge Barat, um ex-consultor da TAM.
fonte: jornal "Zero Hora" 5 ago 2007 - Carolina Bahia, de Brasília
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Cláudio Severino da Silva
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