O Brasil e a guerra em Angola
Enviado: Seg Jun 11, 2007 6:03 pm
Pare evitar complicar o tópico sobre a incoerência de «certa» esquerda portuguesa sobre o processo de descolonização, separo aqui este tema, para fazer um pequeno comentário sobre a minha opinião sobre a possibilidade do envolvimento do Brasil no conflito de Angola.
Quando a guerra começou, em 1961, o Brasil atravessava a confusão com a renuncia de Jãnio Quadros e a sucessão de João Goulart.
O Brasil teve um sistema parlamentarista até 1963, e em 1964 ocorreu o golpe dos generais.
Em teoria o governo do Brasil seria favorável à posição dos Estados Unidos, que era a de dar a Angola a independência.
Creio que quando os generais tomam o poder em 1964, terá havido contactos entre Portugal e o Brasil, sobre que tipo de apoio o Brasil poderia dar a Portugal no assunto «Angola».
Em alguns livros de memórias, que colecciono sobre o periodo dos anos 60, há algumas referências ao Brasil, um dos quais refere a irritação de Salazar, quando pouco depois de 1964 se promove uma visita de navios da marinha do Brasil a Luanda, e era suposto os navios portugueses estarem presentes.
Salazar ficou agastado com os americanos porque eles proíbiram Portugal de enviar a Luanda uma das fragatas mais recentes, na altura da classe Corte Real.
Esse tipo de visita era visto como uma aceitação por parte do Brasil da soberania portuguesa sobre os seus territórios africanos.
No entanto, alguma coisa os politicos de Brasilia deram a entender a Salazar que levou a que o então ministro dos negócios estrangeiros, tenha escrito no seu diário, que o Brasil era um aliado, mas que também tinha interesses que colocariam em perigo a soberania portuguesa.
Depois de pegar várias declarações e pequenas notas de um lado e de outro, a ideia com que fico é a de que o Brasil entre 1964-1968 apoiava Portugal, mas terá colocado condições. Sendo que uma dessas condições era a possibilidade de Angola se tornar independente, mas numa situação de independência da minoria branca.
Ou seja: Angola deveria transformar-se numa espécie de África do Sul sem Apartheid, uma vez que em Portugal nunca houve politica de segregação racial (só económica).
Sabendo-se que os generais brasileiros não íam apoiar os movimentos de inspiração maoista e soviética que operavam em Angola e concluindo-se que o Brasil deu a entender que poderia colocar em causa a soberania portuguesa, e sabendo-se que não havia (e toda a gente sabia disso) uma elite negra em Angola e que a maioria da população minimamente qualificada era branca e de origem Portuguesa, acredito que devem ter havido conversas nesse sentido.
O governo de Castelo Branco apoiaria Portugal, dentro da possibilidade de uma semi independência branca "disfarçada".
Isso permitia continuar as politicas Sul-Sul, reconhecer Angola e estabelecer desde logo relações com aqueles países. O Brasil trataria de conseguir o apoio de países não alinhados e da América do Sul para o reconhecimento desse novo país.
Obviamente, isto é uma especulação, pois não consigo encontrar nada que explique de uma forma lógica, que tipo de acções o Brasil levou a cabo que desagradaram ao governo de Lisboa e que segundo o ministro colocariam a soberania portuguesa em causa.
Cumprimentos
Quando a guerra começou, em 1961, o Brasil atravessava a confusão com a renuncia de Jãnio Quadros e a sucessão de João Goulart.
O Brasil teve um sistema parlamentarista até 1963, e em 1964 ocorreu o golpe dos generais.
Em teoria o governo do Brasil seria favorável à posição dos Estados Unidos, que era a de dar a Angola a independência.
Creio que quando os generais tomam o poder em 1964, terá havido contactos entre Portugal e o Brasil, sobre que tipo de apoio o Brasil poderia dar a Portugal no assunto «Angola».
Em alguns livros de memórias, que colecciono sobre o periodo dos anos 60, há algumas referências ao Brasil, um dos quais refere a irritação de Salazar, quando pouco depois de 1964 se promove uma visita de navios da marinha do Brasil a Luanda, e era suposto os navios portugueses estarem presentes.
Salazar ficou agastado com os americanos porque eles proíbiram Portugal de enviar a Luanda uma das fragatas mais recentes, na altura da classe Corte Real.
Esse tipo de visita era visto como uma aceitação por parte do Brasil da soberania portuguesa sobre os seus territórios africanos.
No entanto, alguma coisa os politicos de Brasilia deram a entender a Salazar que levou a que o então ministro dos negócios estrangeiros, tenha escrito no seu diário, que o Brasil era um aliado, mas que também tinha interesses que colocariam em perigo a soberania portuguesa.
Depois de pegar várias declarações e pequenas notas de um lado e de outro, a ideia com que fico é a de que o Brasil entre 1964-1968 apoiava Portugal, mas terá colocado condições. Sendo que uma dessas condições era a possibilidade de Angola se tornar independente, mas numa situação de independência da minoria branca.
Ou seja: Angola deveria transformar-se numa espécie de África do Sul sem Apartheid, uma vez que em Portugal nunca houve politica de segregação racial (só económica).
Sabendo-se que os generais brasileiros não íam apoiar os movimentos de inspiração maoista e soviética que operavam em Angola e concluindo-se que o Brasil deu a entender que poderia colocar em causa a soberania portuguesa, e sabendo-se que não havia (e toda a gente sabia disso) uma elite negra em Angola e que a maioria da população minimamente qualificada era branca e de origem Portuguesa, acredito que devem ter havido conversas nesse sentido.
O governo de Castelo Branco apoiaria Portugal, dentro da possibilidade de uma semi independência branca "disfarçada".
Isso permitia continuar as politicas Sul-Sul, reconhecer Angola e estabelecer desde logo relações com aqueles países. O Brasil trataria de conseguir o apoio de países não alinhados e da América do Sul para o reconhecimento desse novo país.
Obviamente, isto é uma especulação, pois não consigo encontrar nada que explique de uma forma lógica, que tipo de acções o Brasil levou a cabo que desagradaram ao governo de Lisboa e que segundo o ministro colocariam a soberania portuguesa em causa.
Cumprimentos