Algumas perguntas que surgiram em outros foruns sobre este post, as quais respondi.
Olá Elizabeth e amigos do grupo, Elizabeth, se não me engano havia um acordo internacional que proibia o Japão de produzir armas, mas pela foto, esse lançador se parece muito com um ICBM, ou melhor, pelo pouco que aprendi com as discussões da lista, esse lançador poderia adaptado e ser equipado com uma ogiva , estou certo ? Sendo assim, como os paises do acordo, fiscalizavam para que o Japão desenvolvese um lançador ou um ICBM ?
Ola Roberto
Dificilmente este foguete poderia ser caracterizado como o desenvolvimento de um potencial para míssil balístico militar.
Primeiro que ele não era guiado.
Tão qual a maioria dos foguetes de sondagem, ele é disparado de forma balística e mantido na sua trajetória por meio de estabilização aerodinâmica gerada por sua aletas.
Veja na foto o detalhe do longo trilho de lançamento que abriga o foguete na forma de uma pequena plataforma direcionavel.
Enquanto esta preso a plataforma ele tem que ganhar velocidade suficiente para que suas aletas tenham autoridade aerodinâmica para estabilizá-lo logo após se separar fisicamente da plataforma.
Por esta razão, este tipo de foguete tem um empuxo cerca de 10 vezes maior do que sua massa, para que acelere o mais rapidamente possível.
Um lançador de foguetes de combustível sólido que tenha um sistema TVC dificilmente tem empuxo maior do que 3 vezes sua massa, porque nas baixas camadas da atmosfera acelerar muito rapidamente gera muita vibração, o que traduz em necessidade de uma estrutura mais robusta.
Como coincidência as falhas dos lançamentos, foram 9 lançamentos com 5 falhas, foram todas associadas aos improvisos necessários a um disparo orbital não guiado.
Ao sair da atmosfera o foguete precisa encontrar outra maneira de estabilizá-lo que não forças aerodinâmicas, uma vez que ele se encontra no vácuo. Então se utiliza um quarto estagio que não tem aletas, mas pequenos motores sólidos que ao serem ligados imprimem uma velocidade de rotação ao estagio gerando estabilização por spin.
Quase todas as falhas do L-II estavam associadas a esta etapa, com pouca capacidade instrumentada a bordo, existiam muitas coisas que poderiam estar dando errado, como a não ignição dos impulsores de rotação, a não ignição do estagio, uma “trombada” com o estagio anterior após a separação, coisas que até hoje costumam “derrubar foguetes” mas que os japoneses na época tiveram dificuldade em determinar.
Foram 4 lançamentos perdidos por problemas nesta etapa. Logo depois, veio o sucesso. Já em 1970.
O segundo motivo pelo qual este foguete não pode ser entendido como um míssil balístico é a sua capacidade de carga. Ele tinha uma capacidade de satelitização de menos de 30Kg, fazendo um rápido calculo de cabeça, se fosse eu a carga útil deste foguete, ele não chegaria a 5000Kg. Detalhe, eu peso 60Kg. Algo militarmente inexpressivo em termos de carga paga.
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Elizabeth, voce saberia nos dizer quantos satélites ele efetivamente pôs em orbita?....
Ola Sergio.
Foram 9 lançamentos 5 fracassos.
Dos 9 lançamentos, os 6 primeiros foram com satelites a bordo, os ultimos 3 para desenvolvimento de sistemas de controle de empuxo sem satelites.
No unico lançamento com satelite que deu certo, a carga util era o pequeno satelite de 25Kg chamado Ohsumi, lançado em 1970 que reentrou na atmosfera a uns 3 anos atrás, lembro disto, porque houve um evento em comemoração na Agência Espacial Japonesa.
A unica foto que tenho do Ohsumi.