OPERAÇÕES ESPECIAIS
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Continuação:
FORÇAS ESPECIAIS, CMDS E CIOE E INSTRUÇÃO "LRRP"
Em 29 de Abril de 1982 a 3a. Repartição do EME (Operações) através da nota 1138/0R/82 vinha propor que os "Comandos" deviam fazer parte de "forças organizadas convencionalmente como unidades de infantaria ligeira que fossem aerotransportáveis 100% em meios aéreos e que possuíssem capacidades para saltar em páraquedas (se possível, com treino de queda livre de grande altitude para reduzir vulnerabilidade). "
Mais adiante na mesma nota admitia-se como viável e conveniente e "numa perspectiva de implementação do sistema para 1990, a afectação à AMF(2)/OTAN de um Batalhão de "Comandos" com capacidade de paraquedagem (Pára-Comandos)". Considerou também, na constituição da reserva daquele sistema, face às suas vulnerabilidades operacionais, da necessidade de preparação de um outro Batalhão "Pára-Comando", admitindo-se como possível "a participação deste 2°. Batalhão, se a situação política o determinar, na força de paz da ONU".
Face a estas intenções o RCmds, que eu comandava na altura, em extensa nota de dezoito páginas com o número 304/ OP/C de 21 de Maio analisa e expõe o seu ponto de vista sobre a "Reestruturação do Exército. Problemática das Forças Especiais", já que as forças relacionadas com o assunto eram o RCmds, as forças de operações especiais e os paraquedistas. Sintetizando, o parecer dos Comandos, começava por dizer que o Exército defendia a existência de dois tipos de Forças Especiais, as dos Comandos ou Pára-Comandos e as de Operações Especiais, quando o RCmds seria suficiente para responder às necessidades.
Por outro lado era preconizada a unificação de Comandos e Paraquedistas, o que parecia difícil e demorado uma vez que não havia ainda conhecimento de diligências junto do Ministério da Defesa nem da Força Aérea para tal junção que deveria ser precedida da passagem dos Paraquedistas para o Exército. Como é sabido tal passagem só se havia de verificar doze anos depois.
Continuam os estudos sobre as Forças Especiais e sua reestruturação, definição e implementação, nos quais intervêm, para além das 3a. Repartição (Operações) e 6a. Repartição (Instrução) do EME, a DAI, a RMN, o RCmds e o CIOE e onde estavam em questão os cursos a ministrar em cada uma das unidades e ainda a organização das unidades de Forças Especiais.
E é assim que pela nota 2883 de 24Nov82 do DOO, Brigadeiro Loureiro dos Santos, era dada orientação para o desenvolvimento das FE, conforme o superiormente aprovado pelo CEME, General Firmino Miguel. Eram então previstas "duas fases para o desenvolvimento do processo: a la. fase até à integração das tropas paraquedistas no Exército e a 2a. fase após a integração das tropas paraquedistas."
Na primeira fase previa-se que existisse em Lamego um Centro de Instrução de FE (CIFE) e um Centro de Instrução de Operações Irregulares (CIOI) e ainda um Batalhão de FE (reduzido) com Comandos e duas Companhias de FE. Na Amadora passava a haver um Regimento de FE a dois Batalhões de FE.
Somente os respectivos encargos operacionais ficavam cativos à ordem do CEME, continuando o RCmds e o CIOE dependentes das respectivas Regiões Militares, participando as Direcções das Armas e dos Serviços nos assuntos do seu âmbito.
Na mesma nota "foi nomeado o Tem Cor Inf Raul Miguel Socorro Folques do IAEM, assessorado pelo Maj Inf António José Raimundo Gama, do CIOE, para orientar o programa." De salientar que o Curso de Comandos era substituído por "Curso de Forças Especiais" e que o Centro de Instrução para ministrar o curso (CIFE) era o CIOE sedeado em Lamego.
Enquanto o CIOE redefinia os cursos de FE e de 01 enquanto se preparava para passar novamente CIOE depois de ter sido EFS desde 1975, o RCmds reagia a tal reestruturação que praticamente anularia o curso de Comandos.
Aliás, desde alguns anos atrás que se vinha sentindo a falta de apoio do EME para com o RCmds e a insistência na reestruturação das chamadas Forças Especiais em substituição do Curso de Comandos e a introdução da instrução sobre operações irregulares, associada à supervisão técnica da instrução por parte da DAI e da dependência da unidade da RML, vinha confirmar a intenção do Exército.
Pretendia-se assim transformar o RCmds numa unidade de Infantaria melhor instruída, com um espírito diferente, aproveitando o dos Comandos, capaz de desempenhar missões de operações especiais, e para missões em condições especiais, deixando ao CIOE a missão de ministrar os respectivos cursos, conforme já referido atrás.
Naturalmente os sucessivos Comandantes do RCmds nunca aceitaram de ânimo leve tal evolução que se arrastou com indefinições desde os conceitos, à dependência de instrução e operacional, de organização e constituição em brigada, batalhão e até companhia, etc., desde 1976 a 26 de Junho de 1986, data em que o CEME, General Firmino Miguel através da sua directiva 02/86 previa a existência duma Brigada de Forças Especiais, a qual, no entanto, somente em 07 Jun88, por despacho do mesmo General seria definitivamente criada.
Mas, até que tal fosse concretizado, os diversos Comandantes do RCmds sempre procuraram manter o espírito e o prestígio do essencial do curso de Comandos, da especialidade e da unidade.
Se não, vejamos: Em 14 de Janeiro de 1983, eu mesmo afirmava em nota 226 "Porque de há cinco anos a esta parte nenhum oficial do OP foi autorizado a frequentar o Curso de Comandos e porque os quatro Tenentes (lnfa Arta) do OP existentes, em 01 de Agosto do corrente ano serão promovidos, deixará de haver subalternos do OP Comandos" ... e mais adiante ..."que o próximo curso de Comandos, possa vir a ser frequentado por três a seis oficiais subalternos e igual número de 2°s. sargentos do OP" ...
Em 26 de Janeiro num extenso memorando relativo à reestruturação das Forças Especiais, solicitado pela 3a. Rep./ EME, eu escrevia no que respeita à integração das Tropas Paraquedistas no Exército com vista à organização de uma unidade de "Pára-Comandos" que tal seria muito difícil devido, principalmente, a dois motivos entre outros: - um político e outro estrutural, entendido este como o apoio que a Força Aérea prestava ao seu Corpo de Tropas Paraquedistas. Entretanto, uma primeira fase deveria ter-se em consideração o desenvolvimento valorativo da instrução "Comando", privilegiando, em especial, o seguinte: "... Paraquedismo (para o efectivo total ou parcia/); Adaptação ao Meio Aquático (natação militar; navegação, mergulho e escafandrismo); Sobrevivência; guerrilha; montanhismo; condução auto; patrulhas de reconhecimento de longo alcance (LRRP) ...".
Ainda, no mesmo ano, e face aos estudos teóricos sobre FE continuados quer pelo RCmds e CIOE, mas, muito em particular pela DAI, IAEM, Regiões Militares do Norte e de Lisboa e pelo EME, o Coronel Inf. Comando Pinho Bandeira desabafava em anotação à margem da nota 1991 de 04Jul1983 sobre a participação do RCriids no Exercício "ORION83". FORÇAS ESPECIAIS _ "conteúdo pretensamente doutriná- rio à EM: não diz nada nem esclarece o assunto. Tudo na mesma".
Entretanto e tudo indicando que as ditas FE seriam compostos por dois Batalhões de FE do RCmds e de um Batalhão de FE a duas Companhias do CIOE, o EME (3a. Rep) nomeou um novo Grupo de Trabalho (GT) para execução do Programa _ Calendário que havia sido proposto pelo anterior GT aprovado pelo General CEME e cuja composição era a seguinte: «: Ten Cor Arta António Albuquerque Gonçalves (SCE) (Che do GT) _ Ten Cor Infa Raul Socorro Folques (lAEM) _ Majlnfa António Raimundo Gama (CIOE) _ MajArta Humberto Ferreira Carapeta (RCmds), e ainda um subalterno e um sargento do RCmds e/ou do CIOE para funções de secretariado."
É interessante verificar que nos documentos de trabalho deste GT se encontram afirmações do Chefe do Grupo, tais como: "... não se vendo razões para que no Exército se deixe a designação de "Comandos", isto devido a verificar-se que só era mencionada a designação de unidades de FE tanto para o RCmds como para o CIOE."
E nas conclusões do trabalho o então Ten Cor Arta Albuquerque Gonçalves em 09Mai83 dizia: "Finalmente, entende-se que a modalidade sugerida não respeita o despacho do General CEME", e mais adiante acrescenta: A encerrar este documento, entendemos dever colocar duas questões adicionais, as quais, pelos seus importantes reflexos na execução do Programa _ FE e designadamente no tema abordado neste documento, se julga necessitarem de definição atempada:
A criação de um Comando Conjunto das Forças Especiais do Exército e definição da sua dependência e competências (aspectos operacionais, de instrução e administrativos), _ Futura designação, dependência e responsabilidade do CIOE, como Unidade de Instrução de Ouadros e com encargo operacional de Forças de Comandos (FE),"
Em nota 2214 de 03Ag083 e em conformidade com o despacho de 26Jul83 do General CEME, viria o General DDO definir o conceito de Forças Especiais como forças basicamente constituídas por unidades de Infantaria Ligeira de preparação e enquadramento superior, selecção cuidada e exigente, com instrução intensa, contínua e especial, enquadramento superior, tal como o seu armamento e equipamento.
Estas unidades estariam "especialmente aptas para efectuar operações em condições especiais" ... e "com capacidade para (com efectivos reduzidos) conduzir operações especiais, como sejam patrulhas de longo raio de acção,"
Acabando por concluir "Nesta ordem de ideias, no conceito de "FORÇAS ESPECIAIS", têm natural cabimento as unidades de "Comandos" existentes, porque o conceito de FE é, como se evidenciou, mais amplo que o que enforma exclusivamente as tropas "Comandos" abrangendo estas e também outras como as tropas "Paraquedistas"."
Pode dizer-se que se preparava a transformação do RCmds em unidade de Infantaria Ligeira com preparação específica ao mesmo tempo que se juntava o CIOE à preparação de forças especiais e se previa a vinda dos paraquedistas para o Exército.
ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS ESPECIAIS PARAQUEDISMO NOS COMANDOS
Em 09Mai84 o General Governador Militar de Lisboa, por sua nota 2670, apressava-se a afirmar que tendo a definição de FE um conceito mais amplo que o conceito das tropas "Comandos", tal implicava modificações na estrutura e alargamento das matérias dos programas de instrução do RCmds.
E ainda que o mesmo regimento que "detém uma experiência rica, adquirida e testada nas campanhas de África", deveria colaborar, sob a égide da DAI, nas alterações técnicas a praticar nos programas de instrução.
Com tais alterações seria impossível manter o tipo de recrutamento e selecção, a instrução, a orgânica e, consequentemente, o espírito da unidade, sendo de pensar na sua extinção a médio prazo, o que acabaria por acontecer, não só por algumas destas, mas também por outras razões, as quais, muitos conhecem.
Entretanto no RCmds continuava a trabalhar-se no sentido de melhorar a especialidade "Comando" com a instrução de patrulhas de longo raio de acção (LRRP) e de paraquedismo. Na nota 3090 do RCmds, datada de 07 Jul84 informa-se a 6a. Rep/EME, o QS / RML e a DAI sobre a tentativa de um curso de paraquedismo civil ministrado por paraquedistas do Pára-Clube Nacional "Os Boinas Verdes" que funcionava na Base Escola de Tropas Pára-Quedistas em Tancos, o qual só durou quatro dias, por motivos óbvios.
Foi ainda feita tentativa semelhante junto do Aero-Clube Universitário de Lisboa, o que também não foi viabilizado embora fosse suportado pelos interessados.
Nesta altura já existiam vinte e cinco militares, treze oficiais e sargentos, com o curso de paraquedismo, com a seguinte distribuição: dezassete com o curso civil tirado no Aero-Clube Universitário de Lisboa, com o curso militar eram cinco brevetados em Espanha, dois no Reino Unido e outros dois na Base Escola de Tropas Paraquedistas (BETP).
Tal era a necessidade e a vontade que os "Comandos" sentiram em ter o curso de paraquedismo militar e, com ele, melhorar a capacidade da unidade que, nesta mesma nota, o então Comandante do RCmds, Coronel de Infantaria Comando Pinho Bandeira propunha:
" (a) - que o Exército solicite à Força Aérea, que anualmente sejam ministrados aos militares "Comandos" e, eventualmente outros, em condições a definir; Cursos de Pára-Quedismo Militar;
(b) - Que seja encarada desde já a criação de um Centro de Treino de Paraquedismo no Exército, para ministrar o treino de Paraquedismo Militar; às Unidades "Comandos" e outras, que de tal careçam. Ousamos admitir que o Exército dispõe neste momento, de meios humanos em quantidade e qualidade suficientes para enquadramento do citado Centro de Treino."
Ainda o mesmo Comandante em 30Jul84 em note 640 propõe: "que se denominasse Brigada de Comandos e não de Forças Especiais" à semelhança do que acontecia com o Corpo de Tropas Paraquedistas (uma Brigada menos) e com a Força de Fuzileiros, terminando por afirmar "Manter-se-ia, assim, a completa e autêntica identidade das Tropas "Comandos", suporte de garantia dos factores qualitativos, aní- micos e psicológicos, componentes essenciais do potencial de combate.
Tais propostas, bem como outras do CIOE, em que se propunha que toda a instrução para as FE bem como grande percentagem de efectivos da Brigada FE fossem daquele Centro, não colheram apoio por parte do EME, como era previsível.
Entretanto, por despacho de 02Ag084 do General CEME foi aprovado o estatuto da Brigada de Forças Especiais (BFE), face ao que se tornou necessário proceder à adaptação da missão do RCmds, bem como à elaboração da lista de possibilidades dos Batalhões de Comandos e Destacamentos de Reconhecimento de Longas Distâncias (conhecidos pela designação americana de LRRP), os quais constituíam encargo operacional do RCmds. Recorda-se que, até a instrução desta capacidade haveria de ser transferida para o CIOE, algum tempo depois.
Durante o estudo para a organização das FE, a DAI em nota 1492/EG de 31Ag084 dizia "Pretende-se uma formação e organização idêntica para todas as Unidades de FE cuja especialidade básica terá de ser sempre a de Infantaria ...". e mais adiante dizia "... nunca foi contrariada a manutenção da designação Comandos e mesmo duma especialidade complementar; como também se admite para as Operações Especiais e o Reconhecimento de Longas Distâncias". Nesta mesma nota a DAI manifesta ainda o seu "total desacordo a possibilidade aberta aos oficiais de outras Armas, que não de Infantaria, comandar subunidades de FE", defendendo ainda a designação única de "Companhia de FE". Assim se conseguiria de uma vez só anular o tipo de instrução e de espírito de corpo apanágio do RCmds, o que, como sabemos, não aconteceu.
Não obstante, até final do ano de 1984 e anos seguintes, o EME (3a. Rep), a DAI e o CIOE continuaram a estudar e a discutir a questão das FE e, fundamentalmente, os programas e locais de instrução a ministrar, os quadros orgânicos, a selecção do pessoal, a questão do paraquedismo, dos cursos de patrulhas de longo raio de acção (LRRP), e, ainda a completa integração do RCmds na Infantaria e na dependência da Região Militar de Lisboa.
A posição do RCmds continuava a ser defendida pelos seus sucessivos Comandantes, destacando-se, por exemplo, o que o Coronel Comando Pinho Bandeira afirmava em nota 902/3/C de 19Set84, sobre alguns assuntos atrás indicados - "Este comando não concorda com o conceito da DAI. Os Comandos sempre se afirmaram por si próprios; sempre encontraram, no seu interior; a força anímica suficiente para ultrapassarem as dificuldades, com disciplina, uma superior noção do Dever Militar e de amor à Pátria."
Fonte: http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
FORÇAS ESPECIAIS, CMDS E CIOE E INSTRUÇÃO "LRRP"
Em 29 de Abril de 1982 a 3a. Repartição do EME (Operações) através da nota 1138/0R/82 vinha propor que os "Comandos" deviam fazer parte de "forças organizadas convencionalmente como unidades de infantaria ligeira que fossem aerotransportáveis 100% em meios aéreos e que possuíssem capacidades para saltar em páraquedas (se possível, com treino de queda livre de grande altitude para reduzir vulnerabilidade). "
Mais adiante na mesma nota admitia-se como viável e conveniente e "numa perspectiva de implementação do sistema para 1990, a afectação à AMF(2)/OTAN de um Batalhão de "Comandos" com capacidade de paraquedagem (Pára-Comandos)". Considerou também, na constituição da reserva daquele sistema, face às suas vulnerabilidades operacionais, da necessidade de preparação de um outro Batalhão "Pára-Comando", admitindo-se como possível "a participação deste 2°. Batalhão, se a situação política o determinar, na força de paz da ONU".
Face a estas intenções o RCmds, que eu comandava na altura, em extensa nota de dezoito páginas com o número 304/ OP/C de 21 de Maio analisa e expõe o seu ponto de vista sobre a "Reestruturação do Exército. Problemática das Forças Especiais", já que as forças relacionadas com o assunto eram o RCmds, as forças de operações especiais e os paraquedistas. Sintetizando, o parecer dos Comandos, começava por dizer que o Exército defendia a existência de dois tipos de Forças Especiais, as dos Comandos ou Pára-Comandos e as de Operações Especiais, quando o RCmds seria suficiente para responder às necessidades.
Por outro lado era preconizada a unificação de Comandos e Paraquedistas, o que parecia difícil e demorado uma vez que não havia ainda conhecimento de diligências junto do Ministério da Defesa nem da Força Aérea para tal junção que deveria ser precedida da passagem dos Paraquedistas para o Exército. Como é sabido tal passagem só se havia de verificar doze anos depois.
Continuam os estudos sobre as Forças Especiais e sua reestruturação, definição e implementação, nos quais intervêm, para além das 3a. Repartição (Operações) e 6a. Repartição (Instrução) do EME, a DAI, a RMN, o RCmds e o CIOE e onde estavam em questão os cursos a ministrar em cada uma das unidades e ainda a organização das unidades de Forças Especiais.
E é assim que pela nota 2883 de 24Nov82 do DOO, Brigadeiro Loureiro dos Santos, era dada orientação para o desenvolvimento das FE, conforme o superiormente aprovado pelo CEME, General Firmino Miguel. Eram então previstas "duas fases para o desenvolvimento do processo: a la. fase até à integração das tropas paraquedistas no Exército e a 2a. fase após a integração das tropas paraquedistas."
Na primeira fase previa-se que existisse em Lamego um Centro de Instrução de FE (CIFE) e um Centro de Instrução de Operações Irregulares (CIOI) e ainda um Batalhão de FE (reduzido) com Comandos e duas Companhias de FE. Na Amadora passava a haver um Regimento de FE a dois Batalhões de FE.
Somente os respectivos encargos operacionais ficavam cativos à ordem do CEME, continuando o RCmds e o CIOE dependentes das respectivas Regiões Militares, participando as Direcções das Armas e dos Serviços nos assuntos do seu âmbito.
Na mesma nota "foi nomeado o Tem Cor Inf Raul Miguel Socorro Folques do IAEM, assessorado pelo Maj Inf António José Raimundo Gama, do CIOE, para orientar o programa." De salientar que o Curso de Comandos era substituído por "Curso de Forças Especiais" e que o Centro de Instrução para ministrar o curso (CIFE) era o CIOE sedeado em Lamego.
Enquanto o CIOE redefinia os cursos de FE e de 01 enquanto se preparava para passar novamente CIOE depois de ter sido EFS desde 1975, o RCmds reagia a tal reestruturação que praticamente anularia o curso de Comandos.
Aliás, desde alguns anos atrás que se vinha sentindo a falta de apoio do EME para com o RCmds e a insistência na reestruturação das chamadas Forças Especiais em substituição do Curso de Comandos e a introdução da instrução sobre operações irregulares, associada à supervisão técnica da instrução por parte da DAI e da dependência da unidade da RML, vinha confirmar a intenção do Exército.
Pretendia-se assim transformar o RCmds numa unidade de Infantaria melhor instruída, com um espírito diferente, aproveitando o dos Comandos, capaz de desempenhar missões de operações especiais, e para missões em condições especiais, deixando ao CIOE a missão de ministrar os respectivos cursos, conforme já referido atrás.
Naturalmente os sucessivos Comandantes do RCmds nunca aceitaram de ânimo leve tal evolução que se arrastou com indefinições desde os conceitos, à dependência de instrução e operacional, de organização e constituição em brigada, batalhão e até companhia, etc., desde 1976 a 26 de Junho de 1986, data em que o CEME, General Firmino Miguel através da sua directiva 02/86 previa a existência duma Brigada de Forças Especiais, a qual, no entanto, somente em 07 Jun88, por despacho do mesmo General seria definitivamente criada.
Mas, até que tal fosse concretizado, os diversos Comandantes do RCmds sempre procuraram manter o espírito e o prestígio do essencial do curso de Comandos, da especialidade e da unidade.
Se não, vejamos: Em 14 de Janeiro de 1983, eu mesmo afirmava em nota 226 "Porque de há cinco anos a esta parte nenhum oficial do OP foi autorizado a frequentar o Curso de Comandos e porque os quatro Tenentes (lnfa Arta) do OP existentes, em 01 de Agosto do corrente ano serão promovidos, deixará de haver subalternos do OP Comandos" ... e mais adiante ..."que o próximo curso de Comandos, possa vir a ser frequentado por três a seis oficiais subalternos e igual número de 2°s. sargentos do OP" ...
Em 26 de Janeiro num extenso memorando relativo à reestruturação das Forças Especiais, solicitado pela 3a. Rep./ EME, eu escrevia no que respeita à integração das Tropas Paraquedistas no Exército com vista à organização de uma unidade de "Pára-Comandos" que tal seria muito difícil devido, principalmente, a dois motivos entre outros: - um político e outro estrutural, entendido este como o apoio que a Força Aérea prestava ao seu Corpo de Tropas Paraquedistas. Entretanto, uma primeira fase deveria ter-se em consideração o desenvolvimento valorativo da instrução "Comando", privilegiando, em especial, o seguinte: "... Paraquedismo (para o efectivo total ou parcia/); Adaptação ao Meio Aquático (natação militar; navegação, mergulho e escafandrismo); Sobrevivência; guerrilha; montanhismo; condução auto; patrulhas de reconhecimento de longo alcance (LRRP) ...".
Ainda, no mesmo ano, e face aos estudos teóricos sobre FE continuados quer pelo RCmds e CIOE, mas, muito em particular pela DAI, IAEM, Regiões Militares do Norte e de Lisboa e pelo EME, o Coronel Inf. Comando Pinho Bandeira desabafava em anotação à margem da nota 1991 de 04Jul1983 sobre a participação do RCriids no Exercício "ORION83". FORÇAS ESPECIAIS _ "conteúdo pretensamente doutriná- rio à EM: não diz nada nem esclarece o assunto. Tudo na mesma".
Entretanto e tudo indicando que as ditas FE seriam compostos por dois Batalhões de FE do RCmds e de um Batalhão de FE a duas Companhias do CIOE, o EME (3a. Rep) nomeou um novo Grupo de Trabalho (GT) para execução do Programa _ Calendário que havia sido proposto pelo anterior GT aprovado pelo General CEME e cuja composição era a seguinte: «: Ten Cor Arta António Albuquerque Gonçalves (SCE) (Che do GT) _ Ten Cor Infa Raul Socorro Folques (lAEM) _ Majlnfa António Raimundo Gama (CIOE) _ MajArta Humberto Ferreira Carapeta (RCmds), e ainda um subalterno e um sargento do RCmds e/ou do CIOE para funções de secretariado."
É interessante verificar que nos documentos de trabalho deste GT se encontram afirmações do Chefe do Grupo, tais como: "... não se vendo razões para que no Exército se deixe a designação de "Comandos", isto devido a verificar-se que só era mencionada a designação de unidades de FE tanto para o RCmds como para o CIOE."
E nas conclusões do trabalho o então Ten Cor Arta Albuquerque Gonçalves em 09Mai83 dizia: "Finalmente, entende-se que a modalidade sugerida não respeita o despacho do General CEME", e mais adiante acrescenta: A encerrar este documento, entendemos dever colocar duas questões adicionais, as quais, pelos seus importantes reflexos na execução do Programa _ FE e designadamente no tema abordado neste documento, se julga necessitarem de definição atempada:
A criação de um Comando Conjunto das Forças Especiais do Exército e definição da sua dependência e competências (aspectos operacionais, de instrução e administrativos), _ Futura designação, dependência e responsabilidade do CIOE, como Unidade de Instrução de Ouadros e com encargo operacional de Forças de Comandos (FE),"
Em nota 2214 de 03Ag083 e em conformidade com o despacho de 26Jul83 do General CEME, viria o General DDO definir o conceito de Forças Especiais como forças basicamente constituídas por unidades de Infantaria Ligeira de preparação e enquadramento superior, selecção cuidada e exigente, com instrução intensa, contínua e especial, enquadramento superior, tal como o seu armamento e equipamento.
Estas unidades estariam "especialmente aptas para efectuar operações em condições especiais" ... e "com capacidade para (com efectivos reduzidos) conduzir operações especiais, como sejam patrulhas de longo raio de acção,"
Acabando por concluir "Nesta ordem de ideias, no conceito de "FORÇAS ESPECIAIS", têm natural cabimento as unidades de "Comandos" existentes, porque o conceito de FE é, como se evidenciou, mais amplo que o que enforma exclusivamente as tropas "Comandos" abrangendo estas e também outras como as tropas "Paraquedistas"."
Pode dizer-se que se preparava a transformação do RCmds em unidade de Infantaria Ligeira com preparação específica ao mesmo tempo que se juntava o CIOE à preparação de forças especiais e se previa a vinda dos paraquedistas para o Exército.
ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS ESPECIAIS PARAQUEDISMO NOS COMANDOS
Em 09Mai84 o General Governador Militar de Lisboa, por sua nota 2670, apressava-se a afirmar que tendo a definição de FE um conceito mais amplo que o conceito das tropas "Comandos", tal implicava modificações na estrutura e alargamento das matérias dos programas de instrução do RCmds.
E ainda que o mesmo regimento que "detém uma experiência rica, adquirida e testada nas campanhas de África", deveria colaborar, sob a égide da DAI, nas alterações técnicas a praticar nos programas de instrução.
Com tais alterações seria impossível manter o tipo de recrutamento e selecção, a instrução, a orgânica e, consequentemente, o espírito da unidade, sendo de pensar na sua extinção a médio prazo, o que acabaria por acontecer, não só por algumas destas, mas também por outras razões, as quais, muitos conhecem.
Entretanto no RCmds continuava a trabalhar-se no sentido de melhorar a especialidade "Comando" com a instrução de patrulhas de longo raio de acção (LRRP) e de paraquedismo. Na nota 3090 do RCmds, datada de 07 Jul84 informa-se a 6a. Rep/EME, o QS / RML e a DAI sobre a tentativa de um curso de paraquedismo civil ministrado por paraquedistas do Pára-Clube Nacional "Os Boinas Verdes" que funcionava na Base Escola de Tropas Pára-Quedistas em Tancos, o qual só durou quatro dias, por motivos óbvios.
Foi ainda feita tentativa semelhante junto do Aero-Clube Universitário de Lisboa, o que também não foi viabilizado embora fosse suportado pelos interessados.
Nesta altura já existiam vinte e cinco militares, treze oficiais e sargentos, com o curso de paraquedismo, com a seguinte distribuição: dezassete com o curso civil tirado no Aero-Clube Universitário de Lisboa, com o curso militar eram cinco brevetados em Espanha, dois no Reino Unido e outros dois na Base Escola de Tropas Paraquedistas (BETP).
Tal era a necessidade e a vontade que os "Comandos" sentiram em ter o curso de paraquedismo militar e, com ele, melhorar a capacidade da unidade que, nesta mesma nota, o então Comandante do RCmds, Coronel de Infantaria Comando Pinho Bandeira propunha:
" (a) - que o Exército solicite à Força Aérea, que anualmente sejam ministrados aos militares "Comandos" e, eventualmente outros, em condições a definir; Cursos de Pára-Quedismo Militar;
(b) - Que seja encarada desde já a criação de um Centro de Treino de Paraquedismo no Exército, para ministrar o treino de Paraquedismo Militar; às Unidades "Comandos" e outras, que de tal careçam. Ousamos admitir que o Exército dispõe neste momento, de meios humanos em quantidade e qualidade suficientes para enquadramento do citado Centro de Treino."
Ainda o mesmo Comandante em 30Jul84 em note 640 propõe: "que se denominasse Brigada de Comandos e não de Forças Especiais" à semelhança do que acontecia com o Corpo de Tropas Paraquedistas (uma Brigada menos) e com a Força de Fuzileiros, terminando por afirmar "Manter-se-ia, assim, a completa e autêntica identidade das Tropas "Comandos", suporte de garantia dos factores qualitativos, aní- micos e psicológicos, componentes essenciais do potencial de combate.
Tais propostas, bem como outras do CIOE, em que se propunha que toda a instrução para as FE bem como grande percentagem de efectivos da Brigada FE fossem daquele Centro, não colheram apoio por parte do EME, como era previsível.
Entretanto, por despacho de 02Ag084 do General CEME foi aprovado o estatuto da Brigada de Forças Especiais (BFE), face ao que se tornou necessário proceder à adaptação da missão do RCmds, bem como à elaboração da lista de possibilidades dos Batalhões de Comandos e Destacamentos de Reconhecimento de Longas Distâncias (conhecidos pela designação americana de LRRP), os quais constituíam encargo operacional do RCmds. Recorda-se que, até a instrução desta capacidade haveria de ser transferida para o CIOE, algum tempo depois.
Durante o estudo para a organização das FE, a DAI em nota 1492/EG de 31Ag084 dizia "Pretende-se uma formação e organização idêntica para todas as Unidades de FE cuja especialidade básica terá de ser sempre a de Infantaria ...". e mais adiante dizia "... nunca foi contrariada a manutenção da designação Comandos e mesmo duma especialidade complementar; como também se admite para as Operações Especiais e o Reconhecimento de Longas Distâncias". Nesta mesma nota a DAI manifesta ainda o seu "total desacordo a possibilidade aberta aos oficiais de outras Armas, que não de Infantaria, comandar subunidades de FE", defendendo ainda a designação única de "Companhia de FE". Assim se conseguiria de uma vez só anular o tipo de instrução e de espírito de corpo apanágio do RCmds, o que, como sabemos, não aconteceu.
Não obstante, até final do ano de 1984 e anos seguintes, o EME (3a. Rep), a DAI e o CIOE continuaram a estudar e a discutir a questão das FE e, fundamentalmente, os programas e locais de instrução a ministrar, os quadros orgânicos, a selecção do pessoal, a questão do paraquedismo, dos cursos de patrulhas de longo raio de acção (LRRP), e, ainda a completa integração do RCmds na Infantaria e na dependência da Região Militar de Lisboa.
A posição do RCmds continuava a ser defendida pelos seus sucessivos Comandantes, destacando-se, por exemplo, o que o Coronel Comando Pinho Bandeira afirmava em nota 902/3/C de 19Set84, sobre alguns assuntos atrás indicados - "Este comando não concorda com o conceito da DAI. Os Comandos sempre se afirmaram por si próprios; sempre encontraram, no seu interior; a força anímica suficiente para ultrapassarem as dificuldades, com disciplina, uma superior noção do Dever Militar e de amor à Pátria."
Fonte: http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Realizou-se na passada semana, no Regimento de Comandos, uma demonstração da Viatura Polaris MRZR4. O representante da Polaris Defense em Portugal é a empresa CorpDefense, que vê esta viatura como uma referência em operações todo o terreno. Estiveram presentes entidades que vão desde unidades militares, até à protecção civil.
Fonte: The Way of the Warriors
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
NOVO RUMO PARA OS COMANDOS BRIGADA DAS FORÇAS ESPECIAIS
Na directiva 2/86de 26Jun86,já atrás referida, o General CEME toma posição, entre outros problemas relacionados com a operacionalidade do Exército, sobre a criação de uma Brigada de Forças Especiais e a situação do Regimento de Comandos. Aparentemente, em complemento da mesma directiva e face à situação vivida no chamado Centro de Instrução de Comandos de Santa Margarida - ainda a alguns acidentes surgidos durante a instrução, o mesmo General CEME, Firmino Miguel difunde o despacho 54/88, no dia seguinte ao da directiva, em 27 de Junho, subordinada ao assunto "Forças "Comando". Alterações a instrução da especialidade "Comando" e a sua incorporação. "
Tal despacho determinava a constituição de um novo grupo de trabalho, esse já o terceiro sobre o assunto, que deveria integrar "médicos, psicólogos, sociólogos e especialistas "Comando" com formação adquirida em forças similares de Exércitos aliados, com a finalidade de adaptar a instrução "Comando" às suas novas missões."
Determinava ainda que a instrução fosse suspensa até à incorporação do 1°. Turno de 1989, tanto para o Curso geral de milicianos como para praças do contingente geral e que fosse extinto o Centro de Instrução de Comandos de Santa Margarida, passando a instrução a ser "ministrada com base no Regimento de Comandos e o voluntariado ser expressamente declarado durante as operações de classificação e selecção."
A Direcção técnica da instrução passa a constituir responsabilidade da DAI que orienta, fiscaliza e toma todas as medidas relativas à instrução conforme normas e directivas do Departamento de Instrução do EME.
Terminando este despacho era determinado que "cerca de duas dezenas de jovens oficias e sargentos dos Quadros Permanentes do Exército frequentem um curso de instrutores "Comando", de modo a assegurar a partir de 1989 o principal enquadramento dos futuros cursos "Comandos"", curso este que seria também frequentado pelos quadros dos PALOPs que estava previsto frequentarem o 90°. Curso de Comandos.
Se este despacho tivesse sido cumprido na íntegra, os Comandos, tal como os conhecemos hoje, tinham acabado pouco tempo depois. Acabariam por ser uma unidade de Infantaria, talvez de melhor qualidade, o que, a meu ver, seria um erro para a própria arma, face à divisão que, certamente, criaria e os Comandos não continuariam a ser uma Força Especial.
Entre 1986 e 1988 o Regimento de Comandos continuou a instruir oficiais, sargentos e praças e a dispor de dois Batalhões de Comandos o 11e o 12 a três companhias, uma Companhia de Apoio de Combate montada em viaturas e um Pelotão de Transmissões, para além de um Batalhão de Comando e Serviços, com a ideia de ser o embrião de uma Brigada de Comandos, o que não aconteceu em virtude da direcção que os acontecimentos vinham tomando e que apontavam para a constituição de uma Brigada de Forças Especiais (BFE) que acabou por ser alcunhada da "brigada da fé".
O assunto FE e a sua relação com o RCmds e o CIOE continua ao longo de vários anos, sendo que, embora a criação da Brigada FE fosse prevista na Directiva 2/86 de 26Jun86 do CEME, ela só se tornou efectiva pelo despacho nO. 88 de 07Nov88, que revogou aquela directiva e onde além de criar uma Brigada de Forças Especiais e de definir a sua constituição, missão e dependência, indica também quais as missões e dependências do Regimento de Comandos.
No que respeita à constituição da Brigada salienta-se que das suas unidades de manobra faziam parte dois Batalhões de "Comandos" ou de Infantaria, prevendo-se ainda" outras Unidades a atribuir em quantidade e tipo que o cumprimento da missão específica exija, nomeadamente uma unidade de "operações especiais", equivalente ao escalão companhia, do CIOE."
Destaca-se da sua missão que as suas unidades deveriam ter vocação para "a intervenção rápida", a execução de "operações em condições especiais", "operações aeromóveis" operações com elevado grande risco e/ou grande capacidade de sacrifício e para o empenhamento em conflitos de baixa intensidade.
No que respeita ao Regimento de Comandos a directiva começa por recordar que nos exércitos modernos devem existir e ser empenhadas tropas de elite que se caracterizem por: ser animadas de alto espírito de sacrifício; dispor de elevado espírito de corpo e de grande coesão; dispor d grande espírito de disciplina e auto-disciplina e de grande auto-confiança; ver desenvolvido o seu espírito de equipa e de entre-ajuda, como requisitos fundamentais e aglutinadores no êxito e na adversidade.
Sendo evidente que os Comandos se reviam nestas características elas tinham a finalidade de o General CEME poder definir, mais adiante: O REGIMENTO DE COMANDOS é assim a unidade territorial com vocação para formar o pessoal que: maioritariamente (em termos de unidades de manobra), deverá integrar a BRIGADA DE FORÇAS ESPECIAIS. Para isso os militares "Comandos" deveriam ser preparados para: o desempenho de missões em condições de grande dureza e espírito de sacrifício considerando não só o aspecto do inimigo, mas também tendo por base condições adversas de terreno e meteorológico; o seu emprego em conflitos de baixa intensidade; o eventual cumprimento de "operações especiais", designadamente "patrulhas de longo raio de acção".
Ao RCmds eram então cometidas as seguintes missões principais:
- Incorporar em regime de voluntariado, instruir e mobilizar os Oficiais, Sargentos e Praças "Comandos";
- Apronta e mantém com elevado grau de prontidão e de disponibilidade, sub-unidades "Comandos"; Prepara e mantém sub-unidades para a BFE e para outros comandos, designadamente para os Agrupamentos de Defesa Territorial da Madeira e dos Açores;
- em prejuízo das missões anteriores, colabora nas acções contra os efeitos de catástrofe ou calamidades públicas, ou ainda para a satisfação das necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida das populações.
Ainda segundo a directiva em análise "O Regimento de Comandos é uma unidade territorial sob o comando do General Comandante da Região Militar de Lisboa". Relativamente às' responsabilidades de direcção técnica da instrução, a mesma passava a competir à RML, relativamente à instrução bá- sica, enquanto a instrução de especialidades incluindo a de "Comandos", passa a competir à DAI para oficiais, sargentos e praças tanto para o contingente geral, como para quadros de complemento e quadros permanentes. A BFE seria a responsável pela instrução colectiva (treino) dos encargos operacionais. "
Ao RCmds não deveriam ser atribuídas quaisquer outras responsabilidades de instrução que não os inerentes à especialidade de "Comando", que assim ficava reduzido a esta única, se bem que importante, competência, além do comando completo do "encargos operacionais", os quais revertiam para a BFE para efeito de exercícios.
Ficava assim o RCmds na mesma situação de qualquer outro regimento de infantaria, perdendo ainda toda a técnica de formação do seu pessoal e das suas subunidades e, ainda, o que era mais grave, a da superior responsabilidade da instrução da especialidade "Comando". Apesar do conteúdo desta directiva o RCmds conseguiu manter o espírito que o caracterizava e concluir a instrução de molde a satisfazer o pretendido no aspecto da preparação para o desempenho em missões de guerra convencional, sem descurar o curso de comandos, adaptado às novas circunstâncias, mas sem a intervenção da DAI.
Fonte: http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
Na directiva 2/86de 26Jun86,já atrás referida, o General CEME toma posição, entre outros problemas relacionados com a operacionalidade do Exército, sobre a criação de uma Brigada de Forças Especiais e a situação do Regimento de Comandos. Aparentemente, em complemento da mesma directiva e face à situação vivida no chamado Centro de Instrução de Comandos de Santa Margarida - ainda a alguns acidentes surgidos durante a instrução, o mesmo General CEME, Firmino Miguel difunde o despacho 54/88, no dia seguinte ao da directiva, em 27 de Junho, subordinada ao assunto "Forças "Comando". Alterações a instrução da especialidade "Comando" e a sua incorporação. "
Tal despacho determinava a constituição de um novo grupo de trabalho, esse já o terceiro sobre o assunto, que deveria integrar "médicos, psicólogos, sociólogos e especialistas "Comando" com formação adquirida em forças similares de Exércitos aliados, com a finalidade de adaptar a instrução "Comando" às suas novas missões."
Determinava ainda que a instrução fosse suspensa até à incorporação do 1°. Turno de 1989, tanto para o Curso geral de milicianos como para praças do contingente geral e que fosse extinto o Centro de Instrução de Comandos de Santa Margarida, passando a instrução a ser "ministrada com base no Regimento de Comandos e o voluntariado ser expressamente declarado durante as operações de classificação e selecção."
A Direcção técnica da instrução passa a constituir responsabilidade da DAI que orienta, fiscaliza e toma todas as medidas relativas à instrução conforme normas e directivas do Departamento de Instrução do EME.
Terminando este despacho era determinado que "cerca de duas dezenas de jovens oficias e sargentos dos Quadros Permanentes do Exército frequentem um curso de instrutores "Comando", de modo a assegurar a partir de 1989 o principal enquadramento dos futuros cursos "Comandos"", curso este que seria também frequentado pelos quadros dos PALOPs que estava previsto frequentarem o 90°. Curso de Comandos.
Se este despacho tivesse sido cumprido na íntegra, os Comandos, tal como os conhecemos hoje, tinham acabado pouco tempo depois. Acabariam por ser uma unidade de Infantaria, talvez de melhor qualidade, o que, a meu ver, seria um erro para a própria arma, face à divisão que, certamente, criaria e os Comandos não continuariam a ser uma Força Especial.
Entre 1986 e 1988 o Regimento de Comandos continuou a instruir oficiais, sargentos e praças e a dispor de dois Batalhões de Comandos o 11e o 12 a três companhias, uma Companhia de Apoio de Combate montada em viaturas e um Pelotão de Transmissões, para além de um Batalhão de Comando e Serviços, com a ideia de ser o embrião de uma Brigada de Comandos, o que não aconteceu em virtude da direcção que os acontecimentos vinham tomando e que apontavam para a constituição de uma Brigada de Forças Especiais (BFE) que acabou por ser alcunhada da "brigada da fé".
O assunto FE e a sua relação com o RCmds e o CIOE continua ao longo de vários anos, sendo que, embora a criação da Brigada FE fosse prevista na Directiva 2/86 de 26Jun86 do CEME, ela só se tornou efectiva pelo despacho nO. 88 de 07Nov88, que revogou aquela directiva e onde além de criar uma Brigada de Forças Especiais e de definir a sua constituição, missão e dependência, indica também quais as missões e dependências do Regimento de Comandos.
No que respeita à constituição da Brigada salienta-se que das suas unidades de manobra faziam parte dois Batalhões de "Comandos" ou de Infantaria, prevendo-se ainda" outras Unidades a atribuir em quantidade e tipo que o cumprimento da missão específica exija, nomeadamente uma unidade de "operações especiais", equivalente ao escalão companhia, do CIOE."
Destaca-se da sua missão que as suas unidades deveriam ter vocação para "a intervenção rápida", a execução de "operações em condições especiais", "operações aeromóveis" operações com elevado grande risco e/ou grande capacidade de sacrifício e para o empenhamento em conflitos de baixa intensidade.
No que respeita ao Regimento de Comandos a directiva começa por recordar que nos exércitos modernos devem existir e ser empenhadas tropas de elite que se caracterizem por: ser animadas de alto espírito de sacrifício; dispor de elevado espírito de corpo e de grande coesão; dispor d grande espírito de disciplina e auto-disciplina e de grande auto-confiança; ver desenvolvido o seu espírito de equipa e de entre-ajuda, como requisitos fundamentais e aglutinadores no êxito e na adversidade.
Sendo evidente que os Comandos se reviam nestas características elas tinham a finalidade de o General CEME poder definir, mais adiante: O REGIMENTO DE COMANDOS é assim a unidade territorial com vocação para formar o pessoal que: maioritariamente (em termos de unidades de manobra), deverá integrar a BRIGADA DE FORÇAS ESPECIAIS. Para isso os militares "Comandos" deveriam ser preparados para: o desempenho de missões em condições de grande dureza e espírito de sacrifício considerando não só o aspecto do inimigo, mas também tendo por base condições adversas de terreno e meteorológico; o seu emprego em conflitos de baixa intensidade; o eventual cumprimento de "operações especiais", designadamente "patrulhas de longo raio de acção".
Ao RCmds eram então cometidas as seguintes missões principais:
- Incorporar em regime de voluntariado, instruir e mobilizar os Oficiais, Sargentos e Praças "Comandos";
- Apronta e mantém com elevado grau de prontidão e de disponibilidade, sub-unidades "Comandos"; Prepara e mantém sub-unidades para a BFE e para outros comandos, designadamente para os Agrupamentos de Defesa Territorial da Madeira e dos Açores;
- em prejuízo das missões anteriores, colabora nas acções contra os efeitos de catástrofe ou calamidades públicas, ou ainda para a satisfação das necessidades básicas e melhoria da qualidade de vida das populações.
Ainda segundo a directiva em análise "O Regimento de Comandos é uma unidade territorial sob o comando do General Comandante da Região Militar de Lisboa". Relativamente às' responsabilidades de direcção técnica da instrução, a mesma passava a competir à RML, relativamente à instrução bá- sica, enquanto a instrução de especialidades incluindo a de "Comandos", passa a competir à DAI para oficiais, sargentos e praças tanto para o contingente geral, como para quadros de complemento e quadros permanentes. A BFE seria a responsável pela instrução colectiva (treino) dos encargos operacionais. "
Ao RCmds não deveriam ser atribuídas quaisquer outras responsabilidades de instrução que não os inerentes à especialidade de "Comando", que assim ficava reduzido a esta única, se bem que importante, competência, além do comando completo do "encargos operacionais", os quais revertiam para a BFE para efeito de exercícios.
Ficava assim o RCmds na mesma situação de qualquer outro regimento de infantaria, perdendo ainda toda a técnica de formação do seu pessoal e das suas subunidades e, ainda, o que era mais grave, a da superior responsabilidade da instrução da especialidade "Comando". Apesar do conteúdo desta directiva o RCmds conseguiu manter o espírito que o caracterizava e concluir a instrução de molde a satisfazer o pretendido no aspecto da preparação para o desempenho em missões de guerra convencional, sem descurar o curso de comandos, adaptado às novas circunstâncias, mas sem a intervenção da DAI.
Fonte: http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
CURSO DE COMANDOS NO CIOE
Face a tal situação e no âmbito da reorganização das especialidades do Exército, o CEME, por seu despacho de 2 de Setembro de 1994, tomou a decisão de manter a disponibilidade de oficiais e sargentos do OP com a especialidade Comandos, dando orientação para que fossem ministrados no CIOE cursos de Comandos destinados a oficiais e sargentos do QP.
Continuando esta intenção, por seu despacho 186/96 de 22 de Julho, o CEME atendendo: à disponibilidade dos oficiais e sargentos Comandos; à necessidade de preservar o valioso passado histórico das Unidades Comandos; à vantagem em manter, num conceito actualizado, os conhecimentos, experiência e tradições das tropas de Comandos; a urgência em satisfazer compromissos externos para a instrução e formação de Unidades no quadro da cooperação técnico-militar com os PALOP, que solicitavam expressamente militares Comandos face à grande eficácia operacional alcançada durante as campanhas em África de 61 a 74; à vantagem de garantir as futuras necessidades operacionais do Exército, tornando possível, no futuro, a constituição de Unidades de "Comandos", com base nos quadros formados; decidiu que a partir do início de 1996, o CIOE ministrava anualmente um Curso de Comandos destinado a oficiais e sargentos do OP.
Estes deveriam ser organizados por forma a garantir uma instrução com o "estilo e características" dos antigos Cursos de Comandos, assente numa instrução de cariz essencialmente prático e de grande rigor, especialmente na preparação em Técnica de Combate, Tiro, Treino Físico, Educação Moral, Cívica e Militar e Sobrevivência, acompanhada por forte preparação psicológica e utilizando métodos favorecedores da coesão e espírito de corpo e, ainda, cumprir todas as normas de segurança da instrução.
Este curso, que foi o 99°. Curso de Comandos realizando-se de 2 de Setembro a 22 de Novembro de 1996, tendo-se iniciado com 16 oficiais, 12 sargentos e 5 militares dos Palops, dos quais quiseram e conseguiram ser Comandos 11oficiais, 6 sargentos e 1 Sub-Tenente das Forças Armadas de Angola.
Ainda foi tentado um segundo curso, para o qual se ofereceram menos que uma dezena de oficiais e sargentos pelo que foi cancelado.
O principal motivo do insucesso da realização destes cursos, residia na ausência de unidades "Comandos", já que findo o curso, cada elemento regressava à sua unidade e portanto não poderia cumprir-se um dos objectivos previstos que seria fomentar a coesão e espírito de corpo.
Este curso que foi levado a cabo para calar as muitas vozes que se erguiam contra a extinção do RCmds e o terminar dos cursos, mas não da especialidade que se manteve e mantém até hoje, estava condenado ao fracasso.
NOVA UNIDADE DE COMANDOS
Passados que foram cerca de sete anos após a extinção do Regimento e com ele a paragem nos cursos de "Comandos", não paravam as pressões sobre as chefias das Forças Armadas, mais directamente relacionadas com o assunto, exercida não só por Comandos dos mais antigos, como dos Comandos com altas patentes ainda no serviço activo, onde é justo destacar o, então, Major-General Abrantes dos Santos, e ainda por civis, antigos Comandos e pela Direcção da Associação de Comandos.
Até que em 10 de Março de 2000 o CEMGFA, General Espí- rito Santo, consulta os Chefes do Estado-Maior dos Ramos, em Conselho de Chefes, sobre a sua intenção de "criar 1Batalhão de Comandos, no âmbito da BLI e com sede a propor pelo General CEME."
Baseava-se tal intenção e futura decisão nas seguintes razões, entre outras:
- Assistir-se, na prática a uma diminuição progressiva e a curto prazo total dos vários elementos "Comandos" transferidos para a BAI;
- Sentir-se a necessidade de elementos para a Cooperação Técnico-Militar com os PALOP, uma vez que estes países solicitavam preferencialmente "Comandos" portugueses para ministrar treino às suas forças especiais terrestres;
Este Batalhão de Comandos destinava-se a actuar "em Operações de Apoio à Paz e Humanitárias, não só nos actuais teatros de operações, mas também em África, onde as Tropas "Comandos" têm especial aptidão para intervir."
E, era pretendido que, com a sua criação, fossem atingidos dois objectivos fundamentais:
- "Melhorar a capacidade operacional terrestre do sistema de Forças Nacional, passando a dispor de uma unidade especial que melhor garanta o cumprimento das missões das Forças Armadas, especialmente as do Teatro de Operações Africano.
- Constituir um potencial e adicional incentivo para adesão de pessoal RV/RC (Regime de Voluntariado/Regime de contrato). "
Na sequência desta ideia, havia de ser, quase dois anos depois, o CEME General Silva Viegas que na sua Directiva nO. 263 de 19 de Dezembro de 2001, "para o aprofundamento do processo de reorganização do Exército", pretendia entre outros e importantes objectivos: - "Atribuir prioridade de recursos e de modernização às forças ligeiras que, pelas suas características e face aos cenários mais prováveis de actuação, permitem prazos de reacção mais reduzido e apresentam menores exigências de transporte e mobilidade estratégica e aumentar o peso relativo das Forças Especiais." Mais adiante na mesma Directiva o General CEME dava orientações gerais ao Exército, onde no âmbito da componente operacional pode ler-se: "Levantar um Batalhão de Comandos a 2 Companhias" e mais adiante no âmbito do dispositivo dava a orientação "Localizar o Batalhão de Comandos na Serra da Carregueira (RI 1)."
Curiosamente, uma vez mais os Comandos iriam ocupar um aquartelamento onde se encontrava o Regimento de Infantaria 1.
Conforme determinado na directiva ';4. direcção e coordenação de todos os estudos ficam a cargo do Tenente-General VCEME". E assim sendo, por seu despacho 06!VCEME/02 de 05 de Fevereiro é constituído um Grupo de Trabalho chefiado pelo Tenente-Coronel Inf "Cmd" Paulino Serronha e ao qual foi dado cerca de um mês para "listar todas as acções a desenvolver com a finalidade de se proceder ao levantamento de uma Unidade de Comandos de acordo com a Directiva 263 atrás referida". Tais acções consistiam em:
- Redefinir o conceito de emprego da unidade e suas missões tipo; elaborar os quadros orgânicos de pessoal e material; estimar os efectivos necessários, por categorias e posto e respectivas implicações financeiras; desenvolver os objectivos gerais de instrução; definir os dispositivos da instrução e definir o calendário das acções de recrutamento e formação.
Tratava-se pois de levantar uma unidade e a instrução necessária para uma especialidade - a de Comandos - de raiz, o que poderia conduzir a resultados muito estranhos, não fora o excelente trabalho levado a cabo pelo Grupo de Trabalho, baseado no histórico das unidades e nos conhecimentos quer de formação, quer do conteúdo da especialidade. O trabalho do estado maior desenvolveu-se a bom ritmo, dentro dos prazos previstos, o que permitiu ao Tenente-GeneraIVCEME por seu despacho n>. 11!VCEME/02 de 16 de Abril determinar a criação de um Núcleo de Activação da Unidade de Comandos (NAUC), cujas tarefas, numa primeira fase foram:
- Recrutamento: Planeamento da EPQ (Escola Preparatória de Quadros) e do Curso de Comandos; planeamento, requisição e recepção de materiais e levantamento das fichas de instrução. Este Núcleo constituído pelos Maj Inf Santos Ramos, Maj Inf Pipa de Amorim, Maj QTS Cmd Ribeiro de Moura, Cap Inf Martins Ruivo, Cap Inf Paulo Lourenço, Cap Inf Silveiro Castanho, Sarg Mor Inf Magalhães, Sarg Chefe Eng Adolfo Frade, Sarg Chefe Inf Ferreira Ramos, Sarg Aj Inf Barroso Gomes, Sarg Aj Inf Gouveia Gomes, Sarg Aj Inf Pinto Pereira, Sarg Aj Inf Madureira Oliveira elo. Sarg Aman Calheiros Pereira, teve que realizar os trabalhos referentes ao levantamento da unidade de Comandos e "particularmente no atinente à realização do 100°. Curso de Comandos" actuando na dependência do COFT, comandado pelo TGen Abrantes dos Santos e em estreita ligação com o Governo Militar de lisboa e Comando do Rll, onde a futura Unidade de Comandos se iria instalar. Este despacho pressupunha ainda que a generalidade do pessoal do NAUC, atrás indicado, poderia via a fazer parte integrante do Ouadro Orgânico de Pessoal da Unidade.
Com o decorrer dos trabalhos alguns elementos foram substituídos e muitos outros aumentados ao efectivo do NAUC que a pouco e pouco se ia transformando no embrião do futuro Batalhão.
Pouco tempo, no entanto, o Batalhão de Comandos a 2 Companhias se manteve no antigo quartel do Rll, na Carregueira. Pois, o CEME, Gen Pinto Ramalho por seu Despacho 191/ CEME/06 de 01 de Julho torna efectiva a criação, do Centro de Tropas Comandos (CTC), em Mafra, no âmbito da transformação do Exército e no seguimento do despacho nO. 12.555/2006 (2a. Série) de 24 de Maio do Ministro da Defesa Nacional. Mais tarde em 14 de Dezembro o General CEME no seu Despacho 294/2006 determinava que: "Seja institucionalizado o Centro de Tropas Comandos como herdeiro das tradições militares e do património histórico do extinto Regimento de Comandos".
O CTC haveria de voltar ao quartel da Carregueira, onde se encontra actualmente, tendo terminado a 21 de Dezembro de 2011 O 118°. Curso de Comandos.
Assim os Comandos quarenta e quatro anos depois dos primeiros cursos de Angola iniciaram uma nova etapa da sua vida, continuando a demonstrar "o carácter, a lealdade, a fidelidade, a obediência e a determinação", "removendo todos os obstáculos sem conhecer embaraços ou resistências à sua integral execução", duma só missão: a existência de uma unidade de Comandos no Exército.
http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
Face a tal situação e no âmbito da reorganização das especialidades do Exército, o CEME, por seu despacho de 2 de Setembro de 1994, tomou a decisão de manter a disponibilidade de oficiais e sargentos do OP com a especialidade Comandos, dando orientação para que fossem ministrados no CIOE cursos de Comandos destinados a oficiais e sargentos do QP.
Continuando esta intenção, por seu despacho 186/96 de 22 de Julho, o CEME atendendo: à disponibilidade dos oficiais e sargentos Comandos; à necessidade de preservar o valioso passado histórico das Unidades Comandos; à vantagem em manter, num conceito actualizado, os conhecimentos, experiência e tradições das tropas de Comandos; a urgência em satisfazer compromissos externos para a instrução e formação de Unidades no quadro da cooperação técnico-militar com os PALOP, que solicitavam expressamente militares Comandos face à grande eficácia operacional alcançada durante as campanhas em África de 61 a 74; à vantagem de garantir as futuras necessidades operacionais do Exército, tornando possível, no futuro, a constituição de Unidades de "Comandos", com base nos quadros formados; decidiu que a partir do início de 1996, o CIOE ministrava anualmente um Curso de Comandos destinado a oficiais e sargentos do OP.
Estes deveriam ser organizados por forma a garantir uma instrução com o "estilo e características" dos antigos Cursos de Comandos, assente numa instrução de cariz essencialmente prático e de grande rigor, especialmente na preparação em Técnica de Combate, Tiro, Treino Físico, Educação Moral, Cívica e Militar e Sobrevivência, acompanhada por forte preparação psicológica e utilizando métodos favorecedores da coesão e espírito de corpo e, ainda, cumprir todas as normas de segurança da instrução.
Este curso, que foi o 99°. Curso de Comandos realizando-se de 2 de Setembro a 22 de Novembro de 1996, tendo-se iniciado com 16 oficiais, 12 sargentos e 5 militares dos Palops, dos quais quiseram e conseguiram ser Comandos 11oficiais, 6 sargentos e 1 Sub-Tenente das Forças Armadas de Angola.
Ainda foi tentado um segundo curso, para o qual se ofereceram menos que uma dezena de oficiais e sargentos pelo que foi cancelado.
O principal motivo do insucesso da realização destes cursos, residia na ausência de unidades "Comandos", já que findo o curso, cada elemento regressava à sua unidade e portanto não poderia cumprir-se um dos objectivos previstos que seria fomentar a coesão e espírito de corpo.
Este curso que foi levado a cabo para calar as muitas vozes que se erguiam contra a extinção do RCmds e o terminar dos cursos, mas não da especialidade que se manteve e mantém até hoje, estava condenado ao fracasso.
NOVA UNIDADE DE COMANDOS
Passados que foram cerca de sete anos após a extinção do Regimento e com ele a paragem nos cursos de "Comandos", não paravam as pressões sobre as chefias das Forças Armadas, mais directamente relacionadas com o assunto, exercida não só por Comandos dos mais antigos, como dos Comandos com altas patentes ainda no serviço activo, onde é justo destacar o, então, Major-General Abrantes dos Santos, e ainda por civis, antigos Comandos e pela Direcção da Associação de Comandos.
Até que em 10 de Março de 2000 o CEMGFA, General Espí- rito Santo, consulta os Chefes do Estado-Maior dos Ramos, em Conselho de Chefes, sobre a sua intenção de "criar 1Batalhão de Comandos, no âmbito da BLI e com sede a propor pelo General CEME."
Baseava-se tal intenção e futura decisão nas seguintes razões, entre outras:
- Assistir-se, na prática a uma diminuição progressiva e a curto prazo total dos vários elementos "Comandos" transferidos para a BAI;
- Sentir-se a necessidade de elementos para a Cooperação Técnico-Militar com os PALOP, uma vez que estes países solicitavam preferencialmente "Comandos" portugueses para ministrar treino às suas forças especiais terrestres;
Este Batalhão de Comandos destinava-se a actuar "em Operações de Apoio à Paz e Humanitárias, não só nos actuais teatros de operações, mas também em África, onde as Tropas "Comandos" têm especial aptidão para intervir."
E, era pretendido que, com a sua criação, fossem atingidos dois objectivos fundamentais:
- "Melhorar a capacidade operacional terrestre do sistema de Forças Nacional, passando a dispor de uma unidade especial que melhor garanta o cumprimento das missões das Forças Armadas, especialmente as do Teatro de Operações Africano.
- Constituir um potencial e adicional incentivo para adesão de pessoal RV/RC (Regime de Voluntariado/Regime de contrato). "
Na sequência desta ideia, havia de ser, quase dois anos depois, o CEME General Silva Viegas que na sua Directiva nO. 263 de 19 de Dezembro de 2001, "para o aprofundamento do processo de reorganização do Exército", pretendia entre outros e importantes objectivos: - "Atribuir prioridade de recursos e de modernização às forças ligeiras que, pelas suas características e face aos cenários mais prováveis de actuação, permitem prazos de reacção mais reduzido e apresentam menores exigências de transporte e mobilidade estratégica e aumentar o peso relativo das Forças Especiais." Mais adiante na mesma Directiva o General CEME dava orientações gerais ao Exército, onde no âmbito da componente operacional pode ler-se: "Levantar um Batalhão de Comandos a 2 Companhias" e mais adiante no âmbito do dispositivo dava a orientação "Localizar o Batalhão de Comandos na Serra da Carregueira (RI 1)."
Curiosamente, uma vez mais os Comandos iriam ocupar um aquartelamento onde se encontrava o Regimento de Infantaria 1.
Conforme determinado na directiva ';4. direcção e coordenação de todos os estudos ficam a cargo do Tenente-General VCEME". E assim sendo, por seu despacho 06!VCEME/02 de 05 de Fevereiro é constituído um Grupo de Trabalho chefiado pelo Tenente-Coronel Inf "Cmd" Paulino Serronha e ao qual foi dado cerca de um mês para "listar todas as acções a desenvolver com a finalidade de se proceder ao levantamento de uma Unidade de Comandos de acordo com a Directiva 263 atrás referida". Tais acções consistiam em:
- Redefinir o conceito de emprego da unidade e suas missões tipo; elaborar os quadros orgânicos de pessoal e material; estimar os efectivos necessários, por categorias e posto e respectivas implicações financeiras; desenvolver os objectivos gerais de instrução; definir os dispositivos da instrução e definir o calendário das acções de recrutamento e formação.
Tratava-se pois de levantar uma unidade e a instrução necessária para uma especialidade - a de Comandos - de raiz, o que poderia conduzir a resultados muito estranhos, não fora o excelente trabalho levado a cabo pelo Grupo de Trabalho, baseado no histórico das unidades e nos conhecimentos quer de formação, quer do conteúdo da especialidade. O trabalho do estado maior desenvolveu-se a bom ritmo, dentro dos prazos previstos, o que permitiu ao Tenente-GeneraIVCEME por seu despacho n>. 11!VCEME/02 de 16 de Abril determinar a criação de um Núcleo de Activação da Unidade de Comandos (NAUC), cujas tarefas, numa primeira fase foram:
- Recrutamento: Planeamento da EPQ (Escola Preparatória de Quadros) e do Curso de Comandos; planeamento, requisição e recepção de materiais e levantamento das fichas de instrução. Este Núcleo constituído pelos Maj Inf Santos Ramos, Maj Inf Pipa de Amorim, Maj QTS Cmd Ribeiro de Moura, Cap Inf Martins Ruivo, Cap Inf Paulo Lourenço, Cap Inf Silveiro Castanho, Sarg Mor Inf Magalhães, Sarg Chefe Eng Adolfo Frade, Sarg Chefe Inf Ferreira Ramos, Sarg Aj Inf Barroso Gomes, Sarg Aj Inf Gouveia Gomes, Sarg Aj Inf Pinto Pereira, Sarg Aj Inf Madureira Oliveira elo. Sarg Aman Calheiros Pereira, teve que realizar os trabalhos referentes ao levantamento da unidade de Comandos e "particularmente no atinente à realização do 100°. Curso de Comandos" actuando na dependência do COFT, comandado pelo TGen Abrantes dos Santos e em estreita ligação com o Governo Militar de lisboa e Comando do Rll, onde a futura Unidade de Comandos se iria instalar. Este despacho pressupunha ainda que a generalidade do pessoal do NAUC, atrás indicado, poderia via a fazer parte integrante do Ouadro Orgânico de Pessoal da Unidade.
Com o decorrer dos trabalhos alguns elementos foram substituídos e muitos outros aumentados ao efectivo do NAUC que a pouco e pouco se ia transformando no embrião do futuro Batalhão.
Pouco tempo, no entanto, o Batalhão de Comandos a 2 Companhias se manteve no antigo quartel do Rll, na Carregueira. Pois, o CEME, Gen Pinto Ramalho por seu Despacho 191/ CEME/06 de 01 de Julho torna efectiva a criação, do Centro de Tropas Comandos (CTC), em Mafra, no âmbito da transformação do Exército e no seguimento do despacho nO. 12.555/2006 (2a. Série) de 24 de Maio do Ministro da Defesa Nacional. Mais tarde em 14 de Dezembro o General CEME no seu Despacho 294/2006 determinava que: "Seja institucionalizado o Centro de Tropas Comandos como herdeiro das tradições militares e do património histórico do extinto Regimento de Comandos".
O CTC haveria de voltar ao quartel da Carregueira, onde se encontra actualmente, tendo terminado a 21 de Dezembro de 2011 O 118°. Curso de Comandos.
Assim os Comandos quarenta e quatro anos depois dos primeiros cursos de Angola iniciaram uma nova etapa da sua vida, continuando a demonstrar "o carácter, a lealdade, a fidelidade, a obediência e a determinação", "removendo todos os obstáculos sem conhecer embaraços ou resistências à sua integral execução", duma só missão: a existência de uma unidade de Comandos no Exército.
http://associacaocomandos.pt/_warehouse ... -2011c.pdf
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Cabeça,
umas perguntas:
- Qual a constituição da vossa Brigada de Forças Especiais?
- Onde é a formação dos FE e Cmdos? No mesmo Centro de Instrução?
- Por quanto tempo o sargento e o oficial FE/Cmdos permanece no Exército?
- Os Regimentos de Paraquedistas são considerados Forças Especiais?
umas perguntas:
- Qual a constituição da vossa Brigada de Forças Especiais?
- Onde é a formação dos FE e Cmdos? No mesmo Centro de Instrução?
- Por quanto tempo o sargento e o oficial FE/Cmdos permanece no Exército?
- Os Regimentos de Paraquedistas são considerados Forças Especiais?
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
A informação está toda acima nas últimas duas páginas, mas vou fazer um resumo.
Neste momento o Exército Português tem como núcleo duro das unidades operacionais três brigadas. A Brigada Mecanizada é como o nome indica uma brigada mecanizada a lagartas, tendo os Leopard 2 A6, M-113 A2, M109 A5, etc; e está inteiramente concentrada num único Campo Militar em Santa Margarida.
Temos a Brigada de Intervenção que é uma Brigada Mecanizada a Rodas, equipada com a família dos Pandur 8x8 que está sediada em várias unidades espalhadas pelo norte do país.
Finalmente temos a Brigada de Reacção Rápida que comanda as três Tropas Especiais do Exército Português (Paraquedistas, Comandos e Rangers - Operações Especiais), para além disso tem sub-unidades de todas as restantes Armas (Artilharia, Cavalaria, Engenharia, etc).
Ou seja, temos uma Brigada de meios pesados, outra de meios médios e outra e meios ligeiros, tendo cada Brigada as várias sub-unidades das várias Armas, sendo oficialmente independentes umas das outras.
A Brigada de Reacção Rápida foi uma forma do Exército colocar sobre o mesmo comando, as várias Tropas Especiais que têm origens muito diferentes. A Brigada é a que está mais espalhada e tem sub-unidades por todo Portugal continental.
A primeira Tropa Especial do Exército foram as Companhias de Caçadores Especiais, formados em Lamego nos anos 50, cidade onde ainda hoje há o Centro de Tropas de Operações Especiais. Hoje em dia a sua unidade operacional chama-se Força de Operações Especiais. O Curso é de apenas 12 semanas para Praças até às 21 semanas para militares do Quadro Permanente. O Curso podia-se chamar de "fase de selecção", visto que o Curso é apenas o principio e um militar de Operações Especiais é raro o ano que não faça mais cursos/estágios, tanto dentro como fora da sua unidade.
Depois foram os Comandos, tropa esse formada nos anos 60 em Angola para aquele teatro e totalmente vocacionados para a guerra de anti-guerrilha. Com o fim da dita guerra, foi criado o Regimento de Comandos na Amadora, tendo sido uma das poucas unidades das Forças Armadas em que não foram totalmente subvertidas pela Extrema-Esquerda. O Regimento foi durante uns anos uma verdadeira guarda pretoriana do estado de direito, contra o PCP e restantes forças de esquerda anti-democráticas. Devido ao seu curso bastante... "intenso" o curso de Comandos é conhecido por ser uma máquina de guerra a matar os próprios instruendos. Nos anos 90 uma das muitas justificações para acabar com os Comandos foram as sucessivas mortes que haviam nos Cursos e recentemente morreram mais dois instruendos (um Praça e um Furriel). Dito isto, ninguém dúvida da capacidade operacional dos Comandos, eles são umas bestinhas, mas é a natureza da própria Especialidade. O curso é de 16 semanas e toda a mentalidade por detrás do mesmo é que depois do curso, podiam agarrar no Comando recém formado e colocá-lo no TO. Na prática isso já não acontece e tem mais formação e exercicios, mas das várias Tropas Especiais, esta é a que menos alternativas dá aos seus elementos.
Finalmente a minha tropa, os Paraquedistas, sendo a mais recente "aquisição" do Exército. Os Paraquedistas foram formados nos anos 50 no seio da FAP. De um simples Batalhão até terem pelo menos uma unidade de escalão semelhante em cada TO em África foi dois passos. Durante a guerra do Ultramar as Tropas Especiais que mais mato bateram, mais IN eliminaram e capturaram foram sem dúvida os Páras e os Comandos. Nos anos 90 já se sabia que Portugal teria de enviar tropas para a Bósnia e o Exército sabia que a única unidade que tinha capacidade para tal era o regimento de Comandos (que estava sob ataque cerrado de meio país) e o Corpo de Paraquedistas da FAP (Brigada Ligeira Paraquedista). Ora a Briparas era de todo a melhor equipada e armada unidade terrestre em Portugal e gozava de uma autonomia quase total em relação ao seu Ramo, a Força Aérea. Houve uma intriga palacina feita pelo o Ministro da Defesa e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército e conseguiram transferir os Paras para o Exército já em 1994. Posso dizer-te que em 2000, ainda apanhei Cabos dos antigos formados antes dessa transferência e eles queixavam-se de imensas coisas. exemplo na pré-2004, um Paraquedista só sabia que ia manter a sua Boina Verde depois de 9 meses de tropa, hoje em dia com 6 meses e meio és "pronto" (apesar de a maioria do pessoal ter que fazer mais formação até ir para as unidades operacionais). O Exército deu cabo da minha tropa e o que há hoje em dia é uma sombra do que havia.
A formação é igual para as três “casas”, ou seja, um Praça passa pela recruta (12 semanas) e depois faz a Especialidade. Cada Tropa mantém o seu próprio “centro” de Formação, por isso as tradições como ordem unida, cancioneiro, etc, são mantidas.
Os graduados são formados no Exército na Escola das Armas (recruta e Especialidade) e só depois é que ingressam nas Tropas Especiais.
Tanto os Praças, como Sargentos, como Oficiais Contratados só podem ficar no máximo dos máximos 7 anos, já os do Quadro Permanente é uma carreira para a vida. Não há QP para Praças, excepto na Marinha. Para ser do QP na classe de Sargentos precisas de ser Praça ou Sargento, ter servido pelo menos um ano no Exército e o liceu concluido. Para ser do QP na classe de Oficiais precisas de ter passado pela Academia Militar.
Eis a realidade da BrigRR:
Formação Especialidade 20 Paraquedista
Combate Praças - 688 horas
Paraquedismo Militar Módulo C - 150 horas
Formação Especialidade 21 Operações Especiais
Operações Especiais - 970 horas
FORMAÇÃO ESPECIALIDADE 22 COMANDOS
Comandos - 901 horas
Neste momento o Exército Português tem como núcleo duro das unidades operacionais três brigadas. A Brigada Mecanizada é como o nome indica uma brigada mecanizada a lagartas, tendo os Leopard 2 A6, M-113 A2, M109 A5, etc; e está inteiramente concentrada num único Campo Militar em Santa Margarida.
Temos a Brigada de Intervenção que é uma Brigada Mecanizada a Rodas, equipada com a família dos Pandur 8x8 que está sediada em várias unidades espalhadas pelo norte do país.
Finalmente temos a Brigada de Reacção Rápida que comanda as três Tropas Especiais do Exército Português (Paraquedistas, Comandos e Rangers - Operações Especiais), para além disso tem sub-unidades de todas as restantes Armas (Artilharia, Cavalaria, Engenharia, etc).
Ou seja, temos uma Brigada de meios pesados, outra de meios médios e outra e meios ligeiros, tendo cada Brigada as várias sub-unidades das várias Armas, sendo oficialmente independentes umas das outras.
A Brigada de Reacção Rápida foi uma forma do Exército colocar sobre o mesmo comando, as várias Tropas Especiais que têm origens muito diferentes. A Brigada é a que está mais espalhada e tem sub-unidades por todo Portugal continental.
A primeira Tropa Especial do Exército foram as Companhias de Caçadores Especiais, formados em Lamego nos anos 50, cidade onde ainda hoje há o Centro de Tropas de Operações Especiais. Hoje em dia a sua unidade operacional chama-se Força de Operações Especiais. O Curso é de apenas 12 semanas para Praças até às 21 semanas para militares do Quadro Permanente. O Curso podia-se chamar de "fase de selecção", visto que o Curso é apenas o principio e um militar de Operações Especiais é raro o ano que não faça mais cursos/estágios, tanto dentro como fora da sua unidade.
Depois foram os Comandos, tropa esse formada nos anos 60 em Angola para aquele teatro e totalmente vocacionados para a guerra de anti-guerrilha. Com o fim da dita guerra, foi criado o Regimento de Comandos na Amadora, tendo sido uma das poucas unidades das Forças Armadas em que não foram totalmente subvertidas pela Extrema-Esquerda. O Regimento foi durante uns anos uma verdadeira guarda pretoriana do estado de direito, contra o PCP e restantes forças de esquerda anti-democráticas. Devido ao seu curso bastante... "intenso" o curso de Comandos é conhecido por ser uma máquina de guerra a matar os próprios instruendos. Nos anos 90 uma das muitas justificações para acabar com os Comandos foram as sucessivas mortes que haviam nos Cursos e recentemente morreram mais dois instruendos (um Praça e um Furriel). Dito isto, ninguém dúvida da capacidade operacional dos Comandos, eles são umas bestinhas, mas é a natureza da própria Especialidade. O curso é de 16 semanas e toda a mentalidade por detrás do mesmo é que depois do curso, podiam agarrar no Comando recém formado e colocá-lo no TO. Na prática isso já não acontece e tem mais formação e exercicios, mas das várias Tropas Especiais, esta é a que menos alternativas dá aos seus elementos.
Finalmente a minha tropa, os Paraquedistas, sendo a mais recente "aquisição" do Exército. Os Paraquedistas foram formados nos anos 50 no seio da FAP. De um simples Batalhão até terem pelo menos uma unidade de escalão semelhante em cada TO em África foi dois passos. Durante a guerra do Ultramar as Tropas Especiais que mais mato bateram, mais IN eliminaram e capturaram foram sem dúvida os Páras e os Comandos. Nos anos 90 já se sabia que Portugal teria de enviar tropas para a Bósnia e o Exército sabia que a única unidade que tinha capacidade para tal era o regimento de Comandos (que estava sob ataque cerrado de meio país) e o Corpo de Paraquedistas da FAP (Brigada Ligeira Paraquedista). Ora a Briparas era de todo a melhor equipada e armada unidade terrestre em Portugal e gozava de uma autonomia quase total em relação ao seu Ramo, a Força Aérea. Houve uma intriga palacina feita pelo o Ministro da Defesa e pelo Chefe do Estado-Maior do Exército e conseguiram transferir os Paras para o Exército já em 1994. Posso dizer-te que em 2000, ainda apanhei Cabos dos antigos formados antes dessa transferência e eles queixavam-se de imensas coisas. exemplo na pré-2004, um Paraquedista só sabia que ia manter a sua Boina Verde depois de 9 meses de tropa, hoje em dia com 6 meses e meio és "pronto" (apesar de a maioria do pessoal ter que fazer mais formação até ir para as unidades operacionais). O Exército deu cabo da minha tropa e o que há hoje em dia é uma sombra do que havia.
A formação é igual para as três “casas”, ou seja, um Praça passa pela recruta (12 semanas) e depois faz a Especialidade. Cada Tropa mantém o seu próprio “centro” de Formação, por isso as tradições como ordem unida, cancioneiro, etc, são mantidas.
Os graduados são formados no Exército na Escola das Armas (recruta e Especialidade) e só depois é que ingressam nas Tropas Especiais.
Tanto os Praças, como Sargentos, como Oficiais Contratados só podem ficar no máximo dos máximos 7 anos, já os do Quadro Permanente é uma carreira para a vida. Não há QP para Praças, excepto na Marinha. Para ser do QP na classe de Sargentos precisas de ser Praça ou Sargento, ter servido pelo menos um ano no Exército e o liceu concluido. Para ser do QP na classe de Oficiais precisas de ter passado pela Academia Militar.
Eis a realidade da BrigRR:
Formação Especialidade 20 Paraquedista
Combate Praças - 688 horas
Paraquedismo Militar Módulo C - 150 horas
Formação Especialidade 21 Operações Especiais
Operações Especiais - 970 horas
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Valeu, Cabeça pela explicação. Mais do que completa....
Para comparação, nossos Paraquedistas tem uma Brigada própria, constituída de Cmdo, Cia Cmdo, 3 Batalhões (25°, 26º e 27°), Cia Precursores, Esquadrão de Cavalaria, Cia Com, Centro de Instrução, Cia Eng, GAC Pqdt, Pel PE, Bia AAAé, Btl Log, Dest Saúde, Batalhão de Manutenção, Dobragem de Paraquedas e Suprimentos pelo Ar (BDoMPSA).
Já as Forças Especiais ficam no Comando de Op Esp, com a Brigada Op Esp, constituída de Cmdo, 1º Batalhão FE, 3ª Cia FE, 1º Btl Cmdos, 1º Btl Op Psico, Base Adm, Btl C Ap, 6º Pel PE e CIOEsp.
Para comparação, nossos Paraquedistas tem uma Brigada própria, constituída de Cmdo, Cia Cmdo, 3 Batalhões (25°, 26º e 27°), Cia Precursores, Esquadrão de Cavalaria, Cia Com, Centro de Instrução, Cia Eng, GAC Pqdt, Pel PE, Bia AAAé, Btl Log, Dest Saúde, Batalhão de Manutenção, Dobragem de Paraquedas e Suprimentos pelo Ar (BDoMPSA).
Já as Forças Especiais ficam no Comando de Op Esp, com a Brigada Op Esp, constituída de Cmdo, 1º Batalhão FE, 3ª Cia FE, 1º Btl Cmdos, 1º Btl Op Psico, Base Adm, Btl C Ap, 6º Pel PE e CIOEsp.
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Os famosos "papa cursos":
O 1º Sargento Bicho tem o Curso de Paraquedismo militar, o de Comandos e ainda o de Operações Especiais.
O 1º Sargento Amaral tem o Curso de Paraquedismo militar e o de Fuzileiros (Navais).
O Tenente Sousa tem o Curso de Paraquedismo militar e o de Operações Especiais.
E são todos do 2º BIParas.
O 1º Sargento Bicho tem o Curso de Paraquedismo militar, o de Comandos e ainda o de Operações Especiais.
O 1º Sargento Amaral tem o Curso de Paraquedismo militar e o de Fuzileiros (Navais).
O Tenente Sousa tem o Curso de Paraquedismo militar e o de Operações Especiais.
E são todos do 2º BIParas.
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Tenho que referir que no estado atual do Exército Português, as unidades operacionais das Tropas Especiais (2 BIParas, BOAT, BCmds e FOEsp), tem um quadro orgânico de apenas 1200 militares. As restantes sub-unidades que deviam ser preenchidas por Paraquedistas, estão brutalmente desfalcadas de recursos humanos e na maior parte das vezes os quadros são tanto com Paras como por militares da tropa normal.eligioep escreveu:Valeu, Cabeça pela explicação. Mais do que completa....
Para comparação, nossos Paraquedistas tem uma Brigada própria, constituída de Cmdo, Cia Cmdo, 3 Batalhões (25°, 26º e 27°), Cia Precursores, Esquadrão de Cavalaria, Cia Com, Centro de Instrução, Cia Eng, GAC Pqdt, Pel PE, Bia AAAé, Btl Log, Dest Saúde, Batalhão de Manutenção, Dobragem de Paraquedas e Suprimentos pelo Ar (BDoMPSA).
Já as Forças Especiais ficam no Comando de Op Esp, com a Brigada Op Esp, constituída de Cmdo, 1º Batalhão FE, 3ª Cia FE, 1º Btl Cmdos, 1º Btl Op Psico, Base Adm, Btl C Ap, 6º Pel PE e CIOEsp.
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Cabeça,cabeça de martelo escreveu:Os famosos "papa cursos":
O 1º Sargento Bicho tem o Curso de Paraquedismo militar, o de Comandos e ainda o de Operações Especiais.
................................................
não é 2º Sargento?
Cabo = 2 listras; 3º sargento (Furriel?) = 3 listras, 2º Sgt = 4 listras e 1º Sgt = 5 listras.
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
OK, Cabeça.
Estive em Portugal em 2010, portanto 1 ano antes das mudanças.
E também em 1996/97 tive uma amizade e convívio grande com alguns militares portugueses, em Angola. Militares da Companhia de Transmissões/6 da UNAVEM III, em Luanda.
Estive em Portugal em 2010, portanto 1 ano antes das mudanças.
E também em 1996/97 tive uma amizade e convívio grande com alguns militares portugueses, em Angola. Militares da Companhia de Transmissões/6 da UNAVEM III, em Luanda.
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Re: OPERAÇÕES ESPECIAIS
Tenho notado nos últimos anos uma presença muito frequente de militares Brasileiros em unidades militares Portuguesas. Haverá algum acordo Técnico-militar entre os dois países?eligioep escreveu:OK, Cabeça.
Estive em Portugal em 2010, portanto 1 ano antes das mudanças.
E também em 1996/97 tive uma amizade e convívio grande com alguns militares portugueses, em Angola. Militares da Companhia de Transmissões/6 da UNAVEM III, em Luanda.
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