Re: UCRÂNIA
Enviado: Qua Mar 08, 2023 2:41 pm
Por isso prefiro, mil vezes, ler relatórios como o do Exército Austríaco e dos Franceses que da ISW.
Tentar realizar a penetração em uma das frentes mais fortificadas pela Rússia com uma barreira natural no caminho seria uma tremenda burrice por parte da AFU. Eu duvido muito de que os ucranianos estabeleçam cabeças de ponte na área de Kherson pra chegar a margem esquerda do rio Dnipro, a chance para fazer isso era em novembro quando eles ainda tinham alguma vantagem no fogo preciso de artilharia pra causar perturbação nas tropas russas retraindo pelo rio para a margem esquerda, estabelecendo assim uma segura cabeça de ponte que mais tarde seria ampliada. As chances como você disse são mínimas.gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 4:03 pm @Suetham, qualquer ataque a Criméia dependerá do uso extensivo de Pontoon Bridge e Barcaças, pois os acessos pela ponte principal e Berislav que dá em Nova Kakhovka serão - ou já são - minados ou até explodidos. Os Russos passaram os últimos dois meses minando as margens ocupadas do Dniper e a península no Golfo, construindo fortificações, instalando mais operadores de drones e artilharia de precisão na Criméia, com vigilância de manpads em todo largo do Dniper, tanto que um Sukhoi foi abatido alguns dias.
O grande problema não é esse. O problema inicial vai ser expulsar as forças russas de Kherson/Zaporizhia, a grande preocupação dos ucranianos com relação a isso ser uma possibilidade é justamente forçar a Rússia a mover seus ativos aéreos da península da Crimeia que apoiam essas operações em Kherson/Zaporizhia para lugares mais retraídos na Rússia continental, não me refiro apenas ao emprego de helicópteros, mas também de caças.gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 4:03 pm Não vejo como os Ucranianos conseguirão montar toda uma logística pra atravessar uma força ainda superior ao que os Russos possuem na Criméia, sob fogo de aviação, artilharia, drones...
Eu duvido muito de que vejamos uma travessia do rio Dnipro no oblast de Kherson, seria uma missão fadada ao fracasso. Se houver algo ali, seria apenas uma infiltração de tropas e grupos DRGs ou talvez uma Demons Anf, ou qualquer operação diversionária ou específico para sucessos imprevisíveis ou para um fracasso esperado. Não vai haver incursão ali até Melitopol cair que é o eixo principal logístico da frente(o vídeo do MoD austríaco que você postou em anteriormente demonstra vagamente isso). Estrategicamente, assim que a margem ocidental do Dnipro tivesse sido evacuada em novembro, a Ucrânia deveria ter atacado Tokmak, mesmo ao custo de muitas baixas. A consequência do atraso é esta distribuição de posições defensivas - a partir de 23 de janeiro de 2023:gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 4:03 pm Explodir as conexões na Criméia só obrigará aos Russos utilizarem meios aéreos e navais para reabastecimento até que possam restabelecer as conexões físicas terrestres.
Nada adiantará se a Ucrânia não conseguir transpor o Dniper com mais de 15 mil tropas, todos os Leopard 2, Challenger 2, Bradley e Stryker. A Ucrânia enviou uma quantidade boa de M777 e D-20 restantes pra Kherson, como resposta da destruição de todo posto avançado contra o Dniper e não chegaram nem perto de fazer contra-bateria, servindo de alvo pra Lancet adoidado.
Pros Russos abastecer Kherson foi extremamente difícil depois das avarias na ponte da cidade, sobrando somente o reservatório em Berislav e uso de barcas pra transpor equipamento e suprimentos. Isso sem estar sob fogo de artilharia e drones.
Sem superioridade aérea local e ainda isso passar a ser contestado pela Ucrânia nada disso será representado na realidade. Não o coloco em uma perspectiva atual, mas futura - assim quando a Ucrânia receber alguns novos equipamentos, sinceramente, eu queria muito ver como o MiG-31 se sairia em missões DCA contra F-16 e Typhoons vetorados por ativos ISR da OTAN, enquanto isso não se comprovar no campo de batalha, eu não posso seguir em direção nenhuma sobre o que vai acontecer. Enquanto isso, eu estarei sentado na cadeira e esperando isso acontecer e isso provavelmente não está longe de acontecer, mas o Ocidente ainda está em dúvida em enviar os caças ocidentais, parece que a primazia é integrar o HARM aos caças ucranianos de origem soviética.gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 4:03 pm Mesmo que os Russos retirem a VDV da Criméia pra atuar em Zaporizhzhia em um ataque diversionário, a AFU ainda teria que atravessar milhares de tropas e equipamentos pesados à centenas, sob fogo pesadíssimo de drones, artilharia e aviação, ainda mais com os Russos usando cada vez mais ataques de precisão a longa distância, com as KAB-500S-E e as KAB-1500S-E, essa última sendo bastante usada em Adveenvka e Marynka.
Eu duvido muito disso. Na minha opinião, não vai haver uma grande operação de transposição do rio Dnipro em Kherson. Se houver, será ao mesmo tempo em que os ucranianos estiverem avançando em Tokmak sentido à Melitopol e antes de que isso aconteça, obrigatoriamente terá que acontecer o que eu já afirmei, ataques na Crimeia obrigando os russos a transferirem os ativos do VKS para outros locais mais afastados da península, prioritariamente as aeronaves de asa fixa.gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 4:03 pm A AFU teria que desviar uma quantidade grande de M777 e D-20, além de BM-21, usar todos os Caesar e os AS-90, provavelmente todos os M109 pra tentar dar uma cobertura de artilharia pra esse transporte que talvez seria a maior operação de translado de curso d'água desde a Segunda Guerra Mundial.
Isso ainda sim não evitaria a aviação de atingir seus alvos fora do escopo antiaéreo e dos drones ou sistemas de saturação de atuar.
O próprio DefMon(@DefMon3) deu uma bronca no ISW pelos erros gerados nos relatórios.gabriel219 escreveu: ↑Ter Mar 07, 2023 7:27 pm Vindo do ISW, não duvido de nada. Lembro dos reports ridículos deles ano passado, durante a primeira e a segunda ofensiva em Kherson da AFU. Uma semana depois, os reports sumiram devido ao desastre que se abateu, em tropas blindadas da AFU machando em campo aberto, sem apoio aéreo e de artilharia. Simplesmente omitiram que existia.
Qualquer outro não pode ser pior que a inteligência britânica.gabriel219 escreveu: ↑Qua Mar 08, 2023 2:41 pm Por isso prefiro, mil vezes, ler relatórios como o do Exército Austríaco e dos Franceses que da ISW.
Essa suposta mudança em tese poderia corresponder com ordens de aumento de produções de PGMs. O grande problema de ambas as forças é justamente a altitude de lançamento já que ambos os lados podem ter DAAe de médio alcance assim como de longo alcance ativos na região, o que tornariam passíveis de serem abatidos. É muito difícil saber se o VKS está lançando a baixa/média ou mesmo alta altitude pelos vídeos publicados, a maioria eu vi em Avdiivka. Como eu disse, a Ucrânia não tinha PGMs ar-terra, ainda mais de longo alcance, isso colocava a aeronave de lançamento próximo da faixa de alcance dos sistemas AAe russos e até MANPADS, isso é uma situação bastante precária da Ucrânia que em tese mudaria positivamente com o emprego do JDAM-ER, mesmo se forem empregados com os antigos caças soviéticos da AFU, haveria um certo equilíbrio aqui.gabriel219 escreveu: ↑Qui Mar 09, 2023 3:14 pm @Suetham mas meu ponto quanto a aviação é o uso de ataques precisos a distância, que é o que a Rússia está fazendo há alguns meses, apesar de eu ver helicópteros e Su-25 ainda fazendo apoio cerrado em vídeos publicados recentemente. Inclusive essa política de ataques mais cirúrgicos foi transferida para qualquer ataque.
Em Davydiv Riv, os russos explodiram a ponte usando forças especiais que minaram a ponte, não foi ataque com PGM do VKS, os ucranianos realmente fizeram pontes móveis, mas a Ucrânia fez travessias fluviais com sucesso duas vezes, mas isso não é o que eu quero focar. O VKS realmente usou algumas PGMs em pontes, não lembro bem agora o local, mas certamente foi muito limitado, eles não podem fazer muito com bombas aéreas, conseguiram empregar mísseis de cruzeiro ar-terra, mas isso foi poucas vezes que dá para se contar nos dedos, a realidade é que o VKS não realiza(ou não tem mesmo a capacidade) a interdição aérea, como eu já mencionei várias vezes aqui, o VKS é praticamente nulo em muitas missões, para isso ocorrer, os russos vão ter que usar Iskander ou Kinzhal.gabriel219 escreveu: ↑Qui Mar 09, 2023 3:14 pm Mas voltando ao princípio, não é que as tropas em terra da AFU, seja em Zaporizhzhia ou em Kherson estarem a mercê da aviação Russa mas sim as linhas de comunicação, pontos de translado - em Davydiv Riv, os Russos explodiram a ponte e a AFU foi obrigada a construir pontes móveis no Inhulets, que foram explodidas pela aviação Russa a longa distância e interrompeu o fluxo de suprimentos - e locais C2 da Ucrânia.
Na verdade não. A menos que a Ucrânia receba munições de longo alcance, invariavelmente acima de 100 km, não há como interromper as linhas de comunicações da Rússia com JDAM-ER. Se você visualizar bem o vídeo que eu postei, ele mostra um ataque com JDAM-ER na linha de contato, o que significa que as aeronaves estão lançando a bomba muito atrás das linhas de contato, a uma distância segura provável de 30-40 km. Digamos que a Ucrânia começasse a empregar JDAM-ER na tentativa de atingir atrás das linhas inimigas, o máximo que vai conseguir em lançamentos em modo toss a média altitude é 40 km, só que estaria ao alcance de engajamento de sistemas de médio alcance da Rússia ou mesmo de longo alcance, porque estaria sendo lançado o JDAM-ER na linha de contato ou próximo dela, na realidade estaria até mesmo ao alcance de MANPADS russos, eu duvido muito de que a Ucrânia faça isso e seguramente farão o ataque com JDAM-ER a uma distância de 20-30 km atrás da linha de contato, o que seguramente oferece um ataque no interior a 30-40 km atrás das linha de contato. Essa distância não é suficiente para interromper qualquer suporte logístico russo em Tokmak/Melitopol.gabriel219 escreveu: ↑Qui Mar 09, 2023 3:14 pm Com a JDAM-ER, os Ucranianos podem atacar as linhas de comunicação Russas, mas ainda sim terão que romper as linhas de defesa e suprimir a artilharia local. Vejo que mesmo que os Ucranianos interrompam a linha férrea em Melitopol e atinjam as estradas principais, ainda terá todo seu flanco contra Donetsk e o território Russo.
Concordo totalmente com esse questionamento.gabriel219 escreveu: ↑Qui Mar 09, 2023 3:14 pm Outro ponto é se os Russos aplicarem força em outros pontos, o que obrigará os Ucranianos a deslocarem tropas para essas regiões, além de ter suas melhores tropas extremamente desgastadas devido a Bakhmut. Esse talvez seja o meu principal ponto quanto a um insucesso da AFU na ofensiva, em que a qualidade de sua tropa seja questionada, até mesmo a quantidade em si disponível.
Eles podem criar pontes flutuantes com blocos pré-montados que qualquer empresa de engenharia pode comprar no mercado civil, o uso desse de tipo de veículo bridge layer seria colocado como pontos de conexão entre esses blocos, permitindo assim a transposição do rio dos equipamentos militares. Obviamente que dependeria dos melhores lugares para fazer isso e seria o ideal não estar sob o alcance da artilharia inimiga, isso é uma iniciativa totalmente operacional que não vou entrar no mérito, mas com os blocos pré-montados, se cria uma ponte improvisada com bridge layer sendo o ponto de conexão entre os blocos, isso é algo que os russos poderiam ter feito desde o início dos primeiros ataques na ponte Antonovsky.gabriel219 escreveu: ↑Qui Mar 09, 2023 3:14 pm Quanto aos Bridge Layer, eles serão importantes em Zaporizhzhia, mas não vejo como poderão ser em Kherson. A distâncias da margem proibem o uso desse tipo de ponte móvel, terão que usar barcas móveis. Outro problema é o terreno entre as margens, que é pantanoso, além do controle das pequenas ilhas que há entre as margens. Essas vem sendo motivo de combates entre as duas forças.
Sim, o canal oficial das Forças Armadas Austríacas é muito informativo e criterioso sobre o conflito na Ucrânia.gabriel219 escreveu: ↑Qua Mar 08, 2023 2:41 pm Por isso prefiro, mil vezes, ler relatórios como o do Exército Austríaco e dos Franceses que da ISW.