Timor Leste

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 54792
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceram: 2314 vezes

#91 Mensagem por P44 » Qui Mai 10, 2007 7:54 am

Timor/Eleições: Vantagem «muito grande» de Ramos Horta

José Ramos Horta leva «uma vantagem muito grande» na segunda volta das eleições presidenciais timorenses quando estão apurados cerca de 80 por cento dos boletins de voto, declarou hoje a Comissão Nacional de Eleições (CNE).
«A contagem provisória dos distritos indica que o voto no candidato Ramos Horta é 50 até 80 por cento mais quando comparada com o voto no candidato “Lu Olo”», declarou à Lusa a porta-voz da CNE, Maria Angelina Sarmento, na primeira conferência de imprensa de balanço das eleições de 09 de Maio.

Francisco Guterres «Lu Olo», presidente do Parlamento e candidato da Fretilin, venceu José Ramos Horta, primeiro-ministro e candidato independente, na primeira volta das eleições, realizada a 09 de Abril.

Em Díli, «em geral, o voto no candidato José Ramos Horta é maior do que a votação em “Lu Olo”», acrescentou a porta-voz da CNE, que de momento ainda não dispõe dos números exactos apurados.

Maria Angelina Sarmento deu o exemplo do distrito de Aileu, onde o apuramento terminou, dando 15.919 votos a José Ramos-Horta e 1.065 a «Lu Olo».

«Não está em questão, provisoriamente», a vitória de José Ramos Horta no apuramento distrital, admitiu a porta-voz da CNE, «mas é preciso ver o apuramento nacional», ressalvou.

Às 12:00 de hoje (04:00 em Lisboa), estão contados os votos em 80 por cento das 705 estações de voto de todo o país.

«Dos 13 distritos onde se encontram membros da CNE, não foi reportada nenhuma irregularidade ou incidente que pudesse comprometer a votação», anunciou também Maria Angelina Sarmento, sobre as eleições que decorreram «com ordem e tranquilidade».

O primeiro apuramento dos resultados é feito em cada assembleia de voto, com o preenchimento de uma acta que depois é enviada, com as urnas e o material da votação, para cada um dos 13 distritos.

O apuramento nacional é feito na sede da CNE em Díli.

O novo Presidente da República tomará posse a 20 de Maio.

Diário Digital / Lusa

10-05-2007 8:14:15


José Ramos Horta, Nobel da Paz 1996

Imagem

:arrow: http://www.ramos-horta.org/




Triste sina ter nascido português 👎
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#92 Mensagem por Rui Elias Maltez » Sex Mai 11, 2007 6:11 am

Novo Presidente de Timor-Leste
José Ramos-Horta: "Não fui candidato de nenhum país"

10.05.2007 - 23h00 Adelino Gomes / http://ultimahora.publico.clix.pt/


Quer fazer uma Presidência dos pobres. Não fará campanha pelo CNRT de Xanana. A Fretilin ainda tem "um papel importantíssimo" no país. Timor-Leste não estaria livre "se não fosse a acção diplomática portuguesa". Tanto lhe podem chamar o candidato dos australianos como dos americanos ou até "de Sua Santidade o Papa". Ideias-fortes de uma entrevista de José Ramos-Horta, a quem só Lu-Olo não tinha ainda felicitado, ontem à tarde, pela vitória anunciada nas eleições presidenciais em Timor-Leste.

José Ramos-Horta nem hesita, quando lhe perguntamos se o podemos entrevistar já como Presidente eleito, ainda que não proclamado oficialmente, de Timor-Leste. A última vez que soube dos resultados levava um avanço de cerca de 40 por cento sobre o seu adversário. Só mesmo Lu-Olo "tem estado sem contacto telefónico". A meio da tarde de ontem (noite em Timor-Leste) as outras figuras importantes da Fretilin já todas o haviam felicitado ? incluindo Alkatiri, a cuja casa tomou a iniciativa de se deslocar.

PÚBLICO: Como está a celebrar, pessoalmente, esta vitória?

José Ramos-Horta: Não celebro por causa, obviamente, da situação humanitária de milhares de deslocados em Díli e noutros pontos do país. Quando há [por outro lado] alguns que se sentem "derrotados", não celebro. Celebrar a vitória nestas circunstância seria, talvez, achincalhar outros.

P: Já falou com os seus adversários?

R: Tomei a iniciativa de me deslocar a casa do dr. Maria Alkatiri. Trocámos um grande abraço. Ele estava bastante combalido, por causa do caso do ex-ministro Rogério Lobato, que tinha recolhido à prisão de Becora.

P: É quase inevitável atribuir-se significado político à escolha deste dia para anunciar a decisão?

R: Estava reunido com o Presidente Xanana e com os membros do Conselho de Estado quando recebi um SMS sobre a iminente ida de Rogério Lobato para a prisão. Fomos completamente apanhados de surpresa. E ficámos preocupados com o timing da decisão. Quer o Presidente quer eu fizemos telefonemas para saber o que se passava. A decisão estava completamente fora das nossas mãos. O Tribunal de Recurso confirmou a sentença e mandou a decisão para o Tribunal Distrital de Díli, que imediatamente a mandou executar. Falei com Rogério Lobato ao telefone. Obviamente, não posso interferir no poder judicial.

P: Da conversa com Mari Alkatiri ficou com a ideia de que a Fretilin vai aceitar a derrota?

R: Sim. Recebi abraços de parabéns de Mari Alkatiri de José Reis, secretário-geral- adjunto da Fretilin; recebi um SMS de Ana Pessoa, influente no partido; e um telefonema de felicitações do vice-primeiro-ministro, Estanislau da Silva, outro membro influente no partido.

P: Falta a reacção do seu adversário.

R: Ele tem estado sem contacto telefónico. Anteontem fiz esforços para o visitar antes da votação mas ele não estava disponível. Logo que ele esteja disponível, irei visitá-lo, seja no Parlamento Nacional, seja na sua residência.

P: O que representa ser Presidente da República de Timor-Leste, no plano pessoal e no plano político?

R: No plano pessoal preferia não ser Presidente. Mas tive muita manifestação de confiança, apoio e carinho da população. Foi sobretudo no interior remoto, onde os jornalistas não me acompanhavam, que eu vi o povo verdadeiro de Timor-Leste. Sinto-me não só honrado mas responsabilizado para que esta venha a ser verdadeiramente uma Presidência dos pobres, lhes traga uma vida melhor, e traga a paz e a harmonia a este país.

P: Que interpretação política faz do "score" eleitoral do candidato da Fretilin?

R: A Fretilin tomou uma decisão eleitoral errada. Não devia ter investido tanto no seu próprio Presidente, quando o mais importante seriam as legislativas. A Fretilin queria conquistar a Presidência, o Parlamento e o executivo para poder governar nos próximos cinco anos sem quaisquer empecilhos.

P: Vai fazer campanha, agora, por Xanana e pelo CNRT?

R: Não. Rigorosamente não. Seria eu trair a Constituição. Uma das minhas tarefas será provar à Fretilin que não sou adversário e muito menos inimigo. Que a Fretilin ainda tem um papel importantíssimo na estabilização e desenvolvimento deste país. E que em ninguém se esgotam as verdades e as virtudes.

P: Qual vai ser a sua primeira medida, enquanto Presidente?

R: Já no sábado [amanhã] presido a uma reunião do Conselho de Ministros. Na agenda está a questão dos deslocados. Na segunda-feira, tenho uma reunião com o comando todo das Forças de Defesa, para conversarmos como timorenses, amigos e irmãos sobre a questão dos peticionários e sobre a reforma das Forças Armadas.

P: Quais as suas ideias quanto à cooperação portuguesa nas áreas da Justiça e da Educação? São para continuar, para aprofundar ou para ir diminuindo?

R: Diminuir nunca, embora isso dependa do compromisso e das possibilidades de Portugal. Pelo menos manter ao nível actual é vital para nós. A cooperação portuguesa tem sido das melhores. Não me parece que haja muito para corrigir ou mudar.

P: Que mensagem dirigiria àqueles ? e são bastantes que nesse sentido se têm manifestado, em Portugal ? que acham que a vitória de José Ramos-Horta nas eleições presidenciais foi a vitória do candidato australiano?

R: A Austrália portou-se com extrema correcção em todo este processo. Nunca lhes ouvi uma única palavra de crítica aos portugueses. Só têm palavras de elogio às forças portuguesas, em particular à GNR, cujo profissionalismo e eficácia admiram muito. Eu não fui candidato de nenhum país. Podia-se dizer que sou candidatos dos americanos, até de Sua Santidade o Papa.

Todos os países livres com quem tenho óptimas relações aqui na região foram sempre muito prudentes. Amigos portugueses às vezes têm informações parciais sobre a Austrália. Cada um de nós faz as suas especulações. Não é nada estranho. Quando Mário Soares se candidatou pela primeira vez à Presidência era muito visto como o amigo americano. Enfim, eu sou amigo de Portugal.

Se alguma virtude tenho é a da memória e a da gratidão. Timor-Leste não estaria livre hoje se não fosse a acção diplomática portuguesa. Qualquer político inteligente timorense terá que saber privilegiar as relações com Portugal para que, via Portugal, continuemos a ter relações privilegiadas com esse enorme bloco chamado diplomático, político e económico que é a União Europeia.

P: Já pensou em quem é que vão convidar para a tomada de posse, no dia 20?

R: Infelizmente não me parece realista convidar seja quem for em tão pouco espaço de tempo. Não sou um Bill Clinton ou uma Jennifer Lopez para as pessoas correrem a visitar-me. O Presidente indonésio, Yudhoyono, de quem sou muito amigo, deu indicações de que gostaria de vir, mas estão aqui mesmo ao pé.

Nem sequer me atrevo a convidar Presidente Cavaco, de Portugal. Seria até indelicadeza da minha parte estar a convidar alguém de tão longe com apenas dois ou três dias de antecedência. Mas qualquer representação portuguesa nos honrará e será sempre bem-vinda.




Imagem
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#93 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qui Mai 31, 2007 5:52 am

Amado foi a Timor-Leste e não esteve com a GNR



MANUEL CARLOS FREIRE*

O ministro dos Negócios Estrageiros (MNE) foi a Díli a 20 de Maio para assistir à posse do Chefe do Estado timorense, Ramos-Horta, mas não visitou nem contactou oficialmente com o destacamento de 220 militares da GNR ali estacionado.

Fonte oficial da Guarda confirmou o episódio ao DN mas desvalorizou o incidente, dizendo apenas que "é estranho" ter-se verificado e que só o gabinete do governante poderá explicar o sucedido.

Outras fontes da Guarda, no entanto, mostraram-se bem mais cáusticas a falar do sucedido, uma vez que Luís Amado "nem visitou as instalações [do subagrupamento Bravo] nem chamou o comandante", capitão Jorge Lobato Barradas. Acresce, segundo uma das fontes, que o ministro até ficou na capital timorense mais tempo do que o previsto devido a um atraso na partida - "e nem assim teve tempo para os ver".

Aqueles militares "estão longe do país" e num ambiente operacional hostil. "Mandaram-nos para lá. Dá um certo alento" receber a visita de um representante do Estado, ainda para mais com as responsabilidades políticas de Luís Amado. "Naturalmente que ficaram chocados e irritados", assinalou outra fonte.

Recorde-se que o próprio poder político reconhece a importância que os militares dão a esses gestos simbólicos e o efeito que têm na moral de quem está longe e a representar Portugal - incluindo o próprio Luís Amado, que, como ministro da Defesa, foi ao estrangeiro para visitar expressamente as tropas portuguesas.

Há cerca um ano, o próprio Presidente da República, Cavaco Silva, decidiu, como primeiro acto público enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, visitar as tropas estacionadas no Kosovo e na Bósnia.

Contactada pelo DN, a porta-voz do MNE afirma que Luís Amado encontrou-se com o comandante do destacamento da GNR, e com outros agentes, mas que não aceitou o convite para visitar as instalações "por falta de tempo".

"O ministro chegou a Timor domingo, dormiu uma noite e veio embora na manhã seguinte. Foi apenas à cerimónia da posse. Encontrou-se com Ramos-Horta e com o comandante da Guarda". A questão, para a GNR, é que esse não foi um encontro institucional, como é tradição sempre que um governante português vai as lugares onde estão militares portugueses estacionados.

A porta-voz acrescentou que Luís Amado tinha, na terça-feira, "uma reunião às 11 da manhã e veio directamente do aeroporto para o Mi- nistério". "O ministro não teve, humanamente, tempo para visitar as instalações" da GNR, afirmou ao DN.|

*com A.S.L.

http://dn.sapo.pt/2007/05/31/nacional/




Imagem
Avatar do usuário
Internauta
Intermediário
Intermediário
Mensagens: 256
Registrado em: Dom Abr 22, 2007 2:35 pm
Localização: Portugal

#94 Mensagem por Internauta » Qui Mai 31, 2007 3:34 pm

Realmente é estranho o Ministro luís Amado não ter tido tempo para visitar a GNR.
Deve ter uma agenda muito preenchida.......




Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#95 Mensagem por Rui Elias Maltez » Sex Jun 01, 2007 6:05 am

LEGISLATIVAS EM TIMOR
Xanana faz duras críticas à "má gestão da Fretilin"


Imagem
Xanana afirmou que a futura geração timorense "está doente, é analfabeta e morre"


O líder do CNRT, Xanana Gusmão, teceu duras críticas à "má gestão da Fretilin", considerando que o partido "não tem visão de médio e longo prazo" e que o fundo petrolífero do Mar de Timor-Leste "não significa desenvolvimento".

Numa entrevista à Agência Lusa em Baucau, segunda cidade timorense, onde se encontra no seu terceiro dia de campanha para as legislativas de 30 de Junho, o presidente do Congresso Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) e ex-chefe de Estado acusou a Fretilin de não ter um programa para os problemas do país.

"O fundo petrolífero não é desenvolvimento e visão não é plano. Na qualidade de chefe de Estado timorense (2002/7) andei sempre a pedir ao executivo da Fretilin qual era o plano do Parlamento e do Governo", disse Xanana Gusmão, defendendo que a Assembleia da República timorense "apenas serviu para cerrar os punhos e dar saudações".

"A Fretilin respondia que o plano está na visão. Visão não é plano. A Fretilin não tem médio/longo prazo", respondeu Xanana, quando questionado sobre as opções estratégicas do Governo que, de 2002 a 2006, foi liderado pelo secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.

Para Xanana, que deixou a Presidência no dia 20 do mês passado, o fundo petrolífero "não é desenvolvimento".

"É apenas um factor, aliciante às vezes, que pode alicerçar o desenvolvimento", acrescentou, lembrando que as futuras gerações estão em risco.

"O fundo tem dinheiro para a futura geração, mas a futura geração é doente, analfabeta e morre. Será o fundo para os netos deles?", questionou o ex-presidente timorense.

Na entrevista, concedida no final de um concorrido comício em Baucau, em que também discursaram dois líderes do Grupo de Mudança da Fretilin, o coordenador do grupo, Vítor da Costa, e o ex-chefe da diplomacia timorense, José Luís Guterres, Xanana reiterou ser candidato a primeiro-ministro.

"Como cabeça-de-lista do CNRT, sou candidato a primeiro-ministro se o partido vencer as eleições", afirmou naquela cidade situada 150 quilómetros a leste de Díli.

"Não estou a correr atrás do poder, mas quero arrebatar o poder a pessoas que não têm sensibilidade nenhuma", acrescentou Xanana Gusmão.

Por sua vez, Dionísio Babo Soares, secretátio-geral do CNRT, afirmou em Macau que o partido "está preparado" para se sentar no Parlamento como oposição e deseja trabalhar em prol do desenvolvimento do país.

"Se o povo decidir assim, o CNRT está preparado para ir para a oposição e ajudar quem vier a ser governo a desenvolver o país e a ser uma oposição construtiva e não como todos pensam que só quer derrotar a Fretilin", afirmou Babo Soares.




Imagem
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#96 Mensagem por Rui Elias Maltez » Seg Jun 04, 2007 7:16 am

TIMOR-LESTE
Multidão eufórica com "Lu Olo" em Viqueque

Imagem

Há uma multidão à espera "do presidente" em Makadiki, na costa sul, suspensa da rota descendente dos dirigentes da Fretilin no mapa, porque são raros os sítios com cobertura de telemóvel fora das capitais de distrito.


Imagem

Em Makadiki, distrito de Viqueque, não há rede e as informações do avanço dos dirigentes chegam, por boca e em mão, pela guarda-avançada da campanha.

São anúncios trazidos pela estrada que divide o mapa de Timor-Leste em ocidente e oriente, do Taci Fetu ("Mar Mulher", a norte) ao Taci Mane ("Mar Homem", costa sul), no coração da militância do partido maioritário.

"Saíram de Ossú", informa alguém, "saíram de Viqueque", ouve-se mais tarde e, depois disso, é a longa espera, "mais meia hora", diz um deputado nervoso durante várias meias horas, sorrindo, "o presidente não tarda".

A noite instala-se já quando o som de viaturas põe Makadiki em histeria, "é ele! é o presidente!", a multidão precipita-se para a estrada, há um barulho de buzinas, gritos, palmas, "segurança atenção! segurança atenção!", os carros e camiões avançam lentamente, à velocidade dos guardas pedestres que, com camisas da Fretilin, fazem um cordão de cada lado da estrada.

A apoteose "Lu-O-lo! Lu-O-lo!". O presidente que a multidão recebe em delírio é Francisco Guterres "Lu Olo", que, na manhã seguinte, lançou oficialmente em Makadiki a campanha para as legislativas de 30 de Junho.

"Lu Olo" é presidente da Fretilin. Falhou ser presidente da República, a 9 de Maio, perdendo as eleições para José Ramos-Horta.

"No plano pessoal, uma derrota é não conseguir a cadeira, é não vencer a cadeira do presidente da República", afirma mais tarde "Lu Olo" à Lusa, na varanda da casa do administrador de Makadiki, onde ele e o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, passarão a noite.

"Estou seguro, seguríssimo, que teremos maior margem para obtermos assentos" no Parlamento, afirmou "Lu Olo". "Não perdemos completamente. Tivemos apenas um revés mas não perdemos completamente", acrescentou o presidente da Fretilin.

"Lu Olo" está descontraído na sua figura pequena, com uma leveza acentuada pelo seu pólo branco, apertado num cinto discreto de cabedal. Mari Alkatiri e outros quadros do partido descansam, cumprimentam-se e conferenciam na sala atrás. Há uma euforia no ar, que o cansaço da estrada apenas acentua.




Imagem
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#97 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Jun 05, 2007 6:09 am

Xanana ainda em Baucau

CANDIDO ALVES / afp / http://jn.sapo.pt/2007/06/05/mundo/

Xanana Gusmão quer incidentes investigados antes de fazer qualquer comentário

Xanana Gusmão vai continuar a campanha eleitoral no distrito de Baucau, apesar dos incidentes violentos de domingo de que resultou a morte de um elemento da comitiva, disse à Lusa, um responsável da candidatura.


José Luís Guterres, um dos 14 elementos da Fretilin-Mudança que integram as listas do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), liderado pelo ex-presidente da República, disse que Xanana continua a campanha "a bem da democracia". Após os incidentes, em Viqueque, no centro leste do país, a caravana de Xanana retirou-se por precaução para Baucau.

Um segurança da campanha do CNRT, Afonso Kudelai, de Ossú, "foi morto à queima-roupa por um elemento não uniformizado e fora de serviço da Polícia Nacional de Timor-Leste" (PNTL), disse uma fonte oficial da missão das Nações Unidas. "O polícia acertou primeiro numa perna e depois deu três tiros na cabeça do segurança", relatou, poucos minutos após o incidente, Germano da Silva, um dos organizadores da campanha do CNRT em Viqueque.

Antes de fazer qualquer cometário, a candidatura de Xanana quer que seja investigado porque é que um polícia da esquadra de Uatulari se encontrava em Viqueque, sede do distrito, sem requisição e armado, disse José Luís Guterres.

A Fretilin, adversária do CNRT nesta campanha para as legislativas, exige, por seu turno, saber porque é que o segurança de Xanana se encontrava armado.

A campanha eleitoral para as legislativas de 30 de Junho teve início a 29 de Maio e tanto o CNRT como o partido maioritário FRETILIN escolheram os distritos do leste do país para os primeiros dias de comícios. A FRETILIN tem uma forte implantação no distrito de Viqueque, onde Francisco Guterres "Lu Olo" obteve a 9 de Maio mais do dobro dos votos de Ramos-Horta, que venceu as eleições presidenciais.

Ontem, o presidente da República lamentou a "falta de disciplina" da polícia timorense. Para Ramos-Horta, a polícia "falhou na sua missão de proteger e garantir a segurança da população". "Vários membros da PNTL estão envolvidos em actos criminosos.

Podemos, assim, constatar que a indisciplina é ainda muito grande dentro da corporação. Mas não haverá impunidade", avisou o novo chefe de Estado timorense.

A reforma das forças de segurança em Timor-Leste é considerada "vital" para o futuro do país, sobretudo depois dos confrontos e do clima de intimidação que, desde Maio de 2006, têm assolado o jovem Estado, que acedeu à independência há cinco anos.




Imagem
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#98 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Jun 12, 2007 6:26 am

"Xanana está rodeado de gente da pior que há"

ANTóNIO SAMPAIO / LUSA

Mário Carrascalão diz que a sigla CNRT está a enganar o povo

O ex-presidente Xanana Gusmão, líder do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) e candidato às legislativas de 30 de Junho, está rodeado de "gente do pior que há em Timor-Leste", afirmou Mário Viegas Carrascalão, acrescentando que "há indivíduos que estão com ele que se chamavam, por exemplo, Francisco UDT, depois chamaram-se Francisco APODETI, hoje são Francisco CNRT".


Segundo o presidente do Partido Social Democrata (PSD) e cabeça-de-lista da coligação eleitoral com a Associação Social Democrática Timorense (ASDT), "é um grupo de pessoas que viram no fascínio de Xanana, na posição que Xanana tem, a possibilidade de viver à sombra dele".

"O objectivo número um de Xanana é destruir Mari Alkatiri e não a FRETILIN", afirmou o ex-governador de Timor durante dez anos, quando o território se encontrava sob a ocupação indonésia. "Xanana Gusmão está a dar guarida à chamada FRETILIN-Mudança, que vai depois regressar à FRETILIN quando destituírem Mari Alkatiri", secretário-geral

do partido maioritário e ex-primeiro-ministro, prevê Carrascalão.

"Isso não é saudável aqui para Timor", considerou Mário Viegas Carrascalão, acrescentando que a " última coisa que eu queria era ser acusado de contribuir para a instabilidade em Timor", admitindo, por isso, que "tem de arranjar forma de convivência com o próprio CNRT, que tem muita gente de quem não gosto".

"Isto engana o povo, que olha a sigla e pensa que este partido lutou pela libertação de Timor", continuou o presidente do PSD, recordando que "tem explicado na campanha que, se este partido fosse o antigo CNRT, eu próprio faria parte".

O presidente do PSD, que integrou o primeiro CNRT (Conselho Nacional da Resistência Timorense) antes da independência do país, diz que "não gostaria de ver um herói nacional, um dos pais da nossa unidade

nacional, como primeiro-ministro, se o CNRT vencer, sofrer as consequências de erros que o destituirão da História como o homem de quem todos os timorenses se orgulham".

Para Carrascalão, Xanana corre o risco de perder a credibilidade que tinha, porque "para ser governo, é preciso ter-se sensibilidade para assuntos administrativos e temas sociais. Não é só discursar. É preciso saber como".

"Há com certeza técnicos para fazer as coisas, mas se um líder não acompanhar, é coresponsável. É engolido".

Carrascalão diz, por outro lado, que com ou sem razão "a maior parte da população odeia Mari Alkatiri", secretário-geral da FRETILIN e ex-primeiro-ministro.




Imagem
Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 54792
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceram: 2314 vezes

#99 Mensagem por P44 » Ter Jun 12, 2007 6:37 am

sinceramente a independência de timor está a ser uma DESILUSÃO GIGANTESCA..... :cry:




Triste sina ter nascido português 👎
Avatar do usuário
Einsamkeit
Sênior
Sênior
Mensagens: 9042
Registrado em: Seg Mai 02, 2005 10:02 pm
Localização: Eu sou do Sul, é so olhar pra ver que eu sou do Sul, A minha terra tem um cel azul, é so olhar e ver

#100 Mensagem por Einsamkeit » Ter Jun 12, 2007 4:46 pm

P44 escreveu:sinceramente a independência de timor está a ser uma DESILUSÃO GIGANTESCA..... :cry:


E nao é so levar o LPD, escoltado pelas VDG e desembarcar uns fuzos?

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:




Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
Moonspell - Full Moon Madness

Imagem
Avatar do usuário
Dieneces
Sênior
Sênior
Mensagens: 6524
Registrado em: Seg Abr 09, 2007 1:50 pm
Localização: São Gabriel , RS
Agradeceram: 10 vezes

#101 Mensagem por Dieneces » Ter Jun 12, 2007 4:53 pm

Einsamkeit escreveu:
P44 escreveu:sinceramente a independência de timor está a ser uma DESILUSÃO GIGANTESCA..... :cry:


E nao é so levar o LPD, escoltado pelas VDG e desembarcar uns fuzos?

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:
A questão lá é reativar o MOBRAL , implementar um bolsa-família e complementados por um batalhão de engenharia do exército . Muito miserável aquela gente e país . E a Petrobrás tem que começar a se mexer também.




Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
Avatar do usuário
Einsamkeit
Sênior
Sênior
Mensagens: 9042
Registrado em: Seg Mai 02, 2005 10:02 pm
Localização: Eu sou do Sul, é so olhar pra ver que eu sou do Sul, A minha terra tem um cel azul, é so olhar e ver

#102 Mensagem por Einsamkeit » Ter Jun 12, 2007 5:02 pm

Portugal tem que agir, antes que a Australia Anexe o Timor

:lol: :lol: :lol: :lol:




Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
Moonspell - Full Moon Madness

Imagem
Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 54792
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceram: 2314 vezes

#103 Mensagem por P44 » Seg Jun 18, 2007 10:10 am

Morreu Abílio Osório Soares


Abílio Osório Soares, ex-governador de Timor-Leste durante a ocupação indonésia, morreu ontem em Kupang, vítima de doença prolongada. Segundo um amigo da família, Abílio Osório Soares morreu no hospital de Kupang, na parte ocidental de Timor.
“Não resistiu ao cancro, apesar de três operações feitas em Singapura no ano passado”, disse.
Abílio Osório Soares, nascido em Laclubar, Manatuto, em 2 de Junho de 1947, foi nomeado governador do território por Jacarta em 1992 e, em 1997, para um segundo mandato, que não chegou a terminar devido à organização do referendo pela independência de Timor-Leste, em Agosto de 1999.
Abílio Osório Soares deixou o seu nome ligado à última década da ocupação indonésia, como governador do território e rosto do integracionismo. Entrou na política timorense após a Revolução de Abril em Portugal, através do partido pró-indonésio APODETI, de que o seu irmão mais velho, José Fernando, era secretário-geral.
Abílio Osório Soares passou por diversos cargos a partir dos primeiros anos da ocupação: dirigiu em Díli os serviços centrais de Obras Públicas indonésios; foi presidente da câmara de Díli e administrador distrital de Manatuto, a sua região natal, antes de ser nomeado governador do território em 1992, sucedendo a Mário Viegas Carrascalão.
“Era uma pessoa dúbia”, recordou o ex-governador, actual presidente do Partido Social Democrata e candidato às legislativas, sobre o seu sucessor no cargo a partir de 1992.


do 1º de Janeiro




Triste sina ter nascido português 👎
Avatar do usuário
Rui Elias Maltez
Sênior
Sênior
Mensagens: 13951
Registrado em: Ter Nov 16, 2004 1:38 pm
Localização: Sintra, Portugal
Agradeceram: 1 vez
Contato:

#104 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qua Jun 20, 2007 5:48 am

Ramos-Horta cancela captura de major rebelde

ANTóNIO COTRIM / LUSA / http://jn.sapo.pt/2007/06/20/mundo/

Ramos-Horta anunciou decisão e não prestou quaisquer declarações

O presidente da República de Timor-Leste, José Ramos- -Horta, ordenou, ontem, o fim de "todas as operações militares e policiais com vista à captura do major Alfredo Reinado e de todos os elementos a si associados".


Imagem
Reinado, o Major rebelde

Ramos-Horta anunciou a decisão no Palácio das Cinzas, em Díli, lendo à Imprensa uma declaração de duas páginas e sem prestar quaisquer declarações.

O procurador-geral da República, Longuinhos Monteiro, e os representantes legais do major fugitivo "irão de imediato encetar os passos necessários com vista a iniciar- -se o processo de diálogo, com o envolvimento da Igreja, como entidade facilitadora, com vista a criar-se as condições necessárias para a entrega" de Alfredo Reinado "e das armas em sua posse à justiça", acrescentou o presidente da República.

José Ramos-Horta desclocou-se durante o fim-de-semana à região de Same, distrito de Manufahi, no Sul do país, para se encontrar com o grupo de Alfredo Reinado e com elementos expulsos, em Março do ano passado, das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), os chamados peticionários.

O cancelamento de todas as operações para capturar Alfredo Reinado foi decidido pelo presidente da República depois de uma reunião de alto nível, anteontem, onde participaram o presidente do Parlamento, Francisco Guterres "Lu Olo", o vice-primeiro-ministro e ministro Coordenador do Governo, Rui Maria Araújo, o procurador-geral da República, o chefe do Estado-Maior das F-FDTL, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, e o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Atul Khare.

"A reunião abordou também a questão de outros elementos pertencentes às F-FDTL e à Polícia Nacional de Timor- -Leste que, na sequência dos acontecimentos de 28 de Abril de 2006, abandonaram os seus respectivos quartéis".

Alfredo Reinado, ex-comandante da Polícia Militar, encontra-se fugido no Sul do país desde que as Forças de Estabilização Internacionais (ISF) tentaram capturá-lo a 3 de Março, numa operação em Same que deu seguimento a uma ordem dos órgãos de soberania anunciada ao país pelo ex-presidente Xanana Gusmão.




Imagem
Avatar do usuário
Internauta
Intermediário
Intermediário
Mensagens: 256
Registrado em: Dom Abr 22, 2007 2:35 pm
Localização: Portugal

#105 Mensagem por Internauta » Qua Jun 27, 2007 2:35 pm

Timor-Leste/Eleições:Petróleo, «futuras gerações» na campanha


O Fundo Petrolífero e o modelo de gestão dos recursos do Mar timorenses estiveram sob fogo cerrado durante a campanha eleitoral que hoje terminou, para as legislativas de sábado em Timor-Leste.
O alvo principal foi a Fretilin, acusada de ter investido no futuro, esquecendo o presente do país mais pobre do Sudeste Asiático.

«Não é uma crítica justa», afirmou o ministro dos Recursos Naturais, Minerais e Política Energética, José Teixeira, entrevistado pela Agência Lusa sobre a política da Fretilin no sector vital da economia timorense.

«Estamos a falar de recursos que ainda não extraímos», sublinhou José Teixeira.

As injecções de receitas do Mar de Timor no Orçamento Geral do Estado (OGE) resultam de uma fórmula de cálculo que se aplica aos ganhos potenciais do «offshore» timorense durante toda a vida produtiva das reservas.

«Estamos até a usar dinheiro que pertence já às futuras gerações», insistiu o ministro e candidato a deputado pela Fretilin nas legislativas de sábado.

As receitas actuais do petróleo timorense provêm, no essencial, de um único campo, o Bayu-Undan. O grande campo Greater Sunrise, matéria de disputa negocial e diplomática com a Austrália, entrará em produção apenas em 2011/12.

«O Fundo só está estabelecido desde Julho de 2005 e abrimos nessa altura com um saldo de apenas 200 milhões de dólares», afirmou o ministro.

«O OGE de 2005/06 foi o primeiro que conseguimos injectar com o Fundo», recordou José Teixeira.

«Nos primeiros anos da independência estávamos dependentes dos doadores. O orçamento de 2002 era só de 70 milhões de dólares. Depois subiu pouco a pouco e em 2006 começou a subir bastante com a receita do petróleo», declarou à Lusa o director executivo da Autoridade Designada do Mar de Timor (ADMT), José Lobato.

«O grande problema é a capacidade de executar e fiscalizar o Orçamento Geral do Estado. Isso não é um problema do Fundo e qualquer Governo vai encontrá-lo», acrescentou José Lobato.

«Timor será, nas próximas décadas, um dos países no mundo mais dependentes das receitas petrolíferas», alerta a La´o Hamutuk, uma organização de monitorização da reconstrução timorense que analisa regularmente a gestão e a legislação relacionada com o Mar de Timor.

O último OGE é de 316 milhões de dólares e apenas cerca de 60 milhões são receitas não-petrolíferas.

Diário Digital / Lusa





Responder