LM escreveu: ↑Sáb Jul 02, 2022 8:09 am
Os comments(*) do próprio "gaijo" que postou (autor) são ou apenas razoáveis como o primeiro (simplifica demais e aproveita para escamotear simplesmente toda a História Europeia até 1945) mas o próximo é simplesmente MAGISTRAL, pois me parece também que o melhor paralelo de todos com o atual é o citado conflito, onde foi gravado definitivamente em pedra os nomes de dois dos maiores Generais da História, Potemkin (infelizmente imortalizado com o batismo do navio - uma belonave poderosa, mas suas obras como General e colonizador da Rússia foram encobertas pelo que houve muito após sua morte - que mais tarde se tornaria símbolo de algo muito ruim e que, de maneira mais SOFT, caminha para sua já praticamente inevitável conclusão na Europa Ocidental, a UE/EU como sucessora da URSS) e meu preferido, SUVOROV.
Podemos ler em relatos daquele tempo vários nomes de cidades, Oblasts e portos que rotineiramente vemos outra vez nos dias atuais, como AZOV, e sua importância estratégica e comercial para quem controla. Como as motivações Geopolíticas daqueles tempos permanecem intactas, sabemos então que uma aliança Russo-Turca seria, na remota hipótese de ocorrer, um "casamento de conveniência" com pouca duração e duvidosa efetividade.
Na OTAN/NATO a presença da Turquia é uma piada de péssimo gosto: bem que gostariam mas não podem expurgá-la pois, além de deixarem aberto um flanco extenso e perigosíssimo e lhe soltarem as mãos para poder enfiar a faca na Grécia (e talvez Armênia) de uma vez, mas também não conseguem mantê-la na linha (é possivel que os dois conflitos potenciais ocorram mesmo com ela estando no grupo), sendo portanto um permanente foco de instabilidade no Novo Eixo. Muito ruim com ela, mas ainda pior sem ela (e seu mercado consumidor de manufaturas da UE, diretamente umas 90M pessoas,, cerca de 1/6 da população da UE/EU, além do que compram e depois revendem para seus vizinhos e parceiros comerciais).
Sobre a OTAN/NATO em si, um pouco de pesquisa e reflexão nos levam a concluir que só não foi criada no pós-guerra de 1918 por os EUA ainda não serem nem a sombra da superpotência que se tornou no pós-guerra de 1945: faltava ainda uma capacidade de projeção de força que pudesse superar toda a capacidade defensiva da Europa reunida (menos os que fossem aliados dos mesmos EUA que seriam, se necessário, as "cabeças de praia" - sendo o UK a Base Avançada que vimos na 2GM) e um maior volume de dívida (e, por conseguinte, dependência econômica) das principais potências europeias em relação aos EUA; o pretexto, como todos sabemos, foi brindado pela URSS: o bloqueio de Berlim e sua famosa "ponte aérea".
Notemos que o "perigo Russo" já era percebido pelos Europeus desde os tempos dos czares, tendo apenas passado a ser chamado de "perigo soviético" após a queda daqueles; com a implosão da URSS, após se divertirem bombardeando ex-aliados importantes como a Sérvia, reabsovendo a Alemanha Oriental (Reunificação Alemã) e cooptando outros como a Polônia, aproveitaram-se do empobrecimento (e consequente enfraquecimento militar) Russo para passar a cooptar tudo mais que pudessem ao redor da ex-URSS, com o pretexto de "contenção da ameaça Russa". E isso foi LETAL para uma tentativa séria de harmonização diplomática com um País que, sempre tendo estado sob controle de tiranias explícitas (tipo a China, outra que "deve ser contida"), tentava dar alguns passos em direção ao que aqui no Ocidente chamamos de "democracia"; deu ruim pela falta de foco, e alguns ex-altos funcionários do estado se reorganizaram como cartel e adquiriram ou simplesmente se apossaram de vastas fatias da capacidade produtiva antes centralizada e outros tomaram as rédeas da política e do aparato militar e policial. Entre estes úiltimos emergiu um cujo nome é hoje conhecido no mundo todo (e odiado em boa parte de Ocidente). E nada melhor do que um governante fraco como Yeltsin para trazer a ex-URSS "para o ocidente" (claro, um País tão grande e com potencial suficiente para, caso fosse reerguido, fosse um desafio - mesmo que apenas diplomático, significando influência sobre os demais Europeus, menores e mais fracos - à supremacia ianque).
No fim os EUA, aparentemente por influência do UK (o câncer da Europa), optaram pelo - para eles - menos pior, e resultou no que estamos vendo hoje. Mas o que há no meio é imprescindível para compreendermos o momento atual: aos poucos o foco na guerra entre estados (URSS com seu Pacto de Varsóvia e depois Rússia com seu CEI/CIS) foi saindo da esfera militar e passando à econômica, com sanções que remontam aos tempos da URSS e que jamais funcionaram a contento, servindo apenas (e só uma que outra vez) para retardá-la um pouco, jamais para detê-la, tanto hoje quanto há mais de meio século. Já a parte militar foi decaindo para guerras contra estados fracos ou mesmo falidos (Iugoslávia e Iraque nos anos 90, p ex) e depois, já neste século, para atores não-estatais ou mesmo para-estatais (proxies, grupos terroristas, narcos); um efeito alarmante foi a dramática redução das capacidades militares Europeias, chegando a extremos que debatemos muito aqui no DB, como a Holanda (e se não engano Bélgica, entre outros) simplesmente renunciando à posse e uso de MBT, passando a usar uma mistura de MGS com VTR capazes de lançar ATGM; a drástica redução em capacidade blindada da Alemanha (no auge da Guerra Fria, além das forças ianques estacionadas em seu território, chegaram a ter milhares de MBT, entre Leo1 e 2 (além de M-47 e M48 na reserva) e que hoje não chega a duas centenas de Leo2 com capacidade de emprego e grau de modernização indeterminados.
Mas a função REAL da OTAN/NATO nunca foi conter Russo ou soviético, estes foram apenas os pretextos para sua fundação e sua efetiva entrada em operação: conter OS PRÓPRIOS EUROPEUS em seu arraigado hábito já milenar de estarem em quase permanente estado de guerra (ou quase) uns contra os outros foi sempre a meta fundamental, e para isso tem servido (p ex, quantas guerras já teria havido entre a Turquia e a Grécia, com a ex-república soviética da Armênia no permeio, se não fosse a OTAN/NATO? Portugal não seria hoje apenas mais uma parte incômoda - porém lucrativa, como a Catalunha e País Basco - do Império de Castela? A Áustria já não teria voltado a ser um estado-membro da Federação Alemã, com seu nome original, Östmark? Luxemburgo - paraíso fiscal - já não teria sido absorvido pela Holanda? E por aí segue).
Assim, e QED, a minha resposta à pergunta feita no tweet é simples:
- PORQUE NUNCA HOUVE NENHUMA TENTATIVA DE DISSUASÃO, MAS SIM DE INTIMIDAÇÃO.
(*) - Não li a matéria em si porque é DE OPINIÃO (e eu tenho a minha própria, e acesso às mesmas fuentes), e porque é PAGA; se tenho a minha, com o meu próprio viés e não cobro por ela, por que iria pagar para saber a de outro, cujo viés precisei ler uma dúzia e pouco de tweets dele para saber qual é?