Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#91 Mensagem por Sterrius » Ter Set 02, 2008 1:15 pm

E cadê a Rússia ?
Depende. Por GDP Nominal nos ja passamos a russia. Em GDP por PPP ela ainda ta na frente.

GDP nominal -> "the market value of all final goods and services from a nation in a given year. The GDP dollar estimates presented here are calculated at market or government official exchange rates."

GDP PPP -> "The GDP dollar estimates given are derived from purchasing power parity (PPP)"

No nominal o Brasil ta em 10º. A frente da Russia, India, Mexico etc, so que atras do Canada e da Espanha por exemplo.
No PPP o brasil ta em 8º. A frente da Italia, Espanha, Mexico etc. Atrás da Russia, India e resto do Bric.

Link da lista de paises por

GDP nominal. http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_co ... _(nominal)
PPP http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_co ... _GDP_(PPP)




PRick

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#92 Mensagem por PRick » Ter Set 02, 2008 3:01 pm

Os últimos dados do Banco Mundial:

Gross domestic product 2007
(millions of
Ranking Economy US dollars)

1 United States...... 13,811,200
2 Japan.................. 4,376,705
3 Germany............... 3,297,233
4 China................... 3,280,053
5 United Kingdom...... 2,727,806
6 France.................. 2,562,288 a
7 Italy..................... 2,107,481
8 Spain.................... 1,429,226
9 Canada.................. 1,326,376
10 Brazil................... 1,314,170
11 Russian Federation. 1,291,011
12 India.................... 1,170,968
13 Korea, Rep............... 969,795
14 Mexico.................... 893,364
15 Australia.................. 821,716

O PIB nominal depende do crescimento econômico e da taxa de câmbio.

Algumas notícias dizem que a economia dos EUA está desacelerando ainda mais no segundo semestre desse ano. A Índia, nos últimos meses, desacelerou de forma expressiva. A China continua de vento em popa, mas duvido que consiga uma taxa de crescimento acima de 10% a partir do ano que vem.

Vejam o estudo abaixo de um órgão da ONU, diz que em 2020 a CHINA já terá ultrapassado a economia dos EUA.

[ ]´s
Brasil terá crescente importância na economia mundial, diz estudo


PIB
International Poverty Centre prevê realinhamento da economia global

A economia mundial deverá passar por um realinhamento até 2020, com uma queda de importância dos Estados Unidos ao mesmo tempo em que Brasil, China e Índia ganharão mais destaque no cenário global, segundo projeções do International Poverty Centre (IPC).

De acordo com as previsões do IPC, ligado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), até 2020 o Brasil vai ganhar um significativo peso econômico.

O IPC projeta que em 2020 a economia brasileira seria cerca de 38% maior do que a do Leste Europeu e próxima de um quinto da economia dos Estados Unidos.

A renda per capita do Brasil deverá crescer a um ritmo de 3,4% até 2020, segundo as previsões do IPC.

"(O Brasil) deverá se beneficiar da demanda contínua por suas exportações de commodities e do aumento do comércio e do investimento intra-regional", diz o estudo.

"Mas suas políticas financeiras conservadoras, que sustentam o valor de sua moeda, indicam que seu pequeno déficit em conta corrente vai mudar pouco até 2020."

As projeções foram feitas considerando o impacto do aumento do petróleo, da queda do dólar e de uma possível recessão nos Estados Unidos na economia global.

China

Segundo as projeções do IPC, em 2020 a China será a maior economia do mundo, "ultrapassando facilmente tanto a dos Estados Unidos quanto a da Europa".

As projeções indicam que o tamanho da economia chinesa (medido em termos de paridade de poder de compra), que hoje equivale a cerca de 86% da economia dos Estados Unidos, passará ao equivalente a 132% em 2020.

O IPC projeta uma queda na renda per capita nos Estados Unidos a partir de 2013, com o fim do impacto do pacote de estímulo monetário e fiscal implementado pelo governo americano em resposta à atual crise econômica.

"No período de 2008 a 2020, o crescimento projetado da renda per capita nos Estados Unidos é de apenas 0,5% por ano, bem abaixo da maioria dos outros países desenvolvidos", diz o estudo.

Para sua projeção, o IPC considera que o pacote de ajuda estará em vigor entre 2008 e 2011. "Se esse estímulo que nós projetamos não fosse aplicado, o resultado projetado seria bem pior", diz o texto.

Em contraste com a estagnação e o declínio previstos para os Estados Unidos, a renda per capita da China deve crescer a 4,7% ao ano durante o período de 2008-2020, segundo o IPC.

"Essa é uma marcada redução de ritmo em comparação a sua recente taxa de crescimento de 7% a 8%. Mas ainda alta se comparada às taxas projetadas para outros países em desenvolvimento e desenvolvidos", diz o estudo.

Segundo o IPC, devido à desaceleração global, especialmente à estagnação dos Estados Unidos, "o substancial superávit em conta corrente da China em 2008, de 6,8% do PIB, seria reduzido em 3 pontos percentuais em 2020".

As projeções indicam ainda que a economia chinesa irá "enfrentar novos desafios depois de 2020 por causa do aumento das importações de manufaturados, matérias-primas e energia de alto custo".

Índia

A economia da Índia aumentaria do equivalente a cerca de 35% da economia dos Estados Unidos em 2008 para cerca de 55% em 2020 e ultrapassaria o tamanho da economia do Japão em cerca de 45%, segundo o IPC.

"A projeção é de que a Índia continue seu atual ritmo de crescimento de 4% na renda per capita até 2020, apesar da desaceleração global", diz o IPC

Segundo o IPC, como a Índia é menos dependente de importações do que a China, sua conta corrente iria melhorar, passando de um déficit de -2,4% em 2008 para um pequeno superávit de 0,5% em 2020.

Para o IPC, "as principais determinantes do declínio americano são problemas profundamente estruturais, como a persistência de um grande déficit em conta corrente e um oneroso endividamento externo".

O IPC projeta que a desvalorização do dólar vai parar em 2010. Também prevê que o déficit em conta corrente americano aumente de -5,5% do PIB em 2008 para -6,3% em 2020.

Segundo o IPC, as mudanças previstas para a economia global "podem ser ainda mais dramáticas" se as políticas econômicas do Brasil, da China e da Índia forem ajustadas para intensificar suas perspectivas de desenvolvimento de longo prazo.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#93 Mensagem por Penguin » Ter Set 02, 2008 7:50 pm

Santiago escreveu:O Brasil em 2030
Por TATIANA DE MELLO


Estudo divulgado na quarta-feira 20 pela FGV e pela consultoria Ernst & Young: o Brasil será a oitava economia do mundo em 2030 se mantiver o seu ritmo de crescimento em 4% ao ano. Segundo a pesquisa, a força motriz desse crescimento é a explosão do consumo e o aumento da classe média. O PIB deverá crescer 150% nos próximos 22 anos. “A evolução do mercado consumidor brasileiro é superior ao das economias maduras”, diz Sergio Citeroni, um dos donos da Ernst & Young.

Imagem

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PIB brasileiro crescerá 150% até 2030, projetam Ernst & Young e FGV

Plantão | Publicada em 19/08/2008 às 14h09m
O Globo Online
RIO - O PIB brasileiro crescerá 150% até 2030 e passará dos atuais US$ 963 bilhões, registrados em 2007, para US$ 2,4 trilhões, em 2030, projeta estudo da Ernst & Young e da FGV Projetos divulgado nesta terça-feira. Para tanto, a economia deve crescer em média 4% ao ano no período, saltando da décima para a oitava posição entre as maiores economias mundiais. Segundo a pesquisa, a taxa de crescimento médio da renda do brasileiro será de 3,1% até 2030. Nesse cenário, o Brasil terá o quinto maior mercado consumidor do mundo, pulando três posições no ranking, em 23 anos.

Segundo Fernando Garcia, consultor da FGV Projetos, as estimativas da pesquisa levam em consideração fatores como a taxa média de investimento de 22,7% e a expansão da força de trabalho a 0,95% ao ano, equivalente ao padrão mundial, porém superior ao dos países desenvolvidos, de 0,1% ano

Outros fatores determinantes para o crescimento, de acordo com o estudo, são o aumento da escolaridade da mão-de-obra, que deve passar de 7,8 anos de instrução formal, em 2007, para 11,3 anos, em 2030, e o aumento médio da produtividade de 0,93% ao ano - número próximo ao dos países desenvolvidos (1,05% ao ano), mas inferior ao ritmo da China (1,37% ao ano).

A expectativa da FGV e da Ernst & Young é de que a China se tornará a segunda maior economia já em 2017. Já México e Índia ultrapassarão a Espanha e o Canadá nas próximas duas décadas, situando-se logo abaixo do Brasil, na nona e décima posições.

O estudo aponta que o crescimento global entre os anos de 2007 e 2030 está em grande medida condicionado ao desempenho dos Estados Unidos e dos países em desenvolvimento, sobretudo China, Índia e Brasil. Os Estados Unidos, mesmo com um crescimento do PIB menor, continuarão sendo a maior economia do mundo, com altas taxas de produtividade e de remuneração de capital.

A Ásia e a Oceania, alavancadas pelo desempenho econômico chinês, aumentarão expressivamente sua importância mundial, com crescimento médio de renda de 4,8% ao ano, superior ao verificado na América do Sul (3,5%), nos Estados Unidos (2,7%) e na Europa (1,7%). A América do Sul ganhará importância relativa em razão de seu crescimento econômico maior que o da média mundial, em especial o brasileiro, e da valorização de suas reservas energéticas (petróleo, gás, biodiesel e etanol).

A publicação "Brasil Sustentável - Crescimento Econômico e Potencial de Consumo" foi realizado com base no histórico de indicadores econômicos dos últimos 57 anos de cem países. O relatório é o segundo de uma série de cinco documentos sobre o comportamento nas próximas duas décadas de cinco setores estratégicos da economia do país: mercado imobiliário, varejo, energia, agroindústria e competitividade industrial.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#94 Mensagem por Penguin » Ter Set 02, 2008 7:53 pm

Brasil pode crescer 150% até 2030, diz FGV

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporte ... v_ac.shtml

Brasil poderia crescer entre 3,8% e 4,3% ao ano até 2030

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá crescer 150% até 2030 se alguns indicadores repetirem o desempenho dos últimos 57 anos, segundo uma projeção realizada em conjunto pela FGV Projetos (da Fundação Getúlio Vargas) e a Ernst & Young Brasil.

De acordo com o cenário exposto no estudo "Brasil Sustentável - Crescimento Econômico e Potencial de Consumo", divulgado nesta terça-feira, nesse período o Brasil poderia crescer entre 3,8% e 4,3% ao ano e passar da 10ª para a 8ª posição entre as maiores economias do mundo.

O PIB brasileiro passaria dos US$ 963 bilhões de 2007 para US$ 2,4 trilhões em 2030.

Segundo o estudo, as condições para esse resultado "são factíveis", e seriam taxa média de investimento de 22,7% e expansão da força de trabalho a 0,95% ao ano.

Um índice "equivalente ao padrão mundial, porém superior ao dos países desenvolvidos, de 0,1% ano”, diz o consultor da FGV Projetos Fernando Garcia.

Outros fatores determinantes para o crescimento seriam o incremento da escolaridade da mão-de-obra de 7,8 para 11,3 anos de estudo formal e o aumento médio da produtividade de 0,93% ao ano.

Mercado consumidor

Segundo o trabalho, o cenário de referência da economia brasileira "projeta uma ampliação significativa do mercado de consumo no país".

O crescimento do consumo de 3,8% ao ano levaria o Brasil a ter o quinto maior mercado consumidor do mundo em 2030. Atualmente o país ocupa a oitava posição.

O modelo indica "uma mudança profunda no perfil da sociedade brasileira", com o estreitamento da pirâmide social e o crescimento das classes de renda intermediária.

Segundo o estudo, o mercado de consumo passaria de um total de vendas de R$ 1,41 trilhão em 2007 para R$ 3,30 trilhões em 2030.

De acordo com o trabalho, "o crescimento global nos próximos 23 anos está em grande medida condicionado ao desempenho dos Estados Unidos e dos países em desenvolvimento, sobretudo China, Índia e Brasil".

O estudo é o segundo de cinco relatórios com projeções para setores estratégicos da economia nas próximas duas décadas.

Além do mercado imobiliário e do varejo, serão avaliados os setores de energia, agroindústria e competitividade industrial.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#95 Mensagem por soultrain » Ter Set 02, 2008 8:10 pm

MILITARISMO. E CRISE ECONÔMICA

Atualizado e Publicado em 19 de agosto de 2008 às 12:58

De repente os americanos notam a ascensão da China - por conta das Olimpíadas - e da Rússia - por conta da guerra na Geórgia.

Os comentaristas notam a ausência de uma política externa razoavelmente articulada do governo Bush em relação aos dois países, além das obviedades diplomáticas.

Não se pode perder de vista, no entanto, que até ontem os Estados Unidos promoviam um "cerco" à Rússia, ao buscar a expansão da aliança militar do Ocidente (OTAN) e regimes pró-americanos nas antigas repúblicas soviéticas.

Quem imagina que os neoconservadores morreram depois da "aventura" no Iraque vai se surpreender com a política externa de John McCain. Ele aposta numa nova "guerra fria" por motivos meramente eleitorais: uma crise externa pode ajudá-lo.

Desde o colapso do muro de Berlim os Estados Unidos atualizaram seu arsenal de armas nucleares e hoje o Pentágono tem supremacia tática sobre Rússia e China.

Por outro lado a crise econômica deve se aprofundar nos próximos meses. É quase certo que o governo Bush terá que nacionalizar as duas empresas encarregadas de financiar a casa própria no país, Fannie Mae e Freddie Mac. O ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kenneth Rogoff, acredita que nos próximos meses um grande banco americano irá à falência.

Isso já aconteceu com uma grande corretora (Bear Stearns) e um banco regional importante (IndyMac).

No curto prazo nada deve acontecer, já que os Estados Unidos estão amarrados no Iraque e no Afeganistão. Mas dessa mistura - militarismo em alta e economia em baixa - jamais resultou coisa boa.


http://www.viomundo.com.br/opiniao/mili ... economica/





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#96 Mensagem por soultrain » Qua Set 03, 2008 6:20 pm

Boas,

Vamos lá a uma tentativa de explicação mais pormenorizada sobre o que se está a passar:

Após o 11 de Setembro de 2001, acabados de sair da bolha da Internet, o mundo vivia um tempo complicado em termos financeiros, especialmente os EUA. Para proteger os investidores, Alan Greenspan, nessa altura presidente da Reserva Federal americana, decidiu orientar os investimentos para o sector imobiliário. Através de uma política de taxas muito baixas e de redução das despesas financeiras, levou os intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis.

Foi assim estabelecido o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e de taxa variável concedidos às famílias mais frágeis e a pessoas que não tinham hipóteses de ter crédito anteriormente, nomeadamente estrangeiros a residir nos EUA. Foi a loucura, a desregulação do mercado apoiado pelo Governo Central Americano, contaram-me casos de compra de casas por estrangeiros com venda posterior sem a presença do banco e a fuga para o país de origem, empréstimos que entravam em iincomprimento na primeira prestação, que com a cavalgada dos preços do imobiliário se fazia outra hipoteca sobre o aumento vezes sem conta, apenas para pagar as prestações atrasadas, enfim um regabofe no sector financeiro imobiliário.

A Reserva Federal, em 2005, aumentou a taxa de juro de referência (aquelas, precisamente, que acabara de reduzir), por causa de uma economia frágil com as aventuras no Iraque e no Afeganistão. Com isso desregulou a máquina e desencadeou um efeito dominó, fazendo vacilar o sistema bancário internacional a partir de Agosto de 2007.

A ameaça de insolvência de quase três milhões de famílias, endividadas em cerca de 200 mil milhões de euros, levou à falência importantes instituições de crédito. Para se precaverem contra esse risco, estas tinham vendido uma parte dos seus créditos duvidosos a outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimento especulativos, que, por sua vez, os disseminaram em bancos do mundo inteiro. Resultado: qual epidemia fulminante, a crise atingiu o sistema bancário como um todo.

Ainda ninguém sabe qual é a dimensão exacta dos danos. Desde Agosto de 2007, os bancos centrais norte-americano, europeu, britânico, suíço e japonês injectaram na economia centenas de milhares e milhões de euros sem conseguirem restaurar a confiança.

Da economia financeira, a crise propagou-se para a economia real. E uma conjunção de factores – redução acelerada dos preços do imobiliário nos Estados Unidos (mas também no Reino Unido, na Irlanda e em Espanha), esvaziamento da bolha de liquidez, queda do dólar, restrição do crédito – fazem de facto temer um nítido recuo do crescimento mundial. A isso vêm ainda juntar-se outros fenómenos, tais como o aumento dos preços do petróleo, das matérias-primas e dos produtos alimentares. Ou seja, os ingredientes de uma crise que está para durar. A mais importante desde que a globalização passou a constituir o quadro estrutural da economia mundial.

A saída desta crise reside agora na capacidade que as economias asiáticas tenham para revezar o motor norte-americano. Nesse caso, isso será uma nova manifestação do declínio do Ocidente, pressagiando a próxima deslocação do centro da economia-mundo dos Estados Unidos para a China. E se assim for, a presente crise irá assinalar o fim de um modelo.

O sistema financeiro dos EUA, a bolha da dívida e o cancro da desregulamentação excessiva

por Rodrigue Tremblay [*]

"É justiça poética que as pessoas que fermentaram esta mixórdia tóxica por fim acabaram por beber um bocado dela".

Warren Buffett, investidor americano

"Através de um contínuo processo de inflação o governo pode confiscar, secreta e anonimamente, uma parte importante da riqueza dos seus cidadãos".

John Maynard Keynes (1883-1946)

"O novo dinheiro que entra na economia não afecta todos os actores económicos por igual nem influencia todos os actores e económicos ao mesmo tempo. O dinheiro recém criado deve entrar na economia num ponto específico. Geralmente esta injecção monetária chega através da expansão do crédito pelo sector bancário. Aqueles que recebem este novo dinheiro em primeiro lugar beneficiam-se a expensas daqueles que o recebem só depois de ele ter serpenteado através da economia e de os preços terem tido oportunidade de ajustar-se".

Friedrich A. Hayek (1899-1992), economista austríaco

Quando o presidente do Fed, Ben Bernanke , diz que a situação económica está a pior, é melhor que acredite nele. De facto, os mercados de crédito nos EUA estão a entrar em colapso debaixo dos nossos olhos, e não se vê quando isto acabará, muito menos de quando reverterá.

1- Os principais indicadores económicos da economia dos EUA estão em queda;

2- O sentimento de confiança do consumidor está em queda quando as retiradas sobre hipotecas estão a secar;

3- Os números do emprego estão em queda;

4- O relatório de Janeiro de 2008 sobre a economia de serviços dos EUA indica que a mesma contraiu-se no princípio do ano pela primeira vez em 58 meses;

5- O número de novos desempregados ainda é perigosamente elevado;

6- A crise habitacional está a ganhar vapor; os banco têm de colocar nos seus balanços perdas cada vez mais elevadas devido às subprimes, minando portanto as suas bases de capital e conduzindo muitos deles à beira da insolvência;

7- As agências de classificação de crédito estão sob sítio;

8- Os títulos de companhias de garantia de seguros estão em vias de perderem as suas classificações triplo A e algumas estão à beira da bancarrota;

9- O mercado de títulos municipais , com US$2,6 milhões de milhões (trillion) está prestes a mergulhar, se e quando os seguradores de títulos não os arrastarem;

10- O mercado corporativo dos empréstimos alavancados (leveraged) está desbaratado;

11- O mercado de mais de um milhão de milhões de dólares de hipotecas e títulos apoiados em dívidas pode entrar em colapso completo se os maiores segurados de hipotecas estado-unidenses continuarem a sofrer perdas lancinantes;

12- Grandes hedge funds estão a perder dinheiro numa escala elevada e estão a sofrer uma corrida sobre os seus activos;

13- Nos EUA, a dívida total em percentagem do PIB é superior a 300 por cento, um nível récorde (N.B.: em 1980 era 125 por cento!);

14- E, finalmente, o mercado à escala mundial de centenas de milhões de milhões (trillion) de dólares em derivativos poderia implodir a qualquer momento, se demasiadas instituições financeiras forem abaixo durante os próximos meses, pois a maior parte destas transacções são negócios inter-instituição.

Há uns poucos positivos desgarrados, tal como o facto de que o produto manufactureiro parecer estar a levantar-se muito bem, pois o dólar desvalorizado estimula as exportações, mas o quadro económico global permanece negro. Isto é uma homenagem à capacidade de resistência da economia dos EUA.

Toda esta confusão começou no princípio dos anos 2000, e mesmo muito antes no principio dos anos 1980 quando Fed e a SEC adoptaram uma abordagem de não tocar nos mercados financeiros, guiados pela nova religião económica de que "os mercados não podem errar". O que estamos a testemunhar é o fracasso de aproximadamente trinta anos das chamadas políticas económicas conservadoras a cavaleiro da dívida e da desregulamentação.

Deve-se entender que o recente problema da subprimes começou realmente em 2000, quando a agência de classificação de crédito Standard & Poors emitiu um pronunciamento a dizer que o financiamento hipotecário de casas "montado nas costas" ("piggyback"), quando uma segunda hipoteca é tomada para pagar a entrada de uma primeira hipoteca, provavelmente não conduziria a mais incumprimentos do que mais hipotecas padrão. Isto encorajou instituições de empréstimos hipotecários a relaxarem as suas práticas de empréstimos, indo tão longe como emprestar sobre hipotecas com nenhum pagamento inicial de qualquer espécie, e até mesmo adiar pagamentos de capital e juros por algum tempo. E com o Fed e a SEC a olharem para o outro lado, foi dado um passo fatal. Os bancos e as suas subsidiárias decidiram seguir novas regras tóxicas e arriscadas de operação bancária.

Na verdade, apesar de os bancos tradicionalmente tomarem emprestado a curto prazo e concederem empréstimos a longo, eles deram um novo passo gigantesco: começaram a transformar empréstimos a longo prazo, tais como hipotecas, empréstimos para carros, estudantes, etc em empréstimos a curto prazo. Realmente, eles caíram no negócio do alquimista de entrouxar juntos empréstimos a prazos relativamente longos dentro de pacotes que cortaram às fatias dentro de instrumentos de crédito mais pequenos que tinham todas as características de papel comercial a curto prazo, mas estavam a carregar rendimentos mais elevados. Eles então venderam estes novos structured investment vehicles (SIVs), por uma comissão, a toda espécie de investidores que estavam à procura de rendimentos mais altos do que as magras taxas que estavam a pagar as alternativas. E, uma vez que os bancos estavam por trás destes novos activos financeiros, as agência de créditos deram-lhes uma classificação AAA, o que permitiu aos fundos de pensão regulados e às companhias de seguros investirem neles, acreditando que eram tanto seguros como líquidos. Ficaram prontos para um choque. Quando a bolha imobiliária explodiu, o valor dos activos reais por trás dos novos instrumentos financeiros começou a declinar, puxando o tapete para fora dos asset-backed paper market (ABCP) que estavam por baixo, os quais tornaram-se ilíquidos e tóxicos. Como praticamente não há qualquer comercialização com os novos instrumentos, ninguém sabia o verdadeiro valor do papel, e portanto ninguém e estava desejoso de comprá-lo. Esta crise de confiança agora permeou outros mercados de crédito e está a ameaçar todo o sistema financeiro à medida que o contágio se propaga.

Ainda em 2003-04, o então presidente do Fed, Alan Greenspan, não era o menos preocupado com a bolha da hipoteca imobiliária financiada pela subprime mas estava ao contrário a encorajar pessoas a sacarem hipotecas com taxa ajustável, apesar de as taxas de juro estarem numa baixa de trinta anos e estarem prestes a aumentar. Mesmo no fim de 2006, o recém nomeado presidente do Fed, Ben Bernanke, manifestou não estar preocupado com a bolha imobiliária, dizendo que preços elevados eram apenas um reflexo de uma economia forte. Note bem, isto aconteceu mais de um ano depois de o mercado imobiliário ter atingido o pico, no Verão de 2005. A história registará que o Fed e a SEC nada fizeram para prevenir a pirâmide da dívida de atingir os níveis perigosos a que chegou e que está agora a esmagar a economia.

Num espaço de tempo mais longo, quando se olha o gráfico fornecido pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) dos EUA que mostra a importância das dívidas pendentes (corporativas, financeiras, governamentais e mais as pessoais) em relação à economia, fica-se impressionado pelo facto de que este rácio permaneceu em torno dos 1,2 do PIB durante décadas. Então, alguma coisa grande aconteceu no princípio da década de 1980, e o rácio começou a ascender, apenas com uma ligeira pausa nos meados da década de 1990, até atingir o actual nível com falta de ar de 3,1 vezes do PIB, aproximadamente 200 por cento mais do que costumava ser.

A adopção de cortes fiscais maciços a par com políticas de gastos deficitários do governo, e políticas de desregulamentação, por parte de Reagan e subsequentes administrações republicanas, culminando tudo num modo grotesco sob a actual administração, contribuiu maciçamente para esta bolha da dívida sem precedentes. Levou muitos anos para construir a pirâmide da dívida, e levará muitos anos para desfazê-la e reduzir esta montanha acumulada de dívida a uma dimensão mais administrável.

Este é o grande quadro por trás desta crise. Ela é muito maior do que a crise das caixas económicas (S&L) na década de 1980, a qual parece diminuta em comparação com a actual. Eis porque penso que esta crise prolongar-se-á pelo menos mais uns poucos anos, possivelmente até 2010-11.

[*] Professor emérito de Teoria Económica na Universidade de Montreal. Autor de The New American Empire e de The Code for Global Ethics (ainda não lançado). Responsável pelo sítio web http://www.thenewamericanempire.com/ e pelo blog http://www.thenewamericanempire.com/blog . Contacto: rodrigue.tremblay@yahoo.com


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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#97 Mensagem por soultrain » Seg Set 08, 2008 8:46 am

E saiu a nacionalização de dois dos maiores actores financeiros Americanos, coisa de comunista...




Euro recua com resgate da Fannie Mae e Freddie Mac
A moeda europeia seguia a recuar face ao dólar, depois de já ter chegado a valorizar mais de 1% na sessão de hoje. A animar a divisa americana estava o resgate da Fannie Mae e da Freddie Mac pelo governo dos Estados Unidos, o que está a ser visto como um passo positivo pelo mercado.

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Raquel Godinho
rgodinho@mediafin.pt


A moeda europeia seguia a recuar face ao dólar, depois de já ter chegado a valorizar mais de 1% na sessão de hoje. A animar a divisa americana estava o resgate da Fannie Mae e da Freddie Mac pelo governo dos Estados Unidos, o que está a ser visto como um passo positivo pelo mercado.

Pela oitava sessão consecutiva, o euro seguia a descer 0,40% para os 1,4211 dólares, depois de ter estado a somar 1,13% durante a manhã.

O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, anunciou ontem o controlo e o resgate das duas instituições hipotecárias dos EUA, a Fannie Mae e a Freddie Mac, adiantando que as companhias vão ser mantidas em funcionamento pelo menos até 2009.

Esta decisão está a animar o dólar, pela percepção de que é um passo positivo para fazer face à fraqueza do sector imobiliário e financeiro dos EUA. Depois de na semana passada se terem reacendido os receios com as novas perdas do sector financeiro, foi anunciada esta decisão que deverá aliviar parte dos receios dos mercados.

A divisa dos EUA inicialmente reagiu em queda a esta notícia, mas já inverteu essa tendência e seguia agora a valorizar face ao euro.

A valorização do dólar e consequente queda da moeda europeia pode, no entanto, ser condicionada pelas incertezas que ainda se mantêm em torno do plano de resgate e pelas preocupações com a economia norte-americana, depois de os dados sobre o emprego anunciados na semana passada.

Na sexta-feira foi anunciado que o número de desempregados nos EUA aumentou mais do que o esperado em Agosto, colocando a taxa de desemprego nos 6,1%, o valor mais elevado dos últimos cinco anos, contra os 5,7% registados no mês anterior.





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#98 Mensagem por Túlio » Seg Set 08, 2008 9:29 am

Aí está. O que não dizem é que, com a nacionalização de Fannie and Freddie, a dívida dos EUA atinge níveis estratosféricos, tornando-se definitivamente impagável. A dita nacionalização, ou seja, a socialização do prejuízo de trilhões de dólares, trará OUTRAS conseqüências, nada comemoráveis... 8-]




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#99 Mensagem por cvn73 » Seg Set 08, 2008 5:22 pm

O assunto pode não ter haver com os BRICs, mas é sempre bom quando uma empresa do B compra um a multinacional estrangeira.


Magnesita compra alemã LWB e vira a 3ª maior do mundo em refratários | 08.09.2008 | 13h29

Empresa resultante nasce com receita anual de quase 900 milhões de euros




EXAME

A Magnesita anunciou, nesta segunda-feira (8/9), a compra da alemã LWB por 657 milhões de euros (aproximadamente 1,611 bilhão de reais). Com a aquisição, a brasileira torna-se a terceira maior fabricante de refratários do mundo. Ambas atuam no segmento de refratários industriais, tendo como principais clientes os setores siderúrgico e cimenteiro. A LWB, fundada em 2001 a partir da fusão de três empresas, é a maior fornecedora mundial de refratários à base de dolomita para esses dois setores.

A LWB conta com cerca de 2.000 funcionários e possui fábricas na Europa, Estados Unidos e China. No total, o grupo contará com 8.000 empregados. De acordo com a Magnesita, juntas, as empresas registrarão quase 900 milhões de euros em vendas anuais. O negócio também permitirá uma economia de 25 milhões de euros em sinergias, decorrentes da prática de vendas cruzadas (cross selling) e da redução do custo de matérias-primas.

O ebitda da nova empresa (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve atingir 218,6 milhões de euros. Os 657 milhões de euros pagos pela LWB incluem o pagamento de um empréstimo dos acionistas atuais da LWB, de 108 milhões de euros; a assunção da dívida da alemã, de 380 milhões de euros; e a emissão de 23,5 milhões de ações da Magnesita para os acionistas da LWB, avaliadas em 169 milhões de dólares. Após a transação, a Rhône Capital, atual controladora da alemã, deterá uma participação de cerca de 11% na Magnesita.

A brasileira também vai renegociar parte da dívida da LWB por meio da emissão de títulos de dívida avaliados em 330 milhões de euros. O banco que deve subscrever os papéis é o JP Morgan Chase Bank. A LWB foi assessorada pelos bancos UBS e Merrill Lynch.

O mercado reagiu à notícia premiando os papéis da Magnesita nesta segunda-feira. Listada no Novo Mercado da Bovespa, as ações ordinárias da empresa (MAGG3, com direito a voto) operavam com forte alta de 2,27% por volta das 13h05, cotadas a 18 reais. Até aquele momento, 331 negócios com os papéis foram realizados. No mesmo instante, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, caía 0,41%, a 51.726 pontos.




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#100 Mensagem por soultrain » Qua Set 10, 2008 10:28 am

Fernando Sobral
Fannie, Freddie e o carteiro
fsobral@mediafin.pt

O grande segredo da América sempre foi saber como se cria dinheiro. Como escreveu Ayn Rand, naquele que foi o livro de cabeceira do neoliberalismo, que se tornou a ideologia hegemónica dos últimos 30 anos, "Atlas Shrugged": "Se me perguntassem qual a maior distinção que é possível fazer dos americanos, eu escolheria porque ela implica todas as outras o facto de eles terem sido o povo que criou a frase ‘to make money’".

George W. Bush acaba de enterrar oficialmente a doutrina legada ao mundo por Reagan e Thatcher. É o fim anunciado da economia de mercado na sua versão global. E é o adeus ao consenso que uniu a esquerda e a direita sobre o primado dos mercados na sociedade. A "nacionalização" da Fannie Mae e da Freddie Mac, serviu para tentar minimizar o possível afundamento do sistema, como se fosse o Titanic financeiro global. Nos últimos anos, os dólares que têm servido aos americanos para comprar petróleo e produtos de consumo, têm retornado aos EUA, para serem aplicados nos títulos do Tesouro, e também em instituições como a Fannie e a Freddie. Com a crise destas, os grandes financiadores da economia americana, os bancos chineses e os fundos do Golfo Pérsico, arriscavam-se a perder milhões e, sobretudo, confiança. O regresso do Estado à economia é a forma de terapia capaz de aliviar as dores do sistema. Mas acaba por liquidar a liderança ideológica dos mercados. Os americanos aprenderam a fazer dinheiro. E souberam, como poucos, gastá-lo. O carteiro chegou agora, com a conta.





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#101 Mensagem por soultrain » Qua Set 10, 2008 10:33 am

Soros afirma que o sistema financeiro mundial está "à beira da ruptura"
George Soros, reconhecido investidor e dono de uma das maiores fortunas do mundo, alerta que o pior da actual crise poderá ainda estar para vir e reconhece, em entrevista à revista francesa L’Express que o sistema financeira mundial está "à beira da ruptura".
Paulo Moutinho
paulomoutinho@mediafin.pt


George Soros, reconhecido investidor e dono de uma das maiores fortunas do mundo, alerta que o pior da actual crise poderá ainda estar para vir e reconhece, em entrevista à revista francesa “L’Express” que o sistema financeira mundial está “à beira da ruptura”.

O investidor, que recentemente afirmou que “a fase mais aguda [da crise] já pertence ao passado”, durante uma entrevista concedida à Rádio 4 da BBC, voltou atrás e à publicação gaulesa declarou que o pior desta crise de crédito [que tem já mais de um ano] pode estar ainda para vir.

O sistema financeiro mundial “está à beira da ruptura, pela primeira vez desde os anos 30”, altura da grande depressão económica dos EUA, sublinhou Soros à “L’Express”. “As dúvidas quanto à solvabilidade das instituições financeiras persistem, reduzindo a capacidade de estas emprestarem dinheiro entre si e de concederem crédito”, acrescenta.

Soros considera que a actual crise financeira tornará “inevitável” uma recessão nos EUA, a maior economia mundial, e alerta para que também a Europa entre num período de contracção. O investidor sustenta esta perspectiva para o “velho continente” com os aumentos salariais exigidos pelos sindicatos alemães que poderão aumentar ainda mais a inflação.

Neste sentido, George Soros afirma que o Banco Central Europeu, que tem a inflação como principal alvo, vai manter a taxa directora inalterada, nos actuais, 4,25%, medida que irá traduzir-se numa quebra no consumo privado (essencial para o crescimento das economias) e manter o euro “sobreavaliado”, face ao dólar.





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#102 Mensagem por soultrain » Qua Set 10, 2008 10:33 am

Lehman Brothers vai vender gestão de activos após prejuízos de 3,9 mil milhões
O Lehman Brothers está em crise. O quarto maior banco de investimento dos EUA anunciou que vai alienar uma posição maioritária na unidade de gestão de activos, medida essencial para a sobrevivência da instituição que hoje apresentou prejuízos de 3,9 mil milhões de dólares (2,76 mil milhões de euros), no terceiro trimestre.
Paulo Moutinho
paulomoutinho@mediafin.pt


O Lehman Brothers está em crise. O quarto maior banco de investimento dos EUA anunciou que vai alienar uma posição maioritária na unidade de gestão de activos, medida essencial para a sobrevivência da instituição que hoje apresentou prejuízos de 3,9 mil milhões de dólares (2,76 mil milhões de euros), no terceiro trimestre.

“É um momento extraordinário para a nossa indústria e um dos períodos mais difíceis na nossa história”, afirmou Richard Fuld, presidente executivo do Lehman Brothers, no comunicado de apresentação de resultados revelado hoje, citado pela agência noticiosa Bloomberg.

Richard Fuld, CEO da Lehman

As contas, que só deviam ser conhecidas a 18 de Setembro, mostraram um prejuízo superior ao estimado pelos analistas. A média das estimativas apontava para que o banco americano registasse um resultado líquido negativo de apenas 2,2 mil milhões de dólares.

Os prejuízos avultados levam o Lehman Brothers a tomar medidas. A principal é o anúncio da venda de uma posição maioritária na unidade de gestão de activos. O banco prepara-se também para alienar imóveis e efectuou um corte na remuneração que é distribuída aos seus accionistas.

Richard Fuld apoia-se nestas medidas para evitar o colapso do banco. O Lehman Brothers tem procurado investidores estratégicos para injectarem capital na instituição. Ontem o Korea Development Bank anunciou o fim das conversações, sem qualquer acordo, o que fez afundar mais de 44% a cotação das acções, com os investidores a especularem acerca da falência do banco.





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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#103 Mensagem por P44 » Qua Set 10, 2008 10:52 am

Túlio escreveu:Aí está. O que não dizem é que, com a nacionalização de Fannie and Freddie, a dívida dos EUA atinge níveis estratosféricos, tornando-se definitivamente impagável. A dita nacionalização, ou seja, a socialização do prejuízo de trilhões de dólares, trará OUTRAS conseqüências, nada comemoráveis... 8-]

os comunas tomaram conta de Washington, o Armageddon é já a seguir :!:




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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#104 Mensagem por Bourne » Qua Set 10, 2008 11:20 am

Erro :lol: :lol: :lol: :lol:




Editado pela última vez por Bourne em Qua Set 10, 2008 11:21 am, em um total de 1 vez.
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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

#105 Mensagem por Bourne » Qua Set 10, 2008 11:21 am

Bourne escreveu:
soultrain escreveu:Soros afirma que o sistema financeiro mundial está "à beira da ruptura"
George Soros, reconhecido investidor e dono de uma das maiores fortunas do mundo, alerta que o pior da actual crise poderá ainda estar para vir e reconhece, em entrevista à revista francesa L’Express que o sistema financeira mundial está "à beira da ruptura".
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Ouçam esse homem. Ele entende das coisas, melhor que muitos economistas acadêmicos que estão por ai.

Hora da aula de marxismo :D
O atual estágio da economia capitalista mundial está na fase de financeirização. Segundo os ciclos braudelianos de evolução capitalista, a financeirização antecede o colapso de um velho regime de acumulação/expansão capitalista e, por sua vez, prepara o terreno para o estabelecimento de um novo ciclo de acumulação/expansão.




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