Tigershark escreveu:Realmente não tenho certeza,Brisa,mas o sentido geral era o de que poderíamos, se houvesse vontade política e econômica, buscar a produção deste tipo de liga por aqui.
Abs,
Tigershark
O problema é um pouco mais complicado do que isso.
Existem várias siderúrgicas no Brasil (Usiminas, Acesita, Eletrometal, etc...) capazes de produzir aços da mesma categoria de resistência do HY-80, ou até mesmo melhores. Inclusive temos o virtual monopólio de pelo menos um elemento de liga utilizado nos aços de alta resistência. No meu trabalho diário vejo muitos clientes utilizando aços brasileiros em substituição à aços produzidos em outros países, e em muitos casos o aço brasileiro é sensivelmente mais resistente que o estrangeiro.
A questão é que o projeto de casco que utilizamos até hoje, tanto para a classe Tupi quanto para o Tikuna, incluindo detalhes geométricos (diâmetro, dimensões das nervuras, espessuras, etc...) e de fabricação (processo de solda, etc...), foi efetuado utilizando-se as propriedades específicas do aço HY-80 produzido pela Thyssen Krupp e naquelas espessuras determinadas. Mesmo que uma siderúrgia qualquer do planeta venha a produzir exatamente a mesma liga, se o processo de laminação não for o mesmo não há como garantir que o aço terá as mesmas propriedades, nem saber como isto afetará as características finais do casco. E simplesmente não dá para arriscar utilizar um aço diferente e só depois descobrir que o sub não pode descer a mais que 100m de profundidade porque o casco ficou ovalizado durante a solda, só para citar um exemplo de problema que pode aparecer.
Se quisermos produzir o Scorpène e seu projeto utilizar um aço francês, teremos exatamente a mesma situação. Vai ser estranho vermos a siderúrgica da Thyssen funcionando aqui e produzindo o HY-80 para exportação, e ao mesmo tempo a MB importando um outro aço equivalente da França para contruir seus novos sub's, mas vai ser assim mesmo!
A única opção seria a MB desenvolver seus próprios procedimentos de projeto e construção de cascos. Aí poderíamos utilizar qualquer aço, o HY-80, outra liga qualquer francesa, um aço ao nióbio de alta resistência brasileiro, ou qualquer outro. Mas para isto ela teria que meter a mão na massa e partir para os riscos de construir logo o SMB. Qualquer compra de projeto, seja de que país for, que não respeite o material (e o fornecedor) do projeto original, irá resultar no mesmo risco de se desenvolver logo um projeto nacional. E é exatamente para eliminar este risco que se quer comprar um projeto pronto já e testado.
Leandro G. Card